quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

Joel Goldsmith | A Interpretação Espiritual das Escrituras | Como vencer o medo? | Marcos Gualberto

GC: Olá, pessoal, estamos aqui para mais um videocast. Novamente, o Mestre Gualberto aqui conosco. Gratidão, Mestre, pela presença. Mestre, hoje eu vou ler um trecho de um livro do Joel Goldsmith chamado "A Interpretação Espiritual das Escrituras". Em um trecho desse livro, Mestre, o Joel faz o seguinte comentário: "Aquele que encontrou Deus não tem mais medo do homem ou das circunstâncias". Sobre esse assunto que o Joel Goldsmith comenta nesse trecho, sobre a questão do medo, o Mestre pode compartilhar a sua visão sobre como vencer o medo?

MG: Aqui, Gilson, a grande pergunta é essa: como vencer o medo? Mas notem uma coisa aqui fundamental: antes de perguntarmos sobre vencer algo, vencer alguma coisa, qual será a verdade sobre aquilo? Se você tem um inimigo e quer vencer, precisa vencer esse inimigo, você tem que tomar ciência de como ele atua, de qual é a capacidade que ele tem, como ele funciona. Você tem que estudar o seu adversário, se você quiser vencê-lo.

Aqui, nos deparamos com algumas coisas bastante curiosas. Do ponto de vista psicológico, os nossos adversários precisam ser estudados, mas não para serem vencidos, e sim para serem compreendidos. Nós precisamos compreender esses adversários. A compreensão desses adversários nos dá a vitória sobre eles. Não porque nós vamos vencê-los, mas porque esses adversários, do ponto de vista psicológico, são adversários que se estabeleceram presentes em nossas vidas, em nossas experiências, em razão da ignorância.

Portanto, o nosso grande adversário não são os adversários psicológicos que nós temos, como a inveja, o ciúme, o medo, a raiva, a cólera, a tristeza, a depressão, a ansiedade. Veja, são inúmeros os nossos "adversários psicológicos". Esses adversários, que nos causam sofrimentos psicológicos e desordens emocionais, não são os adversários que temos que vencer. Aqui, o real adversário é a presença da ignorância: não saber a verdade sobre você, sobre como a mente aí acontece.

A memória se estabeleceu. Os sentimentos surgem em razão dessas memórias. Como essas lembranças se sustentam? Sustentando estados internos, conflituosos, de sofrimento, que nós chamamos de adversários e que acreditamos que temos que vencer. Nós precisamos investigar isso, tomar ciência disso. Então, o nosso grande adversário aqui é a presença da ignorância. Nós estamos vivendo na ignorância a respeito de nós mesmos. Nós não temos ciência de como a mente se processa, de como ela acontece dentro de cada um de nós.

Então, nós temos que investigar a estrutura, a natureza, a base, o fundamento, o alicerce dessa condição psicológica presente em nós, que é a condição da ignorância. O que nos falta não é a vitória sobre os nossos adversários psicológicos, sobre aquilo que nos causa problemas, conflitos e sofrimentos internos. O que nos falta é a presença da visão sobre nós mesmos.

Então, a base é se conhecer, se estudar. Aprender sobre si mesmo. Aprender por que está em "mim" a mágoa, o ressentimento, a raiva, a dor da solidão; por que está em "mim" a presença do medo... qual é a verdade desse "mim", qual é a verdade sobre o medo e sobre aquilo que "eu" sou quando estou aqui no sentir - no sentir o medo, no sentir a raiva, no sentir a preocupação, a dor da solidão. Então, nós precisamos tomar ciência da verdade sobre o "eu", sobre esse "mim".

Então, é o fim da ignorância a real vitória sobre os problemas. Mas não é alguém tendo uma vitória sobre os problemas. É o fato de que os problemas existem em razão da presença da ignorância. Livres da ignorância, estamos livres dos problemas, o que inclui aqui a presença de todos esses "adversários internos". De outra forma, continuaremos sempre tendo que vencer, e de novo, e de novo, e de novo.

Repare que você já teve, durante esse seu tempo de vida, vinte anos, trinta, quarenta, cinquenta, sessenta anos. Ou você tem oitenta? Quantas vezes você já venceu estados internos de sofrimento? Mas, de fato, você os venceu? Ou eles estiveram aí por um tempo e desapareceram, e depois outros surgiram?

Então, nós estamos na vida, durante toda a nossa vida, lutando contra problemas, tentando vencer as dificuldades, os problemas, as desordens, os sofrimentos diversos, os conflitos, as inúmeras contradições internas. Esses estados de dor... o medo é apenas um. Na verdade, são inúmeros os medos. Então, a gente tem "o medo", mas inúmeros medos. Os nomes são diferentes, mas estamos lidando apenas com o medo.

E estamos lidando com o medo a partir de uma visão equivocada, onde está presente a presença do "eu" se separando do medo, para triunfar sobre ele, para vencer o medo. Esse é o quadro em que, psicologicamente, nós nos encontramos: de ignorância, de ilusão. Romper com isso, ir além da ignorância, é ir além do medo.

Não só do medo, mas de toda e qualquer forma de sofrimento. Uma vez que todo sofrimento tem a sua base, o seu alicerce, nessa ilusão do "eu", que é a presença do ego em nós. Essa é a raiz da ignorância. A raiz da ignorância consiste no sentido de alguém presente se separando do momento presente com o que ele está surgindo, com o que ele está se mostrando, com o que ele está se apresentando.

Então, aquilo com o que ele se mostra, com o que ele se apresenta, nos separamos. Este sentido de separação é o "eu", o ego, a raiz da ignorância. Investigar a natureza do pensador, do experimentador, da pessoa, deste mim, é ir além do medo.

Veja, não se trata de vencer o medo. Não se trata de superar o medo. Se trata de descobrir a Verdade que é a Vida aqui e agora, quando não há mais esse sentido do "eu", não há mais ignorância. Se não temos mais a presença da ignorância, há uma visão da Vida como de fato Ela é. E n'Ela está presente a Realidade Divina, a Realidade de Deus. A Vida é, na verdade, Você em sua Natureza Essencial. E n'Ela não há conflito, não há desordem, não há sofrimento.

A mente egoica é a presença do "eu", e esse "eu" é a raiz do sofrimento, porque ele é a base da ilusão. A ignorância presente é esse sentido de separação entre você e a vida, entre você e o outro, entre você e Deus. É isso que estabelece em nós uma condição interna de sofrimento, de medo.

É isso que nos coloca numa disposição equivocada: na ilusão de vencer um adversário que não está lá, de superar um adversário que não está do lado de fora. Esse adversário é a presença do pensamento, a presença do "eu", a presença do ego, a presença da ignorância.

Quando isso termina, há um sentir, um pensar e um agir aqui, neste momento, livre da ilusão. Como não temos mais o sentido de separação, não há mais o conflito, não há mais o medo, não há mais o sofrimento. Isso requer a presença do Autoconhecimento. Isso requer a Ciência da Verdadeira Meditação. Não daquilo que as pessoas aí fora chamam de meditação, mas a Real Meditação de uma forma vivencial, de uma forma prática no viver.

A ciência de suas reações é a liberação desse sentido do "eu", de todo esse movimento que é o movimento do ego. Então, a Realidade Divina se mostra além da mente, além dos conflitos, além do sentido de separação entre você e a vida, entre você e o outro, entre você e Deus.

Portanto, não é vencer o medo. É descobrir a Verdade da Vida sem o "eu", o fim do sofrimento, o fim da ilusão, o fim da ignorância. Ok?

GC: Mestre, nós temos uma pergunta de uma inscrita aqui no canal que fez o seguinte comentário: "Mestre, eu vivo com medo constante do futuro, da falta de dinheiro, de ficar doente. Como posso encontrar Deus para dissolver esses medos?"

MG: Reparem que coisa nós temos aqui. Nós temos, mais uma vez, a ideia. Essa é a coisa presente em nós, a confusão em que nos encontramos: a ideia de vencer os medos. Isso volta de novo, de novo e de novo. E aqui a sua proposta é encontrar Deus para vencer os medos.

Veja, há uma Realidade presente aqui e agora. Ela não é negligente. Ela não está ausente. Ela não está faltando. Ela está aqui agora. Essa Realidade é a Vida. Essa Vida é a Verdade Divina. Isso já está presente.

