Qual é a diferença realmente entre os relacionamentos de hoje em dia e os relacionamentos do passado? Veja, absolutamente nenhuma diferença; a diferença que encontramos é uma diferença de aparência, de superfície, e não de estrutura. Então, nesse sentido, não existe nenhuma diferença. Do ponto de vista estrutural, o sentido do ego, do "eu", desse "mim", é algo presente em nossas relações desde sempre.
Aqui com você nós estamos explorando essa questão do fim dos conflitos nas relações; mas não apenas isso e, sim, o fim do próprio sofrimento na vida. A vida consiste de relações. Nós estamos constantemente lidando com pessoas, com situações, com coisas que acontecem externamente e internamente. Externamente no mundo das relações, com objetos, lugares, situações, e internamente dentro de nós mesmos, em cada um de nós.
Aqui, nessa vida, estamos nos deparando com um desafio, e o desafio consiste em se ver dentro desse contexto da vida sem conflito, sem desordem, contradição e sofrimento. Isso requer a presença de uma visão da vida que nós não temos. Isso explica toda essa confusão em que nós nos metemos, em que estamos na vida, nesse contexto do viver. Isso porque não compreendemos a verdade sobre quem nós somos.
Nós estamos falseando a realidade da vida como ela acontece, não estamos satisfeitos com a vida como ela acontece. E de onde nasce essa insatisfação? Dessa complexa, psicológica condição em que nós nos encontramos. Nós vivemos dentro de uma complexidade psicológica aprendida, e nós não sabemos lidar com aquilo que nos foi dado, que adquirimos do mundo, da vida, exatamente nesse contato de relações.
Aqui com você nós estamos estudando, investigando, averiguando isso. O que é que ocorre conosco? Qual é a verdade sobre quem nós somos? Quem sou eu? A não resposta para isso nos colocou dentro de uma condição onde nós não sabemos, por exemplo, algo fundamental, que é lidar com as emoções, com os sentimentos e, acima de tudo, com essa questão do pensamento.
A resposta para a pergunta "o que é o pensamento" nós não temos. Nós estamos pensando, mas tudo que estamos pensando é o que nos foi dado pela cultura, pela sociedade, pelo mundo. Então, nós vivemos nesse pensar, mas não sabemos o que é o pensamento; e nós vivemos nesse pensar pensando o que nos foi dado para pensar, não sabemos como pensar.
Então, são duas questões aqui. A primeira é: o que é o pensamento? E a segunda é: o que é o pensar? Não compreendemos isso, e sem essa compreensão, nos colocamos dentro das relações falseando as relações. Não temos um contato direto de relação. Relação implica a presença de um compartilhar, de um encontro real, de uma comunhão, e isso nós desconhecemos.
O seu relacionamento com as pessoas não é relação; você se vê como alguém separado dela, com seus interesses, desejos, razões, motivos. Isso está presente e estabelecido em nós como regra de comportamento, de padrão de existência, de padrão de vida na relação. Portanto, não há relação, porque ele ou ela sente o mesmo, pensa da mesma forma, se comporta e age exatamente da mesma maneira. Então, não existe esse encontro, não existe essa comunhão.
O pensamento que você tem sobre quem você é, isso não passa de uma imagem que você estabeleceu dentro de você para você, sobre você. Se alguém lhe critica, está criticando essa imagem que você tem estabelecido dentro de você como sendo você. Essa autoimagem é conhecida em psicologia, mas, veja, teoricamente, conceitualmente, todo e qualquer conhecimento sobre isso não basta.
Nós precisamos compreender como se processa em nós a nossa vida de relação, porque a vida é de relação. Enquanto estiver estabelecido em nós esse impulso egocêntrico que nos mantém separado do outro e interessado no outro, apenas no que ele tem para me oferecer, porque vivo egocentrado, o sofrimento está presente dentro dos relacionamentos.
Assim, nossas relações com o mundo são relacionamentos que se estabelecem entre imagens: a imagem que você faz do outro, a imagem que você tem sobre você. Nesse sentido, os relacionamentos de hoje em dia são como os relacionamentos de há dez mil anos atrás, as relações se estabelecendo entre o ego.
A condição do ego é muito curiosa. Nós podemos usar expressões como "os egos se encontrando", mas na verdade o que temos presente é um único padrão, funcionando de uma forma aparentemente diferente, criando a ilusão de uma individualidade separada, então tem "eu" e o "não eu", tem "eu" e o outro, tem nós e eles. Mas a verdade é que o ego é um comportamento, é um modelo de existência, é uma forma de acontecer, onde o sentido do "eu" está presente, vivendo como um ente separado, uma criatura separada, com uma consciência individual, e não existe tal coisa.
Esse distanciamento, essa separação está sustentando, dentro das nossas relações, a ausência da Felicidade. Não há Felicidade, não há Liberdade, não há Paz, não há Amor, porque tudo que temos nesse sentido do "eu", do ego, é isso que nós somos dentro das relações.
Eu tenho colocado aqui de uma forma muito clara: com pessoas, nós chamamos de relacionamentos, e com objetos e situações, são relações, mas não faz a menor diferença esses termos que estamos usando. Se está presente o sentido de uma identidade que se vê separada da vida como ela acontece, do outro como ele se mostra sendo, sempre estará presente a confusão, a desordem, a ignorância.
