quinta-feira, 28 de agosto de 2025

Joel Goldsmith | Vivendo a Vida Iluminada | O que é o Autoconhecimento? | Marcos Gualberto

GC: Olá, pessoal! Estamos aqui para mais um videocast. Novamente, o Mestre Gualberto aqui conosco. Gratidão, Mestre, pela presença.

Hoje eu vou ler um trecho de um livro do Joel Goldsmith chamado "Vivendo a Vida Iluminada". Em um trecho desse livro, Mestre, o Joel faz o seguinte comentário: "Todos deveriam ser despertados para a compreensão e o conhecimento de sua Verdadeira Identidade".

Mestre, nesse trecho, o Joel comenta de conhecermos a nós mesmos. Dentro desse assunto, o Mestre pode compartilhar a sua visão sobre o que é o Autoconhecimento?

MG: Gilson, a compreensão da Verdade sobre si mesmo não é o entendimento, não é a teoria, não é a crença, não é a imaginação sobre si mesmo; é algo direto! Essa compreensão tem, por princípio, como base, o Autoconhecimento. Nós precisamos conhecer a nós mesmos, conhecer nossos pensamentos, nossos sentimentos, nossas emoções, nossas sensações, nossas percepções. Esse conhecer não é o conhecer de alguém que se separa para ver, a partir dessa separação, ele mesmo. Nós temos uma ideia errônea sobre a visão da Verdade sobre quem nós somos. Para nós, essa visão é o mero reconhecimento de quem nós somos, para melhorar, para nos modificarmos, para nos transformarmos, para nos tornarmos uma outra pessoa. É isso que, em geral, as pessoas chamam de autoconhecimento: "Eu preciso me conhecer para melhorar como pessoa, para ser uma pessoa melhor". Assim, existe esse conhecimento a ser adquirido sobre "mim" e existe esse "mim", esse "eu", para adquirir isso.

Não é nesse sentido que nós usamos, aqui, a expressão "Autoconhecimento". Aqui, se conhecer, compreender a si mesmo, requer descobrir o que é olhar e perceber que esse movimento em nós, de pensamento, de emoção, sentimento, e que todo tipo de resposta que estamos dando para a vida é algo que vem de um fundo de memória, que representa exatamente esse "mim" e o conhecimento, esse "eu" e o pensamento, esse que sente e o sentimento. Essa consciência humana, essa consciência do "eu", essa consciência do "mim", vive nessa dualidade, nessa separação. O que você tem sobre você é um pensamento que esse "eu" tem, que esse "mim" carrega. Isso está dentro dessa dualidade.

Aquilo que temos chamado, aqui, de visão do Autoconhecimento, é a compreensão de que essa dualidade se sustenta em um equívoco, se sustenta em uma visão equivocada da vida, uma visão equivocada de nós mesmos. Isso porque não existe esse "eu". Esse "eu" é esse próprio modelo de pensamento presente, que é um condicionamento que está presente em cada um de nós. O fim desse condicionamento é o fim desse "eu" e o conhecimento, é o fim desse que sente e o sentimento, é o fim desse ego, desta egoidentidade. Portanto, o Autoconhecimento é o fim da ilusão de alguém presente, se separando da vida, se separando do pensamento sendo o pensador, se separando do sentimento sendo esse que sente ou do conhecimento, sendo esse que conhece.

A partir do instante em que aprendemos a olhar nossas reações, percebemos que essas reações são algo que vem da memória, da lembrança, são algo que vem do passado. Não é a Verdade sobre o seu Ser, não é a Verdade sobre a Real Consciência. Esse "eu" com esse não "eu", esse pensador com o pensamento, esse que sente com o que sente, é algo dentro desta consciência egoica, desta consciência em dualidade, que é a consciência da pessoa. Olhar para as nossas reações é descobrir essa ilusão e descartar essa ilusão para o surgimento de algo novo. Esse algo novo é a presença da Inteligência nesta Real Consciência, nesta Divina Consciência, que é a Consciência de Deus.

Portanto, não é uma mudança na pessoa, é uma radical e profunda mudança quando a Real Vida está presente. Não é a pessoa mudando, não é a pessoa se transformando, é algo novo presente. Esta é a Real mudança, é a Real transformação que precisamos. Isso traz a ciência deste Ser, a ciência desta Real e Divina Consciência. Assim, a visão da vida livre do ego, livre do "eu", se torna possível. Assim, nós temos dois elementos aqui: esse trabalho que se faz necessário e a Presença misteriosa desta Graça. Assim como do Amor não se pode falar - eu me refiro ao Amor Real, não isso que conhecemos por amor, que está ligado a sentimento, a emoção, a memória, a lembrança e que, em geral, em nós se transforma em raiva, decepção, frustração, sentimento de rejeição, ciúme. Isso não é Amor! Eu me refiro ao Real Amor. A ciência desse Real Amor é algo que podemos viver e precisamos viver na vida, mas não há o que se falar sobre isso. Não há o que possa ser dito sobre isso, assim como essa questão da Graça. Esses dois elementos são fundamentais para o florescer desse Natural Estado Divino, desse Natural Estado de Ser, que alguns chamam de Despertar ou Iluminação. É a presença do Autoconhecimento e essa misteriosa Presença da Graça.

Nós estamos diante de algo que se revela quando a Meditação está presente. Esse encontro com o momento, tomar ciência deste instante, é o que estamos chamando de encontro - não é algo que se realiza no tempo, é algo que se constata neste instante. Esse encontro com o momento é observar aquilo que aqui está presente, externamente e internamente. É possível olhar para o que está do lado de fora e olhar para aquilo que ocorre dentro de nós, sem qualquer envolvimento do passado. Esse passado é o pensador, esse passado é o experimentador, esse passado é o elemento que vem e se separa para gostar do que está vendo externamente ou rejeitar, para querer ou não querer. Isso vale também para o interno. Quando você aprecia em si mesmo alguns pensamentos e se agarra a eles, você está colocando essa identidade egoica na experiência do pensamento, ou no sentimento, ou na emoção. E quando não gosta desse pensamento ou sentimento e emoção, você rejeita. E, mais uma vez, lá está você, que é esse elemento que vem do passado, se envolvendo com o que está aqui se mostrando.

A presença dessa atenção, que é esse olhar sem se envolver com o que está do lado de fora ou com o que está do lado de dentro, é a presença do Autoconhecimento. Quando não há esse envolvimento, nós não temos essa dualidade. Se não temos essa dualidade, nós temos um espaço que se abre, e esse espaço é a Presença do Silêncio. A mente se aquieta, o cérebro silencia, um espaço novo está presente. Esse espaço é a presença da Meditação. Tudo isso é algo possível em razão de um trabalho. Tudo isso é algo possível em razão da presença desse Mistério Divino, que é a Presença da Graça. Isso torna possível esta visão da vida neste instante, da vida neste momento, sem o ego, sem o "eu", sem o experimentador, sem o pensador. O seu encontro com a Realidade do seu Ser é o encontro com a Vida neste instante, livre do "eu", livre do ego.

GC: Mestre, nós temos uma pergunta de um inscrito aqui no canal. O Wellington, fez a seguinte pergunta: "Bom dia! Poderia falar um pouco sobre o livre-arbítrio e como a consciência de uma pessoa impacta na consciência das demais?"

MG: Gilson, nós precisamos investigar essa questão desse elemento. Quem é esse elemento com liberdade? O que é esse elemento que diz ter liberdade para fazer escolhas? Por que usamos expressões como "autoconsciência" ou "livre-arbítrio"? Essa questão de fazer escolhas, de poder escolher, será que é isso que chamamos de "livre-arbítrio"? Quem é esse elemento presente fazendo escolhas, podendo escolher? A partir de que lugar ele escolhe? A partir de que lugar ele faz escolhas? Não é a partir da memória, das experiências que ele tem? Do que ele gosta e do que ele não gosta? Do que ele quer e do que ele não quer? Será isso livre-arbítrio? Não será isso uma inclinação tendenciosa desse fundo, desse passado? Qual será a verdade sobre esse "mim"? Qual será a verdade sobre esse "eu"? Haverá uma diferença entre o pensamento que você tem e esse "você" envolvido com o pensamento? Então, acompanhe com calma isso aqui. Será verdade que você pode, de fato, escolher? Ou isso é algo que vem exatamente desse fundo, desta reação? Quando você tem um pensamento, você tem o pensamento porque quer ter, escolhe ter, resolve ter, ou ele aparece? Observe!

Nós fomos criados para uma visão, para uma ideia, para uma perspectiva, para um modelo de crença onde acreditamos ser os senhores do pensamento, ser os senhores da ação, ser os senhores da escolha. Haverá esse senhor da ação, do pensamento e da escolha? Ou essa assim chamada ação, pensamento e escolha são algo que acontece? Veja, é exatamente isso que estamos colocando aqui. Não existe esse "eu", o que temos presente são reações que vêm do passado. São essas reações que determinam nossas ações, como nossos pensamentos e nossas escolhas. É a ideia, é a ilusão de uma consciência pessoal, de uma consciência individual que nos dá a crença de alguém presente.

Repare que, dentro da sua pergunta, você pergunta exatamente isso, sobre esta consciência. Você pergunta como a consciência de uma pessoa influencia na consciência dos demais. Repare, é a ilusão desta pessoa, desta consciência individual fazendo escolhas, tendo pensamentos e assumindo ações. Tudo isso, Gilson, gira em torno de uma confusão mental que temos. Na verdade, gira em torno de um condicionamento cultural que nós trazemos: a ideia de alguém presente neste instante na vida, como um elemento separado da vida; alguém presente neste instante, tendo uma consciência individual. Observe que o modelo de pensamento presente no ser humano é o mesmo, o ser humano tem o mesmo modelo de consciência. Essa consciência é a consciência comum a todos! O medo é algo comum, a raiva é algo comum, as preocupações são algo comum. O ciúme é algo comum, a inveja é algo comum, a ambição é algo comum a todos! Veja, estamos lidando com estados internos que só mudam os objetos para cada um em particular, mas o movimento da consciência é um só.

Não existe tal coisa, Gilson, como esta consciência individual - ou esta consciência individual é só a representação particular, nesse corpo e mente, desta consciência humana, que é a consciência comum a todos. A nossa consciência é a consciência coletiva. A particularidade está em que cada organismo, cada mecanismo viveu algumas experiências e isso está particularizado nesse cérebro, mas a condição da consciência humana é a condição da consciência comum a todos. Essa ideia de alguém tendo consciência e, a partir desta consciência, se movendo com liberdade, isso não existe. Nós estamos vivendo dentro de um modelo de condicionamento, sendo exatamente o que todos já foram antes de nós. Nós somos inveja, medo, ciúme, raiva, ambição, preocupações. Esta condição desta consciência egoica, que é a consciência comum a todos, é de ignorância, não é de liberdade, não é de inteligência, não é de sabedoria.

Quando temos o fim da ilusão, quando temos o fim da ignorância, temos algo presente, e não é mais esta consciência individual, como o pensamento imagina. Não é mais esta condição de consciência comum a todos, que é essa consciência coletiva, envolvida nesse movimento de pensamento, emoção e sentimento, e particularizando isso para cada um de nós. Nós temos a presença de algo novo, que é a Presença deste Ser, que é a Presença da Verdade, que é a Presença de Deus. Quando há Real inteligência, Real Presença, Real Consciência, é a Inteligência que determina tudo, e não as escolhas, e não essa ideia desse gostar e não gostar, desse querer e não querer.

Há algo presente neste Estado Natural, Gilson, neste Estado Natural de Ser, que alguns chamam de Despertar ou Iluminação Espiritual. Esta energia, este poder, esta presença assumem esse corpo e essa mente. Não é mais alguém nessa ideia de consciência, nesta crença de livre-arbítrio ou liberdade. É a Verdade de Deus, é a Verdade do seu Ser. Assim, toda essa ilusão de alguém se dissolve, e desse modelo de pessoa, se desfaz. É isso que estamos aqui, trabalhando com você, aprofundando com você. Ok?

GC: Mestre, nós temos uma outra pergunta de uma inscrita aqui no canal. A Gisele, faz a seguinte pergunta: "Uma inspiração seria um pensamento que não tem origem na memória humana?"

MG: Gilson, você pergunta sobre inspiração - se há Real inspiração, não tem alguém. Quando temos a Real inspiração, nós não temos o modelo desse pensador, desse experimentador; não temos mais o modelo desse "eu". Então, por que falar em um pensamento? Por que falar em uma inspiração para esse "mim", para esse "eu"? Essa palavra "inspiração" é bastante delicada, porque a ideia que, em geral, nós temos, é de alguém tendo essa inspiração. Quando existe a Verdade desta Inteligência, desta Sabedoria, desta visão, isso não é para alguém. Portanto, não se trata de uma inspiração, se trata de uma ciência do desconhecido, de uma visão d'Aquilo que é indescritível. A Realidade deste Ser, que é você em sua Natureza Real, não precisa de inspiração, não depende de inspiração, não tem momentos para inspiração. Este é um outro ponto! A ideia de uma inspiração é algo que acontece em algum momento e que, no momento seguinte, não está mais lá. É algo que acontece às vezes e às vezes não está presente. Então, você pode estar inspirado agora e não estar inspirado no momento seguinte.

