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quinta-feira, 25 de setembro de 2025

Joel Goldsmith | A Transformação da Consciência | O que é Advaita? | Marcos Gualberto

GC: Olá, pessoal! Estamos aqui para mais um videocast, novamente o Mestre Gualberto aqui conosco. Gratidão, Mestre, pela presença.

Mestre, hoje eu vou ler um trecho de um livro do Joel Goldsmith chamado "A Transformação da Consciência". Em um trecho desse livro, o Joel faz o seguinte comentário: "Shankara redescobriu a Verdade no ensinamento de Buda e a revelou no que é chamado 'Advaita'". Bom, Mestre, sobre esse assunto da Advaita, o Mestre pode compartilhar a sua visão sobre o que é a Advaita?

MG: Gilson, nós temos uma visão sobre a vida a partir de um equívoco. Esse equívoco é a ideia, é o pensamento presente em nós, de que existe, de que é real, a separação na vida entre "eu" e o "não eu", entre esse "mim" e a vida acontecendo, entre um elemento presente "em mim", que é o pensador, tendo pensamentos como algo que ele produz... A nossa particular visão de mundo é a particular visão de uma entidade presente que, na vida, se vê sendo esse experimentador tendo experiências; esse pensador tendo pensamentos.

Portanto, a ideia, a forma como nós lidamos com a vida como ela acontece, é a partir desse equívoco, dessa ideia de separação. Então, tem "eu", o mundo e a vida; tem "eu" e Deus. Essa dualidade, essa separação, essa divisão, é algo que o pensamento tem estabelecido dentro de nós como sendo o contato real com a vida como ela acontece. Isso é um modo de interpretar a experiência na dualidade. Essa dualidade os antigos sábios indianos chamavam de "dvaita". É uma condição psicológica de vida na ignorância, e é sobre esse princípio da ignorância que está a condição interna de sofrimento para o ser humano.

Nós estamos vivendo na dualidade, na crença de que somos entidades separadas da Vida, somos entidades separadas de Deus. Então, dvaita é esse modelo de ignorância, de vida equivocada para essa identidade pessoal, que é esse "mim", esse ego. Há uma Realidade na Vida, que é a própria Vida, que não se separa da própria Vida. Essa Realidade é a Realidade Divina. Essa Realidade, essa única Realidade, esse "Primeiro", essa primária Realidade, não tem um "segundo". Não existe qualquer dualidade. Ela é a única Realidade presente. Essa Realidade é a Realidade de Deus. Isso é Advaita, a não separação, a não dualidade.

Esse encontro com a Vida não é alguém que tem um encontro com Ela; é a Revelação d'Ela presente, e é quando esse sentido de ignorância não está, quando essa dualidade não se mostra. Essa é a presença da Visão da Vida em Sabedoria, em Liberdade. É a Ciência de Deus, é a Ciência do Amor. Não há infelicidade, Gilson, em sua Natureza Verdadeira, porque a sua Natureza Verdadeira é essa única Realidade. Não há uma separação em Você, nesta Realidade do seu Ser, na Verdade sobre Você.

Essa é a Realidade do seu Ser e a própria Vida, e a própria Realidade Divina. Mas nós não temos acesso a Isso enquanto não ficarmos cientes da Verdade sobre quem nós somos, o que requer a compreensão dessa verdade do "eu", dessa verdade desse "mim", dessa "pessoa", desse ego. É o descarte dessa verdade sobre esse "mim", sobre esse "eu", é o descarte dessa verdade sobre nós mesmos, nessa dualidade, que revela a Realidade deste Ser, desta Realidade Divina. Isso é o Despertar da Consciência, Isso é a Iluminação Espiritual, Isso é a Visão de Deus. É que todo o nosso modo de pensar, de sentir e de atuar no mundo está dentro desse equívoco, porque nós temos, com bastante certeza, a "verdade" sobre quem nós somos. Toda essa certeza absoluta é a certeza produzida em nós pelo pensamento - o que é, na verdade, algo completamente falso.

O pensamento em nós falseia, falsifica a Realidade. Então, a verdade do pensamento em você é a ilusão de alguém presente, que se vê separado do outro, que se vê separado de Deus, que se vê separado da Vida. Compreender a si mesmo - isso requer o fim do "eu", isso requer o fim do ego, isso requer o fim dessa ilusão, o fim desta separação. É o que estamos aqui, juntos, explorando com você, aprofundando com você. A Vida em sua Beleza, Verdade, Realidade, é a Presença do Amor. Essa é a Natureza do seu Ser; não há por que continuar a vida nessa velha condição, que é a condição dessa egoidentidade.

