GC: Olá, pessoal. Estamos aqui para mais um videocast. Mais uma vez, o Mestre Gualberto aqui conosco. Gratidão, Mestre, pela presença. Hoje eu vou ler um trecho do livro do Joel Goldsmith chamado "Setas no Caminho Infinito". Num trecho desse livro, Mestre, o Joel faz o seguinte comentário: "O amanhã de Deus é o desdobramento do agora. Deus é Deus agora". Sobre essa questão do tempo, o Mestre pode compartilhar a sua visão sobre esse assunto conosco?
MG: Gilson, esse é um dos assuntos básicos para todos nós aqui. A clara visão de que todo pensamento em você é um movimento em você, que está afirmando, o tempo todo, uma experiência que já foi. A ideia que temos é a de uma noção de algo que virá, de algo que acontecerá, mas esse algo é o próprio pensamento criando uma imagem sobre aquilo. Então, notem, nós temos aqui uma coisa muito importante para ser investigada: a ilusão do pensamento que temos sobre essa coisa chamada "tempo". Aquilo que temos aqui presente, como um pensamento presente, é uma lembrança; é apenas uma lembrança de algo que já foi. Se já foi, não está aqui; se é um pensamento, é uma imagem sobre aquilo. Então, quando falamos de tempo, estamos falando apenas de uma ideia, de uma crença, de algo que não existe.
Não existe tal coisa como "o tempo". O passado não é real; o futuro é o pensamento se projetando, ele também não é real; e essa ideia do presente, veja, é sempre o pensamento afirmando sua própria presença com essa palavra chamada "tempo", porque a única coisa que temos neste instante é o pensamento. Não existe tal coisa como o tempo. O tempo é uma ilusão! Nós temos o tempo cronológico: "Amanhã, às três da tarde, eu tenho um compromisso." Esse é o tempo cronológico. Para aprender alguma coisa, isso requer a presença da prática, da experiência, do conhecimento. Isso leva tempo, tempo cronológico; isso leva horas, dias, meses ou anos. Então, nós conhecemos esse tempo, que é o tempo do calendário, mas, psicologicamente, não existe tal coisa como o tempo.
É importante essa compreensão, Gilson, porque quando as pessoas têm, por exemplo, o ideal de Realizar Deus, é amanhã. Porque a ideia, no pensamento, é de que Deus está em algum lugar, e para chegar lá, isso requer, naturalmente, tempo. Se ele está em algum lugar, você precisa de tempo, porque você tem que sair daqui para encontrá-Lo lá. Se você quer se libertar de algum sofrimento, como raiva, medo, ciúme, a dor da solidão, a angústia, a depressão. veja, são inúmeras as formas de sofrimento que, como seres humanos, estamos vivendo. Todos esses sofrimentos têm origem na psique, têm origem na mente. O que é essa psique? O que é essa mente? Nós, aqui, estamos diante do próprio movimento do pensamento. É apenas com o movimento do pensamento que nós temos essa mente, temos essa psique, e esse movimento do pensamento é exatamente o movimento do tempo.
Assim, reparem que coisa interessante, aqui nós temos o próprio movimento do pensamento, que constrói exatamente essa ideia de tempo: "Eu passei por algo ontem e estou sofrendo exatamente por isso que passei ontem, aqui, hoje, neste presente momento. Eu estou aborrecido, com raiva, chateado, por algo que me aconteceu ontem". Se eu estou aborrecido, esse aborrecimento do que aconteceu ontem é neste momento, é neste instante. Isso está acontecendo agora, aqui, hoje, comigo, mas o que é, na verdade, esse sofrimento? Reparem: é a presença da imagem, é a presença da lembrança, é a presença do pensamento. Então, é a verdade do pensamento que cria esse tempo, esse passado e esse presente. É com base no pensamento que está toda essa estrutura psíquica, que é a estrutura da mente. É isso que afirma uma identidade presente neste momento, que é o "eu", e isso é exatamente a presença do tempo: esse ontem, esse hoje e a ideia do amanhã.
