terça-feira, 5 de agosto de 2025

Joel Goldsmith | Despertar da Consciência Mística | Como podemos superar o medo | Marcos Gualberto

GC: Olá, pessoal! Estamos aqui para mais um videocast. Novamente, o Mestre Gualberto aqui conosco. Gratidão, Mestre, pela presença.

Hoje, eu vou ler um trecho do livro do Joel Goldsmith chamado "Despertar da Consciência Mística". Num trecho desse livro, Mestre, o Joel faz o seguinte comentário: "O medo domina a humanidade, pois, incutido na mente humana, faz o homem esquecer-se de que Deus é sua própria vida." Nesse trecho, o Joel cita a questão do medo. O Mestre pode compartilhar a sua visão sobre como podemos superar o medo?

MG: Gilson, essa velha ideia de vencer, conquistar, superar é aquilo que nós temos de mais comum! Quando nós nos deparamos com um inimigo, a gente quer vencer o inimigo, quer superar o inimigo. Então, nós vemos o medo como algo para ser vencido, para ser superado. Nós não investigamos a natureza, a estrutura, a verdade daquilo que nós chamamos de medo. Nós não compreendemos, Gilson, uma coisa básica que nós temos colocado aqui, para vocês: se há medo, existe um elemento presente nesse medo. Esse elemento é o elemento atingido pelo medo. Mas qual é a verdade do medo? Qual é a estrutura do medo? Qual é essa realidade do medo? Essa é a primeira pergunta. A segunda é: quem é esse elemento atingido pelo medo, que quer vencer o medo, que quer superar o medo? Existe uma separação que seja real, quando esse estado que nós chamamos de medo está presente, desse que está no medo, desse que quer se livrar do medo, que quer vencer o medo? Existe uma separação ou a presença do medo é a presença desse elemento?

Quando você usa o pronome "eu", você se refere a exatamente quem? Você se refere a si mesmo. Você não se refere ao outro, você se refere a si mesmo. Qual é a verdade desse "si mesmo"? Qual é a verdade desse "eu"? E quando o medo está presente, quem é que está com o medo? Não é o "eu"? Não é esse "si mesmo"? Mas existe uma separação do próprio estado do medo desse que é o "eu"? Quando você está com medo, existe uma separação entre você e o medo ou nesse estado de medo você é o próprio estado? Então, vamos começar por aqui. Quando você sente medo, você é esse sentir. Não existe você e o sentir, é só o sentir! Quando o sentir diminui ou quando ele desaparece, você tem uma lembrança ou uma sensação. Quando você tem uma sensação porque o medo diminuiu, essa sensação lhe dá a ilusão de uma separação entre você e o medo. Quando o medo se foi e você tem a lembrança, você tem a sensação de que agora você teve o medo; ele já se foi. Essa sensação de separação entre você e o medo não ocorre no instante exato da dor quando ela está, desse pesar quando ele está, desse sofrimento quando ele está, desta emoção do medo quando o medo está. Não existe qualquer separação entre você e o medo.

Então, essa aqui é a primeira coisa. Assim, nós estamos diante, Gilson, de uma ilusão: a ilusão desse alguém que quer vencer o medo, mas esse alguém não existe. Quando o medo está, nós temos apenas a presença do medo. É quando o medo não está mais, é quando o sentimento diminuiu, que o pensamento cria essa separação, criando essa entidade que é o "mim", o "eu", com medo, no medo. Então, essa aqui é a primeira coisa: qual é a natureza do "eu"? A natureza do "eu" é aquilo que aqui está presente, se mostrando, mas nós não nos damos conta da natureza do "eu", porque nos separamos, a partir do pensamento, para falar de uma experiência que já foi. Veja como nós precisamos ter uma nova aproximação dessa questão - veja, não é da superação do medo, não é desse vencer o medo, mas uma aproximação para o fim desta psicológica condição do "eu", que é a psicológica condição do estado emocional de dor, de sofrimento, do medo.

