GC: Olá pessoal! Estamos aqui para mais um videocast, novamente o Mestre Gualberto aqui conosco. Gratidão, Mestre! Hoje eu vou ler um trecho de um livro do Joel Goldsmith chamado "Vivendo Entre Dois Mundos". Em um trecho desse livro, Mestre, o Joel faz o seguinte comentário: "Não tenhamos nenhum bezerro de ouro na nossa mente, nenhuma confiança em qualquer imagem." Neste trecho o Joel fala sobre a mente. Mestre, você pode compartilhar a sua visão sobre como funciona a mente?
MG: Gilson, aquilo que nós chamamos de "consciência", de "estar consciente", de "estar funcionando neste mundo", nesta ciência da experiência, neste instante, é aquilo que nós chamamos de "mente". O que nós conhecemos por "mente" é a presença desta consciência, que comporta intelecto, emoções, percepções... Então nós temos esse aspecto, que para nós continuará teórico, até o momento em que realmente, de verdade, de fato, nos aproximarmos desta realidade, da realidade da mente. Nós não sabemos, de verdade, como a mente funciona, porque nós não aprendemos a arte desta aproximação. Nós não temos esta arte de olhar diretamente para como nós funcionamos. Nós nada sabemos sobre nós mesmos, e tudo que nós temos sobre quem somos é algo que se abaliza em ideias que o pensamento tem organizado em nós.
Quando nós pegamos um número enorme de pensamentos, nós podemos organizar esses pensamentos em ideias. Assim, o que nós temos sobre quem nós somos, não é uma compreensão da mente, não é uma compreensão de nós mesmos. Nós não temos a Verdade sobre nós mesmos, e precisamos dela. Nós não temos esta Verdade, porque não temos essa compreensão de como nós funcionamos, de como a mente funciona. Portanto, essa é uma boa pergunta: Como a mente funciona? Aprender a olhar suas reações, aprender a observar como você responde com sentimentos, com emoções, com pensamentos, com sensações, às experiências deste momento; tomar ciência disso, ter a clareza disso, é ter a visão daquilo que a pessoa é, daquilo que esse "eu" representa nesse contexto da vida acontecendo. A não ser que nós tenhamos uma compreensão direta disso, uma clara visão disso, não haverá compreensão da Verdade sobre nós mesmos. E é a Verdade sobre nós mesmos que nos liberta da ilusão sobre quem nós somos, sobre quem acreditamos ser, sobre esse que parecemos ser, que é exatamente sobre esse que somos nesse contexto das relações humanas, da relação com objetos, da relação com pessoas, da relação com nós mesmos, da relação com situações que surgem na vida, com incidentes, com acidentes. a relação com a vida e a relação com a morte.
Nada disso pode ser compreendido sem a clareza da Verdade sobre quem nós somos. Assim, uma teoria, um conceito, uma ideia sobre como a mente funciona, nós podemos adquirir isso lendo livros ou ouvindo palestras desses assim chamados "especialistas da mente". Aqui, a ciência da mente não é algo que um especialista possa nos dar, que um livro possa nos trazer. Isso requer uma direta compreensão, não um entendimento de palavras, intelectual, verbal, conceitual. Não a mera compreensão de palavras que são meros símbolos e representações. Observe que as palavras são apenas isso: símbolos e representações de coisas, lugares, pensamentos, sentimentos. A própria palavra que é parte do pensamento são esses símbolos! A mera visão intelectual disso não resolve. É o direto contato com a mente, é o direto contato consigo mesmo - um contato possível quando você aprende a olhar. A olhar como você funciona, a perceber como você responde. Se isso ficar claro, você irá perceber que a forma como você responde, toda essa resposta que você tem, só pode ser necessariamente uma resposta que vem do passado, que vem da memória, da recordação, da lembrança.
Quando você tem uma experiência, ela é registrada - ela agora passa a fazer parte dessa estrutura que irá reagir quando o desafio surgir. Quando você sabe o meu nome, a memória que você tem sobre o nome que eu tenho, fica disponível. Ao lidar comigo você irá se referir a mim ou falar diretamente comigo me chamando pelo nome que você conhece. Esse conhecimento é a experiência do nome, é o registro do nome, assim como o registro do rosto. Essa é a memória, essa é a lembrança, essa é a forma como a mente funciona: ela funciona com registros e com reações. Ela registra experiências e responde reativamente, tendo por princípio o passado, que é a memória, que é a lembrança. Uma compreensão da vida requer o fim da memória, o fim da lembrança, o fim do conhecimento e da experiência, porque a vida é algo que está aqui neste instante, se revelando sempre de uma forma nova. Mas as nossas respostas são do passado, porque são reativas.
