terça-feira, 12 de março de 2024

O Despertar da Sabedoria. Conflito nas relações. Verdadeira Meditação Prática. Desordem psicológica.

Você já percebeu que nós estamos trabalhando aqui com você a respeito do Despertar da Verdade d’Aquilo que trazemos. Portanto, estamos trabalhando com você o fim para a ignorância, para essa autoignorância, a ignorância a respeito de nós mesmos. Em geral, o ser humano não se conhece, nós não nos conhecemos.

Aqui estamos investigando com você a questão do Despertar da Verdade que somos, portanto, o Despertar da Sabedoria. Então, para perguntas do tipo: “Como alcançar a Sabedoria?” ou “Como alcançar a Iluminação Espiritual?”, nós estamos tratando exatamente da mesma coisa quando estamos investigando a questão a respeito desse "eu" que apresentamos ser, que demonstramos ser na vida.

Assim, nós vamos agora olhar com você um pouco a respeito da possibilidade desse encontro com a Verdade, com a Verdade que somos, com a Verdade que trazemos e, portanto, com o Despertar da Sabedoria – o que alguns chamam também de Iluminação Espiritual –, a Verdade desse Ser que somos quando esse “ser” que apresentamos ser, que colocamos na vida sendo já não estar mais presente.

Estamos investigando a Verdade sobre o que é. O que é é isso que se apresenta aqui, nesse momento. Toda forma de desordem psicológica, toda forma de contradição interna está presente no ser humano – o medo, o desejo, a ambição –, toda forma de contradição e conflito em nossas relações, na relação com as pessoas, na relação com nós mesmos, na relação com a vida, todo tipo de confusão está presente em razão da ignorância.

Em geral, nós não investigamos a verdade da confusão, do medo, do desejo, da contradição, do conflito em nossas relações. Nós não investigamos isso, então nós não temos um contato direto com o que é. Alguns acreditam que alcançar a Sabedoria é algo que se torna possível quando nós estudamos, quando nós aprendemos, quando nós nos esforçamos muito em direção a uma educação acadêmica, livresca. Então, se estudarmos livros de psicologia, de religião e de filosofia, iremos alcançar a “verdade da sabedoria” e isso irá representar para as nossas vidas uma mudança, uma radical transformação, uma significativa qualidade de vida.

Qual será a verdade sobre o Despertar da Sabedoria? Aqui nós estamos lhe dizendo que a Sabedoria é algo inato, uma vez que você tenha atenção para uma direta compreensão e para um estudo não dos livros, mas para o estudo de si mesmo, nesse momento. A compreensão disso que se mostra como sendo isso que é para essa pessoa que você acredita ser, quando você está na relação com o outro, na relação com você mesmo, numa relação direta com pensamentos que produzem medo ou desejo.

Assim sendo, o estudar a nós mesmos é aquilo que se faz realmente necessário para o Despertar da verdadeira Sabedoria. Na realidade, sem essa compreensão – que é a compreensão do que é, de como você é nesse momento –, sem esse estudar a si próprio, sem a verdadeira visão desse conhecer a si mesmo, desse estudar a si mesmo, que é a Verdade do Autoconhecimento, ficamos impossibilitados de uma compreensão direta sobre quem, verdadeiramente, nós somos – quem nós somos nisso que se mostra aqui, nisso que é.

A não compreensão disso não nos permite ir além dessa condição. Se há medo, se há inveja, se há ciúme, se há confusão, se há desordem, se há sofrimento, se há essa presença da ignorância, a não compreensão direta disso que é não nos permite ir além disso. Ir além disso significa constatar a Realidade inata do Despertar desta Real Inteligência, desta verdadeira Sabedoria, que é algo, que é parte d’Aquilo que somos; na verdade, é nossa Real Natureza.

Quando há essa Inteligência, quando há essa Sabedoria, temos presentes a Verdade, e a Verdade é isso que se mostra além do que é. Mas nós precisamos primeiro nos aproximar disso que é, disso que está aqui, investigar isso. Assim, não vem pelo conhecimento intelectual, não vem pelo estudo da psicologia, da filosofia, da religião, mas vem pelo Despertar de nossa Natureza Verdadeira quando essa identidade que somos, que é o "eu", pessoa, já não está mais presente. Então, qual é a natureza desse "eu"? Qual é a natureza dessa pessoa?

Repare que nossas ações, assim como nossos sentimentos, emoções, nossa relação com o mundo, nossa relação com a vida, com nós próprios, sempre se baseiam em experiências passadas. Então, ao passarmos por experiências, nós adquirimos essas experiências, elas se tornam parte de nossa memória, de toda essa formação que trazemos, que temos e, portanto, que manifestamos agora, aqui.

Então, a verdade daquilo que manifestamos é a verdade daquilo que é nesse instante. A ideia de mudar isso, de alterar isso, de modificar isso, de transformar isso, com base numa formação intelectual, através de um estudo intelectual dos livros, isso não funciona, porque estamos, mais uma vez, trazendo para dentro dessa experiência a nossa cultura de guardar mais ainda informações.

Nós temos muitas informações guardadas, já temos muito conhecimento guardado porque já passamos por muitas experiências, já nos envolvemos com toda forma de prática religiosa, espiritual, já lemos muitos livros e, apesar disso, aquilo que demonstramos ser neste momento continua sendo essa pessoa. Insatisfeitos com essa pessoa, nós ainda estamos acreditando que, adquirindo mais – ou seja, mais informação, mais experiência – iremos um dia, em algum momento, vivenciar uma mudança.