Essa continuação dessa vida é a continuação dessa particular vida egocêntrica. Não há Real Vida aqui. O que temos é a continuidade de um modelo de inconsciência, de permanência em um padrão de comportamento mecânico. Essa é a consciência egoica. Algumas ações nossas são ações que ocorrem nesse campo, no campo periférico dessa consciência. Então, impulsionados por desejos, tomamos ações, mas algumas dessas ações em nós podem também nascer de uma condição mais complexa. Essas camadas mais profundas dessa consciência, que é a consciência do "eu", que é a consciência do ego, também nos impulsionam a ações.

Portanto, o nosso comportamento, quer esteja nascendo dessa periferia, daquilo que nós chamamos de "consciente", quer essas ações estejam nascendo de camadas mais profundas em nós, naquilo que alguns chamam de inconsciente - que é assim que temos dividido essa consciência: em consciente e inconsciente... Portanto, quer essas ações sejam conscientes ou inconscientes, quando elas nascem desse fundo psicológico, nascem dessa interna condição de desordem, contradição e conflito, porque elas nascem do pensamento. O pensamento em nós, como memórias guardadas de experiências que nós registramos - elas estão aí, essas experiências, nesse formato de lembranças, de memórias, de conhecimento, porque não se concluíram. Assim, nós estamos constantemente, no momento presente, repetindo o passado, dando continuidade ao passado. Essa é a vida do ego, essa é a vida do "eu".

Nós temos diversos vídeos aqui, no canal, aprofundando essa questão das ações. As nossas ações são ações que nascem do passado e, portanto, são reações. Não são ações que correspondem à vida como ela acontece neste momento. São ações inadequadas e, portanto, que estão produzindo problemas. E tudo isso em razão dessa dualidade, dessa separação. Aqui, a Visão da Verdade sobre a Vida é da qualidade da ação livre do ego, livre do "eu" e, portanto, livre dessa dualidade. Você, em seu Natural Estado Divino, em seu Natural Estado de Ser, atua e opera neste instante sem o sentido separação e, portanto, sem o conflito, sem o sofrimento, sem a contradição dessa dualidade.

É isso que nós estamos aqui com você aprofundando, investigando, examinando, para a compreensão - não para o entendimento, mas para a compreensão, que são coisas diferentes. Portanto, olhar para isso é algo fundamental. Descobrir como realizar Isso nesta vida é florescer em Sabedoria, em Felicidade, em Liberdade. Ok?

GC: Mestre, nós temos uma pergunta aqui de uma inscrita no canal. Ela faz a seguinte pergunta: "E qual é o significado de nossa existência, se é que tem algum significado?"

MG: A Vida n'Ela mesma, a própria presença da Vida n'Ela própria é o seu significado. O ponto é que nós não sabemos o que é a Vida n'Ela mesma. Nós estamos vivendo dentro de uma psicológica condição onde aquilo que temos por "vida" é a continuidade de experiências não terminadas, não finalizadas. Eu não me deparo com a Vida, neste momento, como Ela acontece. Eu me deparo com aquilo que o pensamento projeta sobre a vida neste momento.

O nosso particular contato do "eu", do ego, com o momento presente, é a partir do passado e, portanto, a partir dessa continuidade. Haverá uma forma nova de lidarmos com o momento presente sem o passado? Então, sim, neste instante, a Vida é de um extraordinário significado, de uma significância de grande Beleza, de indescritível Realidade. É a Realidade Divina, é a Realidade deste Ser, desta Felicidade, que é a Natureza de Deus, que é a Natureza de nós mesmos.

Então, esta particular existência ou esse existir de alguém, de fato, não tem qualquer significado. E é exatamente porque não há qualquer significado nisso que o ser humano vive em diversos níveis de insatisfações, de contradições, de dilemas, de conflitos e problemas. E, por mais que ele esteja à procura de um significado para a sua vida, enquanto esta "sua vida" estiver se situando nesse velho padrão de pensamento, que é o pensamento coletivo, que é o pensamento cultural, social, que recebemos da educação, desse modelo de mundo, boa parte de tudo isso vem desta forma de propaganda, formação de mentalidade, de consciência comum a todos. Enquanto isso estiver presente, não haverá qualquer realidade para esse existir - que é o existir do "eu", do ego, desse "mim".