Podemos descobrir, na vida, a vida sem o "eu", sem o ego e, portanto, sem essa separação, sem essa divisão, sem esse conflito, desordem e sofrimento? É o que estamos propondo aqui para você. Um pensamento está presente em você; esse pensamento está presente e você não está atento a ele quando surge, então você é capturado por ele. Veja, é uma condição de ilusão, de hipnose, de sonho, de sono essa condição em que o pensamento surge lhe dando a sensação de alguém tendo esse pensamento, dizendo "vou fazer", "vou falar", "vou realizar isso", "tenho algo para dizer", "tenho algo para pensar", "tenho algo aqui, nesse momento", "há algo nesse instante para eu sentir, para eu viver".
Então, estabelecemos a ilusão da separação em razão de que o pensamento presente nessa desatenção se separa para criar esse "eu". Nós não sabemos o que é o pensamento. O pensamento é um movimento em nós de recordação, de lembrança, algo que vem do passado, algo que responde nesse momento em razão de um estímulo, de um desafio.
O pensamento está estabelecendo em nós a realidade de uma identidade se mostrando presente; é o próprio jogo do pensamento na sua busca de segurança e continuidade, criando esse "eu", esse "mim", essa "pessoa", lincado, naturalmente, a sentimentos e emoções. Então você carrega essa convicção, a convicção de ser alguém na vida, separado do outro. É isso que tem nos colocado nesse movimento de separação, de egocentramento, de autointeresse, de busca de continuidade.
E por que nós buscamos essa continuidade? Porque é típico dessa estrutura do cérebro a busca de segurança. Veja como é interessante isso aqui. A busca de segurança nesse sentido do "eu", que é a busca de sua continuidade, se assenta na própria estrutura cerebral. O pensamento está dentro do cérebro, o movimento do pensamento é um movimento de memória cerebral, de consciência de continuidade dentro do pensamento e, portanto, dentro do conhecido.
Veja como é importante isso. Não há nada de espiritual nesse "eu"; esse "eu" é um movimento de memória, de continuidade do pensamento, algo material - esse é o sentido do ego, o sentido do "mim". Toda inclinação do ego é para manter a sua continuidade na materialidade, na busca de coisas, de pessoas, de sensações, de prazer, de fuga da dor.
Repare, esse ego é esse movimento do pensamento. Esse movimento do pensamento tem por princípio a memória. Isso faz parte de um movimento presente nesse cérebro, e tudo isso está dando existência a essa mente do "eu", a essa mente egoica, a essa consciência isolacionista, separatista, que nós chamamos de consciência. Veja, é algo que o pensamento tem estabelecido.
Aqui com você nós estamos trabalhando a constatação da Real e Divina Consciência, algo fora dessa consciência do "eu", dessa mente egoica, desse movimento de pensamento, que é memória, nesse cérebro. Então, o contato com a Realidade da vida revela algo além do "eu" e, portanto, além dessa autoimagem, que é a imagem dessa "pessoa", desse "mim", dentro desse contexto de relação. Então, nesse momento, nos deparamos com algo fora do pensamento, fora da mente, fora dessa consciência do "eu", fora desse ego centramento.
A Realidade do seu Ser é Ser-Consciência-Felicidade; mas não se trata dessa consciência nessa mente, nesse padrão de pensamento condicionado, de cérebro condicionado, de mente condicionada. É a Consciência Real, é a Consciência Divina. Seu Estado Natural de Ser é Amor, Felicidade, Liberdade. Quando essa Realidade se mostra, nós temos o fim desses, assim chamados, relacionamentos nesse nível. É quando nos deparamos com a verdade da relação, mas essa relação é a verdade da comunhão, é desse experimentar livre do "eu", livre dessa autoimagem, livre do ego.
Olhar para o outro sem a ideia desse "eu" nesse olhar - então o outro sem essa imagem que eu tenho dele e que faço sobre quem eu sou - é só o olhar da vida; nesse olhar da vida, nesse encontro, temos a presença da comunhão, a presença da real relação. Aqui estamos lhe convidando para uma mente nova, para uma mente livre, para o fim dessa mente condicionada, desse cérebro condicionado, dessa consciência separatista, isolacionista, que está em conflito, porque está em separação, vivendo nesse formato.
A Realidade do seu Ser é a Realidade da Vida, algo além de tudo aquilo que o pensamento tem estabelecido. Portanto, nós precisamos descobrir a verdade do fim do pensamento e, portanto, do fim do conhecimento e da experiência. Como nós temos colocado aqui para vocês, o pensamento, conhecimento e a experiência têm lugar apenas dentro desse contexto de sonho, de existência física, mas a ideia de uma identidade presente no pensamento, no conhecimento e na experiência é a ilusão de uma psicológica identidade separatista, que é o sentido do ego, do "eu".
Todos os problemas humanos consistem nessa ilusão, na ilusão de alguém presente, se vendo separado e à parte do outro, separado da vida, separado de Deus. Então, o que é esse Despertar, o que é essa Iluminação? É a ciência de que não existe alguém presente nesse instante, na vida como ela acontece. Então há um contato real com a vida nesse momento, essa é a verdade da relação, do real relacionamento com o outro, que agora não é o outro, é a Vida. Então ocorre aí, em você, a ciência de que não existe esse "mim", esse "eu"; há uma Realidade presente, e essa Realidade é Amor, é Liberdade, é Felicidade, é Inteligência.
Nós nascemos para realizar Isto nesta vida, para assumir essa Verdade, para se dar conta d'Aquilo que está presente além desse próprio nascimento, dessa assim chamada vida e dessa assim chamada morte. É isso que estamos trabalhando com você aqui aos sábados e domingos. Então, fica aqui um convite: são encontros online, ocorrendo nos finais de semana. Além disso, temos encontros presenciais e, também, retiros. Se isso que você acaba de ouvir é algo que faz algum sentido para você, fica aqui um convite.
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