terça-feira, 22 de setembro de 2020

13º - É só um personagem

Estamos inconscientes de quem realmente somos, mas, na razão em que olhamos para dentro de nós mesmos, somos capazes de sair desse sono, dessa hipnose comum. Quando dizemos “olhar para dentro”, não estamos falando de uma introspecção com o seu isolacionismo separatista, com toda a sua fuga do mundo. “Olhar para dentro” é algo que ocorre naturalmente quando, pela autoinvestigação, descobrimos nossas reações de pensamentos, sentimentos, emoções, gestos e comportamentos. Esse é o nosso Real Despertar! Isso significa tomar consciência de quem somos, tanto interiormente como exteriormente.
O que tem parecido mais difícil é entender que essa mudança, essa transformação, não nasce da disciplina, não nasce da repressão, do esforço e, portanto, não é o pensamento que a determina, com os seus padrões de certo ou errado, de “faça isso” ou “não faça aquilo”. Esse é o caminho que temos seguido durante toda a nossa vida, ouvindo as pessoas dizerem o que é certo e o que é errado, mas, apesar de alguns ajustes de comportamento, algumas mudanças superficiais, algumas “melhoras”, continuamos os mesmos, com os mesmos medos, desejos e insatisfações, carregando conosco essa mente inquieta com todos os seus problemas.
Não estamos sendo pessimistas ou negativistas aqui, fazendo essas colocações. Na verdade, nós estamos prontos depois que reconhecemos que essa vida estreita, mesquinha, arrogante, confusa e desorientada pode chegar a um fim. Não estamos falando de chegar no túmulo, de quando o médico constata que o coração parou e não pode mais ser reanimado, mas do final disso que temos conhecido como “vida”, o que, na realidade, é somente nossa história de vida, cheia de conflito e confusão. Sim, essa “vida” pode ter um fim, pois ela não é nossa Vida Real, não é o nosso Ser real.
Essa “vida” que estamos vivendo é, na verdade, o que poderíamos chamar de “história de vida”. Toda nossa forma de agir, de falar, de pensar, de nos relacionarmos com pessoas, situações e desafios representam a história desse famoso personagem, desse “eu” que acreditamos ser. Nessas postagens, falaremos muito sobre “ele”, sempre sobre “ele”, pois “ele” é o único problema.
Todos aqueles que hoje estão livres sabem, sem a menor dúvida, que esse inimigo é irreal, apenas um personagem, como o de uma peça teatral, uma simples ficção. Porém, esse personagem tem assumido completamente o lugar do nosso Eu Verdadeiro. É exatamente como se um ator, convidado para viver um personagem, se identificasse com ele e se esquecesse de quem realmente é. Foi isso o que nos aconteceu! Fomos colocados no palco da existência e, aqui, alguns já despertaram, descobrindo que tudo isso é apenas uma peça teatral. Embora eles continuem no cenário, sabem que essa chamada “vida”, essa história de vida, é um papel escrito por mãos invisíveis e, assim, estão completamente desidentificados do personagem que representam, ou seja, já estão livres, enquanto os outros ainda não sabem, estão vivendo na ignorância, confundindo sua história de vida com a sua Verdadeira Vida, a vida do ego com a Vida do Ser, na identificação do pensamento como Consciência.
*Este texto, escrito pelo Mestre Marcos Gualberto, compartilhando a visão do Sábio sobre a vida, foi veiculado pela primeira vez em 15 de outubro de 2010. Trata-se da décima terceira publicação deste blog, fazendo parte do acervo relativo aos primeiros anos deste trabalho, cujos textos, após terem sido mantidos offline nos últimos anos, serão republicados em série, de forma comemorativa pelos dez anos de criação deste blog, este que foi o primeiro canal da internet através do qual este trabalho tornou-se público. Para mais informações, acesse o nosso site clicando aqui.

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