A Vida em sua Beleza é pura Existência, mas não é mais essa existência de alguém, esse existir de alguém, nesse formato de mente condicionada, de pensamento condicionado. A Visão da Vida livre do ego, a Visão da Vida livre do "eu", é a Compreensão da Verdade da Vida sem o pensamento. O contato com o Amor requer a Visão da Beleza. Não há separação entre Amor e Beleza! O Amor e a Beleza compartilham da Real Felicidade, e tudo isso é algo desconhecido do ego, desconhecido desse existir de alguém, desse existir da pessoa. Então, o real significado da Vida consiste na Visão da Vida, quando Ela se revela. Ela se revela sem o ego, Ela se revela sem o "eu", e aqui nos deparamos com o Mistério; e aqui nos deparamos com o Indescritível, com Aquilo que não pode ser colocado em palavras, que é a Presença da Bem-Aventurança.

Por que temos enfatizado com você esse encontro com o Autoconhecimento, esse encontro com a Verdade da Meditação? Porque, a não ser que esteja presente na vida a presença da Meditação, não há Vida Real. O que temos é a particular vida da pessoa, e nela está a ilusão de uma identidade que se vê presente, procurando um significado para a sua vida - um significado que jamais encontrará, que jamais achará. Porque o próprio movimento de busca de significado não tem qualquer significado, não tem qualquer valor, não tem qualquer importância, uma vez que a Verdade se revela neste instante, e é neste instante que se revela a Beleza desse significado. Mas isso não é para alguém, não é para o ego, não é para esse "mim".

O seu encontro com a Realidade Divina é o encontro com a Verdade de si mesmo. Haverá um encontro com a Realidade Divina, possível sempre. Não será no tempo, será sempre aqui e agora. É aqui e agora que se revela essa Verdade da Realidade Divina. Mas isso requer, antes de tudo, uma compreensão da verdade sobre si mesmo. Essa porta que se abre para a compreensão de Deus é a partir desse Autoconhecimento. Toda imaginação - porque o pensamento é só uma imaginação... Pensamento é um símbolo, é uma imagem, é uma representação mental; portanto, é uma imaginação - toda imaginação de futuro para encontrar Deus é algo que está apenas no campo do intelecto, no campo das ideias.

A Realidade Divina não está no intelecto, não está no campo das ideias, não é parte do pensamento. É a Realidade que está presente neste instante, exatamente quando esse intelecto condicionado, quando esse modelo de ideia, de pensamento, de imaginação não está. Então, o Real significado da Vida é a própria Vida. Essa é a Realidade de Deus! No entanto, não é para alguém, é exatamente quando esse alguém não está, quando esse ego desapareceu. Ok?

GC: Mestre, nós temos uma outra pergunta de um outro inscrito aqui no canal. O Tiago faz a seguinte pergunta: "Como posso me livrar da ideia de ser alguém, já que vejo vantagens em mantê-la?"

MG: Gilson, repare na pergunta! Então, se você vê uma grande vantagem em continuar sendo alguém e pergunta para mim como se livrar dessa ideia... repare bem que a sua pergunta é a pergunta que, basicamente, está dentro da maioria das pessoas. Elas continuam se sentindo muito à vontade com alguém, com esse alguém que elas acreditam ser. Então, qualquer ideia de se livrar desse alguém, repare, é somente mais uma ideia.

Eu não posso lhe oferecer a fome, eu posso lhe oferecer a comida... Eu não posso criar em você a fome. Este trabalho aqui consiste em lhe falar da comida. Não estamos produzindo a fome em você; ou ela está aí, ou não está, e se você não tem fome, ninguém pode produzir essa fome aí. E quando você não tem fome, você não tem interesse em comida, em alimentos. Então, na sua própria pergunta está a resposta. Se você continua sentindo a grande vantagem de continuar sendo alguém, continuará sendo alguém.

É exatamente isso que a maioria das pessoas no planeta está fazendo. Elas estão, por demais contentes no descontentamento delas. Elas não têm ciência do descontentamento delas. Por não terem ciência, se sentem contentes! Então, se você não sente fome, ninguém pode obrigá-lo a sentir fome.

