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quinta-feira, 10 de abril de 2025

O que é o pensar? | O que é o pensamento? | Sabedoria, inteligência e conhecimento | O que é avidya?

Aquilo que temos colocado aqui pra você é algo muito básico, é muito simples. O ser humano vive alienado da verdade sobre quem ele é. Ele não toma ciência daquilo que ele confia, acredita e demonstra ser em suas relações.

Então, não há compreensão disso. Então nós temos aqui dois aspectos. O primeiro é esta ignorância.

Há uma expressão indiana para essa ignorância no ser humano que lhe mantém em uma condição de vida, de existência, em sofrimento. Isso é direto da visão dos antigos sábios da antiga Índia. Aqui a expressão é Avidya.

Avidya é uma expressão com palavras diferentes, todas as religiões do mundo tratam desta mesma questão, que é a questão da ignorância, e a palavra Avidya, para a pergunta: o que é Avidya? Avidya é essa expressão, dentro do contexto da cultura dos Vedas, para ignorância.

É a ignorância que sustenta o ser humano em uma vida de sofrimento, é o que aprisiona, é o que mantém, é o que estabelece, é aquilo que dá essa base para uma vida em sofrimento para o ser humano. Então, esse é o primeiro aspecto.

A ignorância é aquilo que está presente em razão da ausência da verdade sobre a ignorância. E a verdade sobre a ignorância, a compreensão desta ignorância, a clara visão do significado dela, nos traz esse segundo aspecto que nós estamos investigando, estudando, aprofundando aqui com você que é o aspecto da realização divina, que é o aspecto do Despertar da Consciência, algo presente quando há Autoconhecimento.

Assim, o Autoconhecimento, a verdade daquilo que é você em sua natureza essencial, em sua natureza real, é esse segundo aspecto, é esta visão da verdade sobre você. E o que é que nos sustenta, nos mantém, nos abaliza dentro desta complexidade psicológica de problemas na vida, onde está presente a ansiedade, a depressão, a angústia, o medo, as diversas formas de sofrimento dentro desse contexto de relações com o mundo à nossa volta?

Aquilo que sustenta tudo isso é a forma como psicologicamente respondemos à vida como ela acontece. Nós temos uma forma de dar respostas para a vida. A vida é um acontecimento nesse instante.

A vida não é algo que aconteceu. A vida não é algo que acontecerá. A vida é algo que está aqui e agora, de uma forma misteriosa, inexplicável, inédita, desconhecida, se mostrando, nesse momento. E você não tem como atender à vida.

Esse é o ponto. Você não tem como atender à vida. Apenas a vida pode dar a ela mesma uma resposta.

Porque ela é por demais misteriosa. Ela está além desta pessoa, desse "eu", deste "mim". A pessoa, o "eu", o "mim", é exatamente Avidya, a ignorância.

Aqui com você, nós estamos colocando de uma forma muito clara que há uma verdade presente e essa não é a verdade da pessoa, do "eu", do "mim". É a própria vida. A presença dessa própria vida, a ciência disso, é sabedoria, inteligência e real conhecimento.

Essa é uma playlist aqui no canal. Sabedoria, inteligência, conhecimento. Nós temos um conhecimento para fins objetivos e práticos na vida.

Agora, aqui mesmo, o uso da fala requer o conhecimento da linguagem, palavras são aprendidas. Então, nós temos uma forma de aproximação da vida, como ela acontece, a todo momento, desta forma única e estamos extraindo da vida um nível de conhecimento e de experiência.

Isso ocorre com base no modelo do pensamento. Então, em um certo nível, o conhecimento, a experiência e o pensamento é algo fundamental para essa atuação ou para esta movimentação nesta vida. Mas, veja, isso fica só a nível bem superficial, a nível periférico, a nível de sonho, a nível de superfície, de existência, a assim chamada existência humana. Então, o conhecimento, a experiência e o pensamento, é algo presente em você que lhe habilita a lidar com os assuntos triviais da vida, de superfície, de aparência, de uma forma eficiente. Você precisa disso. Precisa do conhecimento. Dirigir um carro requer conhecimento. Falar uma língua requer conhecimento.

Escrever requer conhecimento. Trabalhar em uma determinada profissão requer conhecimento, que é experiência, que é pensamento. O problema com o ser humano é que ele está tentando ajustar isso à totalidade da vida.

Veja, acabamos de dar aqui alguns exemplos. Para trabalhar em uma profissão, para se comunicar, para realizar um projeto, para fazer algo ou deixar de fazer algo na periferia, na superfície desta assim chamada vida ou existência, o pensamento se faz necessário, o conhecimento se faz necessário, a experiência se faz necessária. Mas, do ponto de vista íntimo, interno, profundo, do ponto de vista da totalidade da vida, o pensamento não se faz necessário.