Reparem que tudo isso gira em torno do pensamento. Então, é o pensamento que cria o tempo e sustenta a identidade de alguém nesse tempo, sofrendo por alguma coisa. Esse sofrimento é um sofrimento construído, estabelecido pelo pensamento. O elemento presente nesse sofrimento é essa suposta entidade presente, que nós chamamos de "eu", de "mim", de "pessoa". Então, vejam como é importante nós termos, aqui, uma direta compreensão desse assunto. Quando eliminamos o pensamento, eliminamos o tempo, eliminamos o passado. Se eliminamos o passado, eliminamos a ilusão de alguém presente hoje, aqui. A eliminação desse alguém é a eliminação desse passado, dessa memória, dessa lembrança, desse pensamento. Isso é o fim do tempo. Quando o tempo termina, não existe o "eu". Então, nós temos aqui o fim do pensamento. Isso é o fim do tempo, porque é o fim do passado; isso é o fim do "eu".
O encontro com a Realidade presente é o encontro com este instante, livre do pensamento, livre, portanto, do passado, livre, portanto, do "eu", livre desse "mim", desse ego. Assim, a Realidade é que não existe tal coisa como o tempo, quando o pensamento não está. Mas, quando o pensamento chega, o tempo chega com o pensamento, e, com esse tempo, a ideia de alguém que viveu aquilo ou que irá viver, no futuro, alguma outra coisa. Tudo isso está dentro do modelo do pensamento. Podemos eliminar das nossas vidas o pensamento e, portanto, o tempo e, naturalmente, esse sentimento, emoção, sensação, desse "eu"? Com o fim de tudo isso, uma descoberta se mostra, neste instante, uma realização se apresenta neste momento: é a Ciência do seu Ser, é a Ciência da Verdade Divina. Essa Verdade Divina, que é a Verdade de Deus, não é algo no tempo, não é algo que está dentro do modelo do pensamento. Nenhuma relação tem com esse assim chamado "passado", "presente" ou "futuro".
É isso que estamos vendo aqui, juntos, trabalhando juntos: o fim dessa ilusão, da ilusão do tempo, da ilusão do "eu". Então, o Despertar de sua Natureza Divina, o Florescer da Verdade de Deus, é a Ciência d'Aquilo que está agora, aqui, livre do tempo. Assim, estamos diante de um novo sentir, de um novo pensar, de um novo perceber este instante, este momento. É isso que estamos, juntos, aprofundando em todos estes encontros. Descobrir a natureza do seu Ser requer o descarte dessa "pessoa", como você se vê, como você sente ser, como você pensa ser, como você se move a cada dia, sendo ela, se vendo como ela. Há algo presente, e esse algo presente não é essa "pessoa", não é esse "mim". Assim, estes encontros têm como propósito tomarmos ciência d'Isso, para esta Visão, para esta Compreensão Direta.
GC: Mestre, nós temos uma pergunta de um inscrito aqui no canal. O Rafael fez a seguinte pergunta: "Mestre, como observar os pensamentos?"
MG: Gilson, observe a pergunta. A sua pergunta é: "Como observar os pensamentos?" Se dando conta deles! Se torne ciente de sua presença. É bem interessante, nós passamos uma boa parte do tempo inscientes do movimento psicológico dentro de cada um de nós. Em um minuto - esse é o tempo cronológico que nós chamamos de um minuto, são 60 segundos -, nós temos, durante 60 segundos, dezenas de pensamentos, e nem nos damos conta de toda essa movimentação interna. centenas de pensamentos! Surge um pensamento, depois aparece outro, e outro, e outro, e outro, e a gente não se dá conta desse movimento interno. Esse movimento é um movimento de completa inquietude, de agitação. Juntamente com esses pensamentos, nós temos sentimentos, emoções, sensações. Durante uma hora do dia, nós passamos por centenas, milhares de pensamentos, mas não nos damos conta desses pensamentos.