Aqui, o nosso trabalho consiste em falar da comida. No entanto, é para quem tem fome! Isso fará sentido para quem tem fome, não fará sentido para quem está satisfeito - embora essa satisfação seja a satisfação da não investigação. Embora esse contentamento dessa ausência de fome é algo presente em razão da ausência da própria investigação, desse próprio olhar honesto para aquilo que é você, nesse contexto da vida como ela acontece.

Quando eu tenho dito para as pessoas que elas pensam muito e que elas estão por demais ocupadas com pensamentos, e que elas não controlam esses pensamentos, e que esses pensamentos criam muitos problemas na vida delas, elas dizem: "Não, você está enganado! Não é nada disso, eu estou bem! Eu penso quando quero, eu penso o que quero e eu sei lidar com pensamentos. Eu não tenho problemas, nenhum problema com os pensamentos". Portanto, as pessoas não têm ciência da enrascada em que elas se encontram, da complicação de viverem como pessoas, de estarem vivendo, de estarem vivendo dentro deste círculo, que é o círculo do ego, que é o círculo do "eu". E, no entanto, ninguém pode produzir nelas uma fome que não está presente.

É por isso que eu tenho insistido sempre dentro destas falas em perguntar se aquilo que nós colocamos nestas falas faz algum sentido. Geralmente, eu faço isso em todos os vídeos: "Isso faz algum sentido para você?" Porque, se não fizer sentido, não faz sentido. Se não houver fome, não fará sentido. Apenas no momento em que ficar clara a suspeita de que pode existir algo além disso tudo; de que, de fato, possa existir algo além desta condição de vida em que você se encontra... apenas quando isso surgir, com certeza uma fala como esta - e todas as falas que temos aqui no canal - fará sentido.

Aqui estamos colocando, de uma forma muito direta, isso: há algo presente na vida, além desta vida, deste "mim", deste "eu", desta pessoa como você se vê. Você está alienado, completamente alienado da Beleza do Amor, da Beleza da Liberdade, da Beleza da Felicidade. Na verdade, você nem tem ideia do que estamos falando quando usamos aqui essas expressões, porque o nosso condicionamento aí fora, a forma como lidamos com experiências, nós chamamos aquelas experiências de "amor", de "felicidade", de "liberdade"... e isso está muito longe de ser verdade... mas isso requer a presença desta constatação. Enquanto essa ficha não cair aí, isso aqui não fará sentido. Portanto, o nosso trabalho aqui é para você, para aquele ou aquela, para quem isso faz sentido.

Você não procura o médico se não se sente mal. Você procura o médico quando está doente. Você não tem o anelo pela Verdade, enquanto acredita estar vivendo a verdade. A Realidade de Deus é a Realidade do seu Ser, é a Realidade d'Aquilo que é indescritível, d'Aquilo que é inominável, possível a você nessa autodescoberta, nessa autoconstatação, quando temos a presença da fome, quando temos uma real aproximação de nós mesmos. Ok?

GC: Gratidão, Mestre, já fechou o nosso tempo. Gratidão por mais este videocast. E, para você que está vendo o videocast até o final - é para quem faz sentido isso que o Mestre compartilha conosco -, fica o convite para participar dos encontros intensivos de final de semana. Nesses encontros, o Mestre explora de maneira muito mais profunda o que ele traz aqui nos vídeos. Esses encontros são muito mais profundos do que os vídeos aqui no YouTube, porque nesses encontros, além de o Mestre responder ao vivo às nossas perguntas, acontece algo muito mais poderoso. Porque, por o Mestre já viver nesse Estado Desperto de Consciência, ele compartilha um campo de Energia, um campo de Presença, e, nos encontros, a gente acaba entrando de carona nessa Energia do Mestre. E, pegando essa carona com o Mestre, de maneira espontânea e natural, entramos num estado meditativo, silenciamos nossas mentes e podemos ter um vislumbre do que está além do entendimento intelectual.

Então, fica o convite. No primeiro comentário, fixado, tem o link do WhatsApp para poder participar desses encontros. E já aproveita e dá o "like" no vídeo, se inscreve no canal, faz comentários aqui trazendo outras perguntas para a gente trazer para os próximos videocasts. E, Mestre, mais uma vez, gratidão pelo videocast.

Junho de 2025
Gravatá-PE
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