terça-feira, 7 de maio de 2024

Autoimagem e psicologia | A importância do Autoconhecimento | O Autoconhecimento Supremo | Advaita

A pergunta é: “Por que há conflito em nossas relações?” A resposta é bem básica: é porque nossas relações são relações que não estão livres do pensamento. Tudo o que nós conhecemos por relações humanas são relações que se assentam nessa estrutura, que é a estrutura do pensamento. Veja, pensamento não observado, não compreendido.

O pensamento tem, naturalmente, um lugar em nossas vidas, mas nós precisamos ter uma aproximação Real disso. As pessoas perguntam como lidar com os pensamentos, porque já perceberam que os pensamentos trazem conflito, trazem contradições, trazem problemas.

Assim, nossas vidas se situam dentro dessa diretriz, que é a diretriz do pensamento. E o pensamento é, por natureza, separatista, ele nos divide, ele nos separa. Nós precisamos ter uma aproximação da Verdade sobre quem somos. Isso é o fim da autoimagem.

Essa imagem que formamos sobre nós, a imagem que eu tenho sobre quem “eu” sou, a imagem que eu tenho sobre você é, isso se assenta no pensamento. Se não há essa Verdade da compreensão de como o pensamento funciona aqui, não há uma clara ciência de como lidar com os pensamentos.

Então nos falta a Verdade sobre nós mesmos. É por isso que temos tratado com você aqui da importância do Autoconhecimento, a visão do Autoconhecimento. Veja, essa questão do autoconhecimento na psicologia, nós precisamos ter uma aproximação verdadeira disso. Do ponto de vista teórico, do ponto de vista conceitual, verbal, isso não irá funcionar.

A visão clara de como nós funcionamos é algo que requer um olhar direto sem conceitos, sem palavras, sem ideias. Então, essa aproximação é de suma importância. A aproximação Real do Autoconhecimento é a Revelação de Deus. Eu tenho chamado de Autoconhecimento Supremo. Não é o mero autoconhecimento, onde teoricamente estudamos sobre isso. Não é o autoconhecimento que nos envolvemos com ele para obtermos resultados, no sentido de uma “pessoa melhor”.

Observem isso: uma “pessoa melhor” é aquela que tem de si mesma uma autoimagem mais esclarecida, bem-educada, polida, disciplinada, que conhece um pouco de como lidar com o outro. Não é disso que estamos tratando aqui. Nós estamos investigando com você aqui o fim dessa autoimagem.

Então, o Autoconhecimento na prática é o Autoconhecimento Supremo, é a ciência do Divino, é a ciência de Deus, é a ciência da Verdade daquilo que está presente e que está além do “eu”, do “ego”.

É possível uma vida livre desse sentido de dualidade, de separação? Isso é conhecido por Advaita. Advaita é a Não dualidade, a Não separação, “o primeiro sem o segundo”.

A natureza deste Ser, deste Verdadeiro Ser que somos é a Natureza de Deus. Então, a Realidade de Deus nesse encontro com o outro, não é o encontro com o outro, é o encontro com Deus, com a única Realidade presente, porque não há dualidade, não há separação.

O meu contato com a esposa, com o marido, com os filhos, com a família, com os amigos de trabalho, com o chefe no trabalho, com o mundo à minha volta, se esse encontro é um encontro onde o sentido de um “eu”, de uma identidade que se vê separada do outro está presente, nós temos estabelecido o conflito.

Podemos nos livrar desse mecanismo que tem dado formação a essa identidade presente? Podemos nos livrar desse mecanismo que tem sustentado essa identidade presente nas relações, que é o sentido do “eu”, o ego?

Será possível uma relação com o outro sem a ideia de “alguém” lá e “alguém” aqui? Sem esse movimento de separação e, portanto, de contradição? Será possível uma vida livre do “eu”, do ego? Como podemos nos livrar desse mecanismo?

Primeiro temos que perguntar como essas imagens são formadas. Veja: ao longo dos anos, desde pequenos, tudo o que você vem adquirindo de conhecimento sobre si mesmo é memória, é lembrança, é recordação, é pensamento, isso é algo que vem do passado.

Tudo o que você tem sobre quem você é é colocado em palavras com base em memórias, lembranças, que são pensamentos. Isso tem dado essa formação à pessoa que você acredita ser, isso é autoimagem.

Quando você encontra alguém pela primeira vez, você não sabe o nome, nunca viu aquele rosto, não tem qualquer ideia de quem ele ou ela é, mas depois de alguns segundos, num contato, em algumas poucas palavras, você já tem o nome, já tem uma memória do rosto. Nesse momento, por uma força de hábito em nós, uma imagem do outro, com poucos segundos de encontro, é formada.

Então agora você sabe quem o outro é – pelo menos é assim que a mente egoica em você se posiciona agora nessa relação: você cria uma imagem. Num próximo encontro com aquela pessoa, a ideia que você tem é que você já conhece a pessoa. Reparem isso!

Reparem como nós temos funcionado em nossas relações. Isso é verdade? Será que nesse contato de quinze anos com o marido ou com a esposa, você realmente conhece ele ou ela? Você a conhece? Ela te conhece? Ou o que você tem dele ou dela é um conjunto de lembranças, de recordações, de imagens dentro das relações, desses diversos relacionamentos que você teve com ele ou com ela?

Então, nossas relações com uma única pessoa ou com diversas pessoas ao longo do tempo, isso é algo que está contribuindo para um grande conjunto de memórias e lembranças que reservamos dentro de cada um de nós.

