Uma forma equivocada de pensar a respeito desse encontro com a espiritualidade ou desse encontro com Deus é o que, em geral, as pessoas têm feito. Quando elas perguntam: "Como encontrar Deus?" "O que posso fazer para realizar a espiritualidade?" "O que é realizar essa busca pela espiritualidade?" Elas não compreendem que a espiritualidade não é algo que você positivamente realiza, por que quem é esse elemento presente que se propõe a realizar tal coisa?
Temos que investigar a natureza desse "eu", que é o elemento que se propõe a encontrar essa, assim chamada, espiritualidade. E quanto a esse encontro com Deus, é a mesma coisa. Não é você que encontra Deus, é a Realidade de Deus que te encontra. Não é você que encontra ou, nessa busca pela espiritualidade, realiza essa espiritualidade. A verdadeira Espiritualidade não é algo que você realiza, assim como a Realidade de Deus não é algo que você encontra.
Só há Real Espiritualidade quando o sentido do "eu", do ego, desse "mim", dessa "pessoa", não está. Portanto, não se trata de uma pessoa espiritual ou uma pessoa espiritualizada; trata-se, sim, da Realidade do Desconhecido presente nesse corpo e nessa mente. Assim, não é você tendo um encontro com Deus, é a Realidade de Deus assumindo a Verdade da vida aí, em sua mente, em seu coração. Não é alguém assumindo Isso, é Deus assumindo Isso.
E como podemos nos aproximar realmente disso? E como podemos, de fato, assumir isso nesta vida? Já que não é de uma forma positiva, ou seja, não se trata desse "eu", desse "mim", realizando Isso, encontrando Deus ou, pela busca, realizando a Espiritualidade. Então, como isso se processa? Pelo descarte da ilusão do "eu".
Veja, eu disse exatamente isso: pelo descarte da ilusão do "eu". Você se vê como alguém real para realizar coisas. Isso porque algumas coisas na vida você já realizou. Repare, a ideia de ter realizado, de ser alguém que realizou. Então você fez um curso superior e adquiriu uma formação, uma graduação, ou você estudou alguma coisa e aprendeu aquilo, e agora está fazendo uso desse conhecimento, dessa informação naquela dada profissão, então a ideia de ter realizado. Ou então você construiu um negócio, e ele está funcionando, e ele está indo bem, então você é a pessoa que realizou.
Veja, estamos diante de uma ideia, de um conceito, de uma crença. Um grande número de coisas aconteceu para que essas realizações ocorressem. No entanto, esse sentimento de "eu que realiza", nós carregamos conosco. A ideia de alguém que realiza coisas, na crença de que tudo isso dependeu exclusivamente de mim. Isso é uma crença, é uma ideia, é uma forma de pensamento, é uma imaginação.
Assim, também acreditamos que podemos realizar Deus, ou ter esse encontro com essa Vida Divina; e é apenas nesse sentido que usamos aqui a expressão "Espiritualidade". Não tem nada a ver com rituais, cerimônias ou práticas, assim chamadas, místicas, esotéricas ou espiritualistas. Aqui a Verdade da Espiritualidade é a ausência de alguém espiritual. A Realidade de Deus se revelando é a ausência do "eu".
Assim, nós voltamos à pergunta: e como isso se processa, já que não sou eu que realizo, já que não sou eu que faço? Veja, qual é a verdade desse "eu"? Essa é a primeira questão. Então, não se trata de encontrar, pela busca, a espiritualidade, não se trata de encontrar Deus a partir de um movimento interno de conceitos, de ideias, de crenças - que por sinal nós recebemos da cultura religiosa.
Então, como realizar Isso? Tomando ciência da Verdade sobre Você; e não há qualquer separação entre a Vida, Deus e Você, em sua Natureza Essencial, em sua Natureza Real. O encontro com a Verdade requer a presença da investigação do falso. Investigar a natureza daquilo que não é é a aproximação daquilo que é. Você não pode ir positivamente à Verdade do que é; você pode investigar, indiretamente, essa Verdade do que é investigando o que não é. Essa é a aproximação real da Verdade de Deus, da Verdade Divina.
Qual é a verdade sobre você? Se dar conta da ilusão que você é, essa é a aproximação verdadeira desse assunto. Quem é você? Aqui a pergunta é: quem sou eu? Qual é a verdade sobre esse "mim"? É por isso que estamos com você explorando aqui sobre o que é esse aprender sobre o Autoconhecimento. A verdade desse aprender é o descarte da ilusão do "eu". Então, ver o falso, tomar a ciência da ilusão, a ciência do falso, a ciência da ilusão é a visão da Verdade. A ilusão é esse sentido do "eu", desse "mim", dessa "pessoa".
Como podemos ter uma aproximação disso? Aprendendo a olhar para as nossas reações. Por exemplo, quando você está triste, aborrecido ou preocupado, em geral, você apenas responde ou reage de uma forma automática, sem qualquer ciência dessa reação. Quando você está zangado, com raiva, aborrecido, você responde com aborrecimento, responde com essa zanga, responde com essa chateação àquela dada situação.
Então, as nossas reações são reações que nascem, que vêm do passado, e estamos sempre respondendo de uma forma reativa, em razão da presença desses estados, sem nunca investigar o que eles representam. Assim, não tomamos ciência de nossas reações, para irmos além delas, para termos uma compreensão de algo além delas. Nós estamos sempre reagindo, respondendo de uma forma mecânica, inconsciente e automática.