Nós não podemos ter a Verdade que está além disso que está aqui se mostrando tendo por princípio uma ideia de realização no futuro para isso, com base nesse princípio, porque estamos apenas nos movendo dentro de uma condição psicológica de tempo.

Psicologicamente, nós acreditamos no tempo: “Eu sou isso, mas eu serei aquilo amanhã”; “O medo está aqui, mas amanhã estarei livre do medo”; “A inveja está aqui, mas amanhã estarei livre da inveja”; “Eu só preciso estudar mais”. Estudar mais o quê? “Mais sobre a inveja”; “Eu preciso estudar mais sobre a questão da violência porque pretendo deixar de ser violenta”; “Eu preciso estudar mais sobre a questão do amor, eu preciso descobrir como amar. Ainda não estou amando o suficiente, mas amanhã conseguirei isso. Então eu preciso estudar mais essa questão do amor”.

E tudo o que temos feito nessa ideia de amanhã é colocar esse conceito de que vamos ir além disso que é se aprendermos mais nos livros ou colocando a nós mesmos numa condição de esforço, de disciplina e de ordenamento para um novo padrão de comportamento. Observem que isso não tem funcionado, porque é sempre o velho movimento do "eu", da pessoa, do próprio experimentador mantendo sua continuidade nessa ilusão de que um dia, fazendo uso do tempo, irá obter esse resultado.

Aqui o ponto é que esse tempo é o tempo criado pelo pensamento – o tempo de um ideal, de um objetivo, de um propósito. Será essa a forma de realmente eliminarmos de nós o medo, a inveja, a violência, a ausência do amor? Tudo o que conhecemos como amor é outra coisa. O amor que conhecemos carrega um outro lado dele, que é o ciúme, o despeito, a dependência emocional. Naturalmente, esse “amor” que carrega esse outro lado não pode ser o Amor que estamos tratando aqui.

Estamos falando da Verdade do Amor, Aquilo que está presente quando o sentido do “eu”, do ego, já não está mais. Portanto, tudo que o experimentador, que é o “eu”, o ego pode fazer é realizar superficiais mudanças, é se ajustar ao novo modelo, a um modelo de simplicidade, de humildade, de amor, de não violência, de coragem, como ausência do medo e assim por diante. Então, o que o experimentador pode fazer é, diante disso que é, criar alterações.

Aqui estamos colocando para você a beleza de irmos além disso que é, para uma profunda, significativa e radical transformação de tudo isso, o que representa o fim do “eu”, o fim do ego, o fim desse experimentador. Esse é o fim disso que é para algo inteiramente diferente de tudo isso, totalmente desconhecido desse antigo e velho modelo, que é o modelo do “eu”, do ego, dessa ignorância, dessa ilusão.

Assim, o Despertar da Sabedoria é a ciência da Revelação de Algo que está além do “eu”, do ego, do experimentador. Esse experimentador é o centro de suas particulares experiências, então, nossa relação a partir deste centro será sempre uma relação onde o princípio da separação estará presente. A separação é entre “eu e você”, “eu e o outro”, “eu e o mundo”, “eu e a tristeza”, “eu e o medo”, “eu e a dor". Eu me refiro a essa dor psicológica, por exemplo, da solidão, da frustração, do medo. Se isso está presente, nós não temos a Verdade da Sabedoria, a Verdade da Revelação d’Aquilo que está além dessa condição, que é a condição pessoal de ser alguém na vida, no viver.

Para que isso se torne possível, nós temos que ir além dessa noção de tempo de “eu sou e eu serei”. Nós sempre temos a ideia de vir a ser, de se tornar, de alcançar, de obter, de realizar, assim colocamos a noção do futuro. Então, esse idealismo é algo criado pelo pensamento. O pensamento sustenta essa ideia de “alguém mudado”, de “alguém transformado”, de “alguém diferente”. Esse “alguém” sou eu, então, “eu sou isso, mas amanhã serei aquilo”.

Percebam a ilusão em que nós nos encontramos quando estamos dentro dessa formulação de ideias, de crenças: “então eu fui, eu sou e eu serei”. Qual é a verdade desse “eu”, desse experimentador? Ele é um conjunto de experiências guardadas, portanto, ele carrega um centro; ele sendo o experimentador com as suas experiências, pelas quais já passou, e ele está guardando, cultivando isso e mantendo a continuidade de suas experiências.

A cada momento na vida sempre nos deparamos com algo novo. A vida é um desafio sempre novo, mas o modo que temos de nos aproximarmos da vida nesse momento – e aqui a vida é a relação com o outro, a relação com o sentimento, a relação com o pensamento, com uma emoção, com uma sensação, com um modo de perceber nesse instante – é com o velho presente. Esse velho que está presente é o experimentador, o “eu”, o ego.

Estamos sempre diante do que é sem tomarmos ciência disso aqui e agora, sem tomarmos ciência desse movimento, que é o velho movimento do “eu” absorvendo esse momento presente dentro já dos princípios que o “eu”, o ego, o experimentador já tem. Então, estamos trabalhando aqui com você, lhe mostrando a possibilidade de irmos além dessa condição, que é a condição do ego, e isso se torna possível quando você investiga a natureza do “eu”, a natureza do ego.

Assim, a base para essa visão é a compreensão do movimento do pensamento, do sentimento, da emoção, da percepção, aqui, nesse instante. Isso requer a Verdade de uma aproximação do Autoconhecimento e da verdadeira Meditação de uma forma vivencial, prática, para o contato com a Vida nesse momento, sem esse sentido do “eu”, do ego, do experimentador.

Fevereiro de 2024
Gravatá/PE
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