quinta-feira, 7 de agosto de 2025

Sofrimento psíquico. Sofrimento humano. Como lidar com pensamentos? Ansiedade. O tempo psicológico.

Aqui a pergunta é: "Como se estabelece essa questão do sofrimento psíquico, que é a base para esse sofrimento humano?" Quando você tem uma dor física, você tem uma dor bastante pontual; é uma dor no pé, é uma dor na mão, em algum órgão do corpo, essa é uma dor física. Mas há uma diferença entre essa dor física e esse sofrimento humano, que é o sofrimento psíquico. Onde se estabelece essa questão do sofrimento psíquico? Quando é que você sofre?

Nós sabemos o que é o sofrimento humano, todo ser humano vem passando por sofrimento desde que nasceu. Quando você sente fome e é um bebê ainda, chora e a sua mãe lhe atende; a fome desaparece e as lágrimas também. Mas e essa questão desse sofrimento psíquico? Haverá alguém para enxugar essas lágrimas? Ou essa ideia de alguém é a busca de um consolo, de um conforto, de um ânimo? Enquanto que, na verdade, a dor ainda continua.

Nós podemos ser consolados, confortados e animados e, mesmo assim, a dor irá continuar enquanto não aprendermos a lidar com essa questão, que é a questão do tempo. Vejam como é interessante essa questão do tempo. Quando alguém vai embora, desaparece e eu não vejo mais aquela pessoa, e eu amava aquela pessoa, há uma dor aqui. Por que essa dor surge quando ela vai embora? É porque, de fato, ela foi embora ou essa dor está presente e eu não me dou conta?

Mesmo quando a pessoa está, existe entre eu e ela um nível de separação, de divisão. Nessa divisão, nessa separação, está estabelecido algo da qual eu não tenho consciência: é a presença de alguma forma de dependência, de busca de preenchimento nele ou nela. É por isso que, quando ela vai embora, a dor não é porque ela foi embora, é porque nesse momento veio a ciência, a clareza, a constatação da presença dessa falta, dessa carência, dessa dor.

Vejam como é importante nós investigarmos com profundidade todas essas questões. O sofrimento é algo presente no ser humano. Quando um ente querido morre, ele desaparece, e você chora não porque ele morreu, mas sim porque a dor está presente em você pela falta que ele lhe faz, e ele lhe faz uma falta porque, psicologicamente, há uma necessidade aí que agora não está sendo preenchida.

Nós chamamos de amor o que sentimos pelo outro, mas, na verdade, qual é a verdade sobre o Amor? Nós desconhecemos o Amor! O que é o Amor? O amor é aquilo que cria uma facilitação para um vazio e nesse vazio a presença de uma dor? É amor a presença da dor na falta do outro? Ou essa falta do outro, que é a razão da dor, é aquilo que indica uma necessidade psicológica não preenchida? Quando eu tenho uma necessidade psicológica e ela não é preenchida, há uma dor; essa necessidade psicológica não é amor.

Nós desconhecemos a Verdade do Amor. O Amor é uma presença de completude, não é a ausência, não é uma falta, não é uma necessidade psicológica, que quando satisfeita, quando preenchida, me deixa feliz, me deixa preenchido. Estar preenchido com a presença do outro não é estar em Amor, é estar preenchido psicologicamente, porque o outro me aceita, me entende, ele me dá prazer, ele me traz alguma compensação, e vice-versa. É isso que, em geral, nós chamamos de amor em nossas relações.

Podemos investigar isso com profundidade para irmos além dessa questão do sofrimento psíquico? Quando eu sinto ciúmes, quando eu sinto a falta, quando me vejo abandonado, rejeitado, não aceito por alguém que digo amar, que sinto amar, o que é essa relação que tenho com ele ou ela? Se tenho a presença do ciúme, da carência, da dependência, isso é a presença do amor? Ou o que tenho dentro dessa relação é o prazer, é a satisfação, é o preenchimento?

Tudo isso precisa ser investigado, nós precisamos descobrir a Verdade do Amor, a Verdade do seu Ser, a Verdade de Deus, a Verdade sobre a Vida. A Verdade do Amor deste Ser, de Deus e da Vida é algo que está presente quando a ilusão desse "eu", desse ego, desse "mim", não está.

Toda forma de sofrimento psicológico, de sofrimento psíquico e desordem emocional em nós é a presença do pensamento sobre as coisas, sobre as pessoas, sobre mim mesmo. O modo como lido com o momento presente nessa experiência, nessa relação, algo determinado pelo pensamento presente nesse "mim", está sustentando essa psicológica condição de apego, de dependência, de necessidade psicológica e, portanto, naturalmente, de sofrimento.

Assim, é preciso que haja uma real compreensão daquilo que se processa aqui, dentro de cada um de nós, porque são esses pensamentos presentes aqui, dentro de cada um de nós, que estão determinando esse modelo de vida que estamos levando. Assim, a pergunta é: "Como lidar com os pensamentos?" A visão que eu tenho dele ou dela é a visão que o pensamento aqui afirma, conclui, acredita, sente, presencia, espera, tudo isso o pensamento está cultivando aqui, dentro de cada um de nós.