A Realidade do seu Ser não é assim. Aquilo que é você em sua Natureza Real é Sabedoria, é Inteligência, é Amor, é Verdade, é Compreensão. Esta ciência da vida é tudo que se faz necessário para cada um de nós e não de inspirações, e não de momentos onde você tem alguns vislumbres, alguns insights, algumas percepções de alguma coisa fora da memória, fora do conhecido. Sim, isso é possível ocorrer, mas o sentido do "eu", do ego, ainda continua lá. Aqui, com vocês, nós estamos investigando o fim, exatamente, desse "eu", desse ego e, portanto, o fim desses momentos, o fim desses insights. A ciência que é você é a Verdade de Deus. Não há separação entre a vida, você e a Realidade Divina. Não se trata de uma visitação do desconhecido, se expressando de uma forma inspirada, se trata de que a sua fala, o seu olhar, o seu silêncio, assim como suas ações e gestos nascem desse Estado de atenção, desse Estado de Presença, desse Estado de Consciência.

Em geral, as pessoas têm essa preocupação de saber o que ocorre com esses momentos em que uma pessoa se sente inspirada para pintar um quadro, para escrever um poema. quando, nesse momento, ela sabe que foi tocada por algo fora da memória. Mas, reparem, isso não importa! Quando lhe é apresentada aqui, com clareza, a visão de que você, em sua Natureza Real é a própria inspiração, é o próprio desconhecido, é a própria presença indescritível da Verdade, da Arte, da Ciência, da Beleza, da Verdade, do Amor. A boa notícia é que você, em seu Ser é Isso. Isso se revela quando esse sentido do "eu", do ego, não está mais presente. Por isso, a nossa ênfase aqui consiste nesta autodescoberta, nesta visão sobre nós mesmos. É o descobrimento do que está aqui, é a constatação do que está aqui. Não é algo para ser realizado amanhã, no futuro. Esse futuro, esse amanhã, é algo que o pensamento imagina. Quando estamos lidando com algo fora do pensamento, estamos lidando com algo fora do tempo.

Essa é a Realidade que está presente, e esta Realidade é atemporal. Esta é a Verdade da inspiração, essa é a Verdade do seu Ser. Assuma isso nesta vida e esta vida será uma vida inspirada. Não é a vida de alguém, é a vida Divina, é a vida de Deus, é a Verdade de Deus. Essa é a Verdade do seu Ser essa é a Verdade de Deus. Ok?

GC: Gratidão, Mestre, já fechou o nosso tempo. Gratidão por mais este videocast. E, para você que está acompanhando o videocast até o final e quer, realmente, se aprofundar e viver essas verdades, fica o convite para participar dos encontros intensivos de final de semana que o Mestre Gualberto proporciona. São encontros on-line, existem também encontros presenciais e retiros. Nesses encontros, o Mestre Gualberto, além de responder diretamente às nossas perguntas, Ele compartilha esse Estado de Presença em que Ele vive. E nesse compartilhar há um Poder, há uma Energia, há uma Força e uma Graça, que a gente acaba entrando de carona nessa energia do Mestre, apenas por estarmos na sua Presença. E, entrando nessa carona, é muito mais fácil investigarmos a nós mesmos, de maneira espontânea entramos num Estado Meditativo, silenciamos nossas mentes, e podemos ter uma compreensão, uma visão do que está além do entendimento intelectual. Então, fica o convite. No primeiro comentário, fixado, tem o link do WhatsApp para poder participar desses encontros. E já aproveita e dá o like no vídeo, se inscreve no canal. E Mestre, mais uma vez, gratidão pelo videocast.

Maio de 2025
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terça-feira, 26 de agosto de 2025

Praticando o Autoconhecimento. Fuga e autoconhecimento. O que é o Autoconhecimento? Autoinquirição.

Uma coisa muito comum na vida é esse movimento de escapar da dor, de estar sempre procurando algo que nos preencha sentimentalmente, emocionalmente, psicologicamente, e que ocupe o lugar dessa dor. Observe que é inegável o fato de que, psicologicamente, como seres humanos, nós vivemos de uma forma confusa, desorientada; nós temos problemas de diversos tipos, e há em nós esse movimento de fuga.

Aqui nós temos colocado para você a diferença entre uma aproximação de si mesmo para o Autoconhecimento e esse movimento de fuga. Então, fuga e Autoconhecimento é algo para ser compreendido, investigado. Nós precisamos, na vida, da Verdade da Felicidade presente nela, da Liberdade que está presente nela, do Amor que está presente nela. Nós não temos olhos para isso, porque estamos sempre olhando para a vida a partir do modelo do pensamento; e nesse modelo do pensamento, nós estamos procurando alguma coisa.

Eu quero tocar com você aqui nessa não necessidade da busca. Nós temos duas formas de fazer isso: a primeira é buscando no mundo, no ambiente material; a segunda é buscando fora do mundo, no assim chamado mundo espiritual ou no ambiente espiritual. Ou nós estamos em busca de realizações materiais ou realizações espirituais. Esse movimento de busca é, na verdade, um movimento de procura de experiências.

Essa procura de experiências são projeções que temos daquilo que seria ideal para cada um de nós. Onde ocorrem essas projeções? Na mente. A mente em nós é a presença do mecanismo de projeção. Aquilo que nós chamamos de mente é esse movimento presente de consciência em nós; esse movimento é um movimento de pensamentos.

Nós fomos educados para vivermos dentro de um contexto de cultura, onde todos estão em algum nível de insatisfação interna, em algum nível de condição interna psicológica de sofrimento, orientando suas vidas nessa busca, nessa procura. Nós temos aprendido isso, e nós estamos constantemente projetando, de dentro de nós, a partir dessa mente condicionada, desse modelo de cultura que recebemos do mundo, também os nossos ideais, os nossos projetos, os nossos sonhos, aquilo que irá nos fazer feliz. É assim que estamos nos movimentando na vida, nessa busca.

Essa busca é a tentativa, nessa projeção de ideal para ser alcançado, nessa realização de uma experiência, de escaparmos daquilo que está aqui presente, que se apresenta como uma insatisfação. Aqui eu quero tocar com você na beleza desse encontro com o que está aqui neste momento, sem fugir.

As pessoas estão em busca de um alívio da dor, de um refúgio, de um lugar onde elas possam se ocultar, se esconder, para não serem alcançadas pelo sofrimento, por algum nível de desconforto. Daí essas duas alternativas - essa assim chamada busca material ou busca espiritual - são alternativas aprendidas, são alternativas do pensamento, desse padrão de condicionamento de cultura.

O que será que é se deparar com a dor sem fugir? Não nos mostram a importância disso. Você jamais tomará ciência do fim dessa dor enquanto estiver escapando dela. Esse movimento de escapar da dor é um movimento que não termina.

Assim, toda forma de busca não termina. Ela não termina porque esse elemento na busca, como esse elemento na dor, continua vivo. E quem é esse elemento? É o elemento que procura se separar, se preservar, se afastar da vida como ela é, da vida como ela acontece. Esse elemento é o "eu", esse elemento é o ego, esse sentimento de pessoa que você tem, de alguém, desse "mim".

Quando você, por exemplo, está com raiva de alguém, ao invés de lidar com a dor da raiva, o movimento interno em você é de justificar a raiva, explicar a raiva, ou se vingar, porque há em nós a imaginação de que ao fazer isso, essa dor termina, ou diminui. Esse é o movimento de fugir da dor, de escapar da dor.

Nós não sabemos lidar com a raiva, mas não sabemos lidar também com o medo, com a ansiedade. Não sabemos lidar com a dor que o ciúme está causando em cada um de nós. O movimento é de se vingar, é de justificar, é de explicar, é de procurar alguma nova experiência; essa procura de uma nova experiência é para escapar desse contato com a dor.

A Verdade da Revelação da Felicidade, do Amor, da Paz da Liberdade, reside na ciência da Verdade sobre Você, e você não tem essa ciência enquanto foge. Assim, essa busca é um afastamento de si mesmo - essa busca de uma nova experiência. Essa fuga é um afastamento de si mesmo. Tudo isso na tentativa de não lidar com a experiência e de não contactar a experiência, de não entrar em confronto com ela, em contato direto com ela. Isso preserva esse sentido do ego, esse sentido do "eu".

Nessa autopreservação está presente, constantemente, a dor, a insatisfação, a raiva, o medo, o ciúme, a inveja. Os diversos problemas que você tem na vida só existem porque você, como alguém, está se vendo nesse contexto, nesse modelo de busca de novas experiências ou de fuga dessa condição. Aqui a presença do Autoconhecimento nos dá a base para o fim dessa psicológica condição, que é a condição desse alguém, desse "mim", desse ego.

Assim, o que é Autoconhecimento? Autoconhecimento é a ciência do que é. Não importa o que está presente; o que está presente é o que precisa ser visto. O que está presente é o que está se revelando, o que está presente é o que estava dentro e está vindo à tona; estava oculto e está vindo à superfície; estava no profundo e está se mostrando nesse instante.

As nossas relações, quando se assentam nessa ignorância a respeito desse "mim", desse "eu", desse ego, estão constantemente produzindo sofrimento, produzindo desconforto, produzindo problemas. Isso está presente em razão da presença da ignorância. Você se vê como um elemento separado dele ou dela; essa separação é sustentada por uma construção de pensamentos que você tem a respeito de quem você é, a respeito de quem ela é. Assim são todas as nossas relações; elas estão produzindo confusão, produzindo distúrbio, produzindo perturbações para ambos, para esse "mim" e para o outro, para esse alguém e para o outro. Essa é a vida do "eu", essa é a vida do ego.

Então, o que é a presença do Autoconhecimento? É a presença da ciência de como você está acontecendo nesse instante, de como você se sente, de como você pensa, quais são suas emoções, qual é a sua visão dele ou dela, qual é a sua visão de si mesmo. A ciência disso é a presença do Autoconhecimento.

Se compreender, tomar ciência de si mesmo, e descobrir o que é esse "mim", o que é esse alguém. Isso só é possível quando você não está mais na busca, ou da experiência, ou da fuga. Na busca de uma experiência de gratificação, de maior preenchimento, de maior satisfação, de maior realização externa, ou na busca, nesse sentido de uma fuga, a busca de fugir desse estado em que você se encontra.

Se há medo presente, é o medo para ser visto. Se é frustração, se é decepção, se é raiva, é isso que você tem aqui, é isso que você é. Se aproximar de si mesmo é se dar conta de como você acontece, do que são esses processos internos nessa consciência, que é a consciência do "eu", que é a consciência desse "mim". E quando não há essa separação, esse contato consigo mesmo nos aproxima da Revelação de como esse "eu", esse pensador, esse elemento no sentir, esse elemento na ação responde a esse momento.

Ao nos depararmos com essa compreensão de nós mesmos, uma qualidade nova de ação surge; esta ação é o fim dessa resposta de reação, que vem desse movimento passado. Você sempre respondeu com estados de tristeza a pensamentos de tristeza; sempre respondeu com raiva a pensamentos de contrariedade - de contrariedade dos seus desejos -, e agora você está se dando conta disso.

Essa sua relação com ele ou ela sempre se mostrou, dentro de você, com suspeitas, com insegurança, com medo; isso acaba de lhe revelar a presença do ciúme, da dependência emocional. Repare, a ciência de si mesmo, não é para fazer algo contra isso ou fazer algo com isso, mas é apenas para se dar conta. O simples e direto olhar, sem esse elemento que vem do passado para interferir com isso, é a eliminação do ego, é a eliminação do "eu".

Assim, o que faço para me libertar do ciúme, da inveja, do medo, da raiva, das preocupações? Observe! Apenas observe o modelo do pensamento, o modelo das reações, que sempre se repetiram aí nessa estrutura, nesse corpo e mente, quando apareciam, quando aparecem. Se dê conta disso, nesse instante. Você está no contato com o momento presente sem esse elemento que se separa, que é o observador, que é o pensador, que é o experimentador, que é esse "mim", esse "eu". Isso é a presença do Autoconhecimento.

Então, o que é o Autoconhecimento? É se dar conta, é se tornar ciente, é trazer para esse momento a compreensão do próprio movimento desse "eu", que se separa em observador e coisa observada, em pensador e pensamento, em experimentador e experiência, nesse "eu" e no "não "eu". Quando você toma ciência de que uma imagem foi construída, e a partir dessa imagem esse movimento de reação mantém sua continuidade, em razão da desatenção, apenas olhar para isso é presença da Atenção, é a presença da Consciência, e a presença dessa vigilância passiva, real. Assim, uma qualidade de ação nova surge.

É isso que aqui eu poderia chamar de visão prática do Autoconhecimento. Alguns aí fora chamam de prática do autoconhecimento algo inteiramente diferente do que estamos colocando aqui, porque não se trata desse alguém se conhecendo para se ajustar, para mudar, para se comportar de uma forma diferente. Aqui, a presença da Verdade, da ciência do Autoconhecimento, desse praticando o Autoconhecimento, não é alguém envolvido em uma prática, mas é a pura ciência da revelação desse "mim". Isso é praticando o Autoconhecimento! Não é alguém praticando o Autoconhecimento, é a Verdade da ciência de si mesmo se revelando.

