Aqui nós temos um único propósito, e o propósito é tomarmos ciência da Realidade Divina, da Verdade sobre nós mesmos. Essa é a ciência de Deus. Uma vez que isso fique muito claro, sem qualquer sombra de confusão, de desordem, de sofrimento, nós estamos diante d’Aquilo que alguns chamam de o Despertar da Consciência ou Iluminação Espiritual. A sua Natureza Verdadeira é a Natureza Divina, é a Natureza de Deus.
Eu quero começar tratando com você dessa questão da vida, onde as ações acontecem. Em geral, nós chamamos de relacionamento aquilo que ocorre entre pessoas. Você nunca diz que está num relacionamento com o carro, ou com o sofá da sua casa, ou com a TV. Nós, em geral, usamos a expressão relacionamento ligado a um contato entre pessoas.
Eu quero tocar nessa questão do Despertar e o relacionamento. Vamos com você aqui olhar de perto isso. Afinal, no que consiste a vida? A vida consiste de ações acontecendo. Então vamos chegar lá nessa questão dos relacionamentos.
A vida consiste em relações. Nós estamos, sim, em relação, desde a manhã até a noite, com objetos. Quando você sai da cama pela manhã, você acaba de romper uma relação com o travesseiro, com o lençol, com a fronha, com a cama. Então se rompe essa relação e novas relações começam a acontecer: é com a escova de dentes, é com o espelho do banheiro.
O nosso contato nesta vida é de relação. E nós fazemos uma confusão entre a beleza da relação com essa desordem e contradição presente naquilo que nós chamamos de relacionamento, que é o que ocorre entre pessoas.
Eu tenho para mim que é fundamental você se dispor a se colocar em uma escuta passiva. Essa escuta passiva é aquela habilidade de apenas escutar uma fala como essa e acompanhar, sem qualquer necessidade de entrar em acordo ou em desacordo com aquilo que você escuta.
Então, a maneira correta de uma aproximação de escuta é que, nesse momento, se torna possível estarmos dentro de uma mesma sintonia, porque podemos acompanhar uma fala sem discordar ou concordar. Isso te coloca numa disposição interna, onde você não está simplesmente ouvindo a fala, mas há um escutar, e nesse escutar não tem aquele que fala nem aquele que escuta.
Então, a verdade do escutar é que quem ouve não interfere, e a fala daquele que fala é só uma fala. Não existe qualquer compromisso de convencimento, de persuasão. Não se trata aqui de você simplesmente acreditar nisso. Não se trata de uma intenção aqui de lhe fazer acreditar. Basta escutar.
Nesse escutar se revela se o que está sendo dito é real ou não. E nenhuma concordância ou discordância se faz necessária. E nenhuma motivação daqui para aí para lhe impingir um nível qualquer de crença se faz necessário. Vamos investigar aqui com você essa questão da ação.
Repare: a comunicação é algo possível quando há essa escuta. Uma vez que estamos dentro de uma sintonia, de um encontro, onde o que está prevalecendo não é o intelecto, e sim o coração, podemos entrar numa profunda comunhão, dentro de uma fala como essa. Então temos, sim, uma aproximação da verdade da ação.
Acabamos de colocar: desde a manhã até a noite, nós estamos dentro de ações acontecendo, ações de relações. Nós não brigamos com o travesseiro, nem com a fronha, nem com o lençol, nem com a escova de dentes, nem com o espelho. Mas na nossa vida, na relação com o outro, com a outra, na relação com pessoas, nós temos transformado em uma qualidade de relação onde está presente o conflito, onde está presente algum nível de disformidade, de complicação, de sofrimento.
Nós chamamos de relacionamento esses nossos encontros. Então, estamos sempre em um contato com pessoas, com o marido, a esposa, os filhos, a família, com o mundo à nossa volta, com esse mundo de pessoas dentro de contatos, de relacionamentos.
Será possível descobrirmos aqui, na vida, uma qualidade de vida que seja de pura relação? Onde tenhamos presente algo além dessa mera condição de associação que temos com pessoas, onde está presente uma vinculação psicológica, onde está envolvido sentimento, emoção, sensação, onde está presente o sentido de uma identidade presente nesse modelo de experiência?