Portanto, todo o nosso interesse, aqui, consiste no fim do medo, mas o fim do medo significa o fim desse elemento que é o "eu". Você não pode ter medo sem existir como alguém. Você não pode ter medo se você não existe para o medo. Você só fala de um medo dentro de uma relação entre você e a emoção, entre você e aquele estado doloroso, entre você e aquele estado assustador; então, tem você e o medo. Esse "você e o medo" estão dentro desse princípio de separação. Essa separação não existe, essa separação entre você e o medo é algo que o pensamento está produzindo. Então, repare que coisa importante nós temos aqui. Qual é a natureza do medo? A natureza do medo é o próprio pensamento. Qual é a natureza do "eu"? É o próprio pensamento. Do que é que você tem medo? É daquilo que você lembra, que lhe causa medo. Você não pode ter medo sem a lembrança daquilo que lhe causa medo. E se você tem a lembrança daquilo que lhe causa medo, o que você tem aqui é só uma abstração. Então, tem você e o medo da morte, mas a morte não está aqui. O que você tem da morte é uma ideia, é um pensamento.

Repare onde está a estrutura, a natureza do medo: a estrutura, a natureza do medo estão no pensamento. Você tem medo de ser traído; isso está no futuro, isso está no pensamento. Você tem medo de passar de novo por aquela situação que já passou um dia; isso é um pensamento sobre o futuro, sobre o passado. Então, é a noção do pensamento de passado e futuro a causa do medo. Você tem medo de envelhecer. Veja, isso é o futuro e é a presença do pensamento.

Todas as formas de medo que você tem - todas! - estão atreladas ao pensamento. Assim, a natureza do medo, a estrutura do medo, é o pensamento, e esse elemento presente, que é o "eu", que é esse "mim". Mas, quando é que esse "mim" também aparece? Não é quando o pensamento aparece? Ao se lembrar de algo que aconteceu a você - olha aí a presença do "eu" -, ao não querer que aquilo volte a acontecer - olha aí a presença do pensamento se projetando no futuro. Portanto, você vem a mim e pergunta: "Como se livrar do medo?", ou "Como superar o medo?", ou "Como vencer o medo?"... Investigar a natureza do "eu", a natureza do medo, a natureza do pensamento, é o fim para o pensamento, é o fim para o "eu", é o fim para o medo, porque nós temos o fim do passado, porque não temos mais o peso da lembrança. Nós temos o fim do futuro, nós não temos mais o pensamento do que será. O fim do pensamento do passado, o fim do pensamento do futuro. isso é o fim do tempo, isso é o fim do medo, é o fim do pensamento, é o fim do "eu"!

Talvez você pergunte: "Então, o que é o Despertar da Consciência?" É o Florescer de sua Natureza Divina. Essa Ciência do seu Ser é a Ciência de Deus, Aquilo que está presente aqui e agora, livre do pensamento, livre do "eu", livre do tempo, livre do medo. Há algo presente, como sempre temos afirmado, e esse "algo" presente está fora do passado, do presente e do futuro. Esse "algo" é a Realidade do seu Ser.

É algo além de todas as coisas, é um "algo" além do algo. É aquilo que é indescritível, além de todos os nomes, de todas as formas; a Realidade Divina! Isso é o fim da ilusão, isso é o fim da ignorância. Isso é o fim não só do medo, mas isso é o fim do sofrimento. Você nasceu para essa Realização, você nasceu para assumir Isso, para viver Isso nesta vida! É isso que estamos com você, aqui, aprofundando, trabalhando, tomando ciência. É fundamental, nesta vida, a Ciência da Vida livre desse "mim", desse "eu", que vive do passado. Precisamos descobrir o que é morrer para o passado, morrer psicologicamente para o que foi, então não haverá futuro. O fim do passado é o fim do futuro, é a Ciência da Realidade que está fora do pensamento, fora do tempo, é a ciência de Deus!

GC: Mestre, nós temos uma pergunta de uma inscrita aqui no canal. A Raquel faz a seguinte pergunta: "Mestre, e quando há depressão e ansiedade, como se livrar disso?"

