Existe aqui uma coisa fundamental para nós investigarmos: é a diferença entre aprender alguma coisa - qualquer uma outra coisa aí fora, na vida - e o aprender sobre nós mesmos. Portanto, há uma diferença entre aprender algo e aprender o Autoconhecimento. A verdade deste aprender sobre o Autoconhecimento é algo diferente de qualquer uma outra forma de aprendizado.
Quando você aprende qualquer uma outra coisa, você aprende começando, a partir da observação e do estudo daquilo, adquirindo conhecimento; e logo após o conhecimento, vem a experiência, e com a experiência a especialização. O que diferencia esse encontro com a Verdade dA'quilo que é Você, o que se revela pelo Autoconhecimento, pela compreensão de nós mesmos, para qualquer outro aprendizado especializado é que aqui nós precisamos de um outro elemento; o elemento presente é a percepção.
O contato com a vida requer percepção e não conhecimento, e não experiência e especialização. Para aprender uma técnica, como mecânica, eletrônica, idiomas, ou qualquer uma outra atividade, você precisa de conhecimento, experiência, daí vem essa especialização. Aqui estamos diante de algo diferente, nós precisamos de uma base inicial. A base é o contato com a observação daquilo que aqui está presente - o experimentar aquilo que aqui está presente. Mas nós não precisamos do conhecimento, ou seja, da informação sobre aquilo sendo guardada.
Nós estamos funcionando, psicologicamente, na memória, e este é o nosso problema. Nós não temos uma visão da verdade sobre quem nós somos, sobre aquilo que o pensamento construiu sobre nós, porque nós estamos vivendo na memória, vivendo no pensamento, presos no conhecimento e na experiência, e nós precisamos nos livrar disso, porque esta condição de conhecimento e experiência aqui nos coloca num direto contato com a vida de uma forma mecânica, automática, inconsciente.
Observe que todo conhecimento técnico, toda especialização, a partir da memória, te dá uma habilidade mecânica. Assim, o pensamento presente em nós é o elemento do conhecimento e, também, da mecanicidade para a pessoa. Esta condição mecânica, inconsciente, que se situa no pensamento e, portanto, na memória, é a vida do "eu", é a vida do ego. Como aqui nós estamos investigando como ir além do ego, como descobrir a vida livre do "eu", nós precisamos descobrir o que é aprender sobre nós mesmos, o que é essa nova forma de aprender, que não consiste em acumular conhecimento, nem experiência.
Tendo por princípio o passado, nós estamos atuando na vida; tudo que nós sabemos, sabemos tendo como base o conhecimento adquirido. Tecnicamente, nós precisamos desta forma de aprendizado. No entanto, psicologicamente, esta forma de aprendizado, esse formato a partir do conhecimento e da experiência nos moldou dentro de um condicionamento. Nós estamos constantemente repetindo essa forma; nós fomos moldados por um modelo de pensamento, que é o pensamento dessa estrutura social, dessa visão de mundo.
Assim, todo comportamento que temos a partir dessa forma de aprendizado de conhecimento e experiência é de puro condicionamento mental, é de puro condicionamento psicológico. Observe como você reage quando alguém lhe aborrece; observe como você reage quando alguém lhe entristece, como você reage quando você se sente amado, quando gostam de você. Toda a resposta que temos é a resposta de um condicionamento.
Se eu elogio você, sua resposta é condicionada, você se sente bem, confortável comigo, e você responde. De onde nasce essa resposta? De uma forma automática, mecânica e inconsciente. Sim, porque essa consciência do "eu", essa consciência do ego está agindo desatenta. Da mesma forma que você se sente bem quando é elogiado, se sente mal quando é criticado. Quando você se sente mal, é de uma forma inconsciente que isso se processa; quando você se sente bem, também é de uma forma inconsciente que essa dada coisa acontece.
Portanto, a sua vida está no padrão do comportamento de uma mente que reage, desatenta. A presença dessa desatenção é a presença da dualidade. Aqui, a expressão dualidade é a mesma expressão que em sânscrito eles chamam de Advaita. A nossa condição psicológica de existência é de separação. A mente funciona em nós nesta inconsciência, nesta mecanicidade, reagindo ao momento presente em desatenção.
Portanto, há uma separação entre você e o momento presente, entre a percepção que aqui está presente e um elemento que é o percebedor; é a presença da dualidade: a presença do elemento em você que nós chamamos de pensador e a presença do pensamento. Aqui nos deparamos com uma ilusão, com a ilusão da separação. Portanto, a presença desta separação, dessa dualidade é chamada dvaita.
Aqui, o encontro com a Realidade da não separação para uma mente nova, livre da separação entre o pensador e o pensamento, entre a experiência e o experimentador, entre a percepção e o percebedor, é aquilo que na Índia eles chamam de Advaita, a não-dualidade. Nós estamos vivendo dentro de um princípio de dualidade, de separação. Romper com esta condição psíquica, psicológica, requer a presença do Autoconhecimento, porque é quando nos deparamos com a beleza do encontro com a Meditação.