A própria Revelação é o fim dessa psicológica condição de dualidade, de "eu" e "não eu", de observador e coisa observada, de experimentador e experiência. Então, a verdade dessa autoinquirição é a ciência desse olhar, sem o passado. É apenas o olhar, o escutar, o perceber; é tomar ciência de si mesmo, nesse instante. Isso é o fim do "eu", isso é o fim desse "mim", isso é o fim do ego. Isso termina com a busca de experiências, isso termina com a fuga para esses estados. Isso é o fim do "eu" na busca ou na fuga, isso é o fim do ego.

Um contato com a Realidade deste Ser é um contato com a Realidade d'Aquilo que está além desse "mim", desse sentido de alguém presente. Então há uma mudança profunda, há uma profunda transformação. Algo novo surge, e esse Algo novo é a presença do Amor, é a presença da Liberdade, é a presença da Felicidade, quando o "eu" não está, quando o ego não está, quando toda essa desordem psicológica, que o pensamento sustenta nessa consciência egóica, já não está mais presente. Isso é o Florescer do seu Natural Estado de Ser, que é a Real Consciência, que é a Real Felicidade. É a presença de Deus, é a presença da Verdade.

É isso que estamos aqui com você aprofundando nesses finais de semana. São dois dias juntos, onde estamos sábado e domingo trabalhando isso com você: como ter da vida, na vida, essa aproximação de si mesmo para o fim desse "eu". Além disso, temos encontros presenciais e, também, retiros. Se isso é algo que faz algum sentido para você, já fica aqui um convite.

Maio de 2025
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quinta-feira, 21 de agosto de 2025

Joel Goldsmith | A União Consciente com Deus | O que é a Atenção? | Marcos Gualberto

GC: Olá, pessoal! Estamos aqui para mais um videocast. Novamente, o Mestre Gualberto aqui conosco. Gratidão, Mestre, pela presença. Hoje eu vou ler um trecho de um livro do Joel Goldsmith chamado "A União Consciente com Deus". Em um trecho desse livro, Mestre, o Joel faz o seguinte comentário: "Traga sua atenção de novo e de novo, e quantas vezes você perder esse foco, trago-o de volta suavemente." Bom, sobre essa questão da atenção, o Mestre pode compartilhar a sua visão sobre o que é a atenção?

MG: Gilson, essa questão da atenção é aquela que, investigada, nos faz compreender a realidade daquilo que está presente. É a presença da atenção que nos aproxima, exatamente, da vida como ela está acontecendo. Nós não temos um olhar direto para a vida como ela acontece, isso porque nos falta esse perceber diretamente. Nos falta isso de estarmos próximos de uma forma direta desta dada coisa, porque nos falta atenção. Algumas vezes nós expressamos atenção; quando algo nos desperta o interesse, nós olhamos para aquilo. Nesse olhar, ocorre de uma forma natural, em razão desse interesse por aquilo, uma completa atenção naquele momento. Então, nós estamos diante daquilo, em atenção. Nós passamos a vida, Gilson, de fato, desatentos. Nós não temos atenção para aquilo que está presente aqui, nem externamente, nem internamente. Esse momento de interesse para uma dada coisa, particulariza um momento em que ficamos inteiros, em que ficamos completos, ali, naquela dada situação; é quando estamos atentos.

Assim, a presença da atenção é fundamental. Nós não nos conhecemos, em razão da ausência dessa atenção. Nós passamos o dia, por exemplo, carregados de pensamentos, pesados, onerosos de pensamentos, sobrecarregado de ideias, de opiniões, julgamentos, crenças. assim como de sentimentos, emoções, sensações. E, em geral, nessa forma de consciência, que é a consciência que nós temos, nós não trazemos atenção para este instante. É isso que nos dá esse formato de consciência que somos, que expressamos, que manifestamos ser. Essa forma de consciência em nós é inconsciência. nós não estamos cientes dos pensamentos acontecendo em nós. Os sentimentos, as emoções se processam - assim como todo tipo de resposta que estamos dando para a vida neste momento - geralmente tudo isso ocorre de uma forma inconsciente. É só uma resposta automática, é somente uma resposta mecânica! Essa resposta em nós é algo que vem do passado.

Nós somos, psicologicamente, internamente, o resultado da memória. As experiências pelas quais nós passamos nos deram essa formação - essa formação é a formação do "eu". Assim, a forma como atendemos a vida é, invariavelmente, a forma do passado, porque é a maneira da lembrança, é a maneira, é no formato das experiências passadas, e essa resposta é automática, é inconsciente, é mecânica. Nós não sabemos lidar com o momento presente, porque não temos, neste momento, ciência do que está aqui. É só a forma automática de responder, é só a forma mecânica, inconsciente, de atuação do pensamento, do sentimento, da emoção. Em alguns momentos, como coloquei agora há pouco, nós temos algum interesse por este momento, por este instante. Então, em alguns momentos, este instante nos causa um interesse profundo, significativo. Quando isso acontece, ocorre naturalmente um momento de atenção.

Quando você está passeando em um parque, olhando tudo ali. quando você está caminhando numa floresta, fazendo uma trilha, na beira de um rio ou sentado na praia. esses momentos nos despertam de uma forma natural o interesse para olhar, para observar, para ficar com os detalhes, com a visão, de tal forma presente, que não exista qualquer separação, porque todo o nosso coração está ali, toda a nossa mente está ali, todo o nosso ser está ali, nesse olhar para esses detalhes. Então, nesse instante, nós temos um nível interno de percepção. Esta percepção é uma percepção onde não existe mais a separação entre "eu" que observo e aquilo que está ali, sendo observado. O real interesse traz essa atenção a ponto de que, aquilo que ali está seja a única coisa. Nesse instante há um contato; nesse contato o sentido do "eu" desaparece e fica esse olhar, esse perceber, sem a separação, sem a divisão. Esse momento é o momento da atenção.

Na vida, nós precisamos despertar para a atenção, nós precisamos tomar ciência daquilo que aqui está presente, neste momento. É nesse contato, é nessa aproximação, que afastamos as ideias. Não há espaço neste instante, porque não há separação, não há qualquer divisão entre você e aquilo que ali está presente. Notem que isso é muito simples de acontecer e com muita frequência acontece, quando estamos em contato com a natureza. Quando você está diante de uma árvore ou diante de uma flor, no jardim ou num descampado, aquela flor solitária lhe atrai a atenção. Assim, nesse contato com a natureza, é muito comum isso acontecer, mas nós não temos a mesma atenção para aquilo que acontece aqui, dentro de cada um de nós.

Quando você tem um modelo de pensamento, se ele é agradável, prazeroso, confortante, causa ânimo, nesse momento a sua atenção não existe, porque você está tão envolvido com o pensamento, tão identificado com o pensamento, que está presente uma condição de inconsciência para essa qualidade de pensamento. Não existe uma atenção para esta reação. Pela força do hábito, nós temos uma tendência muito forte a nos confundirmos, a nos identificarmos, a valorizarmos o pensamento que nos causa prazer, a imagem mental que nos causa prazer. Nesse instante de identificação com o pensamento, esse desfrutar dessa qualidade de memória, de lembrança, de imagem - porque o pensamento é isso -, nós estamos nesta consciência do "eu", nesta consciência egoica.

Isso vale também para os pensamentos ruins. Quando eles são desagradáveis, ao invés de nos identificarmos com eles, nós os rejeitamos. Queremos nos livrar dessas imagens ruins, desagradáveis, dessas lembranças, dessas recordações, desses pensamentos. E, nesse momento, ocorre esta separação, esta divisão. Portanto, nós estamos, ou identificados com o pensamento ou rejeitando os pensamentos, e das duas formas, nós estamos alimentando a condição de inconsciência. Não existe uma atenção sobre essa reação, não existe uma atenção sobre este instante, sobre este momento. Seja para um pensamento, para um sentimento. depois isso se transforma numa emoção, numa forma de expressão desse sentimento, e tudo isso ocorre conosco de uma forma inconsciente, mecânica.

Já quando existe esta atenção, esta consciência, há uma liberação desta consciência do "eu", há uma liberação desta inconsciência. Não existe nem identificação com o pensamento, nem rejeição do pensamento, ou do sentimento, ou da emoção. Há somente um olhar, um olhar livre do "eu", um olhar livre desta separação. A verdade desta atenção lhe aproxima do Autoconhecimento e o Autoconhecimento lhe revela a Meditação. É o que temos trabalhado aqui e lhe mostrado aqui: como, nesta vida, assumir a Verdade sobre o seu Ser, sobre Aquilo que é você nesta Real Consciência, nesta verdadeira Consciência que é esta atenção, que é a base do Autoconhecimento e da Meditação, torna possível. Ok?

GC: Mestre, nós temos uma pergunta de uma inscrita no canal. A Maria das Graças faz o seguinte comentário e pergunta: "Então, não existe o Acordado, nascemos dormindo e morremos dormindo. A vida é o quê? Bem complicado! Na verdade, uma grande confusão e que ninguém consegue explicar, pois ninguém tem acesso e conhecimento de verdade. Na Consciência Divina somos indivíduos com pensamentos únicos".

MG: Gilson, há uma confusão aqui nessa pergunta: Nós nascemos dormindo, vivemos dormindo e morremos dormindo nesta inconsciência, nesse modelo de consciência egoica, de consciência do "eu". Então, nesse modelo desta mente egoica, desta inconsciência, aquilo que a vida é, é confusão! Então, o que é a vida nesse estado de inconsciência? Sofrimento, confusão! Nós temos que nos tornar cientes do que é, para irmos, naturalmente, além disso. Por que o que é a vida, nesta vida do "eu"? Inveja, ambição, o conflito presente nesses desejos, a presença do medo, tudo isso está presente na vida como ela é nesta condição egoica. Não é isso que estamos colocando aqui, para você. Nós precisamos tomar ciência do que é, para a compreensão do que é, e isso é o fim desta condição desta inconsciência. O seu Natural Estado de Ser é Desperto. Sim, é Acordado, é livre desta inconsciência, é livre deste sonho, é livre disso que é nesta particular vida do "eu". Portanto, nós temos a vida Real, a vida Real como ela é, mas nesse sentido do "eu" nós desconhecemos, nós estamos vivendo a vida criada pelo pensamento, alimentada por essa condição de inconsciência. Então, essa vida como ela é, a vida que é como ela é no ego, é dela que precisamos nos livrar, juntamente com esse sentido do "eu", porque não é natural. Nós estamos diante da vida comum, do pensamento comum, do sentimento comum, das respostas comuns para esse padrão de vida que nós conhecemos.

Nós precisamos, Gilson, nos aproximar da vida. Sim, para compreender como ela é, para irmos além disso que é, para a ciência da Real Vida Divina, da Real Vida de Deus, da Real Vida deste Ser. Portanto, Despertar nesta vida é a única coisa que importa. Ir além desta interna, psicológica, emocional, sentimental condição de existência egoica, onde todo esse mover em nós é o mover egocêntrico. o mover que se separa da vida como ela acontece, porque não estamos lidando com a vida como, de fato, ela é, e sim como o pensamento idealiza. Essa idealização do pensamento está nos dando a vida como ela demonstra ser, como ela parece ser, como ela é, mas estamos diante desse modelo artificial de vida, que é o modelo da separação. Temos a presença desse "eu", desse "mim"; desta pessoa e a vida. Não existe tal coisa como uma separação entre esse "eu" e a vida; a Verdade é a vida. Mas a vida, sendo a Verdade, ela é a presença deste Ser, desta Realidade Divina. Este é o Estado Desperto, este é o Estado Acordado. Assim, essa confusão no pensamento é algo que desaparece quando há esta Ciência da Verdade, esta Ciência Divina, esta Ciência de Deus.

Esse contato com a vida é um contato possível quando não existe mais esta separação. Nós não estamos em contato com a vida; o nosso contato com a vida é o contato através do pensamento. Nós não reconhecemos a vida, nós estamos sempre no reconhecimento do pensamento; toda forma de reconhecimento se baseia no passado. Nós acreditamos que estamos em contato com a esposa e, na verdade, estamos em contato com a imagem que temos dela. em contato com o marido, com a família com o mundo à nossa volta. é através da cortina do pensamento, é através da forma como o pensamento representa o marido, a esposa, a família, o mundo. Assim, não existe um real contato - o real contato é aquele que está presente quando o "eu" não está. Então, nesse momento, não há separação. Esse é o Despertar, esse é o seu Estado Natural livre do "eu", livre do ego. Ok?

GC: Mestre, nós temos uma outra pergunta de um outro inscrito aqui no canal. O José faz a seguinte pergunta: "E para quê esse sonho? E depois?. E para que vir a sonhar?"

MG: A sua pergunta é: "Para quê esse sonho?" Eu que lhe pergunto: Para quê esse sonho? Por que esse sonho está presente? Porque nós fomos condicionados a uma forma de responder ao instante, ao momento presente, dentro do modelo do pensamento. Como o pensamento é uma resposta que vem do passado, toda a nossa resposta a partir do pensamento é a partir de um elemento que está dentro dessa experiência, que é o experimentador, que é o pensador. É isso que torna o sonho possível. É isso que faz o sonho acontecer. Sim, é uma boa pergunta: "E para quê esse sonho?" Realmente, qual é a necessidade de viver nesta psicológica condição de padrão de pensamento, onde permanecemos constantemente dando continuidade a uma vida tão artificial como essa, que é a vida da separação? E você continua perguntando: "E depois? Por que continuar nesse sonho?" A Realidade da vida é a compreensão da Beleza desse encontro com este instante, sem o passado. Esse é o fim do sonho!