É fundamental termos uma aproximação de como a mente funciona. Essa mente, aqui, não é outra coisa a não ser esse movimento, que é o movimento de pensamento, de inquietude interna. Sem essa base, não temos como ir além desse movimento, que é o movimento do "eu", do ego, do "mim". Uma vez que ele é algo que se constitui de memórias, de lembranças, de recordações, aquilo que nós denominamos de "mim", de "eu", de "pessoa", não é outra coisa a não ser um conjunto de memórias, um conjunto de lembranças, um conjunto de pensamentos. E nós estamos dentro desse movimento, nós somos esse próprio movimento, quando não nos damos conta dessas reações. Assim, tudo o que nós, de fato, precisamos na vida é a ciência da própria Vida, e não temos ciência da Vida quando todo o movimento em nós presente é um movimento do pensamento, ocorrendo, se processando, de uma forma inconsciente. Assim, essa identidade, esse "mim", esse "eu", é esse movimento psicológico inquieto, tagarela, aflitivo.
É bem interessante isso aqui: nós só queremos nos livrar dos pensamentos quando eles incomodam. Repare como é interessante: apenas quando o incômodo acontece é que você se dá conta de que está pensando. Então, aquilo que nós chamamos de "consciência do 'eu'", "minha consciência", é algo que, em geral, está passando despercebida. Nós só nos damos conta dessa consciência do "eu" - que, na verdade, é esse movimento de inconsciência - quando esses pensamentos criam algum nível de desconforto, sofrimento e conflito. Aí é quando você se dá conta e diz: "Eu preciso me livrar desses pensamentos tagarelas. Eu preciso me livrar desses pensamentos obsessivos, dessa compulsão de pensar, desses pensamentos negativos". Apenas quando nos damos conta do desconforto é que nos damos conta de que o pensamento é um elemento que está presente, criando problemas. Mas, a grande verdade é que ele, o tempo todo, está presente ocupando esse espaço, assumindo esse espaço, que é essa consciência desse "mim", dessa "pessoa".
Aqui, a pergunta é: podemos nos livrar do pensamento? Será possível esta Visão da Vida, livre dessa consciência do "eu", que é esse modelo de inconsciência de pensamento? É isso que estamos trabalhando aqui com você. Será possível uma mente silenciosa, livre do pensamento? Uma Visão da Vida clara, lúcida, inteligente, livre dessa posição, que é a posição dos pensamentos ruins, desagradáveis, que criam sofrimento, e dessa outra posição, desses assim chamados "pensamentos bons", "agradáveis" e "felizes"? Podemos ir além dessa dualidade criada pelo pensamento, sustentada pelo pensamento, produzindo em cada um de nós estados de dependência, de busca por mais, de anseio, a partir desses desejos, como são os "pensamentos bons", que nos geram esse impulso para realizar coisas para esse "mim"? E podemos nos livrar desses pensamentos ruins, desagradáveis, que geram medo, ansiedade, preocupações, para uma mente totalmente livre?
É este Silêncio, é esta Visão da Vida, que lhe dá a inteira compreensão de que nós temos uma Realidade presente, e essa Realidade não é o "eu", não é esse "mim", não é essa "pessoa". Assim, a nossa aproximação aqui deve ser essa aproximação real daquilo que se passa conosco, aqui e agora, para irmos além dessa psicológica condição de identidade do "eu", de identidade egoica. É essa identidade que está se movendo nesse tempo, como nós temos colocado. Todos esses estados internos de sofrimento, de conflito, de problema, de desordem, que naturalmente se refletem na vida das relações com pessoas, com situações, isso é algo que está presente em razão dessa interna confusão, desse estado conflituoso de existência do "eu". Tudo isso ocorre em razão da não ciência do próprio movimento do pensamento. Aqui, observar o pensamento é se tornar ciente de suas reações. Não se trata de alguém nessa observação, se trata da pura e direta observação. Ter uma aproximação de si mesmo requer essa habilidade de olhar sem o passado, sem o observador, sem o pensador, sem o experimentador. É quando nos aproximamos da Meditação.
É isso que estamos trabalhando com você nestes encontros, sobretudo nestes encontros on-line nos finais de semana e encontros presenciais. Tomar ciência da Verdade sobre o seu Ser é descobrir aquilo que está presente, que está além desse observador, desse pensador, desse experimentador, dessa condição de inquietude, de pensamento.
