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terça-feira, 4 de novembro de 2025

Como encontrar Deus? Meditação o que é? Aprender sobre Autoconhecimento. Autoconhecimento na prática

Quando você está com raiva, ou quando você está triste, angustiado, deprimido, preocupado, quais são suas reações? O que elas ali, naquele momento, representam? O que é ser alguém com raiva, preocupado, deprimido? Qual é a verdade deste alguém? Qual é a verdade sobre você naquele momento? É a visão direta - não teórica, não conceitual, não de mera descrição de palavras - sobre você naquele momento a compreensão, de uma forma prática, do Autoconhecimento.

Então, Autoconhecimento na prática é a presença do aprender sobre o Autoconhecimento. E você aprende sobre o Autoconhecimento quando aprende sobre si mesmo, sobre como você, psicologicamente, internamente, está funcionando. Ao mesmo tempo, esse contato é Meditação. É bem curiosa a procura das pessoas pela meditação. Elas imaginam a prática da meditação para elas.

Nós não compreendemos que a verdade para a resposta da pergunta "meditação, o que é" é que a Meditação é a Revelação da ciência do seu Ser. Aqui, o primeiro obstáculo ou a primeira dificuldade consiste exatamente na ilusão de que a Meditação é algo como uma prática que você faz, como um exercício que você realiza para este ou aquele propósito, inclusive o propósito de encontrar Deus - para os buscadores espirituais, a pergunta é: "Como encontrar Deus?"

Então, aqui o primeiro obstáculo ou dificuldade consiste exatamente na ilusão de uma separação entre aquele que pratica e a prática, entre esse que busca e aquilo que é buscado ou procurado. Esta separação, essa divisão é o primeiro obstáculo. E, na realidade, o primeiro obstáculo, entre diversos outros, a base de toda dificuldade da Verdade se revelando aqui e agora consiste precisamente nessa separação.

Não há uma clara visão da Verdade sobre a ciência deste ser - este ser psicofísico em sua expressão de fundo psicológico, de condicionamento mental, de condicionamento egoico - e a Realidade que está presente além deste ser psicofísico - que é esse corpo e essa mente -, que é a Verdade, a Realidade de algo que está presente aqui, além do corpo e da mente, que é a Realidade deste Ser Divino, desta Verdade de Deus.

Nós colocamos esta Verdade de Deus como algo "lá", em algum lugar. Você está aqui e esta Realidade Divina está "lá", em algum lugar esperando ser encontrada; encontrada por alguém que está aqui. A base é completamente ilusória, uma fantasia mental. O que nós não nos damos conta, aquilo do qual não tomamos ciência é que a mente presente, a mente em nós, essa mente que conhecemos, que tem a verdade dela no pensamento, nas ideias, em conceitos, imagens e crenças, está carregada de ilusão.

São inúmeras as ilusões presentes na mente, e a verdade deste olhar para aquilo que nós somos aqui, neste momento, apenas olhar, ficar ciente, conhecer a nós mesmos, é conhecer o mundo das ideias, das opiniões, das crenças, dos conceitos, das imagens, daquilo que se passa dentro de nós, superficialmente e também profundamente. Conhecer a nós mesmos é conhecer como estamos lidando com o outro nesta relação com ele ou ela, como estamos lidando com nós mesmos.

Conhecer a nós mesmos significa ficar ciente de como o pensamento em nós está criando imagens de situações, de pessoas, de como o pensamento em nós está prevendo o futuro e tentando fugir do desagradável passado que ele viveu. É o próprio pensamento no formato de uma pessoa, de uma ideia que ele construiu. Essa ideia é você. Essa pessoa é o "eu", é o "mim".

Quando nós temos o olhar direto para a visão prática, no viver, dentro das relações, no contato com o mundo a nossa volta, começa a ficar claro a condição em que nós nos posicionamos. Nos posicionamos como alguém presente: o alguém que gosta, o alguém que não gosta; este alguém que ama, este alguém que não ama, este alguém que odeia; este alguém que se afasta, este alguém que se aproxima. Este alguém é o modelo do pensamento, é a estrutura do pensamento em você.

A vida na pessoa, a vida da pessoa é a presença do pensamento. Será possível uma vida sem o pensamento? Todo o seu contato com o momento presente, repare, você não precisa do pensamento e, no entanto, o pensamento está presente.

Quando você se encontra com alguém, por que se encontrar com ele ou ela a partir de uma memória que você traz dele ou dela? Por que fazer isso? Por que fazemos isso? Fazemos isso porque o sentido do "eu", do ego em cada um de nós busca segurança nas relações. Mas só busca segurança porque o medo está presente. Se não houvesse medo, nenhuma ideia teríamos de qualquer necessidade de segurança para se relacionar.

Notem o truque, o velho modelo de continuidade, de movimento egocêntrico presente em cada um de nós, como esse "eu" busca a continuidade. Primeiro o pensamento construiu esse "eu"', essa imagem - a imagem que você tem sobre quem é você -, e depois esse "eu", que é o pensamento, colocou presente, dentro desta relação do momento, o passado, quando deseja que tudo esteja do jeito que ele quer, o que é basicamente medo, insegurança.

Nós não investigamos a natureza do pensamento, por isso nada sabemos sobre o "eu", sobre todo este jogo que ocorre na vida, na vida da pessoa, nessa "minha vida". Portanto, eu volto à pergunta: será possível a vida sem o pensamento e, portanto, sem essa insegurança, sem a presença do medo?