Então, aqui, o primeiro ponto para ser investigado é que você não pode encontrar Deus. Ele é uma Realidade presente, mas não se mostra presente para o "eu", para o ego, para a pessoa. Portanto, livrar-se do medo requer a investigação da estrutura e da natureza do próprio medo.

Quando nós chegamos à raiz do medo, percebemos que a estrutura do medo, a raiz do medo, é a ignorância sobre quem nós somos, sobre a verdade sobre esse "mim", sobre esse "eu". Quando temos ciência disso, clareza, quando há uma precisão de visão, quando a Realidade se mostra, essa ignorância termina.

Isso é o fim da raiz da ignorância, que é a base do medo. Portanto, você não tem um encontro com Deus. Você tem uma revelação da Verdade de Deus aqui e agora, quando esse sentido do "eu" não está, quando essa "pessoa" não está mais presente.

Então, não temos mais o sentido de separação. A pessoa se vê como um elemento separado da vida, separado do outro, separado de Deus. Essa separação produz e sustenta as diversas formas de medo. O medo é, na verdade, a presença da ignorância.

Quando o pensamento está presente, se projetando no futuro, a partir da ilusão de alguém aqui, para viver um futuro ruim, desagradável, infeliz ou complicado, isso produz esse estado interno de sofrimento que nós chamamos de medo.

No entanto, esse estado está presente em razão da presença do pensamento projetando a partir da ideia também desse "eu", que também é a presença de um pensamento. Enquanto você estiver se vendo como alguém, como uma pessoa, estará sustentando sua existência psicológica no movimento do pensamento.

Essa existência psicológica, que é o movimento do pensamento, que se projeta no futuro de uma forma ruim, negativa, desagradável, é a presença do medo. Portanto, esse medo está presente em razão da ignorância.

A ciência da verdade sobre esse jogo do pensamento, criando esse pensador e o seu futuro, esse experimentador com a sua experiência do amanhã psicológico; ver esse jogo é se livrar da ignorância. Quando não há ignorância, a Realidade se mostra. A Realidade é a Verdade de Deus.

Assim, você não tem um encontro com Deus. Deus se revela quando o "eu" não está, quando o pensador, o experimentador, quando o modelo do pensamento, que é o modelo de condicionamento psicológico que trazemos, não está mais presente.

Portanto, a Verdade sobre Aquilo que é Você é a Verdade da Vida quando a ilusão não está, quando a ignorância não está. Então, não há mais medo, não há mais os medos diversos. Na realidade, toda e qualquer forma de sofrimento se dissolve.

A presença do sofrimento é a presença do sofredor, assim como a presença do pensamento é a presença do pensador, da experiência do experimentador.

Há uma Realidade aqui e agora presente, se revelando. É a Realidade deste Ser, é a Realidade sobre Você. É evidente que isso requer um trabalho, um trabalho em si mesmo, de um profundo envolvimento com essa autodescoberta, com essa clareza, com essa visão, com essa percepção.

Não é alguém tendo essa percepção, visão ou clareza. É a clareza aqui, em razão da presença dessa visão sobre si mesmo, que termina com o "eu", que termina com a ilusão da separação. Então, a Verdade está presente, a Verdade se revela, e Ela está aqui agora como a Suprema Felicidade, o Amor, a Liberdade. Ok?

GC: Mestre, nós temos outra pergunta de outro inscrito aqui no canal, que faz o seguinte comentário: "Mestre, como ter ciência do pensamento sem se confundir com ele?"

MG: Observe sua pergunta. A sua pergunta é como não se confundir com os pensamentos. Olha, Gilson, só há uma forma real para isso: é ficando ciente do pensamento. É necessário trazer para este momento um olhar, um perceber, uma atenção totalmente diferente da que, em geral, nós estamos tendo.

Em geral, quando você percebe, percebe para gostar ou não gostar, para aceitar ou rejeitar, para apreciar ou deixar de lado. Então, nós estamos sempre tomando uma posição no momento da percepção. É, na verdade, o percebedor presente. É uma percepção a partir de um percebedor.

Aqui, a percepção é o olhar, é o ficar ciente, é o tomar ciência sem interferir. Essa é a qualidade da percepção que lhe faz perceber o jogo do pensamento.

Por muito tempo, na verdade, durante toda a vida, quando um pensamento surge dentro de você, o que ele tem feito é lhe dar uma identidade por detrás dele. É isso que o pensamento tem feito. E isso está acontecendo assim há muito tempo.

Então, nós estamos viciados no modelo de ser alguém. Alguém pensando. Quando surge um pensamento em sua cabeça, há por detrás do pensamento já a sensação do pensador. Isso vem no pacote. É automático, é algo mecânico, inconsciente.

Então, estamos constantemente nos identificando com o pensamento, nos confundindo com o pensamento, quando gostamos ou não gostamos, quando queremos mais do pensamento ou não queremos ele conosco. Portanto, o vício, a força do hábito, é de continuar sempre afirmando a presença do pensador, do percebedor.

Aqui, o convite é trazer para este momento o olhar sem o observador, o perceber sem o percebedor. É trazer a ciência do pensar sem o pensador. Então, fica claro o jogo do hábito, do vício, da continuidade do "eu", da continuidade da "pessoa".

E, de imediato, algo acontece. Porque, mais uma vez, o jogo se mostra, mas não há mais alguém para se envolver no jogo. Não há mais alguém para se envolver com o jogo. Então, ocorre uma mudança nessa estrutura.

O modelo do pensamento em nós, do sentimento, da sensação, é colocando sempre, constantemente, alguém no processo, alguém se envolvendo. Esse alguém é o "mim", a pessoa.

Portanto, o que é esse olhar, perceber, ficar ciente? É o "se dar conta". Essa é a forma! Isso lhe dá uma clara visão de como se processa o movimento dos sentimentos, das emoções, das sensações, quando você está com ele ou ela, conversando com o marido, com a esposa, com o colega de trabalho, com alguém.

Isso lhe dá a percepção de suas reações, aqui e agora: o sentir, o que há por detrás do olhar, o que há por detrás do tom da voz que você emprega. Isso lhe mostra estados internos que você está tomando ciência deles aqui e agora, pela primeira vez - como ansiedade, ou preocupação, ou medo.

E basta esse olhar. Não é para interferir com isso, basta esse constatar. Então, uma energia nova surge: uma energia de atenção, de consciência, de presença. Isso transforma este momento em um momento de Meditação.

Não é mais aquele velho momento de inconsciência, de mecanicidade, de resposta automática, de memória, de reação, onde o sentido do "eu" está, onde o ego está envolvido, ali, sem qualquer ciência de como ele está acontecendo, de como ele se processa.

Nesse momento, é rompido esse padrão. Há um rompimento com o modelo do desejo, do medo, da escolha, da preocupação, da intenção de obter algo dele ou dela, ou de temer ele ou ela. Então, Algo agora está presente; esse Algo se revela como a presença da Meditação.

Há, sim, nesse instante, o fim para essa identidade, que é o pensador. Temos, então, a presença desta Liberdade, desta Ciência de Ser, desta Visão da Vida, livre do sentido do "eu", do sentido do ego, do sentido do pensador.

Assim, há um rompimento com o modelo do pensamento, assim como do sentimento, da emoção e da sensação, nesta liberdade de fluir com o momento, de fluir com o instante presente, sem alguém aqui, neste momento.

Então, a base é o Autoconhecimento, e o resultado é a presença da Meditação. Ok?

GC: Gratidão, gratidão, Mestre. Já fechou o nosso tempo. Gratidão por mais este videocast.

E para você que está acompanhando o vídeo até o final e deseja realmente viver essas verdades, fica o convite para participar dos encontros intensivos de final de semana que o Mestre Gualberto proporciona.

Nesses encontros, além de o Mestre responder diretamente às nossas perguntas, acontece algo muito mais poderoso, muito mais transformador: pelo fato de o Mestre já viver nesse Estado Desperto de Consciência, ele compartilha um Estado de Presença, um Campo de Energia à sua volta.

E, nesses encontros, a gente acaba pegando uma carona nesse Campo de Presença do Mestre. E, pegando essa carona de maneira espontânea, sem nenhum esforço, entramos no estado meditativo. Podemos ter uma visão real dos assuntos tratados aqui no canal.