Então, nós temos a mente acontecendo de uma forma programada, condicionada. Nós precisamos de uma outra qualidade de mente que atenda este instante, livre do passado. Esta nova qualidade da mente não faz parte desta pessoa, deste "mim", deste "eu". Então, aqui nós temos o valor, a importância da revelação d'Aquilo que é você, a Realidade sobre você. Então nós temos a Realidade da Verdade sobre você e temos a Verdade sobre você. A verdade sobre você que você conhece, e a Realidade da Verdade sobre você, que é o Desconhecido. O Despertar da Consciência da Realização Divina lhe traz a clareza desta Realidade do seu Ser, de sua Natureza Divina, de sua Natureza Real. O contato com a Meditação é a ciência da própria vida, da própria Realidade do seu Ser.
Aquilo que nós estamos, juntos, olhando aqui, investigando aqui, examinando aqui, é como ter na vida esta aproximação da verdade sobre esta mente, que é a mente egoica, que é a mente do "eu" - a verdade sobre esta pessoa, que é a pessoa que nós somos. Quando há esta visão, temos esta libertação da ilusão, da ilusão desta egoidentidade. Portanto, o nosso encontro aqui é um encontro que consiste nesta descoberta, nesta observação, nesta clara visão sobre nós mesmos.
GC: Mestre, nós temos uma pergunta de uma inscrita aqui no canal, a Eliane faz a seguinte pergunta: "Mestre, poderia explicar a diferença entre 'eu sou' e 'quem sou eu' no processo de liberação do condicionamento da mente egoica?"
MG: Então, Gilson, esse 'quem sou eu' e esse 'eu sou', como acabamos de colocar agora aqui, na primeira resposta - e essa é a segunda resposta - como colocamos na primeira resposta, a diferença não pode ser compreendida a nível intelectual, a nível de palavras. Haverá uma direta visão na compreensão vivencial nesta ciência da Meditação. Há uma Realidade presente - essa é a Realidade deste Ser - e, no entanto, nós temos a verdade deste ser que nós somos. A verdade deste ser que somos, deste ser psicofísico que demonstramos ser, desta pessoa que apresentamos ser. Primeiro precisamos ter uma visão direta da verdade sobre isso; esta é a compreensão da verdade sobre "mim mesmo", sobre a pessoa, sobre o "eu", sobre esta mente egoica. Nós não temos como colocar em palavras esta Realidade Divina, de sua Natureza Verdadeira. Essa diferença é compreendida vivencialmente. É sempre a Verdade que liberta, e não a teoria, a crença.
Quando as pessoas procuram se dedicar a algum nível de busca ou de procura, e assim aplicam alguma forma de técnica para a solução desta questão da presença da Meditação, elas estão em equívoco. Porque não existe Verdadeira Meditação enquanto o sentido do "eu", do ego, permanecer sem ser investigado. É a investigação do "eu", é a investigação do ego, é a compreensão da verdade daquilo que nós somos, que assenta a base para o florescer da Meditação. Então, a única forma real para o fim desta mente condicionada, desse condicionamento psicológico, é pela autorrevelação de si mesmo, é pelo Autoconhecimento. Se nós temos isso como base, nós temos uma porta que se abre para a presença dessa revelação Divina, que é a Meditação.
Uma coisa importante, também, que não pode ser negligenciada nunca, é a clareza de que é a própria presença da Graça Divina; é esse o elemento principal em todo esse processo do Despertar, desta ciência da revelação Divina, do fim para esta mente egoica, para esta mente condicionada. Portanto, nos aproximamos de nós mesmos por uma ação da Graça. E a Verdade desta Realidade Divina, deste Ser, se mostra por uma ação da Graça Divina. Então, a Meditação floresce. É a Meditação, o real contato com este momento, sem o condicionamento mental, sem a mente condicionada, sem esta velha condição de ciúme, inveja, medo, sofrimento, ou alguma forma de conflito. A não ser que tenhamos o fim para o sofrimento - para o conflito, para esta condição de controle, medo, fixação em apegos - a não ser que tenhamos o fim para tudo isso, não temos a mínima condição para esta ciência desta Divina revelação.
É por isso que toda forma de prática ou técnica aplicada de meditação, quando a pessoa reserva algum momento para meditar e ali se assenta, cruza as pernas, entoa um mantra, tenta afastar os pensamentos, tudo isso que se pratica é alguém na prática. Esse alguém naquele instante relaxa, e assim experimenta algum nível de silêncio e quietude, porque de fato, o cérebro é aquietado, a mente é aquietada, mas é algo que se realiza por uma técnica, por uma prática. Como existe uma intenção por detrás desta técnica ou prática, há sempre um nível de esforço e alguém executando isso; isso não é Real Meditação. O contato com a Meditação requer a presença de uma atenção sobre as nossas reações, o que não requer esforço. Autoconhecimento não requer esforço, a constatação da vida neste momento, se revelando, não requer esforço. Ficar ciente de suas reações, sejam elas quais forem aqui e agora, não requer esforço. Requer a presença desse olhar para aquilo que se passa aqui, sem colocarmos alguém se envolvendo com isso.
Portanto, precisamos compreender a diferença entre esse que quer se envolver e esse que vem se envolvendo o tempo todo com essas reações, sendo a base para essas reações. Isso é visão da verdade sobre si mesmo. É isso que torna possível o descarte do "eu", o descarte do ego, o descarte destas reações. Então, esse é o contato real com a presença da Meditação, porque nesse momento nós temos o fim para o passado, temos a morte para esse "eu", para esse ego, para essa psicológica condição de egoidentidade. Ok?
