Como meditar de forma correta? Porque vocês têm escutado essas falas e achado bastante curioso, e para alguns, bastante estranho também. Há uma certa estranheza quando vocês nos escutam falando sobre a Meditação, porque, em geral, o pensamento que temos sobre meditação é de uma coisa que você faz, que você realiza, que você pratica.
Veja, estamos sempre voltando a temas e a assuntos aqui que, a nosso ver, são fundamentais. Então, nós percebemos a importância de voltarmos a esses assuntos, de aprofundarmos esses assuntos, para que, de fato, possamos ter uma compreensão deles. Essa perspectiva, por exemplo, da compreensão que nós temos, em geral, é equivocada.
Para nós, compreender alguma coisa significa entender aquilo a nível intelectual. Reparem o equívoco presente dentro dessa proposta. Você não pode entender algo porque intelectualmente se aproximou daquilo. Ou, esse entender intelectual até pode estar presente, mas isso não é compreensão.
A compreensão é a visão direta daquele assunto. Não é a percepção ou a aproximação indireta daquilo, como em geral nós fazemos quando fazemos o uso da fala. Então, você escuta uma palestra e sai dali com um entendimento do assunto, mas esse entendimento é intelectual. Não há compreensão. Só haverá compreensão quando diretamente esse assunto não for mais uma teoria.
Assim é essa questão da Meditação. Talvez você me diga: “Não, mas a questão da meditação é que eu pratico a meditação”. Sim, você pratica a meditação, mas essa é a meditação onde o elemento “eu" está presente na prática. É isso que temos que investigar aqui com você, que é o que nós temos feito em todas essas falas que causam estranheza para alguns.
Você não tem como ter um olhar direto – veja, não é indireto, mas direto, completo – para esse assunto da Meditação sem a vivência do que isso representa. E a prática da meditação, que em geral as pessoas praticam, é aquilo que elas estão presentes dentro da própria prática, e Meditação não é isso. A vivência da Verdade da Meditação é a presença da Meditação. Só há ela, não tem alguém presente na Meditação.
Vamos explorar isso aqui com você. Vamos ter logo como princípio uma coisa aqui. A nossa ocupação aqui é de nos aproximarmos da compreensão e não do mero entendimento intelectual de um dado assunto, de um certo assunto. E esse assunto aqui, nesse momento, é a questão da Meditação.
Se você pergunta como meditar da forma correta, é necessário que você compreenda que a Meditação é a ciência de simplesmente Ser, e isso não está presente quando a ideia de alguém presente em uma execução prática, em uma ação, dentro de um certo movimento, está acontecendo. Porque esse alguém está separado desse movimento ou dessa execução ou dessa ação.
Assim, a Verdade sobre a Meditação é que não há meditação enquanto o meditador está presente, porque a Meditação é algo que está presente como pura Consciência, como puro Ser, como ciência do que É, e isso é a ausência da dualidade. Por isso que a Verdade da Meditação é Advaita, como temos colocado.
A Real Meditação é ter uma aproximação desse momento sem o elemento que se separa, que é o “eu”, o ego. Portanto, é a ausência do meditador. A presença da Verdade da Meditação é a ausência do “eu” na experiência. Não se trata de uma ação, não se trata de um fazer, não se trata de um realizar, porque há uma separação entre esse que realiza e aquilo que está sendo realizado, entre o que está sendo feito e alguém nesse fazer.
Assim, é um equívoco toda essa preparação para o exercício de uma prática meditativa. Então, você se coloca numa disposição de controle do pensamento, ou da emoção, da respiração. A crença comum é que o corpo tem que estar em uma condição em que ele silencie para a meditação acontecer. Isso pode parecer razoável, mas não é de um corpo quieto que você precisa, e sim de um cérebro quieto.
É possível que você aquiete o cérebro. E quando você aquieta o cérebro pelo esforço, por uma prática, o corpo se aquieta. E, nesse momento, você entra num estado diferente de consciência do “eu”. Na verdade, é um estado de consciência mental diferente. Então há um certo silêncio, há uma certa quietude.
A qualidade dessa quietude, desse silêncio, será determinada pela prática. Mas haverá uma relação direta entre essa quietude e silêncio com a prática, uma dependência. Assim, estamos diante de algo que funciona mecanicamente. Temos um silêncio alcançado por uma mecanicidade, temos uma quietude alcançada por uma mecanicidade, por uma técnica, uma prática, isso é algo mecânico. Então, há um executor, há um elemento presente na execução disso, que é o “eu".
Aqui a nossa ênfase está na ciência da Meditação, que é Ser pura Consciência. Não está presente o meditador. Isso dispensa uma técnica, dispensa uma prática, dispensa essa mecanicidade, onde o cérebro se aquieta, onde a mente se aquieta – ela é, na verdade, aquietada. Eu sei que isso soa estranho para a maioria das pessoas nesse movimento de busca por essa Realização.
Veja, a grande verdade é que nem isso realmente existe para a maioria das pessoas. Elas se envolvem numa prática de meditação na tentativa de encontrarem um alívio para essa pressão psicológica, para essa pressão sentimental, emocional, de pensamentos, onde elas estão ansiosas, deprimidas, angustiadas, preocupadas, estressadas, e, assim, elas se envolvem com uma técnica ou prática de meditação com esse propósito.