Então, fica o convite. No primeiro comentário fixado, tem o link do WhatsApp para poder participar desses encontros. Além disso, já faz comentários aqui, trazendo perguntas para a gente trazer para os próximos videocasts.

Já dá o "like" no vídeo e também se inscreve no canal, se não for inscrito. E, Mestre, mais uma vez, gratidão pelo videocast.

Setembro de 2025
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terça-feira, 9 de dezembro de 2025

Joel Goldsmith | Coração do Misticismo | O que é a arte de meditar? Marcos Gualberto

GC : Olá, pessoal! Estamos aqui para mais um videocast. Novamente, o Mestre Gualberto aqui conosco. Gratidão, Mestre, pela presença.

Mestre, eu vou ler um trecho de um livro do Joel Goldsmith chamado "Coração do Misticismo". Em um trecho desse livro, Mestre, o Joel faz o seguinte comentário: "O silêncio é a linguagem de Deus. Tudo o mais é má tradução". Sobre esse assunto, o Mestre pode compartilhar a sua visão sobre o que é a arte de meditar?

MG: Olha, Gilson, a presença da Meditação em nossas vidas é a coisa mais importante na vida. Porque, sem a presença da compreensão da Verdade sobre você, o que quer que você faça, pense, sinta, estará dentro de um modelo, de um padrão equivocado de mente egoica, de mente em dualidade, em separação.

Vamos esclarecer isso aqui para você: o pensamento em nós é um fundo de memória, de lembrança, de conhecimento, e nós estamos sempre atuando na vida a partir desse fundo. Mas, o modelo do pensamento em nós se processa a partir de um equívoco. Aqui, o equívoco é a ideia de alguém no controle do pensamento. Assim, nós temos a presença do pensamento e alguém no controle. Temos a presença de uma ação ocorrendo, e as ações em nós são impulsionadas também por pensamentos, assim como por sentimentos e emoções. E colocamos, nessa qualidade de ação, a ilusão também de alguém na ação, assim como na sensação ou na percepção.

Aqui, nos encontramos, nessa posição, dentro de uma visão ilusória, equivocada, porque não há alguém presente aqui, neste momento, na vida, como se a vida estivesse acontecendo para "mim". Veja, não existe tal coisa como "alguém e a vida". Temos somente a presença da Vida. É o pensamento em nós que sugere isso, que cria e sustenta a ideia em nós dessa coisa, de que estamos agora pensando, como estamos agora falando, ou ouvindo, ou sentindo, ou fazendo.

Aqui, temos a presença de um movimento: é o movimento da própria Vida, e a ilusão da ideia de alguém se movimentando e respondendo à vida. Isso é falso! É somente a Vida pulsando, acontecendo. Você não faz o coração bater, você não faz o pensamento surgir, você não faz uma emoção aflorar ou um sentimento acontecer. Tudo isso é a Vida em expressão.

Da mesma forma que quando você olha para o céu e não há chuva, e, de repente, o tempo muda e a chuva chega - e você não fez exatamente nada. é exatamente assim a Vida. Você não fez nada para aquela chuva acontecer, e agora ela está ali, surgindo, acontecendo, pelo tempo que ela decide acontecer. Depois, ela decide parar, e não há alguém nessa decisão. É um evento natural, algo Divino, que você não controla. Mas nós temos a ilusão de alguém aqui presente, tendo controle sobre a vida, tendo pensamentos, sentimentos, emoções, tendo certezas e dúvidas. É a sugestão do pensamento em você, criando a ilusão de alguém, fazendo a chuva, essa sua particular chuva, que você chama de "minha vida".

Então, o que é a arte da Meditação? É a ciência de olhar, é a compreensão para olhar, é a percepção sem o percebedor, é o olhar livre que o faz constatar a Vida como Ela acontece, sem a ilusão de alguém presente. Esse "alguém" está criando problemas. Esse "alguém" está sustentando avaliações, comparações, crenças, conclusões sobre a vida, sobre como ela acontece. E é por isso que a pessoa sofre.

Todo problema na sua vida está apenas na sua particular vida, na ideia de alguém que particularizou a experiência do viver. Nós temos o viver, mas não temos alguém no viver. Nós temos a Vida, mas não temos alguém na Vida. Então, a arte da Meditação o aproxima daquilo que temos de mais importante e fundamental, que é a presença de um olhar real para a Vida. É o olhar que o permite presenciar a chuva, tendo clara a certeza de que você não fez aquilo. Não é você que faz a chuva acontecer, nem pelo tempo que ela acontece, nem a faz parar quando deseja. Ela está ali.

A beleza do encontro com a Meditação requer a presença de uma profunda compreensão de como, na ilusão, o pensamento em nós está estabelecendo crenças, estabelecendo ideias, tirando conclusões, nos dando sugestões. A visão direta disso é a Clareza, é a Lucidez, é a presença da Inteligência, que nos liberta da ilusão de alguém, que nos permite a Vida ser o que Ela é, sem alguém presente. Assim, temos na presença dessa visão direta da Vida, a revelação da Ciência Divina. Isso é Meditação. Ou nós continuamos da mesma forma que estamos vivendo nossos dias, ou assumimos a Realidade dos dias, sem alguém, presente nessa experiência. Então, o experimentar é a Vida fluindo, acontecendo aqui e agora, momento a momento.

A presença da arte da Meditação requer Autoconhecimento, requer a investigação da natureza do "eu", da estrutura e natureza do pensador, do experimentador, do observador, para o descarte dessa ilusão. Quando ela é descartada, porque há um espaço novo agora, em razão de um esvaziamento desse velho conteúdo - que é o conteúdo da memória, do conhecimento, das experiências, dos registros, de todo esse histórico do "eu", do ego, que é, basicamente, pensamento -, quando temos um esvaziamento para esse histórico, temos um espaço novo e, nesse espaço novo, se revela Aquilo que é indescritível, Aquilo que está além do pensador, além do pensamento, além do "eu".

Portanto, a arte da Meditação é a arte do viver. Esse "viver a vida" não é alguém vivendo, é a Vida em expressão. Lidar com os pensamentos, os sentimentos ou as emoções é como estamos lidando também com a chuva. Você não se envolve diretamente com o que acontece quando a chuva ocorre. Você fica naquilo que é razoável, simples e prático para não se molhar. Você se protege da chuva. Lidar com pensamentos requer a presença de uma Inteligência para não se confundir com pensamentos, e não criar uma identidade por detrás do pensamento. Essa identidade é o "eu", o ego. É isso que temos feito. Esse é o nosso equívoco, a nossa confusão mental, o nosso sofrimento. A razão por detrás do medo, da ansiedade, da depressão, da angústia, das preocupações e de todo sofrimento humano reside na ilusão de alguém por detrás do pensamento, por detrás do sentimento ou da emoção, fazendo escolhas, tomando resoluções, acreditando no poder de agir, de interagir com o momento presente. Esse alguém se separa da própria Vida e acredita poder controlar: controlar os pensamentos, os sentimentos, as emoções e tudo mais.

Então, nós estamos vivendo na ignorância porque nos falta a arte da Meditação, nos falta a presença do Autoconhecimento, de uma visão em Sabedoria, de uma percepção em Lucidez, de um sentir em Verdade o momento presente. Atender a Vida não é algo para alguém. Atender a Vida é algo para a Inteligência. Algo que está presente, sendo Você, em sua Natureza Essencial, quando o ego não está, quando a mente, em sua confusão, já não está mais presente. Por isso, nós precisamos descobrir o que é a Vida sem o "eu", a Vida sem a mente, a Vida sem o ego, a Vida sem o passado. Então, há uma Clareza no olhar, no sentir, no agir, no perceber, no interagir com ele ou ela, porque o ego não está.

Assim, a arte da Meditação revela Deus, revela Aquilo que é Real, aquilo que é Eterno.

GC: Mestre, nós temos uma pergunta de uma inscrita aqui no canal, que fez o seguinte comentário: "Mestre, eu tento meditar, mas minha mente não para por um segundo. Fico frustrada e acabo desistindo. Estou fazendo algo errado?"