Isso dá formação a essa autoimagem: a imagem que faço de mim mesmo nesse contato com ele ou com ela, e a imagem que tenho dele ou dela dentro dessas relações para os próximos encontros.

Então, tudo o que tenho de mim e tudo o que tenho do outro são conceitos, memórias, lembranças, imagens. O sentido de uma identidade presente, que é o “eu”, o ego, é exatamente isso.

Assim, o nosso contato com o mundo é um contato onde o sofrimento está presente, porque o autocentramento está presente, e como essa separação está presente, nossas relações estão estabelecidas dessa forma.

Nós não temos só uma imagem do outro, nós temos uma imagem do outro país, nós temos uma imagem de um determinado lugar. “Eu gosto de alguns lugares e não gosto de outros lugares”: isso se assenta na imagem que faço desse lugar ou daquele outro lugar. “Eu gosto daquele país, mas não gosto daquele outro”: se assenta numa imagem que faço sobre aquele país. Então, todo o nosso movimento na vida se sustenta em imagens.

Nós temos imagens de pessoas, nós temos imagens de lugares, temos imagens de países, nós temos imagens dogmáticas que se assentam em crenças religiosas. Veja como temos funcionado. Essas imagens produzem divisões, produzem separações, elas nos dividem, elas nos separam uns dos outros, elas criam problemas em nossas relações.

Os países têm problemas de relações, as pessoas têm problemas de relações, as cidades têm problemas de relações, tudo isso ocorre em razão dessa divisão, uma divisão que as imagens sustentam. Tudo isso está dentro desse movimento psicológico de ser “alguém” e de ver o mundo a partir desse “eu”, desse ego.

Então, há preconceito, há divisões de classes, divisões nacionais, divisões sociais, divisões, assim chamadas, “espirituais”, divisões religiosas, divisões entre famílias. Dentro de uma família, a divisão está presente. Alguns parentes “eu gosto”, de outros parentes “eu não gosto”. O que é esse “eu”, esse ego?

Observem, nossa aproximação aqui é para o fim dessa condição psicológica de ser “alguém”. Isso requer essa importante visão da vida se mostrando neste instante. Quando há uma aproximação da Verdade na prática do Autoconhecimento, nós temos nesse encontro a descoberta desse elemento, que é o “eu”, que se separa, que se divide para conflitar.

Então, o pensamento é algo que está envolvido nisso, porque é sempre o pensamento sustentando, na realidade, tudo isso. Nós não percebemos que tudo isso faz parte desse jogo que o pensamento constrói em cada um de nós. Eu me refiro a esse pensamento psicológico.

Nós precisamos do pensamento de uma forma prática – como temos falado aqui diversas vezes. O seu nome, o seu endereço e o seu rosto são algo interessante nessa relação comigo. É o que eu preciso de você: a lembrança do seu rosto, do seu nome, do seu endereço.

Para assuntos práticos, em nossas relações, é fundamental o pensamento objetivo, o pensamento simples, a memória simples. Mas essa memória psicológica que está dando formação a essa autoimagem – à imagem que eu faço de mim e à imagem que eu tenho sobre quem você é –, isso é algo completamente desnecessário, disfuncional; na verdade, é gerador de crises, de conflitos, de sofrimento entre nós.

O fim para tudo isso é a ciência da Verdade do seu Ser, que é a Verdade de Deus, que se Revela quando há a Liberdade dessa autoimagem, quando liberamos de nós mesmos a imagem desse “mim”, desse ego.

A ciência da Meditação, a visão da Real Meditação é o esvaziamento desse psicológico conteúdo que tem dado essa formação a essa autoimagem. Então, um contato com a vida, com o outro, com o mundo, com os lugares, com as pessoas, sem o sentido de uma “pessoa” envolvida nisso, que é o “mim”, o “eu”, o ego, é a Liberdade de Ser-Consciência-Felicidade.

Olhar para aquilo que somos, tomar ciência da Verdade daquilo que se passa dentro de cada um de nós e soltar essa ilusão de “alguém presente” na vida, dentro da experiência, é a coisa mais importante nesta Existência, nesta Vida.

Veja, isso é o fim dessa particular vida do “eu” para uma Real Vida Divina, para uma Real Vida de Deus. Isso é Iluminação Espiritual, isso é o Despertar Espiritual, isso é a Realização de Deus nesta vida. É isso que os Sábios reconhecem por Advaita, a Não dualidade, a Não separação.

O sentido de “alguém” presente na experiência sendo o experimentador da experiência é completamente ilusório, é algo que o pensamento está produzindo. Esse modelo é o modelo da dualidade, da separação.

Então, há esse “eu”, o experimentador e a experiência. Nesta separação, se estabelece a autoimagem e, naturalmente, um conflito, porque fica esse “eu gosto” ou “eu não gosto”.

Todo o meu contato com você, com base nesse “gostar” ou “não gostar” é uma autoprojeção egocêntrica, onde a dualidade egoica está presente, onde esse padrão de separação está presente. Na Índia, isso é conhecido por Dvaita. Dvaita significa a divisão, a separação.

Aqui estamos trabalhando com você a visão da Advaita, a Não dualidade, a Não separação, o fim desse experimentador na experiência. Se a experiência está presente, é a vida sem esse centro, que é o “eu”, o ego. Então um contato assim, com tudo à sua volta, com lugares, com pessoas, com situações é um contato onde a Realidade do seu Ser está presente.

Abril de 2024
Gravatá-PE
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