Aqui a pergunta é: o que é o Autoconhecimento? A beleza desse encontro com a ciência de si mesmo, com a compreensão direta daquilo que esse "eu" representa, é essa aproximação que aqui nós chamamos de Autoconhecimento. Conhecer a verdade sobre si mesmo é, na verdade, transcender essa limitação, que é a limitação desse "eu".
Assim, o emprego dessa palavra aqui no canal é bem específico. Não se trata desse "eu" conhecendo a si mesmo para melhorar, mas trata-se dessa ciência de que esse "eu" presente não é outra coisa a não ser um conjunto de afirmações do pensamento, isso é o "eu". Portanto, a real importância desse encontro com você mesmo é a compreensão de que esse "você" tem esse modo de representação construído pelo pensamento, que, por sinal, é uma representação dentro de um projeto, de um modelo, de um programa de condicionamento mental. A desconstrução disso requer a ciência daquilo que ocorre, daquilo que está acontecendo, dentro desse contexto, nessa relação com a vida, isso é Autoconhecimento.
O descondicionamento psicológico, a desprogramação dessa psicológica e interna condição, revela algo além do "eu", além do ego; é nesse sentido que nós usamos aqui o termo, a expressão "Autoconhecimento". A outra pergunta é: como realizar isso de uma forma prática? Então, já se trata desse praticar ou de como entrar nessa prática dessa visão, dessa verdade, dessa ciência, já se trata desse praticando o Autoconhecimento. Porque a ideia é o envolvimento da prática, o envolvimento nessa prática. Assim, uma outra questão é: como entrar dentro dessa visão, dessa compreensão, dessa direta percepção da ilusão desse "eu", desse programa que é o "eu", desse condicionamento que é o "eu", para a verdade da revelação daquilo que está além dele? Então, aqui se trata desse praticando o Autoconhecimento.
O termo ou a expressão "prática" - ou "praticando" - também precisa ser compreendido. Aqui não estamos lidando com algo como um conhecimento técnico. Se você pratica esporte, você está fazendo uso de uma prática técnica; se você pratica matemática, ciência, física ou medicina, você está em áreas de atuação que requerem habilidade técnica. Assim, o conhecimento, a experiência e a habilidade se fazem necessárias nessas áreas.
O que diferencia essa aproximação dessa visão do Autoconhecimento aqui, é que nela nós precisamos de um outro elemento, e esse elemento não é a técnica, esse elemento é a Presença da Consciência. E, aqui, quando lidamos com a Presença da Consciência, não estamos lidando com algo que se repete, que mantém continuidade e que requer memória, e que requer um conhecimento especializado. Portanto, não se trata de uma técnica essa aproximação desse olhar, desse perceber nossas reações.
Então, nós nunca separamos. para uma visão clara do que isso representa, nós não podemos separar o Autoconhecimento da Atenção Plena. Então, notem a ligação estreita entre esses dois princípios: o princípio da Atenção sobre nossas reações, e o outro é a visão daquilo que nós somos neste instante, aqui e agora. Portanto, Atenção Plena e Autoconhecimento não se separam.
Portanto, deixa eu tocar com você aqui naquilo que compreendemos por "se observar". Como já foi adiantado aqui para você, qualquer forma de olhar a partir do pensamento é a partir de conclusões, de avaliações, de comparações, crenças, ideias, propósitos, alvos, aceitações ou rejeições; esse é o modelo do pensamento. O pensamento em nós nos impede de um contato real com a vida como ela acontece, porque o que o pensamento faz é dar uma interpretação para esse instante.
O que é essa aproximação da vida, livre do passado, livre do "eu"? É o olhar para esse "mim", para esse "eu" quando ele surge; se dar conta de sua presença é anular o seu modelo de operação, o seu modelo de ação. E o que é exatamente "se dar conta" dessa presença do "eu"? É perceber que, diante de uma experiência, a inclinação do pensamento, a tendência dele, é de se separar da experiência para ser aquele que observa, para ser aquele que percebe, para ser aquele que pensa sobre aquilo, que tem ideias sobre o que está acontecendo ali. Esse é o movimento do "eu". Então, a cada instante, nós estamos sustentando, na vida como ela acontece, essa separação.
Então, se auto-observar não é esse "eu" olhando para si mesmo, mas é a presença desse instrumento, que é a mente. Notem que a mente é o instrumento que nós temos para essa aproximação desse observar, perceber, desse "se dar conta" da vida. Então, esse instrumento em você é a mente. A mente é esse instrumento da percepção. Mas o que tem ocorrido conosco é que esse instrumento não consegue estar livre para essa qualidade de percepção sem o "eu", sem esse observador, sem esse pensador, sem esse que quer se envolver na experiência.