O sentido de pessoa em cada um de nós carrega apegos, o desejo de possuir, dominar, controlar o outro. E, repare, este é apenas um aspecto, ou dois ou três aspectos do "eu", do ego. Mas nós somos também invejosos, ambiciosos; há essa insegurança em suas diversas formas de expressão. Expressões estas que nós não temos a menor ciência de que estão presentes dentro dos nossos relacionamentos. Portanto, essa é a vida do pensamento.

Haverá uma vida livre do pensamento? Será que o pensamento pode cessar? Porque, eu volto dizer: não precisamos do pensamento. Aqui, para lidar com o outro, só precisamos de Inteligência, de Liberdade, de Compreensão, de Sabedoria. Então não haverá conflito, não haverá desordem, não haverá confusão, não haverá sofrimento.

A presença da dependência, da busca de aceitação, de apreciação, de reconhecimento dele ou dela, a condição interna do "eu", do ego, é de sustentação de separação, de isolacionismo. O fim para o pensamento, a cessação do pensamento é a cessação do medo. Olhe para si mesmo, olhe para o mundo. O medo é algo que está presente desde os primeiros dias que nos damos conta de nós mesmos, que temos ciência desta pessoa.

A ciência desta pessoa é autoconsciência. Desde que tomamos ciência desse "mim", nesta autoconsciência, a partir daquele momento começamos a tomar ciência dessa autoimagem, desse personagem, dessa ideia construída pelo pensamento. E assim levamos, durante toda a vida, essa autoimagem no medo, na contradição entre o prazer e dor - busca pelo prazer a partir dos desejos, a busca pelo prazer na fuga da dor, que é a presença do medo.

Este encontro com a Vida, neste momento, é o encontro com a Vida sem o pensamento, sem o passado, quando o "eu" não está, quando o ego não está mais presente. Será possível uma vida livre do ego, livre do "eu", livre do padrão do pensamento? Sem esta imagem? Uma imagem que estamos sustentando já há trinta, quarenta, cinquenta, setenta anos. Podemos nos livrar dessa autoimagem para não mais dependermos psicologicamente dessa necessidade de possuir, dominar, controlar?

Uma vida livre do medo é uma vida livre do sofrimento. Então se revela Algo novo. Quando a pergunta é "como encontrar Deus", aqui está a resposta: Ele não é algo que está "lá". É a Verdade presente aqui, quando o pensador não está, quando o experimentador não está mais presente, quando essa autoimagem já não está assumindo mais este papel, esta figura.

Tudo o que de fato precisamos para esta ciência da Verdade sobre Deus, para esta constatação, neste encontro com a Realidade Divina aqui e agora, é a presença da Meditação. Portanto, o que é Meditação? Qual é a Verdade da Meditação? É o olhar para este momento sem as conclusões, escolhas, rejeições, condenações; sem a ideia que o pensamento constrói quando estamos em contato com o outro, com a vida ou com as situações neste momento presente.

Assim, quando trazemos Atenção, o olhar para o que quer que esteja surgindo aqui, nesta Atenção, neste olhar, nesta percepção, anulamos o passado, anulamos o pensamento, então a mente se aquieta. Você não vai realizar algo com uma prática chamada meditação. A Meditação está aqui, de uma forma vivencial, de uma forma prática, quando o olhar para o momento presente é sem a imagem que o pensamento está construindo sobre o que está aqui.

Quando não temos a presença do pensamento, em razão desta Atenção, deste olhar, deste perceber, eliminamos essa separação entre aquilo que aqui está se mostrando e alguém olhando para isto, gostando ou não gostando, querendo mais ou querendo menos, carregando essa insegurança, essa ânsia de controlar, de dominar, de possuir.

Portanto, estamos aqui, juntos, tomando ciência da Verdade sobre nós mesmos, quando descartamos a ilusão desse "mim". O encontro com o Divino, o encontro com a Verdade é a constatação da Verdade aqui e agora. A não ser que tenhamos o encontro com a Realidade Divina neste momento, neste contato com a vida como ela acontece, tudo o mais a respeito de um futuro encontro, de uma futura realização divina é pura imaginação.

Quando você se assenta para meditar e espera por alguns minutos para a mente se aquietar e alcança, através de uma prática ou técnica, um silenciamento da mente, quando aquela meditação termina, aquela prática termina, a mente se agita novamente. Aqui estamos lhe convidando para trazer Atenção para este momento, para as suas reações, para um encontro direto com a ciência do Autoconhecimento. Então se revela um natural silêncio na mente e a Meditação ocorre de uma forma natural.

O encontro com a Meditação é agora, aqui, momento a momento. Não é algo para algum momento especial, para algum momento particular do dia; é o encontro com o instante, com o momento presente, sem o passado. Então nós eliminamos o tempo, eliminamos a prática, eliminamos a técnica. Estamos em um contato direto com a verdade daquilo que aqui está, olhando para aquilo que está presente, descobrindo o que é olhar sem esse fundo, sem esse passado, sem essa memória da autoimagem.

Nós estamos juntos trabalhando isso aqui com você. Quero deixar um convite aqui para você participar dos encontros online que temos nos finais de semana - são dois dias: sábado e domingo. Além desses encontros, temos encontros presenciais e, também, retiros. Se isso que você acaba de ouvir é algo que faz algum sentido pra você, já fica aqui o convite.

Julho de 2025
Gravatá-PE
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