Dentro destes encontros nós estamos trabalhando exatamente isso, com você: ter a compreensão clara de que a vida consiste naquilo que ela é. Não é aquilo que o pensamento diz que ela é, que um sentimento envolvido com o pensamento diz que ela é, que uma emoção envolvida com o sentimento - que, por sua vez, esse sentimento está envolvido com o pensamento - diz que ela é. É quando, a partir do pensamento, a nossa identidade consiste nesse alguém no sentimento e na expressão da emoção, que está presente esta identidade ilusória, que se vê separada da vida - essa é a condição do sonho. O encontro com a Realidade da vida é um encontro com a Beleza, é a presença da sensibilidade que traz essa inteligência nesse encontro com a Beleza da vida. É isso que nos mostra a Realidade d'Aquilo que está aqui, livre do passado, livre do experimentador, livre do pensador, livre do ego. Esse contato com a Beleza é o contato com a Inteligência, que é o contato com essa sensibilidade de uma resposta para este momento, sem o passado. É assim que, nesse encontro com Realidade, se revela Aquilo que está além do "eu", além do ego, além de todo esse movimento de autocentramento, de autointeresse egocêntrico.

Sim, não há qualquer necessidade de manter essa continuidade do sonho - isso termina quando o pensamento cessa. Não se trata de parar de pensar, se trata de se libertar do pensamento condicionado, do pensamento mecânico, do pensamento psicológico, do padrão de pensamento que dá base para esta vida do "eu", para esta vida do ego. Aqui nestes encontros, nossa aproximação é para essa visão da vida, é para essa visão da Realidade, é para esta visão de Deus. Não há sonho em seu Natural Estado de Ser. Esse sonho está no modelo do pensamento, nessa imaginação do "eu", nessa ideia de alguém que está vivendo neste instante porque veio do passado e está indo para o futuro. Tudo isso termina quando a ilusão termina. Tudo isso se dissolve, tudo isso desaparece. A vida neste instante é a Verdade do seu Ser, e não há sonho aqui. Ok?

GC: Gratidão, Mestre, já fechou o nosso tempo. Gratidão por mais este videocast. E para você que está acompanhando o videocast até o final, e realmente quer ter uma compreensão real destes ensinamentos, fica o convite para participar dos encontros que o Mestre Gualberto proporciona. São encontros intensivos de final de semana. Existem no formato on-line, presenciais e também retiros. Nestes encontros, além do Mestre responder diretamente as nossas perguntas, ocorre algo muito mais impactante do que isso. Pelo Mestre já viver neste Estado Desperto de Consciência, Ele compartilha esse Estado de Presença em que Ele vive. E nesse compartilhar há um Poder, uma Força e uma Graça, que a gente acaba entrando de carona nessa energia do Mestre. E entrando nessa carona, de maneira espontânea e natural, entramos no estado meditativo, silenciamos nossas mentes. Então, fica o convite. No primeiro comentário, fixado, tem o link do WhatsApp para poder participar destes encontros. Além disso, já dá um like no vídeo, se inscreve no canal e também faz comentários aqui, trazendo perguntas para os próximos videocasts. E mais uma vez, Mestre, gratidão pelo videocast.

Abril de 2025
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terça-feira, 19 de agosto de 2025

A arte de Meditar. Observador é a coisa observada. Aprender sobre o Autoconhecimento. Meditação Real

Eu quero tocar com você aqui nessa aproximação da arte de meditar. O que é a Meditação? O que é a Real Meditação? Nós temos colocado aqui, para você, algo sobre isso. Meditação é a ciência deste Ser. Este Ser se revela quando temos a presença desse espaço, de um espaço de liberação de contradição, desordem e confusão, algo que o pensamento estabelece quando está presente. Quando liberamos esse espaço, a desordem e a bagunça desaparecem.

Nós não temos interno espaço, psicológico espaço, estamos sempre ocupados com alguma coisa internamente: a presença de uma lembrança, de uma recordação, de uma imagem, de algo que vem do passado, criando e estabelecendo estados aqui, presentes em nós. Assim, internamente, dentro de nós mesmos, psicologicamente, a mente vive ocupada - ocupada com o passado.

A nossa ocupação interna é com o futuro ou com o passado, mas é uma ocupação imaginária. Não existe nenhum passado aqui, nenhum futuro aqui, mas o pensamento está aqui, nos falando de um futuro, nos falando de um passado. Nós precisamos descobrir a vida como ela acontece, e como ela acontece não existe uma leitura para ser feita pelo pensamento, que é o que geralmente fazemos, e fazemos isso o tempo todo.

Nós estamos sempre projetando sobre a vida as ideias que trazemos, os pensamentos que temos, exatamente essas internas ocupações em que estamos envolvidos o tempo todo. Algo lhe aconteceu ontem e isso está voltando aqui, nesse momento.

Por que será que uma experiência que tivemos ontem está voltando aqui, nesse momento? Primeiro, antes de tudo, de que forma ela volta? Ela volta como uma lembrança, volta como uma recordação, como aquelas imagens; e observe que toda essa lembrança que volta, volta porque ela não se completou. Se eu lhe aborreci ontem, você vai se lembrar disso hoje; se eu lhe deixei alegre ontem, você vai se lembrar disso hoje. Eu criei uma provocação: ou eu aborreci você, ou alegrei você.

E por que essa recordação está aqui, voltando? Porque essa memória assumiu uma importância muito grande para "mim". Qual é a verdade desse "mim"? Qual é a verdade desse "eu"? Por que ele valoriza a memória? Por que ele valoriza a lembrança? Por que todo esse valor está presente, que é o valor que temos dado ao pensamento? A resposta é que esse "mim", esse "eu", vive de pensamentos.

A pessoa que você é, a pessoa que você acredita ser, que você sente ser, não vive sem memórias, não vive sem lembranças. Nós estamos constantemente nesse movimento de continuidade da história que foi, que é memória, e fazemos isso quando nos agarramos aos pensamentos. E esses pensamentos estão voltando e se repetindo porque aquela experiência pela qual nós passamos não se completou. Esse sentido do "eu" ainda quer a continuidade disso, ainda busca a continuidade disso, porque ele sobrevive dessa forma.

Reparem as implicações do que estamos colocando aqui para você. Se você conserva imagens de prazer, conserva também imagens de dor. Esse "você" é esse movimento presente de desatenção. Nós não sabemos o que é lidar com esse instante permitindo que esse instante se complete; não sabemos porque, em geral, nós estamos desatentos, colocando sempre o sentido de um experimentador dentro desse momento, para experimentar essa experiência. E esse experimentador registra e guarda essa experiência para continuar vivendo no passado, vivendo nessas experiências, vivendo dessas experiências - essa é a história do "eu", é a história do ego, é a história dessa pessoa.

O cultivo dessa qualidade de vida psíquica, de vida psicológica, que é a qualidade de memória presente em nós, eu tenho chamado de memória psicológica: é a memória que dá continuidade ao "eu", que dá continuidade ao ego. Assim, nós estamos preservando a continuidade do passado e projetando isso para o futuro. Todo esse movimento interno, presente em nós, de consciência é um movimento conflituoso, criador e gerador de conflitos, de problemas, de confusão e sofrimento, porque estamos estabelecidos na ilusão de uma identidade que se vê como o centro de suas experiências, que são experiências de memórias, que são experiências do passado.

Nós vivemos estados internos com os quais não sabemos lidar, como, por exemplo, quando alguém me ofende, e eu não consigo liberar de mim essa dor, esse desconforto, esse mal estar, esse sofrimento; não consigo pelo fato de que estou constantemente nesse modelo de desatenção, cultivando a memória, cultivando o passado. Quando alguém me elogia, eu me sinto feliz com ele e guardo esse elogio, então, ele ou ela agora é minha amiga ou meu amigo.

"Eu amo aqueles que me aceitam, elogiam, aplaudem, concordam comigo, e rejeito, detesto, odeio e me separo daqueles que não me aceitam, me rejeitam, não gostam de mim". Esse sentido do "eu", do ego, a presença de alguém - desse alguém que eu sou -, vive dentro desse padrão de comportamento. Isso está presente em razão da presença do passado. O passado é a vida da pessoa.

O que é esse encontro com a Verdade desse instante? É um encontro com um momento onde há uma Atenção, tão completa sobre tudo que acontece que, nesse instante, não registramos; e quando não há registro, não há fortalecimento desse centro, não há esse registro de memória para esse ego, para esse "mim" manter qualquer continuidade, porque nesta Atenção o "eu" não está; como não há esse sentido do "eu", como não há essa desatenção, não há registro, isso não perpetua, não dá continuidade ao passado.

Esse contato com a vida nesse momento requer um encontro com o fim do experimentador, do pensador, com o fim desse ego, com o fim desse "eu". Essa forma de aproximação desse momento requer Atenção. Esta Atenção abre essa visão da compreensão de todo esse movimento, que é o movimento da continuidade do "eu". A Verdade se revelando aqui como ela é é a presença da Meditação. Uma vez presente essa Atenção, temos a Verdade do Autoconhecimento; é quando esse espaço surge. É o espaço que torna possível uma visão desse momento sem registro.

Podemos viver essa vida sem a ilusão desse "eu", sem esse elemento que vem do passado? Podemos viver nossas vidas, nesse instante, livres do passado, livres da memória, livres desse elogio que recebi, livres dessa crítica que recebi, livres dessa ideia de amigo e inimigo? O que significa a vida aqui e agora, sem o "eu", sem o ego? Isso requer esse aprender sobre o Autoconhecimento, isso requer o descarte dessa ego identidade.

O contato com esse instante, quando colocamos Atenção para o que quer que esteja aqui acontecendo, nesta Atenção nós eliminamos essa separação, que é o sentido de alguém sendo experimentador. Nós temos a experiência, mas como não temos esse alguém, esse experimentador, a verdade desse encontro com o momento é um encontro com o experimentar. Nesse experimentar, como essa Atenção está presente, essa situação se completa, então não fica registro, não fica esse sentido desse "eu" querendo mais daquilo, querendo a continuidade daquela experiência, seja de dor ou de prazer.

Esse é o contato com a vida nesse instante, nesse estado livre do ego; essa é a presença da Meditação. A Meditação é a ciência da Verdade do instante, do momento, sem o pensador, sem o experimentador, sem o observador. Assim, esse observador é a própria coisa observada, não há qualquer separação, então não fica esse observador, não fica esse experimentador.

Quando aquilo que está presente é a única Realidade, porque não há essa divisão, não há essa separação, não há essa diferença entre o observador e a coisa observada, a Realidade do momento revela a ciência desse Ser. Assim, Meditação não é cruzar as pernas, respirar de uma certa forma e entoar um mantra, ou procurar afastar os pensamentos.

A Verdade da Meditação é a aproximação desse momento livre do passado, é a aproximação desse momento livre desse "eu", desse experimentador, desse meditador. A Vida é algo presente nesse instante, nenhuma leitura, nenhuma avaliação, comparação, julgamento, aceitação ou rejeição se faz necessária. É exatamente quando o sentido do "eu" entra, nessa desatenção, que esse registro acontece, essa memória fica e temos, assim, essa continuidade do ego.

Um encontro com a vida nesse instante é a Revelação de que a Vida é a única Realidade presente. Se esse sentido de separação não está, se esse sentido do "eu" não está, então Algo está presente. Esse Algo é indescritível, é inominável, é de uma grande beleza. É a presença da Real Felicidade a Verdade desse Ser, quando temos presente a Real Meditação.

Podemos atender à vida como ela é? Esse atender a vida não pode vir de alguém, é a Vida atendendo a si mesma, é a Vida ciente n'Ela mesma. Assim, a Realidade deste Ser, a Realidade d'Aquilo que é Você em sua Natureza Verdadeira, é a Verdade de Deus, que se revela quando há a Real Meditação. A Real Meditação é a Meditação na prática. Não existe nada mais importante na vida do que a ciência deste Ser, que é a ciência de Deus, que é a Verdade sobre a Vida.

Uma vida livre do ego, uma vida livre do passado é uma vida livre para atender a esse instante a partir dessa Inteligência, que é a Inteligência Divina, que é a Presença da Sabedoria, que é a Presença da Verdade. Quando o Amor está presente, tudo está presente: a Inteligência, a Verdade, a Beleza, a Liberdade, a Felicidade. Tudo isso é a Natureza do seu Ser, tudo isso é a Natureza de Deus, tudo isso é a Verdade do Amor.

Aqui, nesses encontros, nós estamos aprofundando isso com você. Nós temos a oportunidade, juntos, de investigarmos isso em encontros on-line nos finais de semana. Nós temos dois dias juntos, sábado e domingo, para trabalhar isso. Fora esses encontros, nós temos encontros presenciais e, também, retiros. Se isso que você acaba de ouvir é algo que faz algum sentido para você, já fica aqui um convite.