Assim, essa aproximação de si mesmo, aqui, nesse instante, requer que essa mente, que esse instrumento, esteja livre, livre para essa auto-observação. Agora, essa auto-observação é somente esse observar. Então, qual é a verdade sobre se auto-observar? É olhar a partir desse instrumento, que é a mente. Apenas quando a mente permanece sem se envolver, e ela permanece sem se envolver quando, nesse instante, ela se aquieta; se ela se aquieta, se ela silencia, há esse espaço novo, que é o espaço da observação. Essa pura observação não requer a presença de alguém nessa observação. Quando há essa presença de alguém, não existe esta observação, o que temos presente é o velho movimento do "eu", para rejeitar o que observa, para gostar do que observa, para querer mais daquilo ou menos.
Portanto, se auto-observar lhe aproxima dessa Atenção sobre suas reações. Então, essas reações, ao surgirem, perdem esse elemento de identidade, que é o "eu". Notem que coisa importante nós temos aqui: todo o nosso modelo de funcionamento na vida sempre carrega esse contexto do "eu", que é o contexto do pensador, do observador, do experimentador. Então, nós vivemos, na vida, sempre nesse gostar e não gostar, nesse aceitar ou rejeitar. É por isso que existe toda essa forma de resposta para a vida a partir desse fundo de memória, desse elemento que vem do passado, que é o "eu".
A eliminação desse passado é a eliminação desse elemento, é a presença desse observar sem escolha, desse olhar, sem qualquer intenção de mudar ou alterar alguma coisa. A verdade dessa prática ou desse exercício não é algo mecânico, é algo que requer a Presença dessa Consciência. É isso que difere essa aproximação do Autoconhecimento de qualquer outra coisa que se aprende aí fora. Quando descobrimos como aprender sobre isso, nós temos essa chave que nos aproxima desta visão da Sabedoria, desta visão da Verdade, desta ciência da Vida. Não há espaço na vida para esse sentido do "eu", para o ego, para esse observador, para esse pensador e, no entanto, é assim que estamos vivendo, é assim que temos vivido nossos dias.
Descobrir a verdade sobre você é o descarte desse "você" como você se vê, como você acredita ser, como você pensa ser. Com esse desaparecimento, nós não temos a vida como nós a vemos, como nós a sentimos, como nós a percebemos. É sempre a partir do pensamento o reconhecimento da vida para esse elemento que reconhece. Assim, nós temos esse "eu" e o "não eu". A vida é o "não eu" e o pensamento em nós afirma a presença de um pensador, que é o "eu". Assim, entre esse "eu", que é esse pensador, e a vida como ela acontece, nós temos a presença do pensamento e toda imagem que o pensamento constrói sobre a vida.
Quando você lida com pessoas, você lida com pessoas que você conhece; esse conhecimento é um reconhecimento que vem da memória, que vem do passado. Você sabe o nome dela, você reconhece o rosto dela, você sabe até algo sobre a história dela, mas todo esse conhecimento que você tem se assenta exclusivamente no pensamento. Mas há algo importante aqui que nós não atentamos para isso: é o fato de que em nenhum momento o pensamento declara a verdade; todo pensamento falseia a realidade do momento.
Quando você, por exemplo, descreve um episódio, uma ocorrência, muitos elementos ficaram faltando dentro da sua descrição, e essa descrição é um parecer do pensamento, é a ótica do pensamento. A verdade é que o pensamento é incapaz de lidar com os fatos, porque pensamentos são imagens, são memórias, lembranças, o que representa apenas ideias. A ideia não é o fato. Assim, toda e qualquer descrição do pensamento não é a verdade, é a tentativa de uma aproximação a partir de símbolos, de imagens, de conceitos, de ideias daquilo que ocorreu. O pensamento busca uma fotografia, ele cria esta fotografia, mas ele falsifica a realidade dos fatos.
Assim, toda a nossa aproximação que temos com as pessoas, com base no pensamento, é um equívoco. E aqui estamos diante de algo incontestável: quando você descreve quem você é, você não está trazendo uma descrição real sobre você, porque sua descrição nasce do pensamento. Portanto, se você não sabe quem você é, como é que, de fato, em realidade, você sabe quem o outro é? A partir do pensamento? Mas o que é o pensamento? É apenas essa representação de imagens, é essa busca de um retrato, não lida com a verdade, não lida com a realidade.
Uma aproximação verdadeira da vida, para a presença da Liberdade, da Felicidade, do Amor, da Paz, requer uma compreensão da Vida, e o pensamento não alcança essa compreensão. Em geral, nós estamos fazendo exatamente isso, nós estamos separando a Vida daquilo que nós somos, pelo pensamento. Uma compreensão da Vida requer uma compreensão de nós mesmos; mas uma compreensão de nós mesmos requer o descarte, requer uma desconstrução de todas essas ideias.