MG: Gilson, repare a pergunta: "Quando há depressão e ansiedade, como se livrar disso?" Tomar ciência de suas reações, ficar próxima delas, descobrir como se aproximar dessa reação para olhar para ela. Quando temos um problema, nós só conseguimos lidar com o problema ao nos aproximarmos dele, e não ao nos afastarmos dele. Nós podemos afastar de nós um problema; há diversas formas de fazer isso, e é isso que nós temos feito. Nós preferimos nos afastar do problema ou afastá-lo de nós do que nos aproximarmos para olhar. Aí eu lhe pergunto: quando você se afasta de um problema, ele não mais existe ou ele está lá, em algum lugar, escondido para voltar de novo? Quando você se afasta de um problema, ou ele é afastado de você, ele deixa de estar lá em algum lugar, à espreita, olhando? Não, ele está lá! É por isso, Gilson, que nós não nos livramos dos problemas, porque nós não nos tornamos cientes deles!

Ao se aproximar de um problema, esse problema pode se revelar, ele pode se mostrar, ele pode se apresentar, porque você está perto dele, olhando para ele, descobrindo o que ele representa. Então, sim, a partir desse momento, nessa aproximação, nós temos a possibilidade do fim para o problema. Nós não estamos fugindo, não estamos escapando, nós não estamos nos afastando dele; nós estamos nos aproximando dele para olhar de perto. Quando nós aprendemos a olhar para o problema, porque nos aproximamos dele, nós descobrimos que não existe nenhuma separação entre o problema e "eu". É exatamente esse "eu" o problema. Até então, nós achávamos que tínhamos um problema, e agora a gente se dá conta de que não é verdade a ideia de que nós tínhamos um problema. A verdade é que "eu" sou o problema. Esse "eu" é o estado de aflição, de sofrimento, de dor; é o estado de desordem emocional, de inquietude, que está presente. Ao rejeitar esse estado, eu me separo para fazer algo contra ele. Ao fazer isso, estamos alimentando uma ilusão: a ilusão de que existe "eu" e esse estado.

Essa separação, Gilson, essa dualidade, essa ideia: "eu e a tristeza"... Repare, não existe "eu" e a tristeza! Quando a tristeza está presente, o que temos presente é a tristeza; não existe esse "eu" triste. Quando a angústia, a ansiedade, a depressão estão presentes, não existe esse "eu" deprimido; é só a depressão! Essa separação é algo que o pensamento, em você, está criando, nessa velha crença de "eu e o problema", "eu e a ansiedade", "eu e a depressão". Aqui, estamos colocando para você outra coisa: se aproxime do próprio estado, se torne ciente, apenas olhe para esse pensamento, para esse sentimento, para esse estado. Descobrir como olhar sem rejeitar, sem lutar contra, sem também afirmá-lo como sendo real para esse "mim"... apenas olhe! Olhar sem interferir, olhar para se dar conta, olhar para perceber. Então, nesse momento - volto a dizer -, o problema, o estado, se revela.

Está ocorrendo nesse olhar sem alguém olhando, nesse perceber sem alguém percebendo, nesse se aproximar sem alguém se aproximando, uma constatação do fim para essa condição de separação. Então, uma qualidade nova de energia surge nesse perceber, nesse olhar, nesse estar cônscio daquilo. Uma qualidade nova de energia surge, e, quando isso ocorre, nesse instante, nós temos o fim da separação entre esse "eu" e o estado. E o que ocorre com esse estado? Ele não se sustenta! Veja, exatamente isso: ele não se sustenta. Ele vem se sustentando, ele vinha se sustentando em razão dessa não observação, dessa não aproximação, dessa tentativa de se livrar, de escapar, de fazer algo contra o estado. Aquilo que estamos colocando agora, aqui, Gilson, é a real aproximação do Autoconhecimento. Isso é algo ligado diretamente a essa aproximação da Meditação. Ficar ciente da reação sem se envolver com ela, isso representa o fim dessa reação, dessa condição psicológica; isso é o fim desse estado.

Veja, a real forma de nos aproximarmos da vida é a forma desse olhar, desse se dar conta, desse estar cônscio, sem o envolvimento desse "mim", desse "eu", desse observador, desse que quer se envolver para fazer algo contra, quando é ruim ou desagradável o estado. Assim, Gilson, é fundamental aprendermos a nos aproximarmos da vida sem o "eu", sem esse observador, sem esse experimentador, sem esse que quer experimentar ou quer se livrar. É isso que estamos trabalhando aqui com você, descobrindo como se aproximar desse momento sem o passado, sem esse fundo, sem esse elemento para interferir. É assim que lidamos com todo e qualquer estado ligado a essa condição psicológica, que é a condição desse "eu", "eu-estado", "eu" e a ansiedade, o medo, a depressão... Mas, também, isso vale para estados assim chamados "positivos", que reforçam essa ilusória identidade que é o ego, que é o "eu". Isso fica para uma outra fala, ok? Mas essa é a aproximação real. É assim que nos aproximamos.