A verdade sobre a vida é que a vida consiste de relações, e nessas relações, ações acontecendo. Mas se nessas ações está envolvido o sentido de uma identidade presente, que é o “eu”, esse “mim”, esse sentimento de pessoa, nesse contato com ele ou ela, a confusão surge, a complicação surge, o problema surge. E surge por quê? Porque estamos colocando dentro dessa ação uma qualidade de pensamento desnecessária. É a qualidade de pensamento que vem de um fundo, que vem de um passado, de uma lembrança, de uma recordação, de anterior relação com ele ou ela.
Com ele ou ela eu tenho já uma ideia de quem ele ou ela é, e com base nisso, o meu contato com ela ou ele é um contato a partir de uma configuração de ideia que tenho. Assim, essa ação, agora, aqui, nesse encontro, não é uma ação livre do pensamento, mas é uma ação organizada, programada, idealizada pelo pensamento.
Quando você olha para um pôr do sol, ou um nascer do sol, ou está diante de um rio, ou em algum nível de contato com a natureza, você sabe que esse contato sempre é novo. Você tem o jardim da sua casa. Pela manhã você se depara com o jardim. Você não tem nenhum problema com o jardim. Você se depara com o pôr do sol, você não tem nenhum problema com o pôr do sol. Você se depara com o rio, ali, sentado, quando vai pescar. Você não tem nenhum problema com o rio.
Em um contato com a natureza, você não tem nenhum problema. Em um contato com esse sair da cama pela manhã, você não tem nenhum problema. O seu contato é um contato de relação, seja com a natureza ou com objetos, como o travesseiro ou a fronha. Não há nenhum problema. E, no entanto, no contato com a esposa, você a vê a partir do passado.
O seu contato com a vida nesse momento é um contato novo, sempre novo, como esse contato com a natureza, como esse contato com o seu travesseiro. Você está num contato novo. Você acabou de romper o contato algumas horas antes, pela manhã, e agora você volta à noite para dormir, e de novo a relação está presente com o travesseiro, com a cama, com a fronha, com o cobertor, e não há nenhum conflito psicológico.
Mas no contato com a esposa, com o marido, com os filhos, com pessoas à sua volta, o conflito está estabelecido, o conflito está presente. Por que o conflito está presente? Porque você a vê, você o vê a partir do pensamento, dessa qualidade de pensamento da qual estou tratando aqui com você.
Nós precisamos tomar ciência da verdade sobre esse modelo de pensamento, que nos coloca dentro de uma relação que não é uma simples e direta relação com o que está aqui, nesse instante. Nós estamos num contato, nessa relação, a partir do pensamento, e o pensamento distorce a realidade do momento, distorce a realidade do encontro.
Ao se deparar com a esposa, com o marido, com os filhos ou com pessoas, não é como se deparar com a natureza. Você está sempre num contato de relação com tudo à sua volta, mas com ele ou ela o seu contato é a partir de imagens que você tem, que você traz do passado. Assim, nossas ações ocorrem dentro dessa condição psicológica, onde está estabelecida a contradição, algum nível de desconforto, de problema, de sofrimento, e isso está presente em razão do modelo do pensamento.
Notem o que estamos colocando aqui. Estamos dizendo para você que é possível, sim, uma vida onde haja uma relação sem a base desse modelo de pensamento onde você gosta dela ou não gosta dela, onde esse movimento de pensamento está acompanhado de sentimento, sensações, emoções. Isso ocorre em razão da forma como você a vê, a partir de uma imagem que o pensamento tem construído sobre quem ela é ou ele é.
Então, nossas ações não são ações livres. São ações que têm a qualidade do pensamento. Reparem que pensamentos geram sentimentos, e esses sentimentos geram ações. Assim, essa ação que tem por base, princípio, motivo o pensamento, são ações que nascem de conclusões, crenças e afirmações que vêm do passado. Então existe esse gostar ou não gostar.
Esse atuar tem por base esse movimento, e esse movimento é o movimento do ego, é o movimento do “eu”, desse sentimento, pensamento de pessoa que eu tenho, sobre quem eu sou. Isso construiu uma imagem sobre quem o outro é, sobre quem o outro representa para “mim”. Assim, as nossas ações são ações egocentradas, produzindo desordem, produzindo sofrimento.