MG: Repare, você diz: "Eu tento meditar". Na presença da Meditação, não há alguém - como acabamos de colocar aqui agora, na primeira parte, na primeira resposta. A Verdade da Meditação é o momento se revelando como ele é. Assim, o que nós temos aprendido aí fora sobre Meditação é algo equivocado, porque eles nos dizem que nós temos que meditar, e meditar é afastar os pensamentos e se concentrar em um pensamento só, ou visualizar um globo azul, ou visualizar uma bola azul, ou respirar de uma certa forma, sentado, de uma determinada maneira, em um lugar silencioso. Portanto, aquilo que nos ensinam como técnica ou prática de meditação é algo mecânico, é algo para alguém fazer.

Nós não precisamos fazer aquilo que já está aqui pronto. Você não se envolve para fazer. Se alguém lhe apresenta um bolo, um bolo de chocolate, ele está pronto. Ele é colocado diante de você, você não tem nada para fazer, a não ser comer o bolo. A presença da Meditação é a Ciência de Deus. Essa Ciência de Deus já está aqui. A única coisa que você pode fazer é desfrutar dessa Presença Divina assumindo a Verdade do seu Ser, que é a própria Ciência de Deus. Isso é comer o bolo. Mas, as pessoas se dedicam a técnicas e práticas, e depois ficam frustradas, porque elas não compreenderam a verdade de que a Meditação, como a chuva, acontece. A Meditação também está aqui acontecendo, momento a momento. Não está acontecendo para alguém. Esse é o problema. Você não pode estar na Meditação. Não existe, na Verdadeira Meditação, alguém meditando, como as pessoas tentam fazer. A presença da Meditação não requer esforço, porque não é algo - volto a dizer -, não é algo que você faz, é algo que acontece quando o espaço está presente.

Então, o que nós precisamos para a Ciência de Deus, que é a Ciência da Meditação, que já está aqui, se revelar? O que nós precisamos para que isso se revele é a base, e a base é o olhar, o perceber, o tomar ciência de nossas reações. Portanto, o Autoconhecimento é o que nos dá a base para a revelação da Meditação. Portanto, o que nos dá a base para comer do bolo que já está aqui - que é a Ciência Divina, que é a Ciência de Deus - é o Autoconhecimento. Atentar, tomar ciência das nossas reações, a cada instante, a cada momento. Ficar ciente do pensamento. Um pensamento surge, tome ciência dele. Um sentimento aparece, tome ciência do sentimento. Quando uma emoção surgir, fique ciente da emoção. Não negligencie isso. Acompanhe, olhe para isso. Não se envolva, não se comprometa, não entre em um padrão de gostar ou não gostar. Apenas olhe, observe, fique ciente. Então, com a base do Autoconhecimento, se revela a Ciência de Deus, se revela esse bolo aqui, se revela aquilo que aqui está presente, como sendo o Amor, o Silêncio, a Liberdade, a Felicidade deste Ser, que é Você em sua Natureza Real.

Quando você fala de um esforço, quando você fala da dificuldade, que termina levando você a desistir, tanto esse esforço quanto a dificuldade e essa desistência, aí está presente o sentido de alguém fazendo a coisa ou tentando fazer a coisa, e até desistindo de fazer. Lá está alguém. Nós temos inúmeros vídeos aqui lhe mostrando. Nós temos uma playlist aqui no canal lhe mostrando que a Verdade da Meditação é a ausência do meditador, do observador, do experimentador. Isso não é algo que requer esforço, concentração, técnica. Todo envolvimento com técnica, esforço ou prática é para obter algo. Aqui, não se trata de obter, não se trata de alcançar. Aqui, se trata do constatar, desse "tomar ciência" d'Aquilo que aqui está presente se revelando como sendo a Verdade Divina. Essa é a Presença da Meditação, essa é a Presença de Deus.

Então, esqueça absolutamente tudo o que você aprendeu, jogue tudo fora. Se você, de fato, quer se aproximar da Real Meditação, se aproxime de Satsang. A palavra "Satsang" significa o encontro com a Verdade. Nós temos encontros on-line ocorrendo nos finais de semana. Entre no Zoom e participe. Nós temos encontros presenciais, temos retiros. Isso requer um profundo envolvimento com essa entrega à Verdade do Autoconhecimento. E é o que nós estamos trabalhando aqui com você. Ok?

GC: Mestre, nós temos outra pergunta, de outra inscrita aqui no canal que fez o seguinte comentário: "Sinto que vivo no piloto automático. Pode falar mais sobre o condicionamento?"

MG: Gilson, o movimento da mente é o movimento automático. E por que é automático? Porque é um movimento aprendido, e que se repete vez, após vez, após vez. Assim são os processos internos dentro de cada um de nós. Aquilo que nós chamamos de mente não é outra coisa a não ser um movimento de repetição, de continuidade, de automanutenção do passado. A presença do pensamento é a memória. É o passado. Olhe para a sua cabeça! Você está constantemente tendo pensamentos. De onde estão vindo esses pensamentos? Da memória. E o que é esta memória? É o reforço do passado. Mas repare, o passado não está aqui. Ele não tem qualquer importância e, no entanto, o pensamento está valorizando o passado o tempo todo, dentro da sua cabeça. E por que o pensamento faz isso? O pensamento faz isso para sustentar a continuidade de uma suposta identidade, que faz com que você acredite ser você. E por que o pensamento faz isso? O pensamento faz isso, porque ele está sustentando a ideia, em você, de alguém presente pensando. Esse alguém presente pensando é o "eu", é a pessoa que você acredita ser.

Então, reparem o jogo, reparem o truque, a grande pegadinha do pensamento. Tudo que ele faz é se manter nesse automatismo, nesta mecanicidade. Portanto, aquilo que nós chamamos de consciência é a presença do pensamento nos falando de algo. Repare, é o que nós chamamos de consciência. Quando é que você tem consciência? Não é quando se lembra? Quando você tem a lembrança, você tem consciência. É isso que nós chamamos de consciência. Agora, esta consciência, que é lembrança, é, na verdade, apenas movimento de pensamento. E esse movimento de pensamento é automático. Esse automatismo nos mostra que aquilo que nós chamamos de consciência é, na realidade, inconsciência completa. Mecanicidade. Automatismo.

Nós precisamos, sim, de ciência sobre as nossas reações. Esta ciência sobre as nossas reações é Real Consciência. Nós não temos real consciência, nós estamos apenas respondendo reativamente, ou seja, a partir da memória, a partir do passado, dentro do automatismo. Você pergunta: "Como podemos romper...?" A sua investigação é para romper com esse automatismo. Tome ciência do automatismo. Esta ciência requer a presença de uma atenção completa, profunda, real, verdadeira, aqui e agora, sobre cada pensamento, sentimento, emoção, sensação. Descobrir como acompanhar com real exatidão, com real precisão, com profundidade, cada ocorrência, cada acontecimento, interno ou externo: olhar, escutar, perceber esta reação. Isso é trazer ciência para o momento presente. Não é para fazermos algo contra isso, mas é para apenas constatar isso. Quando você começa a se tornar ciente de suas reações, percebe o jogo do pensamento. Percebe o movimento da inconsciência. Percebe que suas reações são mecânicas, e automáticas. Então, há uma quebra desta velha condição. Isso porque, neste momento, a mente silencia, o cérebro se aquieta e há uma percepção direta da realidade do momento. E, neste momento, não há mais esse "eu". Então, nesse instante, todo o automatismo se dissolve, porque ele se assenta no padrão da inconsciência, da repetição, da não-observação, da não-atenção.

Portanto, todo o automatismo presente nesse modelo do "eu", do ego, é, na verdade, desatenção. Essa é a inconsciência desta consciência egoica. O que põe fim a essa condição é o olhar, o perceber. É o que traz esta Plena Atenção para o momento. Então, rompemos com o sentido do "eu", com o sentido do ego. Temos, assim, uma aproximação neste Autoconhecimento da Verdade da Meditação, da Ciência da Meditação, que revela aquilo que está além da mente, além do "eu", além do ego e, portanto, além da inconsciência e do automatismo da mente, desta mente egoica. Ok?