GC: Mestre, nós temos uma outra pergunta de um outro inscrito aqui, no canal. Ele faz a seguinte pergunta: "Não sei como lidar com a verdade. Seria com a meditação?"
MG: Então, Gilson, mais uma vez, aqui, a questão é lidar com a Verdade. Quando você pergunta: "Como entrar em contato com essa Verdade?", e você mesmo já traz a resposta, quando você pergunta: "Lidar com a Verdade é pela meditação?"; repare sua colocação. Lidar com a verdade requer ciência daquilo que está presente aqui neste instante. Lidar com a verdade requer a presença desta atenção sobre aquilo que se mostra aqui, neste momento. Essa atenção abre esse portal da compreensão de si mesmo. Você precisa conhecer aquilo que se passa com você, só que você não consegue conhecer isso a partir desta separação de alguém envolvido nesta observação. Todo esforço que nós temos feito é para alguém melhorar, é para alguém se transformar, é para alguém se tornar melhor. esse alguém é esse "mim".
"Eu quero melhorar", "eu preciso me conhecer", "eu preciso saber a Verdade sobre mim". Isso é um equívoco, porque existe uma separação entre esse que quer saber e aquilo que ele quer saber. Aqui não se trata de conhecer a si mesmo. A Verdade desse conhecer requer a presença da compreensão de como esse "mim", esse "eu", essa mente condicionada funciona. É esse o encontro com a Verdade que nós precisamos. Nós temos que, antes de qualquer coisa, ter uma compreensão, esse é o verdadeiro conhecimento de si mesmo. Não é esse conhecimento para mudar, para melhorar, para alguém fazer algo com o que está vendo em si mesmo. Aqui a compreensão é se tornar ciente de suas reações, sem se envolver com elas. Esta ciência destas reações é sem o observador, é sem esse "eu" que observa, é sem esse alguém que quer mudar alguma coisa.
Portanto, o encontro com a Verdade requer esse olhar para nós mesmos, requer Autoconhecimento. Quando nós temos a presença do Autoconhecimento, o que requer uma visão a partir desse olhar que não reage, que não se envolve com esse modelo do "eu", do ego, esta atenção sobre as nossas reações é a presença desse Autoconhecimento. Então, sim, com a presença do Autoconhecimento, nós temos a Verdade da Meditação. A Verdade da Meditação é um espaço que surge quando há Autoconhecimento. Então, nesse espaço que é a Meditação, há esta Liberdade que é exatamente a liberação do ego, a liberação do "eu", a liberação desse sentido egoico. A Verdade é esse contato com a vida como ela é, neste instante, quando não interferimos com este momento. Então o ego não entra, o passado não assume de novo o lugar dele, que é de reação, que é de resposta de memória, que é de resposta de lembrança. Portanto, a presença da Meditação é a ausência desse "mim", desse "eu", desse ego, desse pensador, desse experimentador, da ilusão dessa identidade presente aqui, neste instante, na experiência, sendo aquele que experimenta isso, que está vivendo sua vida particular.
Não há nada mais significativo na vida, de maior valor e importância do que a presença da Meditação, porque é a Meditação a revelação da vida, a revelação da beleza, a revelação do amor. Você nasceu para esta visão - para a visão sem alguém nessa visão, para esta percepção sem alguém nesta percepção, para esse sentir sem alguém nesse sentir. É aqui que a vida se mostra presente como Alegria, Felicidade, Bem-aventurança. Nesta Inteligência de lidar com o momento presente sem o "eu", que é o passado, sem o ego, que são as lembranças, que são as reações da memória, se revela a presença da Sabedoria, a presença da Realidade Divina. OK?
GC: Gratidão, Mestre, já deu o nosso tempo. Gratidão por mais este videocast. E, para você para quem faz sentido isso que o Mestre Gualberto compartilha, fica o convite para participar dos encontros intensivos de final de semana. Nesses encontros que existem no formato on-line, presencial e também retiros, o Mestre Gualberto responde diretamente às nossas perguntas. Mas acontece algo muito mais profundo do que isso: pelo Mestre já viver em Estado Desperto de Consciência, ele compartilha um campo de energia à sua volta. E, nesses encontros, a gente acaba entrando de carona nesse campo de energia do Mestre. É um campo de Presença, de Silêncio, de Poder, e entrando nessa carona do Mestre, naturalmente aquietamos nossas mentes e entramos no estado de Meditação. podemos ter uma compreensão do que está além do entendimento intelectual. Então, fica o convite: no primeiro comentário, fixado, tem o link do WhatsApp para poder participar desses encontros. E já aproveita e dá o like no vídeo, se inscreve no canal e faz comentários aqui, trazendo outras perguntas para a gente trazer nos próximos videocasts. E, Mestre, mais uma vez, gratidão pelo videocast.
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