Abril de 2025
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quinta-feira, 14 de agosto de 2025

Joel Goldsmith | Viver Agora | Como nos livrar do sofrimento? | Marcos Gualberto

GC: Olá, pessoal! Estamos aqui para mais um videocast. Novamente, o Mestre Gualberto aqui conosco. Gratidão, Mestre, pela presença. Hoje eu vou ler um trecho de um livro do Joel Goldsmith chamado "Viver Agora". Em um trecho desse livro, Mestre, o Joel faz o seguinte comentário: "Quanto mais vivemos com isso, menos olhamos para o corpo e menos tememos nossas dores e sofrimentos". Nesse trecho, o Joel comenta sobre a questão do sofrimento. O Mestre pode compartilhar a sua visão sobre como podemos nos livrar do sofrimento?

MG: Gilson, aqui nos deparamos com uma pergunta muito frequente. mas o que é o sofrimento? Quem é esse elemento presente no sofrimento? Se, de fato, queremos descobrir a verdade para o fim dessa psicológica condição. Porque vamos compreender uma coisa: o sofrimento tem sua base nesse modelo psicológico que é, na verdade, a existência do "eu", a existência desse "mim", dessa "pessoa". É a condição psicológica desse sentido de ser alguém que sustenta o sofrimento.

Há uma diferença entre uma dor física e uma condição psicológica de dor. Essa condição psicológica é a condição do sofrimento. Quando você tem uma dor física, ela é uma dor no corpo, em alguma parte do corpo. Sim, essa dor é uma forma de sofrimento. Quando tocamos nessa questão do sofrimento, o sofrimento nessa psicológica condição em que nós, como seres humanos, nos encontramos, é o sofrimento da mente, é o sofrimento psíquico, é essa psicológica condição presente no "eu".

Você pergunta como se livrar do sofrimento: se livrando dessa psicológica condição, que é a condição de uma identidade presente na vida, neste momento, como um elemento separado da própria vida. A condição do sofrimento precisa ser estudada, investigada, compreendida. Quando você tem uma doença física, você leva ao médico para o tratamento, para ele atender essa questão, mas quando você tem uma interna condição de sofrimento, em razão do medo, da confusão mental, do fato de que os pensamentos em você estão correndo acelerados e produzindo diversas formas de desordem internas - como, por exemplo, ansiedade, culpa, depressão, ou diversas outras formas de temores -, lidar com isso requer a presença de uma compreensão direta de como isso ocorre, de como isso acontece.

Você, em sua Natureza Essencial, em sua Natureza Real, em sua Natureza Divina, é algo, de fato, além disso. é algo realmente além dessa psicológica condição, que é a condição do "eu". Assim, aqui, o que nos interessa é compreender o que é esse "eu", compreender o que é essa condição em que nós nos encontramos, com a qual nós nos confundimos, para irmos além desta interna condição de sofrimento. Assim, a ciência da compreensão disso é a Verdade que liberta. Não é o desejo de ser livre que liberta, mas é a Verdade que liberta, é a investigação da Verdade, é a compreensão da Verdade, é a ciência da Verdade.

O que nós precisamos, Gilson, para esta libertação? O que nós precisamos para esta visão da vida livre de sofrimento? Nós precisamos ter uma aproximação daquilo que se passa conosco, daquilo que nós somos, sem negar, sem fugir, sem criar teorias ou crenças sobre isso. Acabamos de colocar aqui, para você, que a Realidade do seu Ser não é isso, mas você não pode pegar uma afirmação como essa e simplesmente acreditar nela. Com base em afirmações assim, as pessoas começam a se prender a conceitos, a ideias, a crenças. Então, elas falam deste Eu Divino, deste Eu Superior, deste Ser Supremo, mas isso fica apenas ao nível teórico, ao nível de palavras e, portanto, de crenças.

Aqui, nós precisamos entrar em um contato direto com aquilo que nós somos, com aquilo que apresentamos ser, com a condição em que nós, de verdade, de fato, aqui, nos encontramos. Como é que você se encontra neste instante? Então, nós colocamos de lado as teorias, nós colocamos de lado as crenças. Essa Verdade desta Felicidade de Ser, desta Liberdade de Ser, sim, ela já pode ter acontecido para A, B ou C, mas para "mim", para esse "eu", neste instante, eu preciso investigar o que é que causa esta dor, o que é que causa esse sofrimento. Veja, mais do que a própria causa do sofrimento ou a causa da dor, eu preciso descobrir a raiz de tudo isso. Por que o sofrimento está aqui? O que é esse "eu" que sofre? É assim que nos aproximamos da verdade sobre o fim do sofrimento, Gilson. É compreendendo esse elemento presente e a condição em que ele se encontra nesta relação com o momento presente, com a vida como ela acontece.

Podemos olhar para o medo aqui, o ciúme, a contrariedade, a contradição, a inveja. Podemos olhar para esse conflito estabelecido em nós, em razão da presença de desejos que se contradizem. Investigar aquilo que se passa aqui, dentro de cada um de nós, olhar para isso, é como podemos romper com esta condição, é como podemos romper com esta qualidade de vida centrada nesse "eu". Aqui, estamos colocando para você que é exatamente esse movimento de vida centrada no "eu", onde todo o nosso comportamento é um comportamento egocêntrico, onde estamos constantemente repetindo padrões de vida, de existência, onde todo esse comportamento em nós, de egocentramento, está criando problema para esse "mim", para esse "eu" e, naturalmente, para o outro, para o mundo.

Todo problema no mundo diz respeito a esse problema do próprio "eu". E qual é a verdade sobre esse "eu"? Nós estamos aqui lidando com uma imaginação, com uma construção do pensamento, com uma condição de repetição de pensamento, que tem dado a cada um de nós um padrão de mente que está programada, que está condicionada, que está vivendo dentro de um modelo de cultura. Essa cultura humana, essa cultura social, esse mundo em que nós nos encontramos, ele vive assim, e nós apenas estamos repetindo isso, replicando isso, dando continuidade a tudo isso.

Assim, o que é pode pôr fim a essa condição? É a ciência da verdade sobre quem nós somos. A compreensão de todo esse processo de consciência do "eu", de consciência egoica. Esta visão de como a mente acontece aqui, em cada um de nós, nos mostra todo esse padrão de atividades egocêntricas, de comportamento centrado nesta falsa identidade. Onde houver a presença desse egocentrismo, desse modelo de egoidentidade, estará presente constantemente esta separação entre você e o outro, entre você e a vida, entre você e a Realidade Divina. Essa é a raiz, a verdadeira causa do sofrimento, mas nenhuma teoria sobre isso, resolve. É necessário aprender a olhar isso, a olhar sem o passado, a olhar sem as conclusões, a olhar sem a condenação, a rejeição, a olhar sem mesmo o desejo de se livrar, uma vez que esse desejo de se livrar ainda é parte desta mente condicionada.

É por isso que nós temos falado com você, aqui, da presença da Meditação, que é a forma real de nos aproximarmos da Verdade sobre quem nós somos, pelo Autoconhecimento. Assim, Meditação é Autoconhecimento, Autoconhecimento é Meditação. Nós estamos diante de um único movimento; descobrir a Verdade sobre si mesmo requer Autoconhecimento, requer Meditação.

Nós temos aqui no canal uma playlist sobre esse assunto: "A verdade sobre o Autoconhecimento e a Real Meditação de uma forma prática", depois você dá uma olhadinha aqui no canal. Compreender a verdade sobre si mesmo é a base para o fim desse sofrimento, porque é o fim desse "eu", é o fim desse ego. Essa é a resposta para a sua pergunta, essa é a resposta para a ciência da Felicidade, para a ciência da Liberdade, para a ciência de Deus.

GC: Mestre, nós temos uma pergunta de um inscrito aqui no canal. Ele faz o seguinte comentário e pergunta: "O ego é forte e quando menos esperamos ele volta com tudo. O que nos fala sobre isso? Gratidão".

MG: Gilson, note que coisa interessante nós temos aqui. Ele diz, o perguntador aqui coloca dessa forma: essa afirmação "ele é forte e volta com tudo". Qual é o elemento, Gilson, em nós, que tem conclusões, e com que base estão nossas conclusões? Elas não têm uma base da experiência, e essa base não é parte também, ainda, do pensamento? O que é esse elemento da experiência? E o que é esse elemento que tem conclusões com base em pensamentos? Não é o próprio movimento do pensamento, que é o próprio movimento do "eu"? Veja, Gilson, uma das coisas principais, aqui, consiste em aprender a olhar sem conclusões, sem ideias, sem conceitos, sem crenças, para estas reações.

Enquanto estivermos presos a conclusões, crenças e ideias, estaremos ainda dentro de uma visão equivocada, que é a visão do próprio pensamento. Quando você pergunta: "O que pode nos falar sobre isso?". Estamos aqui colocando para você! Qualquer ideia sobre o "eu", sobre o ego, a ideia de que ele é fraco, ele é forte, ele vai, ele vem. qualquer ideia, qualquer uma dessas ideias, são ideias do próprio pensamento. Se aproximar e olhar requer um olhar sem conclusões, avaliações, crenças, deduções e conceitos, uma vez que essas crenças, conceitos, deduções, conclusões, nascem do próprio "eu". Isso ainda é o resultado do próprio pensamento.

Então, qual é a maneira real de estar diante deste momento, de estar diante deste instante? No caso, diante desta experiência? Olhando! É olhar sem alguém nesse olhar. É percebendo! Esse percebimento é um percebimento sem alguém nesse perceber. É sentindo! Nesse sentir, é o sentir sem alguém nesse sentir. Evidente que isso soa bastante estranho para a maioria de nós, porque nós estamos sempre colocando a intenção de se livrar, a intenção de fazer algo com a experiência. Essa intenção nasce do passado e, portanto, nasce desse próprio elemento, que é o elemento "eu", que parte de conclusões do que é e do que não é, do que é certo e do que é errado.

Portanto, podemos descartar tudo isso? Essa é a forma verdadeira de nos aproximarmos do Autoconhecimento, essa é a forma real de nos aproximarmos da Meditação. Então, podemos ter o fim para esta psicológica condição, que é a condição desse "eu" e todas essas crenças relativas a ele, a esse sentido desse "mim", desse ego. A confusão surge é que o próprio pensamento se separa. O pensamento cria esse pensador para olhar para o pensamento a partir dessas conclusões, dessas opiniões, dessas crenças, e tudo isso ainda está dentro do próprio movimento, que é o movimento do "eu". Soltar isso requer esse olhar sem o observador, esse perceber sem o percebedor, esse sentir sem alguém nesse sentir. Então, Algo novo surge. Esse Algo novo é o fim do "eu", é o fim do ego, é o fim desta ilusão de separação entre a Realidade e Você.

GC: Mestre, nós temos uma outra pergunta de outra inscrita aqui no canal. A Mônica faz a seguinte pergunta: "Por que o amor é falso? Como não temos amor para dar?"

MG: Não!. Me parece que não foi compreendida essa questão do Amor, ainda, pela maioria de nós. O Amor não é falso, é o sentido de alguém presente nesse amor. A Realidade do Amor é a Realidade Divina! O sentido desse "eu", desse ego, desse "mim", ele vive em um modelo de isolacionismo, de egocentrismo, envolvido com o seu autointeresse. Todo esse movimento do "eu", do ego, não é o movimento do Amor, é o movimento da busca de alguma coisa. O ego não tem Amor para dar. O sentido do "eu", o sentido do ego, vive em isolacionismo, em um sentido de separação, sempre olhando para fora em busca de alguma coisa. O ego em nós, Gilson, é um pedinte. O Amor é a presença de um rei generoso, e esse rei generoso no Amor é a Presença Divina, é a Presença de Deus, é a Presença da Verdade. Esse sentido de pessoa, nessa relação com o outro, tem uma associação de relação de negócios, de troca: se eu lhe dou prazer, você me dá prazer. Nesse prazer, nesse preenchimento de satisfação mútua, nós sentimos afeição, carinho, enquanto isso está acontecendo. No momento em que você me nega esse prazer - também essa afeição e esse carinho, eu fico ressentido, magoado, triste ou com raiva de você.

O modelo do "eu" é um modelo de relações entre imagens; essas relações entre imagens são negócios! O ser humano vive dentro de um modelo, nesse sentido do ego, de projeção de busca no mundo lá fora, sempre de alguma coisa. Então, há sempre essa insatisfação, essa incompletude. A Realidade do Amor é a Realidade Divina; quando Ela está presente, não existe mais esse "outro". É a Realidade de Deus, é a Realidade da Verdade. Nós temos que compreender a diferença clássica entre a Verdade Divina presente, que é a presença do Amor, e aquilo que nós temos denominado de "amor" que, na realidade, é algo cercado de posse, controle, dependência, apego, desejo, medo. O que chamamos de amor está associado a este reconhecimento, aceitação, a este prazer, a esta satisfação nesta relação com ele ou ela, mas isso está cercado, também, de controle, posse, apego, desejo, insegurança, medo, ciúme. sofrimento!

A Realidade do Amor não carrega nada disso. Não carrega conflito, desordem, dependência, carência, sofrimento. Quando há esta real ciência da Verdade, da Liberdade, quando há esta Real ciência da Felicidade, essa é a Presença do seu Ser, mas não é a presença desse "mim", desse "eu", desse ego. A Verdade sobre aquilo que é você em sua Natureza Divina, em sua Natureza Essencial, é a presença do Amor, mas esse Amor não precisa de nada; Ele não busca nada, Ele não depende de nada. Ele é como aquela flor que perfuma, mas sem qualquer ideia de estar ali, trazendo seu perfume. Esse compartilhar da Presença Divina, da presença da Felicidade, da presença da Liberdade, é a presença do Amor. Isso é algo presente naqueles que realizaram a Verdade sobre si mesmos, naqueles que estão livres desse sentido de separação entre eles e a vida.