Quando você se vê rejeitado, é o pensamento que lhe diz, é ele que lhe fala desta rejeição. Quem é o elemento presente que se sente rejeitado dentro de uma relação? A sua resposta é simples: é a pessoa. Mas qual é a verdade da pessoa? Quem é você como pessoa? Você tem uma ideia sobre quem você é, um modelo de ser alguém como acredita ser, essa é a pessoa; a pessoa como você se vê, a pessoa que você acredita ser, é ela que na relação com o outro sente a rejeição, sente o abandono.

Assim, o sentido do "eu" presente aqui é um conjunto de imagens que tenho sobre quem eu sou e também sobre quem o outro é, e isso está criando esta separação entre eu e ele, eu e ela. Isso está dando a esse "mim", aqui, uma ideia do que esperar, do que aguardar dele ou dela e, assim, está estabelecida a vida da pessoa, do pensamento. Nós não sabemos lidar com o pensamento, não sabemos lidar com a pessoa, com a pessoa que ele é, que ela é, com a pessoa que eu sou.

O que temos presente nessas relações são relações que se assentam no pensamento, no modo como cada um representa quem o outro é. Essa representação dele ou dela, essa representação daquilo que eu sou para ele ou ela é o que está determinando nossas relações. Quando nossos contatos, quando nossas relações se abalizam no modelo do pensamento, essas relações são estruturadas em experiências passadas. Nós não estamos lidando com o passado, nós estamos lidando com a vida. A vida é um movimento que está presente aqui, neste instante.

Nós estamos sempre lidando com algo dinâmico, de uma vivacidade extraordinária, que é a presença dessa pessoa. A pessoa que nós somos é algo que está mudando a cada momento; a cada momento estamos tendo novas impressões do momento presente e reagindo a essas impressões com base nessa estrutura, que é a estrutura do experimentador. Assim, todo esse dinamismo e vivacidade desse "eu" precisa ser visto, precisa ser compreendido.

Agora, reparem que coisa delicada nós temos aqui: nesse contato com o outro, o outro também carrega essa vivacidade, esse dinamismo; como pessoa, ela nunca é a mesma pessoa. Ela não se dá conta de si mesma e nós não nos damos conta de nós mesmos e, no entanto, estamos dentro desse encontro, dessa relação. Assim, está estabelecida a desordem, a confusão.

A não ser que você compreenda a verdade sobre si mesmo, aprenda sobre si mesmo e vá além desse "eu", desse "mim", desse ego e, portanto, dessa vivacidade e desse dinamismo, dessa ilusória entidade, que é o ego, a não ser que isso se resolva, essa vida centrada nessa falsa identidade estará constantemente no contato com o outro criando desordem, criando confusão.

Nós não estamos lidando com a Vida Real, estamos lidando com um modelo de psicológica identidade, que está constantemente em movimento entre esse passado, presente e futuro; e esse movimento é o movimento do tempo psicológico. É assim que, internamente, esse dinamismo e vivacidade do ego acontece.

Nós estamos constantemente envolvidos em nosso psicológico mundo, em nossa particular vida, que é a vida centrada no "eu", e assim também ocorre com o outro. Nós não temos um contato real em nossas relações, elas estão assentadas em modelos do pensamento, onde temos a ilusão de uma relação onde está presente o amor, a compreensão, a liberdade, a paz, a felicidade, enquanto que, na verdade, quando olhamos de perto percebemos que tudo isso é completamente imaginário.

Assim, nós estamos constantemente mantendo a continuidade de uma vida centrada no modelo do pensamento, e tudo que tenho da pessoa com quem eu convivo, e ela tem de mim, são imagens, um jogo entre imagens, um jogo entre crenças, ideias, avaliações, conclusões opiniões. É isso que temos chamado de relação. O que temos presente é um nível de relacionamento, onde o pensamento é o elemento que predomina.

Não estamos vivendo a Verdade da compreensão, da Liberdade, da Paz, do Amor em nossas relações. Isso explica todo esse sofrimento psíquico, toda essa desordem e confusão na vida, nessa particular vida do "eu". O contato com esse momento é aquele que revela a Vida quando o pensamento não está. No entanto, quando o pensamento está presente, e assim tem sido nossas vidas, não há verdade dentro dessas relações.

O que é que nos aproxima da visão real do Amor, da visão real da Felicidade, da Liberdade? É a presença do Autoconhecimento. Uma vez que tenhamos o descarte dessa ilusória identidade, uma vez que tenhamos uma compreensão direta da Verdade d'Aquilo que está presente além do "eu", além do ego, além dessa pessoa e, portanto, além do pensamento, essa Verdade revela a Felicidade. Então nós temos o fim para essa psicológica condição, que é a condição do sofrimento.

Você nasceu para realizar Deus nesta vida, para realizar a Verdade do seu Ser. Essa compreensão é a compreensão do outro, porque, na realidade, não existe o outro, temos uma única Realidade presente nesse contato, nessa verdadeira relação, nessa verdadeira comunhão. E isso é algo presente quando você assume a Realidade d'Aquilo que é Você em sua Natureza Real, em sua Natureza Essencial - é o que alguns chamam de Realização de Deus, Iluminação,ou Despertar.

É isso que estamos trabalhando aqui com você nesses encontros online nos finais de semana. São dois dias juntos - sábado e domingo. Fora esses encontros, temos encontros presenciais e, também, retiros. Se isso é algo que faz algum sentido para você, fica aqui o convite!

Abril de 2025
Gravatá-PE
Mais informações

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui o seu comentário

Compartilhe com outros corações