GC: Gratidão, gratidão, Mestre. Já fechou nosso tempo. Gratidão por mais esse videocast. E para você que está acompanhando o vídeo até o final, e deseja realmente viver essas verdades, fica o convite para participar dos encontros intensivos de final de semana que o Mestre Gualberto proporciona. Nesses encontros, que são muito mais profundos do que esses vídeos aqui no YouTube, acontece algo muito poderoso, que é por o Mestre já viver nesse estado Desperto de Consciência, Ele compartilha um campo de presença à sua volta. E, nesses encontros, a gente acaba entrando de carona nesse campo de presença do Mestre, que é puro Poder e Graça. E, pegando essa carona com o Mestre, de maneira espontânea, sem nenhum esforço, aquietamos nossas mentes, entramos no estado meditativo e podemos ter um vislumbre, de fato, do que são essas Verdades. Então, fica o convite. No primeiro comentário fixado tem o link do WhatsApp para poder participar desses encontros. Além disso, já dá o like no vídeo, se inscreve no canal. E, mais uma vez, Mestre, gratidão pelo videocast.

Agosto de 2025
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quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

Joel Goldsmith | Viver Pela Palavra | Como se livrar do sofrimento psíquico? | Marcos Gualberto

GC: Olá, pessoal! Estamos aqui para mais um videocast, novamente, o Mestre Gualberto aqui conosco. Gratidão, Mestre, pela presença. Eu vou ler um trecho de um livro do Joel Goldsmith chamado "Viver Pela Palavra". Em um trecho desse livro, o Joel faz o seguinte comentário: "Chega um certo momento na experiência de cada pessoa quando um toque do Espírito irrompe, não por causa dela, mas a despeito dela". Mestre, neste trecho, o Joel Goldsmith comenta sobre esse toque do Espírito. Dentro desse assunto, o Mestre pode compartilhar a sua visão sobre como se livrar do sofrimento psíquico?

MG: Gilson, aqui nós temos que investigar esta questão do sofrimento. Qual é a verdade sobre o sofrimento? Nós temos o sofrimento físico. Se você sofre um acidente e a sua perna ou o seu braço é atingido nesse acidente, a dor está ali. Então, está presente o sofrimento. Assim, nós temos o sofrimento físico como algo que está presente no corpo. O nosso corpo tem essa sensibilidade, ou esta vulnerabilidade, para a dor. Esse é, na verdade, um mecanismo de autoproteção, de autodefesa do organismo, a presença daquela dor e, portanto, do sofrimento. Lidar com esta qualidade de sofrimento requer cuidados médicos.

No entanto, aqui estamos tratando com você da possibilidade do fim do sofrimento. Enquanto o corpo estiver presente, ele irá passar por processos de prazer e de dor, mas haverá uma possibilidade de irmos além do sofrimento? Aqui não se trata do sofrimento físico, aqui se trata de uma outra qualidade do sofrimento, presente em todos nós, que nós precisamos investigar e ir além dele. Precisamos transcender esta psicológica condição, porque é nesta condição psicológica que está este tipo de sofrimento, esta qualidade de sofrimento. Assim, nós temos dois tipos de sofrimento: um sofrimento físico e um sofrimento psíquico.

Aqui nós estamos, com você, investigando o fim para o sofrimento. O sofrimento físico é atendido pela medicina, por tratamentos e medicações, mas e o sofrimento psíquico? Haverá, de fato, uma forma de irmos além do sofrimento psicológico, além do sofrimento da mente? Nós temos diversas formas de sofrimento, psíquico, psicológico. Na verdade, são inumeráveis as formas de medo: ansiedade, angústia, preocupação, culpa, timidez. Repare, tudo isso são formas de medo. Nós temos inúmeros medos; a presença do medo, com os seus nomes variados, é basicamente sofrimento. Será possível uma vida livre do medo e, portanto, do sofrimento?

Mas não é só o medo. Nós temos diversas outras formas de conflitos, de contradições internas que estão constantemente produzindo, em nossas vidas, a dor psicológica, a dor sentimental, a dor emocional. Portanto, como podemos lidar com isso? Qual será a verdade da qualidade de sofrimento psíquico presente em nós? A verdade sobre este sofrimento, sobre esta qualidade de sofrimento, consiste na presença de um sentido de separação interno, onde existe esse "eu", e o "não eu". Nós vivemos dentro de um modelo psicológico de existir como alguém, onde está presente a dualidade. Existe em nós o gostar e o não gostar, o bem e o mal, o verdadeiro e o falso, o positivo e o negativo. Há em nós a presença da tristeza e da alegria, do prazer e da dor.

Assim, psicologicamente, nós estamos sustentando um modelo de existir como alguém em dualidade - este alguém vive dentro deste princípio. E aqui nós estamos, com você, investigando, aprofundando, tomando ciência da verdade sobre este alguém. A ideia de existir como uma pessoa, do ponto de vista interno, psicológico, é uma condição criada pelo modelo do pensamento presente em nós. Isso não é real! Repare o que estamos colocando aqui, para você: a dor física recebe um tratamento na medicina. No entanto, essa dor psicológica. como podemos tomar ciência da verdade de um tratamento real sobre isso? Tendo a clareza, a lucidez, a compreensão direta da verdade sobre o "eu", sobre a existência deste alguém, deste "mim".

E, aqui, estamos dizendo para você que este tipo de sofrimento, esta qualidade de sofrimento, como ela se assenta em um padrão de dualidade interna, dentro de cada um de nós, neste modelo psicológico, criado pelo pensamento, colocando uma identidade presente, que é a pessoa, o "mim", se nos livrarmos desta ideia, desta crença, desta sugestão do pensamento, ficaremos livres do sofrimento. Porque é a presença deste alguém, desta ideia de ser alguém, a causa da dor interna, psíquica, psicológica.

Nós temos que investigar a verdade sobre o pensamento, a verdade sobre o "eu"; isso nos dará uma compreensão direta da verdade sobre o medo. Aqui eu estou citando o medo, mas nós temos a raiva, nós temos a ansiedade, nós temos diversas formas de impressões internas de sofrimento presente em nós. E todos, de fato, estão atrelados a esse sentido de dualidade, nós é que estamos dando nomes um pouco diferentes para, basicamente, o conflito da dualidade presente no "eu", em razão deste padrão de pensamento que estamos vivendo, que nós conhecemos.

Nós precisamos de uma mente livre, de um cérebro livre. Sim, eu me refiro a um cérebro livre, a uma mente livre do pensamento, porque a qualidade de pensamento que nós conhecemos é o que nos dá este modelo de existência psicológica. É ele que dá a base para a sustentação da ilusão de uma pessoa presente na vida aqui, no momento presente, tendo uma mente pessoal, particular e, portanto, egocêntrica. Aqui, uma nova mente, um novo cérebro, um novo coração é um novo modo de aproximação da vida sem o pensamento, sem o pensamento psicológico e, portanto, sem sofrimento. Será possível uma vida livre do ego, livre do "eu"? Essa é uma vida sem sofrimento psíquico, essa é uma vida livre da dor psicológica.

Quando nos prendemos a objetos, a pessoas, a ideias. quando nos prendemos a circunstâncias, a situações, a projetos, a desejos. esta prisão é a base do sofrimento. E esta prisão ocorre em razão da presença deste "eu" e a outra coisa que ele segura, que ele detém, que ele possui, que ele controla. É assim que estamos vivendo uma vida egocêntrica, uma vida em separação. Nossos apegos sustentam a presença do sofrimento. É a presença do "eu", a presença do ego - o modelo de existir como alguém presente aqui na vida, neste instante - segurando aquilo que acredita que é seu. Portanto, a ideia de "eu" e "meu" sustenta o sofrimento, sustenta a ilusão desta pessoa.

Aqui, com você, nós estamos investigando isso: a possibilidade de irmos além do sofrimento, além desta condição do ego para uma vida livre. Assim, o seu novo modo de sentir, de agir e de pensar, a partir de um novo coração, de uma nova mente, é de Real Presença Divina, é de Real Inteligência. Sua vida não está mais sendo norteada pelo modelo do pensamento psicológico. Sua vida não está mais se situando na ideia da separação entre você e ele, entre você e a vida, entre você e Deus. Então, essa sua vida não é mais a particular vida de alguém, deste "mim". Isso requer a presença de uma visão sobre si mesmo, para o descarte da ilusão, deste formato de dualidade, de padrão de separação. Quando isso se dissolve, a ideia deste "eu" e esta crença, que é a crença do "meu", desaparecem.