Então, quando a Verdade do seu Ser floresce, você é Amor. É a presença desta flor, é a Presença desta Realidade Divina. Esta é a Liberdade de Deus, essa é a Liberdade da Felicidade presente nesta Autorrealização, nesse Despertar da Consciência, nesta Visão Divina, que alguns chamam de Iluminação Espiritual. Assumir isso nesta vida é assumir a Verdade para a qual você nasceu. Você nasceu para o Amor, não nasceu para procurar, para buscar, para querer a partir de sentimentos, de emoções, de sensações. A Verdade desta Realidade Divina é algo indescritível, é algo que está além de tudo aquilo que o pensamento conhece, de tudo aquilo que os sentimentos e as emoções possam identificar.

A nossa grande confusão está em confundir esse sentir, pensar, emoção, sensação. algo presente nesse corpo e nessa mente, ao identificarmos isso como algum tipo de satisfação ou prazer com a presença do Amor. Amor não é prazer, amor não é sensação, amor não é desejo realizado, amor não é preenchimento nele ou nela. Amor é a presença d'Aquilo que é indescritível. É possível realizar isso, mas jamais descrever. É possível assumir isso nesta vida, mas jamais colocar isso em palavras, tal é a singularidade, tal é a Beleza da presença desta Graça, deste Rei, desta Verdade, que é a Verdade de Deus, que é a Verdade do Amor.

GC: Gratidão, gratidão, Mestre. Já fechou nosso tempo. Gratidão por mais este videocast. E para você que está acompanhando o videocast até o final e realmente tem um desejo sincero em vivenciar essas verdades, para quem faz sentido isso que o Mestre Gualberto está compartilhando, fica o convite pra participar dos encontros intensivos de final de semana que o Mestre compartilha. Nesses encontros, que existem no formato on-line, presencial e também retiros, o Mestre Gualberto, além de responder diretamente, ao vivo, as nossas perguntas, ocorre algo muito mais grandioso e profundo do que isso. Pelo Mestre Gualberto já viver nesse Estado Desperto de Consciência, ele acaba compartilhando um Estado de Presença que é puro Poder e Graça. E nessa energia de Presença do Mestre, apenas por estarmos na Sua presença, a gente acaba entrando de carona nessa energia de Presença do Mestre. E essa Presença é puro Silêncio, pura Quietude, pura Meditação. Então, é realmente revelador poder estar em Satsang - que é o nome desses encontros - e poder ter uma visão do que está além do entendimento intelectual. Então, fica o convite. No primeiro comentário fixado tem o link do WhatsApp para poder participar desses encontros. Já dá o "like" no vídeo, se inscreve no canal. E Mestre, mais uma vez, gratidão pelo videocast.

Abril de 2025
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terça-feira, 12 de agosto de 2025

O que é o pensamento? Se auto-observar. Nossa autoimagem. O sentido de dualidade. Mente dualista.

Aqui, com você, nós estamos investigando como nos libertarmos desse sentido do "eu", desse sentido egoico. Essa é uma libertação de toda essa estrutura, que é a estrutura psicológica do mundo, essa estrutura psicológica da mente humana, do condicionamento mental; essa é a estrutura psicológica da sociedade, dos valores do mundo. A não ser que tenhamos essa libertação, essa liberação, o fim para essa condição, nós continuaremos presos a esse velho modelo desse sentido do "eu".

Primeiro, antes de tudo, o que é esse "eu"? Nos antigos teatros, aquela máscara usada pelos atores eram chamadas de persona. Persona é uma palavra em latim para pessoa. Assim, a pessoa que nós somos é, na verdade, essa personagem. Essa personalidade em você não é a Realidade do seu Ser, é a verdade sobre você como uma pessoa, como uma máscara. Assim, com o tempo, a palavra persona assumiu o lugar da pessoa.

A pessoa é a persona; a Realidade deste Ser não é essa persona, não é essa pessoa. Essa pessoa, essa persona é o "eu", é esse "mim", é esse "ego". Quando nós nos orgulhamos da pessoa que nós somos, o nosso orgulho é o orgulho que o pensamento sustenta sobre a imagem que ele faz dele próprio - esse é o orgulho. Estamos diante de algo que é ilusório, que se assenta apenas em uma imaginação, em um movimento de imagem, construída pelo pensamento.

A não ser que nos libertemos dessa psicológica condição da pessoa, desse "eu", dessa autoimagem, jamais conheceremos a Verdade de Deus, a Verdade deste Ser. Não há uma separação real entre aquilo que é a Verdade, a Realidade e este Ser. Assim, nós temos a verdade da pessoa, a verdade da vida da pessoa, desse personagem, dessa máscara, e temos a Realidade da Vida Divina. Descobrir a ciência do seu Ser é se deparar com a Realidade de Deus.

Toda a resposta que temos para a vida a partir da pessoa que somos, que demonstramos ser, que parecemos ser, que, na verdade, expressamos sendo aqui, nesse instante, a verdade sobre isso é contradição, é conflito, é desordem. Nós somos criaturas violentas, agressivas, possessivas, dominadoras, ambiciosas. Nós vivemos dentro de um modelo de separação, de dualidade. O sentido de dualidade está presente nessa mente dualista.

A mente em dualidade é a mente que tem criado a separação entre esse pensador e o pensamento, entre esse experimentador e as experiências, entre esse que vê e aquilo que ele vê, que é o observador e a coisa observada, nessa mente dualista, nessa mente em dualidade, que é a pessoa. A Vida não é dual. Não há algo que possa se separar da Vida. Sendo a Vida a única Realidade, tudo nela é ela mesma. Não existe esse "eu" e o "não eu", esse "eu" e o outro, esse "eu" e a Vida.

Esse "eu" é um centro falso, é uma construção do pensamento. O pensamento construiu isso com base em memória. Repare como isso é importante ser compreendido aqui, porque isso envolve a questão do pensamento, da verdade sobre o pensamento, da questão sobre o que é o pensamento. Reparem como é importante compreender isso.

Quando você tem experiências, essas experiências são guardadas no cérebro, registradas no cérebro como memórias. Ao passar por experiências, você tem memórias delas, lembranças, recordações sobre elas. Essas recordações, lembranças, são imagens estabelecidas no cérebro sobre o que aconteceu. Aqui temos a presença do pensamento. Então, o que é o pensamento? O pensamento são essas lembranças, essas recordações.

Quando eu me encontro com você, eu guardo o seu nome e também o seu rosto. No próximo encontro, eu posso lhe reconhecer; esse reconhecimento é um reconhecimento de memória. Apenas o cérebro está nesse reconhecimento, em razão desse processo de trazer de volta a lembrança. Então, o pensamento é basicamente isso: é apenas a memória, é a lembrança.

Nós não sabemos lidar com o pensamento de uma forma real, porque o pensamento não fica apenas nesse nível; ele vai para uma outra base, para uma outra linha, para um outro nível, que é o nível de sustentação psicológica de uma entidade presente nessa lembrança. Essa entidade na lembrança é uma imaginação do pensamento. Por que quem é a pessoa que está se lembrando? Não existe pessoa se lembrando, existe apenas a lembrança. Mas o pensamento criou uma pessoa, criou esse "eu", esse mim: essa é a nossa autoimagem.

Nós precisamos compreender essa questão da autoimagem, porque essa autoimagem é um elemento fictício, criado pelo pensamento, e tudo que o pensamento faz a partir dessa auto imagem é dar uma formação cada vez maior a essa autoimagem, acumulando ela de maiores experiências, conhecimentos e lembranças. Essa autoimagem é a presença do experimentador, é a presença do pensador; é esse o elemento na mente, que está presente sustentando essa separação. Esse elemento é o "eu".

O modo como você lida com as experiências a partir desse "eu" é um modo onde esse "eu" é o elemento mais importante naquele momento. Assim, há esse autocentramento. Como há essa separação, nessa separação se estabelece a contradição, a violência, o medo, a agressão, esse sofrimento de ansiedade, esse sofrimento de angústia, esse desejo de possuir, esse desejo de se livrar. Tudo isso está presente com a presença desse "eu".

Esse é um comportamento típico nesse egocentrismo, nesse sentido de pessoa. No entanto, essa pessoa não é real, assume essa verdade de ser a partir dessa autoimagem. Nós não estamos lidando com a Realidade, estamos lidando com a imaginação, com a fantasia, com o movimento de uma máscara, de um personagem que está no centro do momento, no centro da experiência, no centro desse sentir, desse pensar, desse atuar, desse agir na vida. Essa é a estrutura do "eu", é a estrutura do "ego".

Podemos romper com isso? Pôr fim a essa continuidade de imaginária vida? Porque essa é a vida do personagem, essa é a vida da pessoa. O meu contato com você é como o seu contato comigo: um contato entre imagens. O modo como represento a vida à minha volta, represento a vida a partir dos símbolos que tenho, das memórias, lembranças, recordações que tenho em mim, nesse "eu".

Não estou em contato com a vida, estou em contato com a ideia sobre a vida, estou em contato com o pensamento sobre a vida. Então, há uma separação entre a vida como ela está acontecendo e a representação que tenho dela, a partir do pensamento que tenho, que está em mim. Esse pensamento é o passado presente. Temos o instante e temos, nesse momento, presente o passado.

O meu contato com pessoas são contatos de abstrações. Nossas relações na vida são relações ilusórias, são relações de abstrações mentais, são relações nessa mente dualista, nessa mente egoica. A Verdade da Felicidade é desconhecida, a Verdade do Amor é desconhecida, a Verdade da Paz é desconhecida. Olhando para o mundo, percebemos que não existe tal coisa nas relações humanas; isso porque essas relações humanas são relações mentais, são relações entre pessoas, são relações no pensamento.

O pensamento é o elemento que assumiu a vida, a vida do "eu", a vida dessa entidade egoica, que vive em seu isolacionismo, que em sua autodefesa, construiu essa autoimagem, e tudo faz em torno de conseguir para essa autoimagem maior crescimento, maior ampliação, puro egocentrismo. É assim que temos nos situado na vida: temos a vida como ela é e temos a ideia da vida sobre como ela precisa ser para mim.

Assim, as divisões entre as pessoas, a confusão dentro das relações, o sofrimento psíquico presente nesse "eu", é algo típico dessa consciência psicológica social, dessa consciência psicológica do mundo. Olhar para tudo isso, tomar ciência de tudo o que acontece psicologicamente e se desvencilhar desse modelo psicológico de existir, de ser, de se situar na vida como alguém, como uma pessoa, esse é o nosso propósito.

Nós precisamos de uma nova consciência. A consciência que temos, a consciência que conhecemos é essa consciência dessa mente egoica, dessa mente separatista, dessa mente, que é a mente do "eu".

Quando aprendemos a olhar para isso, quando aprendemos o que é trazer para esse instante um olhar novo para todo esse processo, que é o processo do pensamento, que tem dado formação a tudo isso, podemos, então, nesse instante, liberarmos o pensamento de nós mesmos. Então, esse pensamento cessa, essa qualidade de pensamento para de sustentar a sua continuidade, quando aprendemos sobre nós mesmos, quando descobrimos o que é se conhecer, o que é se constatar, se perceber, se auto-observar.

Sim, a base para essa Atenção sobre todo esse movimento do pensamento, que permite com que esse pensamento se dissolva, que permite com que esse pensamento perca a sua importância, o seu valor e desapareça, consiste em se auto-observar. Nós não sabemos o que é olhar para nós mesmos, o que é se tornar ciente de nossas reações, ciente de um pensamento aqui, de um sentimento aqui, de uma sensação, de uma emoção. Colocar ciência sobre isso é se auto-observar. Então, esse conteúdo psicológico sofre uma mudança.

A verdade é que todo esse conteúdo é completamente esvaziado de sua importância, de sua autovalorização, quando colocamos Atenção sobre as reações do "eu", do pensador, do experimentador, desse elemento que olha e observa a partir do passado. Aprender a olhar, a se auto-observar, é abandonar o observador, o pensador, o experimentador, é abandonar esse "eu". É esse contato com o Autoconhecimento que lhe aproxima da Verdade da Real Meditação na prática.

O que é Real Meditação? A Meditação na prática. É assim que nos aproximamos da verdade do esvaziamento de todo esse psicológico conteúdo, é assim que nos libertamos desse psicológico modelo de consciência, comum a todos, para algo novo, para essa Real Consciência, para essa Divina Consciência.

Assim, esses encontros que nós temos aqui, também online nos finais de semana - nós temos dois dias juntos, sábado e domingo -, estamos aprofundando essas questões. Fora esses encontros, temos encontros presenciais e, também, retiros. Se isso que você acaba de ouvir é algo que faz algum sentido para você, já fica aqui um convite.

Abril de 2025
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quinta-feira, 7 de agosto de 2025

Sofrimento psíquico. Sofrimento humano. Como lidar com pensamentos? Ansiedade. O tempo psicológico.