"Quando tenho raiva, respondo. Quando estou triste, respondo. Quando há um estado de tristeza ou depressão ou angústia, respondo. Ainda não aprendi a olhar para isso, a me dar conta desse estado, a isso investigar, a estudar isso aqui. O que é isso? O que eu sou? Ou quem eu sou nesse momento?" Então, a presença do Autoconhecimento é esse olhar sem reagir. Nesse constatar, isso que se mostra, se revela; e quando isso se revela, nós temos o fim para essa condição, porque estamos diante de um modelo de inconsciência, de mecanicidade, de resposta de memória, algo que vem do passado.
Romper com essas condições, com esses quadros internos, psicológicos, de sentimento, emoções e pensamentos, é romper com esse padrão do ego, com esse padrão do "eu". Isso requer a presença desse olhar, desse observar, desse perceber diretamente tudo isso. Veja, estamos tratando aqui com você da base para a Revelação da Verdade sobre Deus, da Verdade sobre a Verdadeira Espiritualidade, desse real encontro com o Divino, com a Natureza do seu Ser.
Portanto, a base para uma vida livre, feliz, harmoniosa, em paz, em felicidade, é a ciência da Realidade de Deus; e essa Realidade de Deus se mostra presente quando temos o fim para essa psicológica condição. Assim, compreenda todo esse processo que dá continuidade a esse elemento presente, que sustenta esse elemento presente, eu me refiro a esse processo de inconsciência de respostas - aquela resposta daquele que está com raiva, zangado, aborrecido, chateado, triste -, viver dentro dessas respostas, sem um olhar direto para o que isso representa, para o fim dessa condição, é se manter dentro desse velho processo de inconsciência, de vida do "eu", de vida do ego.
Assim, o que é esse aprender sobre o Autoconhecimento? É descobrir o que é olhar, observar, perceber. Veja, é perceber, não é fazer algo. Porque a ideia de fazer algo é a ideia de um elemento que já se vê separado para agir de uma forma positiva, ou seja, contrária a essa condição. Uma vez que a ideia é que essa condição seja uma condição negativa, esse sentido do "eu", do ego, quando interferir, é para modificar, é para alterar, é para trazer esse, assim chamado, elemento positivo de desconstrução dessa condição. Veja, não é isso que estamos falando aqui.
Nós precisamos aprender a olhar, apenas a olhar, apenas constatar, se dar conta disso. Quando há esse olhar, essa condição psicológica passa por uma profunda mudança, por uma profunda transformação. Há algo presente, que é a condição de uma nova ação que surge a partir dessa compreensão, nesse simples e direto olhar, perceber e observar.
Então, a verdadeira aproximação do Autoconhecimento não é fazendo escolhas, não é tirando conclusões, não é fazendo avaliações, não é criando ajustamentos ou buscando fazer mudanças. A Verdade sobre o Autoconhecimento consiste em aprender a olhar, sem reagir. Então Algo surge, Algo fora do conhecido, Algo fora da mente, Algo fora do "eu", Algo fora desse processo. Isso é o fim para essa separação, que é esse elemento que está sentindo isso, envolvido com isso, se movendo nisso.
Reparem como temos aqui uma grande base para o fim da dualidade. Porque a ideia em nós é de alguém triste, então tem alguém e a tristeza; é de alguém zangado, com raiva, com medo ou preocupado, e esse alguém fazendo algo contra isso. Não existe qualquer separação entre esse estado e esse alguém, e você toma ciência disso quando aprende a observar, a olhar, a perceber. É por isso que enfatizamos aqui a beleza da Meditação, da Real Meditação.
A Verdade sobre a Meditação é o descarte desse particular modelo de separação, onde temos esse "eu" e o estado. Então se revela Algo fora da mente, Algo fora do ego, Algo fora dessa condição. Então, nesse momento, nós aprendemos, na vida, o que é a vida nesse encontro com o outro, com o mundo, com as situações, com os acontecimentos, Percebam a importância disso.
A base das nossas relações humanas, por exemplo, é a confusão. Nós estamos sempre, constantemente, sustentando algum tipo de desordem, confusão e conflito em nossas relações humanas. Isso porque, internamente, nós estamos confusos, desorientados, preocupados, aflitos e infelizes, em razão desses estados conflituosos em que nós nos encontramos.
A eliminação do sentido do "eu", do "mim", do ego, aqui, é o Amor nas relações humanas, é a Paz nas relações humanas, é a Felicidade nas relações humanas. É quando o seu contato com o marido, a esposa, os filhos, o mundo à sua volta é algo inteiramente novo, porque o sentido do "eu", desse "mim", desse ego, não é mais.
Realizar, na vida, a Verdade da Vida é assumir a Liberdade de Deus, é assumir essa Liberdade desse encontro. Então, não existe nada mais importante na vida do que esse verdadeiro encontro com a Verdade. Então, a resposta para a pergunta "como encontrar Deus" reside no fim dessa ilusão desse sentido do "eu", dessa dualidade, dessa separação entre esse "eu" e esse outro estado, seja ele medo, ansiedade, preocupação, raiva.
O encontro com a Realidade Divina é a ausência de alguém, é a Realidade de Deus se revelando. Então, o fim da ilusão é o surgimento d'Aquilo que é Real. A visão daquilo que é falso, daquilo que não é real, é a Verdade se revelando nesse instante. É isso que estamos trabalhando com você aos sábados e domingos em encontros online. Então, se isso é algo que faz sentido para você, fica aqui um convite. Além disso, temos encontros presenciais e, também, retiros.
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