Você não existe como acredita existir e não tem o que acredita ter. É o pensamento que está produzindo essa ilusão dentro de você e sustentando o sofrimento dos desejos, dos apegos, das crenças, das certezas de alguém presente no controle. o que representa um movimento egocêntrico de existir como alguém. É disso que precisamos nos livrar nesta vida. Então, sim, haverá o fim para o sofrimento.

GC: Mestre, nós temos uma pergunta de uma inscrita aqui no canal. A Helena fez o seguinte comentário: "Mestre, muitas vezes parece que meu sofrimento não tem fim, como uma nuvem que me persegue. Como posso entender a origem dessa dor e parar de me identificar tanto com ela?"

MG: Então, você diz que o seu sofrimento não tem fim e você quer descobrir a origem dessa dor. Observe, Gilson: em geral, nós queremos descobrir a origem da dor para nos livrarmos da dor. Sim, é fundamental a investigação de nós mesmos, esse estudar aquilo que se passa conosco, mas não para nos livrarmos a partir da ideia de alguém presente para se livrar. Quando nos aproximamos para a investigação da verdade sobre quem nós somos, sim, fica clara a causa, a razão daquela dor, mas fica clara também a presença de alguém presente na dor, alguém que está criando esta separação, essa divisão entre ele e a dor.

Portanto, o nosso pensamento, aqui, se mostra equivocado. Nós temos a ideia de alguém para se livrar da dor, nós não temos a visão clara de que este alguém é a própria presença dessa dor. Nós só queremos nos livrar das coisas ruins e não das coisas boas. Então, há uma separação entre aquilo que "eu" desfruto, que é prazeroso, e aquilo que me perturba, porque é doloroso. Então, há uma separação entre esse "eu" e a outra coisa. A verdade sobre o sofrimento, assim como a verdade sobre o prazer, é a mesma verdade. Aquilo que entendemos por prazer emocional, sentimental, romântico, psicológico, e aquilo que representa para nós dor, sofrimento, desconforto, também interno e psicológico, carrega o mesmo princípio. E o princípio é a separação entre "eu" e a outra coisa, eu e o que "eu" quero, "eu" e o que "eu" não quero. Mas esta separação é uma ilusão.

Quando você está triste, só há tristeza. Quando você está com raiva, só há raiva. A ideia de alguém tendo raiva é uma crença; de alguém que está triste, é uma crença. Observe com clareza isso: tomado de raiva, você é a raiva; tomado de tristeza, você é a tristeza; tomado de angústia, você é a angústia. Quando um pensamento surge sobre a angústia, você se separa; quando um pensamento surge sobre a raiva, você se separa. Veja, o pensamento é o elemento que cria a separação entre alguém e a raiva; entre alguém e a angústia; entre alguém e o medo. Aqui estamos diante de uma única situação. Assim, a presença do prazer ou a presença da dor psicológica carrega a mesma estrutura: a estrutura da dualidade.

Uma vez livre do "eu", livre da dor, livre do prazer. A presença do "eu", do ego, é a presença do sofrimento, é a presença do prazer. É isso que nós precisamos compreender nesta vida. Portanto, a ideia ou o pensamento de se livrar de algo que não queremos, não funciona. Você tem, aparentemente, uma liberdade temporária daquele quadro, daquela situação, no entanto, enquanto o sentido do "eu" estiver presente, novas situações surgirão. Essas novas situações ainda são as velhas situações de dor, de sofrimento. porque é como uma árvore: você se livra de alguns galhos, mas outros ainda estão lá; você se livra de algumas folhas, mas outras folhas ainda estão lá. Outras folhas virão e outros galhos crescerão enquanto a árvore estiver presente.

A ciência da Verdade do seu Ser, a revelação sobre a Natureza de Deus, a Real Vida Divina é a Liberdade do prazer e da dor, da alegria e tristeza. É quando nos deparamos com algo além da mente, nesta mente livre do ego. Quando a mente silencia, o cérebro se aquieta, algo além da mente se revela. Algo além deste cérebro se revela; é a presença da Revelação Divina. O que traz esta Revelação é a atenção sobre as nossas reações, é o descarte da psicológica condição de condicionamento egoico, de condicionamento mental.

Portanto, quando você fala de "parar de se identificar com a dor", compreenda que, enquanto existir a ideia de alguém para se desidentificar ou se identificar, a dor estará presente. Se livre da ilusão, da crença, dessa ideia de "alguém". Então, sim, haverá um rompimento com a identificação, mas não só a identificação da dor, mas a identificação da ilusão de alguém para o prazer.

GC: Mestre, nós temos outra pergunta de outra inscrita aqui no canal, que fez o seguinte comentário: "Por que embarcamos tão facilmente no que o pensamento diz? Pode comentar sobre isso?"

MG: Gilson, nós embarcamos com muita facilidade no modelo do pensamento, porque o nosso hábito, o nosso vício de ser alguém é muito grande. Esta árvore tem raízes muito profundas. Desde pequenos, nós vivemos dentro de uma cultura, de um modelo de mundo, cercado de pessoas; esse é o modelo. Nossos pais, avós, bisavós, professores, o mundo inteiro. como seres humanos, nós não nos conhecemos, porque estamos presos ao modelo do pensamento, desde pequenos. A nossa confiança, certeza, segurança, se sustenta na ilusão de que o pensamento norteia inteligentemente nossas vidas, o que é completamente falso.

Tudo que o pensamento tem produzido e está produzindo em nossas vidas é um modelo de existência de alguém presente, que não é real, lidando com o falar, com o agir, com o sentir e com o pensar de uma forma profundamente ilusória, equivocada. Nós só podemos nos livrar disso, Gilson, tomando ciência de como nós funcionamos, de como internalizamos a experiência do mundo, a experiência do outro, a experiência de nós mesmos. A compreensão de como internalizamos aquilo que acontece externamente e internamente. A direta compreensão irá nos mostrar a ilusão de que essa experiência está sendo sustentada por um experimentador e esse experimentador não é real.

O que nos permite ver isso é a presença do Autoconhecimento. Quando você começa a se tornar ciente de como a mente funciona, percebe as emoções, os sentimentos, os pensamentos e todas as reações surgindo, fica claro que todo esse movimento é um movimento que foi aprendido, é algo que vem do passado, é o resultado da memória e, portanto, é algo dentro de um condicionamento de estrutura social, cultural. Esse é o padrão psicológico do "eu". Você se dá conta disso quando não se envolve mais com as reações. Se você se envolve com suas reações, você se perde nelas. Então, a forma de romper com isso é aprendendo a olhar, a observar, a ficar ciente, sem colocar a presença de alguém, deste "mim", deste pensador, deste experimentador, para interagir com isso.

Portanto, é o Autoconhecimento que lhe dá a base para o encontro com o espaço novo de Liberdade desta velha consciência, desta egoica consciência. Esse espaço novo de Liberdade surge quando temos a presença da Meditação. A Meditação é um novo Estado de Ser, é um novo Estado de Consciência, é um novo Estado de Presença. Você não pode produzir isso; isso surge de uma forma natural quando você aprende a olhar para as suas reações. Repare que quando você conversa com pessoas, você não toma ciência de si, naquele momento enquanto fala. Você não tem ciência dela enquanto ela fala. Você não tem ciência dos pensamentos dentro da sua cabeça naquele instante, das suas sensações, dos seus sentimentos ou emoções.

Nós estamos completamente imersos, mergulhados numa profunda identificação com o passado, com todo o resultado de conhecimento aprendido, e estamos apenas reagindo o tempo todo, sem a ciência do olhar, do perceber. É o que estamos lhe convidando, aqui, para fazer. Esse fazer é apenas constatar. Não é algo que alguém faz, é o fazer sem alguém. É o simples e direto constatar, sem reagir, sem interagir. Então, algo novo surge neste momento. Algo além da mente, além das palavras. É a presença da Meditação, esta Ciência de Ser, de puro Ser, de simples Ser. Ok?