Aqui a pergunta é: "Como se estabelece essa questão do sofrimento psíquico, que é a base para esse sofrimento humano?" Quando você tem uma dor física, você tem uma dor bastante pontual; é uma dor no pé, é uma dor na mão, em algum órgão do corpo, essa é uma dor física. Mas há uma diferença entre essa dor física e esse sofrimento humano, que é o sofrimento psíquico. Onde se estabelece essa questão do sofrimento psíquico? Quando é que você sofre?

Nós sabemos o que é o sofrimento humano, todo ser humano vem passando por sofrimento desde que nasceu. Quando você sente fome e é um bebê ainda, chora e a sua mãe lhe atende; a fome desaparece e as lágrimas também. Mas e essa questão desse sofrimento psíquico? Haverá alguém para enxugar essas lágrimas? Ou essa ideia de alguém é a busca de um consolo, de um conforto, de um ânimo? Enquanto que, na verdade, a dor ainda continua.

Nós podemos ser consolados, confortados e animados e, mesmo assim, a dor irá continuar enquanto não aprendermos a lidar com essa questão, que é a questão do tempo. Vejam como é interessante essa questão do tempo. Quando alguém vai embora, desaparece e eu não vejo mais aquela pessoa, e eu amava aquela pessoa, há uma dor aqui. Por que essa dor surge quando ela vai embora? É porque, de fato, ela foi embora ou essa dor está presente e eu não me dou conta?

Mesmo quando a pessoa está, existe entre eu e ela um nível de separação, de divisão. Nessa divisão, nessa separação, está estabelecido algo da qual eu não tenho consciência: é a presença de alguma forma de dependência, de busca de preenchimento nele ou nela. É por isso que, quando ela vai embora, a dor não é porque ela foi embora, é porque nesse momento veio a ciência, a clareza, a constatação da presença dessa falta, dessa carência, dessa dor.

Vejam como é importante nós investigarmos com profundidade todas essas questões. O sofrimento é algo presente no ser humano. Quando um ente querido morre, ele desaparece, e você chora não porque ele morreu, mas sim porque a dor está presente em você pela falta que ele lhe faz, e ele lhe faz uma falta porque, psicologicamente, há uma necessidade aí que agora não está sendo preenchida.

Nós chamamos de amor o que sentimos pelo outro, mas, na verdade, qual é a verdade sobre o Amor? Nós desconhecemos o Amor! O que é o Amor? O amor é aquilo que cria uma facilitação para um vazio e nesse vazio a presença de uma dor? É amor a presença da dor na falta do outro? Ou essa falta do outro, que é a razão da dor, é aquilo que indica uma necessidade psicológica não preenchida? Quando eu tenho uma necessidade psicológica e ela não é preenchida, há uma dor; essa necessidade psicológica não é amor.

Nós desconhecemos a Verdade do Amor. O Amor é uma presença de completude, não é a ausência, não é uma falta, não é uma necessidade psicológica, que quando satisfeita, quando preenchida, me deixa feliz, me deixa preenchido. Estar preenchido com a presença do outro não é estar em Amor, é estar preenchido psicologicamente, porque o outro me aceita, me entende, ele me dá prazer, ele me traz alguma compensação, e vice-versa. É isso que, em geral, nós chamamos de amor em nossas relações.

Podemos investigar isso com profundidade para irmos além dessa questão do sofrimento psíquico? Quando eu sinto ciúmes, quando eu sinto a falta, quando me vejo abandonado, rejeitado, não aceito por alguém que digo amar, que sinto amar, o que é essa relação que tenho com ele ou ela? Se tenho a presença do ciúme, da carência, da dependência, isso é a presença do amor? Ou o que tenho dentro dessa relação é o prazer, é a satisfação, é o preenchimento?

Tudo isso precisa ser investigado, nós precisamos descobrir a Verdade do Amor, a Verdade do seu Ser, a Verdade de Deus, a Verdade sobre a Vida. A Verdade do Amor deste Ser, de Deus e da Vida é algo que está presente quando a ilusão desse "eu", desse ego, desse "mim", não está.

Toda forma de sofrimento psicológico, de sofrimento psíquico e desordem emocional em nós é a presença do pensamento sobre as coisas, sobre as pessoas, sobre mim mesmo. O modo como lido com o momento presente nessa experiência, nessa relação, algo determinado pelo pensamento presente nesse "mim", está sustentando essa psicológica condição de apego, de dependência, de necessidade psicológica e, portanto, naturalmente, de sofrimento.

Assim, é preciso que haja uma real compreensão daquilo que se processa aqui, dentro de cada um de nós, porque são esses pensamentos presentes aqui, dentro de cada um de nós, que estão determinando esse modelo de vida que estamos levando. Assim, a pergunta é: "Como lidar com os pensamentos?" A visão que eu tenho dele ou dela é a visão que o pensamento aqui afirma, conclui, acredita, sente, presencia, espera, tudo isso o pensamento está cultivando aqui, dentro de cada um de nós.

Quando você se vê rejeitado, é o pensamento que lhe diz, é ele que lhe fala desta rejeição. Quem é o elemento presente que se sente rejeitado dentro de uma relação? A sua resposta é simples: é a pessoa. Mas qual é a verdade da pessoa? Quem é você como pessoa? Você tem uma ideia sobre quem você é, um modelo de ser alguém como acredita ser, essa é a pessoa; a pessoa como você se vê, a pessoa que você acredita ser, é ela que na relação com o outro sente a rejeição, sente o abandono.

Assim, o sentido do "eu" presente aqui é um conjunto de imagens que tenho sobre quem eu sou e também sobre quem o outro é, e isso está criando esta separação entre eu e ele, eu e ela. Isso está dando a esse "mim", aqui, uma ideia do que esperar, do que aguardar dele ou dela e, assim, está estabelecida a vida da pessoa, do pensamento. Nós não sabemos lidar com o pensamento, não sabemos lidar com a pessoa, com a pessoa que ele é, que ela é, com a pessoa que eu sou.

O que temos presente nessas relações são relações que se assentam no pensamento, no modo como cada um representa quem o outro é. Essa representação dele ou dela, essa representação daquilo que eu sou para ele ou ela é o que está determinando nossas relações. Quando nossos contatos, quando nossas relações se abalizam no modelo do pensamento, essas relações são estruturadas em experiências passadas. Nós não estamos lidando com o passado, nós estamos lidando com a vida. A vida é um movimento que está presente aqui, neste instante.

Nós estamos sempre lidando com algo dinâmico, de uma vivacidade extraordinária, que é a presença dessa pessoa. A pessoa que nós somos é algo que está mudando a cada momento; a cada momento estamos tendo novas impressões do momento presente e reagindo a essas impressões com base nessa estrutura, que é a estrutura do experimentador. Assim, todo esse dinamismo e vivacidade desse "eu" precisa ser visto, precisa ser compreendido.

Agora, reparem que coisa delicada nós temos aqui: nesse contato com o outro, o outro também carrega essa vivacidade, esse dinamismo; como pessoa, ela nunca é a mesma pessoa. Ela não se dá conta de si mesma e nós não nos damos conta de nós mesmos e, no entanto, estamos dentro desse encontro, dessa relação. Assim, está estabelecida a desordem, a confusão.

A não ser que você compreenda a verdade sobre si mesmo, aprenda sobre si mesmo e vá além desse "eu", desse "mim", desse ego e, portanto, dessa vivacidade e desse dinamismo, dessa ilusória entidade, que é o ego, a não ser que isso se resolva, essa vida centrada nessa falsa identidade estará constantemente no contato com o outro criando desordem, criando confusão.

Nós não estamos lidando com a Vida Real, estamos lidando com um modelo de psicológica identidade, que está constantemente em movimento entre esse passado, presente e futuro; e esse movimento é o movimento do tempo psicológico. É assim que, internamente, esse dinamismo e vivacidade do ego acontece.

Nós estamos constantemente envolvidos em nosso psicológico mundo, em nossa particular vida, que é a vida centrada no "eu", e assim também ocorre com o outro. Nós não temos um contato real em nossas relações, elas estão assentadas em modelos do pensamento, onde temos a ilusão de uma relação onde está presente o amor, a compreensão, a liberdade, a paz, a felicidade, enquanto que, na verdade, quando olhamos de perto percebemos que tudo isso é completamente imaginário.

Assim, nós estamos constantemente mantendo a continuidade de uma vida centrada no modelo do pensamento, e tudo que tenho da pessoa com quem eu convivo, e ela tem de mim, são imagens, um jogo entre imagens, um jogo entre crenças, ideias, avaliações, conclusões opiniões. É isso que temos chamado de relação. O que temos presente é um nível de relacionamento, onde o pensamento é o elemento que predomina.

Não estamos vivendo a Verdade da compreensão, da Liberdade, da Paz, do Amor em nossas relações. Isso explica todo esse sofrimento psíquico, toda essa desordem e confusão na vida, nessa particular vida do "eu". O contato com esse momento é aquele que revela a Vida quando o pensamento não está. No entanto, quando o pensamento está presente, e assim tem sido nossas vidas, não há verdade dentro dessas relações.

O que é que nos aproxima da visão real do Amor, da visão real da Felicidade, da Liberdade? É a presença do Autoconhecimento. Uma vez que tenhamos o descarte dessa ilusória identidade, uma vez que tenhamos uma compreensão direta da Verdade d'Aquilo que está presente além do "eu", além do ego, além dessa pessoa e, portanto, além do pensamento, essa Verdade revela a Felicidade. Então nós temos o fim para essa psicológica condição, que é a condição do sofrimento.

Você nasceu para realizar Deus nesta vida, para realizar a Verdade do seu Ser. Essa compreensão é a compreensão do outro, porque, na realidade, não existe o outro, temos uma única Realidade presente nesse contato, nessa verdadeira relação, nessa verdadeira comunhão. E isso é algo presente quando você assume a Realidade d'Aquilo que é Você em sua Natureza Real, em sua Natureza Essencial - é o que alguns chamam de Realização de Deus, Iluminação,ou Despertar.

É isso que estamos trabalhando aqui com você nesses encontros online nos finais de semana. São dois dias juntos - sábado e domingo. Fora esses encontros, temos encontros presenciais e, também, retiros. Se isso é algo que faz algum sentido para você, fica aqui o convite!

Abril de 2025
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terça-feira, 5 de agosto de 2025

Joel Goldsmith | Despertar da Consciência Mística | Como podemos superar o medo | Marcos Gualberto

GC: Olá, pessoal! Estamos aqui para mais um videocast. Novamente, o Mestre Gualberto aqui conosco. Gratidão, Mestre, pela presença.

Hoje, eu vou ler um trecho do livro do Joel Goldsmith chamado "Despertar da Consciência Mística". Num trecho desse livro, Mestre, o Joel faz o seguinte comentário: "O medo domina a humanidade, pois, incutido na mente humana, faz o homem esquecer-se de que Deus é sua própria vida." Nesse trecho, o Joel cita a questão do medo. O Mestre pode compartilhar a sua visão sobre como podemos superar o medo?

MG: Gilson, essa velha ideia de vencer, conquistar, superar é aquilo que nós temos de mais comum! Quando nós nos deparamos com um inimigo, a gente quer vencer o inimigo, quer superar o inimigo. Então, nós vemos o medo como algo para ser vencido, para ser superado. Nós não investigamos a natureza, a estrutura, a verdade daquilo que nós chamamos de medo. Nós não compreendemos, Gilson, uma coisa básica que nós temos colocado aqui, para vocês: se há medo, existe um elemento presente nesse medo. Esse elemento é o elemento atingido pelo medo. Mas qual é a verdade do medo? Qual é a estrutura do medo? Qual é essa realidade do medo? Essa é a primeira pergunta. A segunda é: quem é esse elemento atingido pelo medo, que quer vencer o medo, que quer superar o medo? Existe uma separação que seja real, quando esse estado que nós chamamos de medo está presente, desse que está no medo, desse que quer se livrar do medo, que quer vencer o medo? Existe uma separação ou a presença do medo é a presença desse elemento?

Quando você usa o pronome "eu", você se refere a exatamente quem? Você se refere a si mesmo. Você não se refere ao outro, você se refere a si mesmo. Qual é a verdade desse "si mesmo"? Qual é a verdade desse "eu"? E quando o medo está presente, quem é que está com o medo? Não é o "eu"? Não é esse "si mesmo"? Mas existe uma separação do próprio estado do medo desse que é o "eu"? Quando você está com medo, existe uma separação entre você e o medo ou nesse estado de medo você é o próprio estado? Então, vamos começar por aqui. Quando você sente medo, você é esse sentir. Não existe você e o sentir, é só o sentir! Quando o sentir diminui ou quando ele desaparece, você tem uma lembrança ou uma sensação. Quando você tem uma sensação porque o medo diminuiu, essa sensação lhe dá a ilusão de uma separação entre você e o medo. Quando o medo se foi e você tem a lembrança, você tem a sensação de que agora você teve o medo; ele já se foi. Essa sensação de separação entre você e o medo não ocorre no instante exato da dor quando ela está, desse pesar quando ele está, desse sofrimento quando ele está, desta emoção do medo quando o medo está. Não existe qualquer separação entre você e o medo.