GC: Mestre, nós temos uma outra pergunta, de um outro inscrito aqui no canal. A Emília faz o seguinte comentário e pergunta: "Olá, Mestre. Pode falar sobre o poder do pensamento de criar o ego e todos os problemas a ele associados? Isso acontece ao nível cerebral?"

MG: Gilson, essa sustentação desse elemento que é o "eu", o ego, é a sustentação do próprio movimento mecânico, automático, inconsciente, repetitivo e condicionado do próprio cérebro. Não existe qualquer separação entre esse condicionamento cerebral e esse movimento de separação da realidade da vida, como ela acontece. Esse movimento de separação é algo psicológico, mas todo esse movimento psicológico está relacionado, claramente, à forma como esse cérebro condicionado, nesse intelecto condicionado, está processando tudo isso.

Então, a condição da insciência do pensamento, da não ciência do movimento dele, faz com que o cérebro continue realizando seus registros e sustentando essa continuidade do passado, e isso ocorre em razão da falta desta atenção, desse olhar para essas reações. Então, sim, todo o movimento do condicionamento mental está estreitamente, diretamente ligado a esse modelo de cérebro condicionado. Apenas quando esse modelo de cérebro condicionado não está mais, em razão da presença dessa atenção, o cérebro não mais continua mantendo sua velha condição de automatismo, de inconsciência, de registro automático.

Assim, a beleza desse encontro com esse olhar para este instante, com esse observar deste momento - de todas essas reações, colocando plena atenção sobre isso -, a beleza disso é que, nesse momento, há uma quebra dessa continuidade de padrão de registro automático, mecânico e inconsciente. Isso representa o fim para esse intelecto condicionado, para essa mente condicionada. A Realidade está presente, algo novo está presente, algo fora desse padrão velho e antigo de condicionamento mental, de condicionamento cerebral.

Uma vida livre do tempo psicológico é uma vida livre de um cérebro condicionado, de um cérebro que registra de uma forma automática, mecânica e inconsciente tudo aquilo pelo qual ele está passando. Esse modelo é o modelo de um cérebro que vem sustentando, há milênios, uma suposta entidade presente nas experiências. É por isso que nós sustentamos a ilusão desse pensador, desse experimentador, desse observador. Essa ilusão está presente porque esse cérebro está condicionado ao entrar em contato com o momento, olhar este momento a partir desse registro que é o experimentador, que é o pensador, que é o observador.

Esse assunto requer uma profunda investigação, uma direta aproximação, bastante clara de tudo isso, para o fim desse velho modelo, e é exatamente isso que estamos fazendo juntos nesses encontros, sobretudo encontros on-line e encontros presenciais. Os retiros fazem parte desses encontros.

GC: Gratidão, Mestre, já deu nosso tempo. Gratidão por mais este videocast. E, para você que está acompanhando o videocast até o final e tem o desejo real em se aprofundar nesses ensinamentos, fica o convite para participar dos encontros que o Mestre Gualberto proporciona. São encontros on-line de final de semana; existem também encontros presenciais e retiros de vários dias.

Nesses encontros, o Mestre Gualberto responde diretamente às nossas perguntas - e muito mais do que isso. Por o Mestre já viver nesse Estado Desperto de Consciência, ele compartilha um campo de energia à sua volta. E, nesses encontros, a gente acaba entrando de carona nessa energia do Mestre. E isso nos ajuda demais nesse processo de nos conhecermos, a entrarmos em Meditação, a percebermos o movimento incessante dos pensamentos.

Então, fica o convite. No primeiro comentário, fixado, tem o link do WhatsApp para poder participar desses encontros.

E, Mestre, mais uma vez, gratidão pelo videocast.

Abril de 2025
Gravatá-PE
Mais informações

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui o seu comentário

Compartilhe com outros corações