Aqui, o primeiro elemento a ser investigado, a ser compreendido e, naturalmente, descartado é essa ideia, é esse quadro, é essa fotografia, é essa imagem que o pensamento construiu sobre você, sobre quem é você. Então, a visão da vida requer essa compreensão dela, mas essa compreensão dela requer, antes de tudo, uma compreensão de nós mesmos, porque não existe essa separação entre você e a Vida. A Vida é você e você é a Vida, quando o pensamento não está, quando a ideia não está, quando esse "eu", pensador, observador, experimentador, não está.
Todo o nosso empenho juntos aqui consiste na direção de uma Vida Real, de uma vida livre do "eu", livre do ego, e tudo tem por princípio a base, o fundamento, esse observar sem o observador, esse perceber sem o percebedor. Se auto-observar lhe dá essa visão de uma Atenção sobre essas reações, uma Atenção Plena sobre todo esse velho movimento, que é o movimento da mente, dessa mente programada, dessa mente condicionada, dessa mente sem liberdade. Então se revela a Verdade sobre Você.
Tudo aquilo que você demonstra ser, que você parece ser, que no pensamento você está convencido que você é, se desfaz. Nós temos, simultaneamente, algumas coisas aqui acontecendo, lhe dando a base dessa compreensão de si mesmo, que é a compreensão da Vida. Agora há pouco falamos dessa Felicidade, desse Amor, dessa Liberdade possível nesse Natural Estado de Realização, que é a Natureza da Vida, que é a Natureza de Deus, que é a Natureza do seu Ser. Mas é fundamental compreendermos também isso aqui, que essa mesma Liberação ou Libertação não é algo lá no final, como um objetivo ou propósito para ser alcançado amanhã. Não existe tal coisa como esse amanhã para se alcançar isso. Essa própria Liberdade, que é a mente como esse instrumento livre, que precisamos para essa aproximação, é algo que, paradoxalmente, já está presente.
Veja como é estranho todas essas colocações. É por isso que eu tenho aconselhado você a dar uma olhada em todas as playlists que temos aqui no canal, porque nós estamos fazendo uso de termos e de uma linguagem que parece se contradizer em alguns momentos, mas é como um quebra-cabeças: se você unir todas as peças, você terá uma visão dessa imagem do quebra-cabeças, mas são vários pedacinhos pequenos, que parecem que não se encaixam. Você tem que procurar o lugarzinho certo do encaixe do quebra-cabeças. Quando você acha o lugarzinho certo, começa a formar a imagem.
Aqui nós temos falado dessa mente condicionada, desse cérebro condicionado, e agora há pouco acabei de tocar na importância dessa mente livre, que torna possível essa aproximação do Autoconhecimento. E agora estamos dizendo aqui para você que, paradoxalmente, nós carregamos essa mente condicionada, porque é o modelo do pensamento presente que está em um formato muito, muito atuante. Mas nós trazemos aqui e agora também o poder desta Graça, a verdade dessa mente, que nesse instante, de uma forma livre, já se aproxima dessa visão.
Assim, quando a mente se aquieta, quando essa mente livre está presente, é quando a mente se torna ciente do seu próprio movimento; ao se tornar ciente do seu próprio movimento, essa mente condicionada, que não é outra coisa senão esse próprio movimento do "eu", desse modelo de pensamento inquieto, agitado, tagarela, repetitivo, que vive nesse gostar e não gostar, que julga, que avalia, que aceita, que rejeita, que olha a partir do passado, esse modelo do pensamento, dentro dessa mente condicionada, se dissolve.
Assim, é com a aproximação dessa mente nova, dessa mente livre, dessa mente silenciosa, que esse espaço se abre. É quando a mente se torna ciente de suas reações, é quando essa ciência, que é a Presença desta Real Consciência, assume o espaço dessa ilusória identidade, dessa ilusória mente egoica, dessa ilusória consciência pessoal, que é a consciência do "eu", é que temos a presença da Revelação de Algo além do conhecido, de algo além do mundo, além dessa psicológica condição, que é a condição da separação, da dualidade. Então, isso é o fim desse pensamento, que aparece como esse elemento de separação entre Você em sua Natureza Real e a Vida como ela é, como ela acontece.
A verdade dessa ciência, a verdade dessa visão, é o fim de toda esta confusão, sofrimento, problemas, desordem, é o fim da ignorância. Assim, a Realidade da Vida como ela é, como ela acontece, é a Presença da Sabedoria. A vida nessa condição, a vida como ela acontece, nessa beleza desse encontro, é a compreensão da Verdade sobre Deus, sobre Você. É isso que estamos juntos trabalhando aqui nesses encontros online nos finais de semana, onde estamos, sábado e domingo, aprofundando isso aqui com você - são dois dias juntos. Fora esses encontros online nos finais de semana, nós temos encontros presenciais e, também, retiros. Se isso é algo que faz algum sentido pra você, já fica aqui um convite. Já deixe aqui o seu like, se inscreva no canal e coloque aqui nos comentários: "Sim, isso faz sentido". Ok? E a gente se vê. Valeu pelo encontro e até a próxima!
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