Então, essa aqui é a primeira coisa. Assim, nós estamos diante, Gilson, de uma ilusão: a ilusão desse alguém que quer vencer o medo, mas esse alguém não existe. Quando o medo está, nós temos apenas a presença do medo. É quando o medo não está mais, é quando o sentimento diminuiu, que o pensamento cria essa separação, criando essa entidade que é o "mim", o "eu", com medo, no medo. Então, essa aqui é a primeira coisa: qual é a natureza do "eu"? A natureza do "eu" é aquilo que aqui está presente, se mostrando, mas nós não nos damos conta da natureza do "eu", porque nos separamos, a partir do pensamento, para falar de uma experiência que já foi. Veja como nós precisamos ter uma nova aproximação dessa questão - veja, não é da superação do medo, não é desse vencer o medo, mas uma aproximação para o fim desta psicológica condição do "eu", que é a psicológica condição do estado emocional de dor, de sofrimento, do medo.

Portanto, todo o nosso interesse, aqui, consiste no fim do medo, mas o fim do medo significa o fim desse elemento que é o "eu". Você não pode ter medo sem existir como alguém. Você não pode ter medo se você não existe para o medo. Você só fala de um medo dentro de uma relação entre você e a emoção, entre você e aquele estado doloroso, entre você e aquele estado assustador; então, tem você e o medo. Esse "você e o medo" estão dentro desse princípio de separação. Essa separação não existe, essa separação entre você e o medo é algo que o pensamento está produzindo. Então, repare que coisa importante nós temos aqui. Qual é a natureza do medo? A natureza do medo é o próprio pensamento. Qual é a natureza do "eu"? É o próprio pensamento. Do que é que você tem medo? É daquilo que você lembra, que lhe causa medo. Você não pode ter medo sem a lembrança daquilo que lhe causa medo. E se você tem a lembrança daquilo que lhe causa medo, o que você tem aqui é só uma abstração. Então, tem você e o medo da morte, mas a morte não está aqui. O que você tem da morte é uma ideia, é um pensamento.

Repare onde está a estrutura, a natureza do medo: a estrutura, a natureza do medo estão no pensamento. Você tem medo de ser traído; isso está no futuro, isso está no pensamento. Você tem medo de passar de novo por aquela situação que já passou um dia; isso é um pensamento sobre o futuro, sobre o passado. Então, é a noção do pensamento de passado e futuro a causa do medo. Você tem medo de envelhecer. Veja, isso é o futuro e é a presença do pensamento.

Todas as formas de medo que você tem - todas! - estão atreladas ao pensamento. Assim, a natureza do medo, a estrutura do medo, é o pensamento, e esse elemento presente, que é o "eu", que é esse "mim". Mas, quando é que esse "mim" também aparece? Não é quando o pensamento aparece? Ao se lembrar de algo que aconteceu a você - olha aí a presença do "eu" -, ao não querer que aquilo volte a acontecer - olha aí a presença do pensamento se projetando no futuro. Portanto, você vem a mim e pergunta: "Como se livrar do medo?", ou "Como superar o medo?", ou "Como vencer o medo?"... Investigar a natureza do "eu", a natureza do medo, a natureza do pensamento, é o fim para o pensamento, é o fim para o "eu", é o fim para o medo, porque nós temos o fim do passado, porque não temos mais o peso da lembrança. Nós temos o fim do futuro, nós não temos mais o pensamento do que será. O fim do pensamento do passado, o fim do pensamento do futuro. isso é o fim do tempo, isso é o fim do medo, é o fim do pensamento, é o fim do "eu"!

Talvez você pergunte: "Então, o que é o Despertar da Consciência?" É o Florescer de sua Natureza Divina. Essa Ciência do seu Ser é a Ciência de Deus, Aquilo que está presente aqui e agora, livre do pensamento, livre do "eu", livre do tempo, livre do medo. Há algo presente, como sempre temos afirmado, e esse "algo" presente está fora do passado, do presente e do futuro. Esse "algo" é a Realidade do seu Ser.

É algo além de todas as coisas, é um "algo" além do algo. É aquilo que é indescritível, além de todos os nomes, de todas as formas; a Realidade Divina! Isso é o fim da ilusão, isso é o fim da ignorância. Isso é o fim não só do medo, mas isso é o fim do sofrimento. Você nasceu para essa Realização, você nasceu para assumir Isso, para viver Isso nesta vida! É isso que estamos com você, aqui, aprofundando, trabalhando, tomando ciência. É fundamental, nesta vida, a Ciência da Vida livre desse "mim", desse "eu", que vive do passado. Precisamos descobrir o que é morrer para o passado, morrer psicologicamente para o que foi, então não haverá futuro. O fim do passado é o fim do futuro, é a Ciência da Realidade que está fora do pensamento, fora do tempo, é a ciência de Deus!

GC: Mestre, nós temos uma pergunta de uma inscrita aqui no canal. A Raquel faz a seguinte pergunta: "Mestre, e quando há depressão e ansiedade, como se livrar disso?"

MG: Gilson, repare a pergunta: "Quando há depressão e ansiedade, como se livrar disso?" Tomar ciência de suas reações, ficar próxima delas, descobrir como se aproximar dessa reação para olhar para ela. Quando temos um problema, nós só conseguimos lidar com o problema ao nos aproximarmos dele, e não ao nos afastarmos dele. Nós podemos afastar de nós um problema; há diversas formas de fazer isso, e é isso que nós temos feito. Nós preferimos nos afastar do problema ou afastá-lo de nós do que nos aproximarmos para olhar. Aí eu lhe pergunto: quando você se afasta de um problema, ele não mais existe ou ele está lá, em algum lugar, escondido para voltar de novo? Quando você se afasta de um problema, ou ele é afastado de você, ele deixa de estar lá em algum lugar, à espreita, olhando? Não, ele está lá! É por isso, Gilson, que nós não nos livramos dos problemas, porque nós não nos tornamos cientes deles!

Ao se aproximar de um problema, esse problema pode se revelar, ele pode se mostrar, ele pode se apresentar, porque você está perto dele, olhando para ele, descobrindo o que ele representa. Então, sim, a partir desse momento, nessa aproximação, nós temos a possibilidade do fim para o problema. Nós não estamos fugindo, não estamos escapando, nós não estamos nos afastando dele; nós estamos nos aproximando dele para olhar de perto. Quando nós aprendemos a olhar para o problema, porque nos aproximamos dele, nós descobrimos que não existe nenhuma separação entre o problema e "eu". É exatamente esse "eu" o problema. Até então, nós achávamos que tínhamos um problema, e agora a gente se dá conta de que não é verdade a ideia de que nós tínhamos um problema. A verdade é que "eu" sou o problema. Esse "eu" é o estado de aflição, de sofrimento, de dor; é o estado de desordem emocional, de inquietude, que está presente. Ao rejeitar esse estado, eu me separo para fazer algo contra ele. Ao fazer isso, estamos alimentando uma ilusão: a ilusão de que existe "eu" e esse estado.

Essa separação, Gilson, essa dualidade, essa ideia: "eu e a tristeza"... Repare, não existe "eu" e a tristeza! Quando a tristeza está presente, o que temos presente é a tristeza; não existe esse "eu" triste. Quando a angústia, a ansiedade, a depressão estão presentes, não existe esse "eu" deprimido; é só a depressão! Essa separação é algo que o pensamento, em você, está criando, nessa velha crença de "eu e o problema", "eu e a ansiedade", "eu e a depressão". Aqui, estamos colocando para você outra coisa: se aproxime do próprio estado, se torne ciente, apenas olhe para esse pensamento, para esse sentimento, para esse estado. Descobrir como olhar sem rejeitar, sem lutar contra, sem também afirmá-lo como sendo real para esse "mim"... apenas olhe! Olhar sem interferir, olhar para se dar conta, olhar para perceber. Então, nesse momento - volto a dizer -, o problema, o estado, se revela.

Está ocorrendo nesse olhar sem alguém olhando, nesse perceber sem alguém percebendo, nesse se aproximar sem alguém se aproximando, uma constatação do fim para essa condição de separação. Então, uma qualidade nova de energia surge nesse perceber, nesse olhar, nesse estar cônscio daquilo. Uma qualidade nova de energia surge, e, quando isso ocorre, nesse instante, nós temos o fim da separação entre esse "eu" e o estado. E o que ocorre com esse estado? Ele não se sustenta! Veja, exatamente isso: ele não se sustenta. Ele vem se sustentando, ele vinha se sustentando em razão dessa não observação, dessa não aproximação, dessa tentativa de se livrar, de escapar, de fazer algo contra o estado. Aquilo que estamos colocando agora, aqui, Gilson, é a real aproximação do Autoconhecimento. Isso é algo ligado diretamente a essa aproximação da Meditação. Ficar ciente da reação sem se envolver com ela, isso representa o fim dessa reação, dessa condição psicológica; isso é o fim desse estado.

Veja, a real forma de nos aproximarmos da vida é a forma desse olhar, desse se dar conta, desse estar cônscio, sem o envolvimento desse "mim", desse "eu", desse observador, desse que quer se envolver para fazer algo contra, quando é ruim ou desagradável o estado. Assim, Gilson, é fundamental aprendermos a nos aproximarmos da vida sem o "eu", sem esse observador, sem esse experimentador, sem esse que quer experimentar ou quer se livrar. É isso que estamos trabalhando aqui com você, descobrindo como se aproximar desse momento sem o passado, sem esse fundo, sem esse elemento para interferir. É assim que lidamos com todo e qualquer estado ligado a essa condição psicológica, que é a condição desse "eu", "eu-estado", "eu" e a ansiedade, o medo, a depressão... Mas, também, isso vale para estados assim chamados "positivos", que reforçam essa ilusória identidade que é o ego, que é o "eu". Isso fica para uma outra fala, ok? Mas essa é a aproximação real. É assim que nos aproximamos.

GC: Mestre, nós temos uma outra pergunta, de um outro inscrito aqui no canal. A Emília faz o seguinte comentário e pergunta: "Olá, Mestre. Pode falar sobre o poder do pensamento de criar o ego e todos os problemas a ele associados? Isso acontece ao nível cerebral?"

MG: Gilson, essa sustentação desse elemento que é o "eu", o ego, é a sustentação do próprio movimento mecânico, automático, inconsciente, repetitivo e condicionado do próprio cérebro. Não existe qualquer separação entre esse condicionamento cerebral e esse movimento de separação da realidade da vida, como ela acontece. Esse movimento de separação é algo psicológico, mas todo esse movimento psicológico está relacionado, claramente, à forma como esse cérebro condicionado, nesse intelecto condicionado, está processando tudo isso.

Então, a condição da insciência do pensamento, da não ciência do movimento dele, faz com que o cérebro continue realizando seus registros e sustentando essa continuidade do passado, e isso ocorre em razão da falta desta atenção, desse olhar para essas reações. Então, sim, todo o movimento do condicionamento mental está estreitamente, diretamente ligado a esse modelo de cérebro condicionado. Apenas quando esse modelo de cérebro condicionado não está mais, em razão da presença dessa atenção, o cérebro não mais continua mantendo sua velha condição de automatismo, de inconsciência, de registro automático.

Assim, a beleza desse encontro com esse olhar para este instante, com esse observar deste momento - de todas essas reações, colocando plena atenção sobre isso -, a beleza disso é que, nesse momento, há uma quebra dessa continuidade de padrão de registro automático, mecânico e inconsciente. Isso representa o fim para esse intelecto condicionado, para essa mente condicionada. A Realidade está presente, algo novo está presente, algo fora desse padrão velho e antigo de condicionamento mental, de condicionamento cerebral.

Uma vida livre do tempo psicológico é uma vida livre de um cérebro condicionado, de um cérebro que registra de uma forma automática, mecânica e inconsciente tudo aquilo pelo qual ele está passando. Esse modelo é o modelo de um cérebro que vem sustentando, há milênios, uma suposta entidade presente nas experiências. É por isso que nós sustentamos a ilusão desse pensador, desse experimentador, desse observador. Essa ilusão está presente porque esse cérebro está condicionado ao entrar em contato com o momento, olhar este momento a partir desse registro que é o experimentador, que é o pensador, que é o observador.

Esse assunto requer uma profunda investigação, uma direta aproximação, bastante clara de tudo isso, para o fim desse velho modelo, e é exatamente isso que estamos fazendo juntos nesses encontros, sobretudo encontros on-line e encontros presenciais. Os retiros fazem parte desses encontros.

GC: Gratidão, Mestre, já deu nosso tempo. Gratidão por mais este videocast. E, para você que está acompanhando o videocast até o final e tem o desejo real em se aprofundar nesses ensinamentos, fica o convite para participar dos encontros que o Mestre Gualberto proporciona. São encontros on-line de final de semana; existem também encontros presenciais e retiros de vários dias.

Nesses encontros, o Mestre Gualberto responde diretamente às nossas perguntas - e muito mais do que isso. Por o Mestre já viver nesse Estado Desperto de Consciência, ele compartilha um campo de energia à sua volta. E, nesses encontros, a gente acaba entrando de carona nessa energia do Mestre. E isso nos ajuda demais nesse processo de nos conhecermos, a entrarmos em Meditação, a percebermos o movimento incessante dos pensamentos.

Então, fica o convite. No primeiro comentário, fixado, tem o link do WhatsApp para poder participar desses encontros.

E, Mestre, mais uma vez, gratidão pelo videocast.

Abril de 2025
Gravatá-PE
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