Então, a cada dia se criam novas técnicas ou práticas, e isso resulta em um silêncio ou uma quietude mecânica que desestressa, acalma, tranquiliza, mas nada disso, nenhuma dessas práticas ou desse envolvimento com esse modelo de exercício, assim chamado, místico, esotérico ou espiritual, tem algo a ver com a Realização do Despertar da Consciência. Porque a Verdade do Despertar da Consciência requer Autoconhecimento.
É o Autoconhecimento a base para a Revelação do seu Ser, de sua Natureza Verdadeira. E o Autoconhecimento é a constatação dos seus motivos, razões, medos, desejos, preocupações, anseios, receios, problemas. E isso você constata no viver. É no dia a dia, é a cada momento, no contato de nossas relações, que isso é percebido.
Você percebe o estresse enquanto está trabalhando, você percebe a ansiedade dentro do relacionamento com ele ou ela, ou numa relação com um futuro, algo que você espera, aguarda. É sempre no contato com o viver, instante a instante, que nos deparamos com tudo isso, e não quando nos sentamos, cruzamos as pernas e recitamos um mantra, uma frase ou colocamos uma música suave. Esse ambiente está preparado para a quietude e para o silêncio.
Então você procura um lugar onde não possa ser perturbado, onde não tenha barulhos externos. Nesse momento, o cérebro se aquieta, o corpo relaxa, mas você está longe do seu dia a dia, do viver comum. Você não está num contato com amigos do trabalho, ou com o exercício da profissão, ou na relação com a família, ou com o marido, ou com a esposa, ou com os filhos. Então, não existem fatores externos de estresse, nem internos, para serem percebidos de estresse, num ambiente separado, num ambiente preparado para essa, assim chamada, quietude ou silêncio, que você chama de prática de meditação.
A Meditação é algo presente agora, quando suas reações são vistas na relação com ele, com ela, com o trabalho, com o pensamento que surge sobre o futuro ou sobre o passado. A Meditação está presente agora, quando, nesse instante, você descobre o que é não colocar a presença desse elemento que avalia, compara, aceita, rejeita, julga, gosta, não gosta do que está presente aqui, nesse instante; quando você não coloca o observador, o experimentador, esse “eu”, esse ego, aqui, nesse instante, enquanto dirige o carro, enquanto fala com alguém, no momento em que um pensamento surge ou uma emoção aparece;
Então, esse é o contato com a Verdade da Meditação, é aqui, é agora, nesse momento. Então, a Meditação não é algo separado do viver. E é no viver que você descobre a vida acontecendo sem o “eu”. Então, esse viver, que é a vida sem o “eu”, é a Meditação. É como quando você olha para um prédio. Aquele prédio está em pé, mas antes dele ser erguido, uma estrutura foi construída, uma base foi colocada para a construção daquele edifício.
Aqui a base, a estrutura é o Autoconhecimento. E o Autoconhecimento não se separa da vida, do viver. Nesse contato com o marido, com a esposa, com o patrão, com os funcionários, com as contas no final do mês para pagar, com as situações pendentes para serem resolvidas, com todos esses fatores de ansiedade, de estresse, de preocupação, de aborrecimento, de contrariedade, aqui você está num contato direto com a base para o Autoconhecimento.
Então, Autoconhecimento ocorre simultaneamente quando sabemos o que é a Verdade do Autoconhecimento. Como desenvolver o Autoconhecimento? É isso que nós precisamos compreender. Veja, não é uma técnica. É a ciência dessa Consciência aqui. É isso que traz o aprofundamento dessa questão da Liberdade que reside nessa base. A base é o Autoconhecimento. A Liberdade está na ciência dessa visão da Não separação, da Não dualidade.
Meditação tem tudo a ver com a Advaita, a Verdade da Meditação. Então, quando você pergunta: “Como desenvolver o Autoconhecimento?” Aqui e agora, tomando ciência do movimento do “eu” nas relações. Reparem, isso é a base para a Meditação. Qualquer outra técnica ou prática ou fórmula para a meditação são mecanismos de fuga. Isso é bastante conhecido em psicologia.
Tudo o que o ser humano tem feito é fugir, é procurar escapar da ansiedade, do estresse, do nervosismo, do medo. E um dos mecanismos é, também, a prática do relaxamento, do silenciar o pensamento a partir de uma técnica de respiração ou de repetição de mantra ou algo do tipo. Isso não tem nada a ver com o Florescer de sua Natureza Verdadeira, porque isso não tem nada a ver com a Verdade do Autoconhecimento.
A base para a Meditação é o Autoconhecimento. Então, essa é a importância do Autoconhecimento, porque o Autoconhecimento lhe dá a base para a Realização do seu Ser, para a Verdade da Meditação. É isso que estamos trabalhando com você aqui.
Nós precisamos nos livrar de todos esses mecanismos de fuga psicológica, de todos esses mecanismos de fuga conhecidos dentro da psicologia. E essa busca de uma técnica ou prática para escaparmos desses estados será só um escape temporário. Isso pode se mostrar de uma forma maravilhosa, a princípio, mas isso não tem nada a ver com a Realização. Isso não tem nada a ver com o Florescer da Sabedoria, da compreensão de Deus, que é a compreensão da Verdade do seu Ser, que é a Consciência Real, que é a Felicidade Real, que é a Paz Real, Amor Real.
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