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sexta-feira, 27 de agosto de 2021

A loucura de confiar em um pensador

Participante: Como valorizar este encontro da forma correta?

Marcos Gualberto: Eu diria que a forma correta está em, honestamente, apreciar não sofrer mais, não mais viver na ilusão.

Se você ainda aprecia crenças de algum tipo, opiniões, conclusões e ideias, qualquer imagem que tenha de si mesmo, você não está conseguindo considerar o valor deste encontro, porque o propósito dele é ajudá-lo a Ser, a abandonar esse falso centro, esse "sentido de pessoa" que você carrega, e todo ele está assentado em crenças, opiniões, conclusões, ideias – essa é a base de sua autoimagem.

Participante: Pensamentos são loucos.

Marcos Gualberto: Pensamentos, em si mesmos, são inofensivos. Loucura é a confiança numa identidade na experiência do pensamento, como se houvesse um pensador por detrás dos pensamentos. Aqui é que está a loucura!

No dia que vocês deixarem essa paixão pela autoimagem, por esse senso pessoal de identidade, esse senso que julga, compara, avalia, aceita, rejeita, os pensamentos não serão mais um problema.

Esse "sentido de identidade" de um centro ilusório, que você chama de "eu", é como o néctar da flor para as abelhas do pensamento. Você sabe que as abelhas se sentem atraídas pelo néctar da flor. O seu "senso de identidade separada" é como o néctar da flor para as abelhas dos pensamentos. Os pensamentos se sentem muito atraídos por alguém que acredita neles.

Pensamentos não perturbam aquele que está Realizado, aquele que está em seu Ser, porque ele não tem apreciação pela falsa identidade; ele aprecia o Silêncio.

Noventa e nove por cento das pessoas não conseguem apreciar ficar cinco minutos psicologicamente desocupadas. Eu vejo alguns de vocês sempre com fones de ouvido, por exemplo, psicologicamente ocupados. Essa sede por estar ocupado psicologicamente está sempre jogando pensamentos em cima de pensamentos, retroalimentando pensamentos o tempo todo, a todo minuto. Vocês não se pegam fazendo isso, mas fazem – aí está a loucura! A loucura não está nos pensamentos, mas no "sentido de alguém" que aprecia essa ocupação psicológica.

Vocês conseguem ver o que eu estou dizendo? Alguém consegue perceber isso em si mesmo? Vocês conseguem ver que estão o tempo inteiro cantarolando, se ocupando psicologicamente com uma musiquinha, com uma ideia, com um pensamento?

Não conseguiram ver ainda a Beleza do Silêncio, da ausência desse "sentido do eu". Isso é um vício existente em toda humanidade, em especial nos ocidentais. Em razão da cultura que nós aqui recebemos, nós somos muito, mas muito extrovertidos. Mesmo essa "introversão" que alguns dizem ter é toda baseada em devaneio, em imaginação, então é uma outra forma de extroversão: a "extroversão interna". Todos estão viciados na droga chamada "pensamento", por isso sofrem, por isso têm conflito.

Então, é o pensamento, em si, o problema? Não. O problema está no "sentido do pensador", na ideia de um pensador, na crença de um pensador. Não tem pensador! Isso é só uma maluquice, um processo de loucura produzindo desejo, medo, antecipação negativa, preocupação, algo que está jogando você o tempo todo para o futuro e para o passado, os quais não são reais, porque agora não tem nada disso acontecendo. Se não há Silêncio, não existe energia; se não há Espaço, não há Inteligência.

Então, não são os pensamentos que são loucos; o sentido de uma identidade presente nisso é a loucura.

*Transcrição de uma fala ocorrida em 23 de abril de 2021, num encontro online. Para informações sobre os nossos encontros, clique aqui.

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