GC: Gratidão, Mestre, já fechou o nosso tempo. Gratidão por mais este videocast. E para você que está acompanhando o vídeo até o final e deseja realmente viver essas verdades, fica o convite para participar dos encontros que o Mestre Gualberto proporciona. São encontros intensivos de final de semana que existem no formato on-line, presencial e também retiros. Esses encontros são muito mais profundos e poderosos. Primeiro, porque o Mestre responde diretamente às nossas dúvidas; e segundo, é que pelo Mestre já viver nesse Estado Desperto de Consciência, Ele compartilha um campo de energia à sua volta. E nesses encontros a gente acaba pegando uma carona nesse campo de Presença do Mestre. E pegando essa carona com o Mestre de maneira espontânea, sem nenhum esforço, entramos no estado meditativo, silenciamos nossas mentes, podemos ter uma visão real desses assuntos tratados aqui, no canal. Então, fica o convite. No primeiro comentário, fixado, tem o link do WhatsApp para poder participar desses encontros. Além disso, já dá o like no vídeo, se inscreve no canal e comenta aqui, trazendo perguntas para a gente trazer para os próximos videocasts. E, Mestre, mais uma vez, gratidão pelo videocast.

Agosto de 2025
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terça-feira, 2 de dezembro de 2025

Praticando o Autoconhecimento. O que é o Autoconhecimento? A egoidentidade. O que é Atenção Plena?

Para algumas pessoas, a ideia do autoconhecimento é algo para ser praticada. Por isso elas usam o termo "praticando o autoconhecimento". A Verdade sobre o Autoconhecimento, desta ciência, a direta resposta para a pergunta o que é o Autoconhecimento, se refere a uma aproximação de si mesmo para a compreensão direta do movimento do "eu".

Diferente de estudar isso em livros ou através de um sistema, de uma metodologia técnica, esse olhar para as nossas reações, que são esses processos internos que ocorrem dentro de cada um de nós, requer a presença de uma atenção sobre isso. Essa atenção é olhar diretamente para aquilo que ocorre dentro de cada um de nós e fora de nós mesmos.

E por que isso é fundamental? Porque é isso que lhe faz ter um contato direto com a forma, com o padrão, com o modelo dessa consciência, que é a consciência egoica, que é a consciência egocêntrica, que é a consciência do "eu". Sem essa aproximação, não há compreensão; e sem essa compreensão, a vida da pessoa é a vida egocêntrica, dessa egoidentidade.

A qualidade de vida no ego, a vida no "eu", a perspectiva, a visão particular de mundo presente na pessoa é aquela onde está presente a presença da ignorância. Isso sustenta em nós o sofrimento, a ilusão de uma relação com o outro, tendo por princípio esse equívoco, que é o equívoco da mente egoica, dessa consciência pessoal; isso nos coloca vivendo uma vida egocêntrica, exclusivista, isolacionista, separatista. Assim, basicamente essa é a vida da egoidentidade.

O que é essa egoidentidade? É a identidade egocêntrica. Nós não estamos em contato com a beleza da vida, com a singularidade da vida, com a totalidade da vida, porque as nossas ações nascem desse fundo de experiência e de conhecimento, presente em cada um de nós, que é o resultado da memória. Nós temos diversos assuntos não resolvidos; esses assuntos não resolvidos são os problemas.

Os diversos problemas presentes na vida do ser humano são algo que estão presentes em razão da não ciência da Verdade da Vida. Quando as pessoas falam dos problemas, invariavelmente - e essa é a base para os problemas que elas têm -, estão falando exatamente a partir de uma perspectiva de alguém presente, tendo uma visão da vida em resistência.

Nós não compreendemos a vida e, no entanto, estamos projetando, sobre a vida, objetivos para realizar, para ser feliz. Nós não temos a Verdade de que a Felicidade é algo que já está presente, sendo algo inato, inerente, algo presente na própria vida, quando não há mais ilusão. Mas o fato é que nós nascemos dentro de um contexto de vida em separação; essa separação está estabelecida em nós em razão da presença do equívoco do pensamento.

O elemento da separação é a condição onde a memória assumiu esse lugar de destaque. Nós temos dado ao pensamento um valor extraordinário, e como o pensamento é o resultado da memória, a memória assumiu nossas vidas. Veja que coisa importante nós temos aqui para compreender; daí a necessidade da visão real sobre o Autoconhecimento.

Nós precisamos compreender o lugar que tem o pensamento em nossas vidas ou, de outra forma, o pensamento estará ocupando esse lugar, esse lugar de comando, de controle. Você jamais duvida, por exemplo, das crenças, e o fato é que, psicologicamente, toda a nossa formação de consciência se assenta em crenças, em coisas que nos foram mostradas, nos foram ensinadas, nos foram dadas por esse contexto de história humana, por esse contexto de cultura dentro da humanidade.

Nós fomos criados dentro de padrões de comportamento, de fala, de pensamento, de linguagem, dentro de uma doutrina de cultura humana. Então nós fomos doutrinados para sermos exatamente quem nós somos, para vivermos exatamente como estamos vivendo, e a qualidade de vida que temos é a qualidade de vida centrada nessa ilusão de separação, onde existe um sentimento forte, um pensamento frequente de que a vida é algo separado daquilo que nós somos; então temos "nós e a vida", temos "nós e eles", temos esse "eu" e o "não eu".

O que nós temos enfatizado aqui com você é a importância dessa visão, dessa nova visão, dessa real visão de si mesmo. É apenas quando você começa a olhar para aquilo que se passa dentro de você, é apenas quando você começa a olhar para o mundo do lado de fora, sem a interferência do pensamento, sem a interferência de ideias preconcebidas, que você começa a perceber a vida como ela acontece, externamente e internamente.

Nós não fomos educados para essa Inteligência, para essa aproximação do momento, da experiência, dos acontecimentos, daquilo que se passa externamente, ou seja, do lado de fora do corpo, e daquilo que se passa dentro de cada um de nós, ou seja, em nossa mente e em nosso coração. Nós não fomos educados para olhar, para ver, para escutar, para perceber, para saber o que é isso que ocorre conosco. Pelo contrário, nós fomos educados exatamente para seguir, para copiar, para imitar, para ser como as demais pessoas à nossa volta.

Assim, esse padrão de condicionamento em que nós nos encontramos nos coloca dentro de uma consciência que não é essa verdadeira Consciência, que não é essa Real Consciência - o sentimento que nós temos, por exemplo, presente de uma consciência individual. Você tem a sensação ilusória de que você pensa o que quer, de que você sente o que deseja, de que você sabe do que precisa.

Nós temos diversas formas de percepções da vida, tanto externamente quanto internamente, que têm por princípio a ilusão de uma crença, que é a crença desse "eu" no controle. Por exemplo, você se vê como alguém que está pensando nas coisas. Uma das coisas que temos estudado aqui com você é a verdade que você não está pensando; o pensamento é um processo em você que ocorre no cérebro. É parte da mente, dessa conhecida mente em nós, a presença do pensamento, a presença do pensar, mas nós não temos alguém no pensamento.

Se eu pergunto o seu nome, você tem o nome; se eu pergunto o seu endereço, você tem o seu endereço; se eu pergunto algo da sua história, você tem a sua história. Mas essa história, o seu nome, o seu endereço, não são a verdade sobre você, são só uma lembrança, uma recordação, algo que vem dessa memória. E nós estamos vivendo na memória, vivendo pela memória, vivendo dentro da memória, sendo a própria memória: essa é a vida desse "eu".

Mas o que é esse "eu", o que é esse "mim", esse sentimento de ser alguém? Nós desconhecemos! Nós estamos identificando isso exatamente com o nome, com a história, com o endereço, com todas as lembranças que temos do passado. O que são essas lembranças? Essas lembranças em nós são a presença do pensamento. O que são esses pensamentos? Essas memórias, essas recordações da história, desse corpo e dessa mente.

Mas qual é a verdade sobre você? Parece simples a pergunta, mas estamos diante de uma pergunta que requer uma profundidade, uma dimensão de visão que no intelecto nós não temos. Tudo que podemos responder a partir do intelecto serão respostas dadas pelo pensamento, e esses pensamentos são essas lembranças.

Acreditamos que nós somos esses pensadores, acreditamos que nós somos o elemento dessa resposta, como sendo alguém, como sendo esse "eu", enquanto que essas respostas estão vindo desse intelecto, dessa memória, desse cérebro. Nós continuamos sem saber a Verdade sobre nós mesmos, nós continuamos presos à ilusão desse "eu", à ilusão dessa mente. Aquilo que chamamos de mente é esse processo mecânico, inconsciente, é esse movimento de memória, de resposta de memória, são meras reações que estão surgindo a todo momento em razão de estímulos, de desafios. Nós continuamos na ignorância.