GC: Mestre, nós temos uma outra pergunta, de um outro inscrito aqui no canal. O Elias fez a seguinte pergunta: "Mestre, então o observador nunca pode ser visto?"
MG: Então, Gilson, esse observador, esse elemento chamado "observador", é aquele que aparece observando as coisas. Só existe observador observando as coisas. O pensamento em nós nos causa uma ilusão: a ilusão de que existe um observador e aquilo que ele está observando. Na verdade, ambos aparecem juntos. O próprio observador é aquilo que ele está observando. O fim desse observador é o fim dessa separação entre o observador e a coisa observada. Aqui, a verdade é que não existe tal elemento chamado "observador". Quando um pensamento está presente, o que temos presente é o pensamento. Não existe tal coisa como alguém sendo o pensador do pensamento. Então, a presença daquilo que ali está nos dá a ilusão de um elemento capaz de tomar ciência daquilo que ali está. Não existe esse elemento, isso é uma "pegadinha" do pensamento. O próprio pensamento está criando a ideia desse pensador. Aquilo que está sendo observado pelo pensamento está criando a ilusão de um observador naquilo que está sendo observado.
O que temos presente neste instante é a observação, é a percepção, é o olhar. Não existe um elemento nesse olhar, nesse perceber, nesse observar. Agora, isso que você está ouvindo aqui não pode ser encarado apenas do ponto de vista intelectual. Intelectualmente, qualquer entendimento sobre isso é algo inútil. Aqui, nós precisamos de uma direta visão do que está sendo colocado, de que há algo presente e esse algo está além daquilo que é observado, está além desse observador; há algo presente e esse algo está além do pensamento e do pensador, além do sentimento e daquele que sente; há algo presente e esse algo é a única Realidade. Todo e qualquer outro movimento é um movimento fenomênico de aparição, sem qualquer importância. Assim, a Verdade Divina, a Verdade de Deus, é a Verdade do seu Ser. Ela é aquilo que está presente sendo a única Realidade!
Você pergunta: "Então, o observador nunca pode ser visto?" Quem estaria vendo o observador? Quem seria esse para ver o observador? Percebe? Só há uma Realidade Presente, e essa Realidade é tudo! Constatar a ciência disso não é algo que alguém faz, que um observador faz, que alguém, nesse ver, pode ver, pode tomar ciência, pode se dar conta. Aqui, a ciência do seu Ser é o se dar conta, mas não é alguém se dando conta. A ciência do seu Ser é a observação, mas não é alguém na observação, não é algo observando; é a observação! Não há separação, não há dualidade. Não existe tal coisa como uma outra coisa, separada da vida como ela acontece, dessa ciência de Ser, como ela se expressa, como ela acontece. Assim, uma real aproximação da vida é a real aproximação, neste momento, d'Aquilo que está presente sendo a única Verdade de todas as coisas, sendo a única Realidade.
GC: Gratidão, Mestre, já fechou nosso tempo. Gratidão por mais este videocast.
E para você que está vendo o videocast até o final e realmente quer viver essas verdades, fica o convite para participar dos encontros intensivos de final de semana que o Mestre Gualberto proporciona. São encontros que existem no formato on-line, existem presenciais e também retiros.
Nesses encontros, o Mestre Gualberto responde diretamente às nossas dúvidas, nossos questionamentos e muito mais do que isso: ele compartilha esse Estado de Presença em que ele vive, e esse compartilhar é um campo de Energia, é um campo de Silêncio, é um campo de tanto Poder que a gente acaba entrando de carona nessa Energia do Mestre. E isso é um facilitador incrível para podermos investigar a nós mesmos, para podermos entrar de maneira espontânea e natural no Estado Meditativo, para podermos silenciar nossas mentes.
Então, fica o convite. No primeiro comentário, fixado, tem o link do WhatsApp para poder participar desses encontros. Além disso, já dá o "like" no vídeo, se inscreve no canal.
E, mais uma vez, Mestre, gratidão pelo videocast.
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