Esse nível de conhecimento não se faz necessário e de experiência também. Aqui estamos tocando em algo além desta periferia, além desta superfície, estamos tocando em algo mais íntimo, profundo, significativo, por demais misterioso, que é o contato com a vida como ela acontece, aqui e agora, neste instante. Por exemplo, em nossas relações com pessoas, o pensamento, o conhecimento e a experiência é um desastre.

É algo que cria confusão, desordem e toda forma de sofrimento. Veja como é simples termos clareza sobre isso. Basta observarmos isso.

Basta olharmos o que ocorre conosco em nossas relações. Quando, por exemplo, eu estou em contato com ele ou ela, o meu contato com ele ou ela é com base no pensamento, no conhecimento e na experiência que já tive com ele ou ela. Veja, tudo isso eu já tive com ele ou ela.

É algo que vem do passado. Uma experiência é algo que vem do passado. Um conhecimento é algo que vem do passado.

Um pensamento é algo que vem do passado. Mas eu estou com ele ou ela agora, aqui, pela primeira vez. Repare que isso nos escapa, a verdade de que a vida está acontecendo agora. E eu estou trazendo sempre do passado esse elemento que é o pensamento, a experiência, o conhecimento para lidar com a vida nesse instante.

Ao fazer isso, estamos dando uma resposta irregular, inadequada, incompleta para esse momento presente, nesse contato com ele ou ela ou com situações ou acontecimentos. Mas é exatamente assim que estamos estruturando, temos estruturado, estamos estruturando e continuaremos estruturando essa história de pessoa, de identidade, que é a identidade do "eu", dentro da vida, dentro das relações. Então, isso explica todo problema, toda confusão, todo sofrimento, toda desordem presente.

Esta é a presença de Avidya, a presença da ignorância. Isso porque a vida, nesse momento, é um desafio. Quando você se encontra com o marido, você está se encontrando com uma ideia que você tem dele ou dela, se é esposa, com o filho ou com a filha, com o colega de trabalho, com o chefe, com qualquer pessoa que você reconhece.

Esse reconhecimento é um elemento presente em razão da presença do pensamento. E o pensamento não é outra coisa, a não ser uma memória que vem do passado. Portanto, o seu contato com ele ou ela é só uma memória, uma lembrança, uma fotografia presente nesse instante.

Essa fotografia, essa memória, esse pensamento é uma cortina, entre você e ele, entre você e ela. Assim não temos um contato, notem, um contato com a vida aqui e agora porque há em nós presente um elemento que funciona como uma cortina.

Esse elemento está sempre trazendo uma cortina. É como se você procurasse saber o que está acontecendo do lado de fora da casa, mas tentando saber, apenas escutando, tendo a oportunidade de simplesmente se livrar da cortina e abrir a janela, você está tentando, do lado de cá, sem abrir a cortina, sem abrir a janela, está tentando, do lado de cá, pela audição, adivinhar o que está acontecendo do lado de fora. Por que você não abre a cortina e não abre a janela e toma ciência do que está acontecendo do lado de fora? Por que ficar tentando adivinhar o que está acontecendo na vida, através do pensamento, das crenças, opiniões, ideias, conceitos, julgamentos e avaliações particulares?

O nosso contato com o outro é exatamente assim. Assim nós estamos tentando adivinhar o que está acontecendo do lado de fora da casa. Estamos tentando adivinhar se está chovendo ou fazendo sol, ou se está nevando, se existe um ar fresco do lado de fora ou não. Podemos estar aqui, do lado de cá, com a janela fechada e as cortinas, e apenas imaginando algo sobre isso, sem saber o que está acontecendo do lado de fora.

O nosso contato com a vida é assim. O nosso contato com o outro é assim. Nós estamos olhando a partir do pensamento, que o pensamento é a cortina. Então, o que é o pensamento? Essa é uma playlist aqui no canal. O que é o pensamento? O pensamento é a memória, é a lembrança, é a recordação, é a ideia, é a imaginação.

Nenhum pensamento lida com o que é. Reparem isso, ele não lida com o que está aqui. Porque o princípio do pensamento é a memória, algo que vem do passado.

Então o pensamento sempre lida com o que foi, não com o que é. O pensamento se projeta no futuro, no que deveria ser ou poderia ser. Ou ele lida com o passado, no que foi ou no que deveria ter sido.