Qual é a verdade sobre você? Esse encontro com o Autoconhecimento vai revelar essa Verdade sobre você. O primeiro aspecto dessa Verdade é esse estado de condicionamento psicológico em que nós nos encontramos. Como pessoa, você é o medo, é a raiva, você é alguém que tem amigos, que tem inimigos. Como pessoa, o ser humano é aquilo que ele demonstra ser, que ele aparenta ser. É isso que nós somos nesse sentido do "eu", nesse sentido do ego, nesse sentido de alguém presente nesse momento, se vendo como alguém separado do outro, separado da própria vida.

O que é esse olhar para cada um de nós? É esse observar tudo isso que se passa nesse instante. Quando você está diante de um pensamento, a ideia de você presente pensando é uma ilusão criada pelo próprio pensamento. Todos nós já tivemos momentos de raiva na vida, por "N" números de razões. As razões da raiva são muitas, as diversas formas de expressão da raiva são inúmeras, mas a raiva em si, o sentimento, sensação, emoção, a presença da raiva é uma.

Todos nós sabemos o que é raiva, todos nós temos convivido com a raiva desde a infância, mas repare, quantos prejuízos, quantas confusões, quantos problemas você criou em sua vida em razão de momentos tempestivos de raiva, da presença da raiva e, no entanto, você continua sem saber o que é raiva. Nós convivemos com a raiva desde a infância; mas não só com a raiva, nós convivemos com o medo. São inúmeros os medos, são diversas as formas de temores.

Nós sabemos o que é o medo? Continuamos sem saber! Nós sabemos o que é a raiva? Continuamos sem saber! E, no entanto, somos vitimados, nesse sentido do "eu", do ego, por esses estados, que são estados problemáticos, que são estados de desordem, de confusão, de desequilíbrio, de sofrimento, e nós estamos constantemente mantendo essa continuidade da raiva, do medo. A inveja é parte disso, o ciúme é parte disso.

Alguns associam, de uma forma prazerosa, essa questão do ciúme à presença do amor. Amor não é prazer. Prazer se torna desprazer, prazer pode produzir irritação, insegurança, contrariedade; prazer pode produzir medo, pode produzir ciúme: isso não é Amor. Observe que nós estamos vivendo em diversos estados conflituosos, aflitivos, de sofrimento, de desordem, de desequilíbrio, em razão do fato de que nós não nos conhecemos.

Não sabemos o que é ter uma aproximação dessas reações para, de perto, olhar para elas, entrar em contato direto com elas, irmos além delas. É o que aqui estamos trabalhando juntos, lhe falando da possibilidade de uma vida livre de toda essa complicação, de toda essa desordem, de toda essa insciência, de toda essa inconsciência; uma vida livre desse modelo dessa consciência egocêntrica, dessa consciência do "eu", que é, na verdade, inconsciência sobre tudo isso, que é a não verdade, é a não compreensão de tudo isso.

Um encontro com a Realidade Divina é um encontro com a visão de Deus, é um encontro com a visão do seu Ser, é um encontro com a visão da vida, livre do "eu". Assim, é essa aproximação de si mesmo, neste instante, para o fim dessa confusão interna em que esse sentido do "eu", do ego, tem nos colocado, que nós precisamos compreender, que nós precisamos descobrir. A Verdade de Deus é a Verdade da Vida, livre do "eu", livre do ego, livre dessa consciência, que é a consciência egoica. Assim, esse modelo do pensamento, que é o modelo da memória, que tem se tornado a parte mais importante da vida egocêntrica, da vida egoica, se desfaz.

Nós precisamos da memória, como nós precisamos do pensamento, mas apenas a nível prático, objetivo, direto, para lidar com assuntos bem simples na vida. O seu endereço é só um conhecimento técnico; a data do seu aniversário é parte da história desse corpo, dessa mente; o número do seu telefone, toda e qualquer forma de conhecimento que você tenha, profissional, é algo prático. Aqui estamos lidando com o pensamento, mas com o pensamento prático.

Um pensamento sobre os fatos não é um pensamento que lida com o propósito de uma identidade egocêntrica, para imaginar coisas sobre aquilo. Você não pode criar nada de especial com o seu endereço, com o seu conhecimento técnico, profissional. No entanto, o sentido do "eu", o sentido do ego, que é esse sentido de autopreservação psicológica, nessa vida egocêntrica, está criando uma particular vida para uma identidade que não existe, para um ser que não é real, que é esse "mim", essa pessoa.

Podemos entrar em contato com a vida de uma forma tal que esse sentido de pessoa seja visto, seja compreendido e, portanto, desfeito, anulado, aniquilado? Isso é o fim do ego, isso é o fim do "eu", isso é o fim desse sentido de identidade que se vê separada do outro, da vida e de Deus. É a presença da compreensão dessas reações presentes em cada um de nós. Como podemos nos aproximar disso? Observando!

Observar não requer a presença de um observador; é exatamente esse observador que, quando observa, julga, ele avalia, ele gosta, ele não gosta, ele aceita, ele rejeita: essa é a vida do "eu". Nós estamos vivendo nesse observador, como sendo esse observador, estamos vivendo como sendo o pensador dos pensamentos, como sendo esse que tem os sentimentos.

Quando você está triste, a ilusão presente é a ideia de alguém na experiência da tristeza; esse alguém sou "eu", esse "mim", essa pessoa. Aqui, o que temos presente é uma sugestão dada pelo pensamento; é ele que criou esse que está no sentir, é ele que criou esse que está pensando sobre o que está sentindo. O pensamento criou esse "eu", o pensamento está sustentando a vida e a continuidade desse "eu". É dessa qualidade de pensamento que precisamos nos livrar, e nós nos livramos quando tomamos ciência de que não existe esse "mim", esse "eu".

É apenas a constatação, o olhar, o perceber, o escutar essas reações que põem fim à continuidade de alguém presente nesse velho modelo, que é o modelo desse pensamento de memória, de história para essa identidade. Olhar a vida sem esse modelo do pensamento é romper com esse intelecto condicionado, com essa mente condicionada, com essa consciência condicionada, com esse padrão de pessoa, de "mim", de "eu", de identidade egoica. É isso que estamos juntos, aqui, trabalhando com você.

Podemos ter um contato com a vida, com o momento presente, com aquilo que está aqui e agora, sem esse padrão de mente condicionada, intelecto condicionado, memória psicológica, que é esse padrão de pensamento que está dando continuidade à ilusão desse "mim"? Podemos ter um contato com este instante, sem o passado? Notem a beleza disso. A vida é algo agora, aqui acontecendo, não precisamos do pensamento - não dessa qualidade de pensamento.

Agora, aqui, no momento, estamos fazendo uso da fala. A fala, naturalmente, é a presença de expressões verbais; a palavra é parte do pensamento. Mas qual é a base dessa palavra? Ela estará vindo desse fundo psicológico de condicionamento, dessa memória de pensamento psicológico? Então, reparem, nós podemos fazer uso da fala, como uso do pensamento em nossas relações, sem a presença do modelo de uma identidade por detrás desse pensamento. Podemos fazer uso da fala sem esse intelecto condicionado, que está se promovendo e mantendo sua continuidade egocêntrica, a partir do pensamento.

Nós podemos simplesmente lidar com a vida, neste momento, como ela acontece, sem o peso desse pensamento psicológico, desse intelecto condicionado, dessa visão particular desse "eu", desse ego. Assim, o contato com o momento é o contato da vida com a vida, esta é a ciência de Deus, esta é a ciência do seu Ser. É o que estamos trabalhando com você nesses encontros on-line nos finais de semana; são dois dias juntos: sábado e domingo.

Nesses encontros, nós estamos aprofundando esses assuntos com você, descobrindo a arte desta aproximação do Autoconhecimento e da Verdade sobre a Meditação, que é o que torna tudo isso possível. Então, são dois dias juntos. Além disso, nós temos encontros presenciais e, também, retiros. Se isso que você acaba de ouvir é algo que faz algum sentido para você, já fica aqui um convite.

Maio de 2025
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