Notem que no contato com as pessoas, nós ficamos cansados delas. Então há esse movimento de gostar e não gostar da mesma pessoa. Notem que internamente estamos em contradição. Nesse modelo de contradição, nosso comportamento está acontecendo.
Será possível descobrirmos a vida livre desse sentido de pessoa que trazemos para as nossas relações? E, portanto, será possível vivermos livre desse modelo de relacionamento como nós conhecemos, para termos um contato com ele ou ela, com a vida, nesse contato com as pessoas, com a mesma liberdade que tenho nesse contato de relação, por exemplo, com a natureza? Será possível uma vida sem conflito, sem contradição, sem desordem, sem sofrimento?
É isso que estamos aqui lhe convidando a investigar. Isso é possível quando você compreende o movimento dessa consciência, que é a consciência do “eu" em você, quando você vai além desse modelo de identidade do “eu”, dessa pessoa, dessa autoimagem, que é a imagem que você tem sobre quem você é. Se isso termina, você não constrói mais imagens das pessoas à sua volta.
O seu contato com ele ou ela não será mais um contato com base no pensamento. Você tem, sim, a lembrança necessária, funcional, prática e objetiva nessa relação. Essa lembrança é como estar diante da natureza e poder se lembrar que ali está o sol, que ali está o rio, que ali estão as flores naquele jardim da sua casa, mas é um contato de lembrança onde não existe o passado. Há só uma constatação do que está presente, mas não tem ali o passado.
O seu contato com a esposa pode ser livre do passado, com o marido pode ser livre do passado, com as pessoas pode ser livre do passado. O seu contato com você mesmo pode ser livre do passado. Um contato nesse nível é a relação, onde o ego, o “eu”, não está e, portanto, esse sentido de separação, de dualidade, “eu e o não eu”, “eu e ele”, “eu e ela”, “eu e o mundo”, não está presente.
É a partir desse elemento, que é o sentimento, pensamento “eu”, que surge essa separação. E se essa separação está presente, o que temos presente é um nível de contato não de simples e direta relação, porque temos esse elemento psicológico, que é o ego, que é o “eu”, que é essa autoimagem, traduzindo esse contato já no nível de busca de alguma coisa, de cobrança de alguma coisa. Então o desejo está presente e o medo está presente.
Aqui estamos com você investigando a Verdade do Despertar Espiritual e essa ilusão desse modelo de relacionamento. Quando há o Florescer de sua Natureza Divina, que é a Verdade do seu Ser nesse instante, o seu contato com o momento é novo, não é algo que vem do passado. Notem que parece que já ficou claro aqui o que foi colocado. Essa sua prontidão de apenas escutar já lhe mostrou isso.
O seu contato com o quarto é novo, o seu contato com o espelho pela manhã é um contato novo, mas o contato com a esposa ou marido, com base no pensamento, algo que vem do passado, de dentro de você, está transformando esse contato em algo velho, sem a beleza, o frescor, a naturalidade, o encanto do momento.
Você nunca vê o mesmo pôr do sol, você nunca vê o mesmo nascer do sol. Pela manhã é um novo nascer do sol e à tardezinha você está diante de um novo pôr do sol. Assim, esse contato com o mundo à sua volta, onde as pessoas estão presentes, pode ser um contato assim, se o ego não está. Então nós temos uma qualidade de ação totalmente diferente. Uma ação livre do passado e, portanto, livre da dependência psicológica que o pensamento introduz em nossas relações.
Esse é o nosso assunto aqui com você. Estamos lhe propondo o fim do “eu”, o fim do ego, uma vida livre de contradição, de sofrimento, onde o Amor está presente na relação. Então, sim, nossos relacionamentos não são mais os velhos relacionamentos com base no antigo modelo do ego. Estamos diante de Algo novo.
Então, esse é o nosso assunto com você aqui com você. Fora isso, nós temos nossos encontros online ocorrendo nos finais de semana. Sábado e domingo estamos juntos em um contato com o Silêncio, em um trabalho direto com a Meditação e, através de perguntas e respostas, podemos trabalhar isso juntos.
Fora isso, temos encontros presenciais e, também, retiros, que ocorrem em alguns períodos do ano. Se isso que você acabou de ouvir é algo que faz sentido para você, fica aqui o convite.
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