Portanto, o que é Meditação? É a presença da ciência da não-dualidade, é a ciência da Advaita, da não separação, que se revela nesse aprender. O verdadeiro contato com o momento presente requer a presença da percepção. Quando nós temos o percebimento, não temos a presença do percebedor, é somente o percebimento, é somente o perceber, é a clareza do momento presente, onde aqui tudo é visto, não a partir do passado, porque não temos o elemento chamado pensamento para, nesse momento, julgar a experiência, ser o sensor para censurar o momento presente. Há somente uma clara visão deste instante, desse momento.
A clara visão deste momento traz o autodescobrimento, traz a autorrevelação, traz a ciência do momento. Então, a verdade do aprender sobre nós mesmos é, na realidade, o desaprender desse fundo psicológico, desse padrão de condicionamento que trazemos e que estamos constantemente respondendo a partir dele; respostas que estão vindo constantemente de um fundo, onde temos a presença desse pensador, desse experimentador, desse "eu".
A grande verdade sobre isso é que toda essa resposta nasce do pensamento, e o pensamento é a base dessa condição ilusória de separação, porque não existe esse "eu", esse "mim", esse ego, o que temos presente é a resposta de condicionamento mental nesse formato de pensamento. Assim, a mente em nós é a mente condicionada, é a mente dentro do padrão de dualidade, de separação.
Nós não temos uma resposta real para o momento presente, porque estamos inscientes, desatentos. Não há presença de Atenção, não há presença de Real Inteligência. Toda resposta presente a qualquer estímulo, a qualquer situação, a qualquer pessoa, a qualquer condição externa é algo que sempre vem, nasce em nós dentro do modelo do pensamento, que é o modelo do passado.
Quando você conversa com pessoas, não há Atenção nesta conversação. Evidente que tudo que tratamos com alguém é com base no conhecimento que trazemos. De uma certa forma, o conhecimento se faz necessário, tecnicamente, profissionalmente, dentro de relações simples, mas nós colocamos o elemento psicológico dentro dessas relações, em razão da presença dessa desatenção.
Na ausência de uma Atenção sobre as nossas reações, o nosso contato com pessoas é um contato que nasce do passado, desse fundo de condicionamento egoico. Todo meu contato com ele ou ela, centrado no "eu", no ego, nessa imagem que o pensamento construiu sobre quem eu sou, que é a crença que o pensamento estabeleceu sobre mim, todo o contato que tenho com ele ou ela, está dentro deste autocentramento.
Nós não temos a presença da Realidade Divina. Quando temos uma inclinação para essa procura ou busca pela Verdade, termina que surge uma pergunta em nós, e a pergunta é: como encontrar Deus? Aqui, o fato deste contato com a Realidade d'Aquilo que é Você, a partir do Autoconhecimento e desta visão, que é a ciência da Meditação, aqui já se encontra a resposta para esta pergunta. Você não pode encontrar Deus do lado de fora, Ele não está em algum lugar para ser encontrado. Não existe tal coisa como um lugar onde Deus se encontra, para ser encontrado.
Aqui, este momento é o momento da Revelação; aqui, este momento é o momento da constatação da Realidade do seu Ser, da Verdade Divina. Evidente que isso é algo que requer a presença do Autoconhecimento, desse novo aprender, e este aprender requer a presença da percepção. Perceber o momento presente, sem o passado, é estar cônscio daquilo que aqui está se revelando, sem o percebedor, sem o pensador, sem a ideia, a crença de alguém presente. É exatamente quando alguém surge, é precisamente quando alguém chega que o elemento da separação surge, a crença da divisão entre este "eu" e o "não eu" acontece.
Nós estamos constantemente olhando para o mundo a partir dessa separação, dessa dualidade. O fim dessa dualidade é a visão da Realidade Divina. Este encontro com Deus é a ciência deste Ser; não é você tendo um encontro com Deus, é a Realidade deste Ser se revelando. Quando o "eu" não está, quando esse sentimento, pensamento, sensação de alguém não está mais presente. A compreensão da vida é a Verdade da Revelação do seu Ser. Aprender sobre o Autoconhecimento, aprender sobre a não-dualidade, aprender sobre Deus é algo aqui e agora.
A Realidade de Deus é a Realidade deste Ser, que é a Verdade sobre Você em sua Natureza Verdadeira, Real. É o que nós estamos juntos aqui trabalhando com você nos finais de semana. Nós temos dois dias juntos, sábado e domingo, para nos aproximarmos desta visão. São encontros on-line nos finais de semana. Quero deixar aqui esse convite para você. Além dos encontros on-line, temos encontros presenciais e, também, retiros.
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