Mas ele não lida com o momento presente. Veja como é básico isso. Duas pessoas conversando, elas não estão conversando sobre o que está aqui.

Elas estão conversando sobre o que aconteceu. Nós não podemos, nesse exato instante, nesse exato momento, neste exato segundo ter uma visão e uma declaração verbal descritiva do que é. Tudo o que podemos descrever já foi, já passou há um minuto atrás, há cinco segundos atrás, há dois segundos atrás. Reparem que a vida, nesse momento, é indescritível. Ela está além da descrição nesse instante. Ela não está passiva de ser descrita.

Assim, o nosso contato com a vida, como ela acontece, nessa relação com o outro, nesta relação com situações, quando nós trazemos esse elemento que vem do passado para se envolver com isso, o que estamos fazendo é colocando a presença desta cortina, desta janela. Assim, nós não temos a ciência da verdade sobre quem nós somos. Em nossa natureza real a vida é aquilo que está presente sendo a própria vida.

Apenas com esta presença daquilo que é você em sua natureza essencial é que se tem uma resposta completa para esse momento. Assim, o contato que temos com o outro não é a verdade sobre ele ou ela. É a ideia, é o pensamento, é a imaginação sobre ele ou ela que eu tenho, que esse "mim" tem, que essa pessoa tem. Aqui estamos juntos vendo a possibilidade de irmos além desta ignorância, que é esta condição, onde o pensamento é o elemento principal que dita as regras.

Acabamos de colocar para você isso. Do ponto de vista prático, nesse modelo de sonho de existência, esse contato com o pensamento, nesse nível, tudo bem. Mas, a nível de realidade, e aqui abarca esta totalidade da vida, esta ciência das relações, onde uma ação nova se faz necessária, que é esta ação desta sabedoria, desta inteligência divina, deste real conhecimento, esse velho modelo do pensamento não funciona, não se aplica.

Aqui estamos com você investigando o que é o despertar da sabedoria, dessa inteligência e desse conhecimento. Então, o conhecimento, com base no pensamento e na experiência, para efeitos práticos, nesta relação com o trabalho, com algumas áreas específicas da vida, é algo perfeito.

Mas a presença do pensamento, acabamos de dar um exemplo, nessas relações com pessoas, com nós mesmos, com os acontecimentos, com tudo que ocorre na vida, não funciona. Aqui estamos com você, trabalhando o despertar desta sabedoria, desta visão da realidade divina.

Aqui, nossa ênfase consiste nesta autodescoberta, nesta aproximação de nós mesmos, no descarte desse modelo do pensamento, algo muito próximo dessa questão do pensamento. Me parece que vai ficando claro aqui para você, dentro dessa mesma fala, que o pensamento em você não é outra coisa, a não ser um conhecimento adquirido e, portanto, uma memória guardada em você. E o seu contato com a vida, como ela acontece aqui e agora, esse elemento que é o pensamento, não irá funcionar.

Assim, o nosso grande desafio na vida é o desafio da própria vida, da resposta a ser dada à própria vida. E, nesse formato do pensamento, como nós fomos educados para viver sem a compreensão da verdade sobre o pensamento, não conseguimos atender isso. A forma real de atender à vida é livre do pensamento.

É aqui que entra essa outra questão, a questão do que é o pensar. Pensar, em você, é um funcionamento mecânico, a lembrança de uma memória, de uma recordação, de uma imagem. Essa lembrança ocorre em razão desse processo do pensar.

Então, quando você está tendo uma lembrança, o cérebro está dando uma resposta. Ele recebeu um estímulo, um impulso, um desafio e está dando uma resposta. Então, aqui, a questão agora é termos muito claro essa diferença entre o pensar e o pensamento.

O que é o pensar? O pensar é uma resposta que o cérebro reage com base na memória, trazendo essa resposta. Isso é o pensar. Ao se lembrar de alguém essa lembrança é o pensar, mas é o cérebro trazendo essa lembrança, porque a Avidya pressupõe essa ignorância, a não visão da realidade e, portanto, dessa ilusão.

Essa é a proposta de Avidya nessa ignorância e, nessa ignorância a ideia é de alguém pensando. Não existe alguém presente no pensar. O pensar é uma atividade do próprio cérebro, do próprio mecanismo, trazendo a memória, trazendo a recordação.

Então, quando o pensamento surge, ele aparece em razão desse pensar. Mas, não há alguém nesse pensar. Você não é a pessoa, o pensador desse pensar.

O pensar acontece em resposta a um estímulo, a um desafio. Então, aparece a lembrança, aparece a memória. Você olha para uma fotografia e tem a lembrança de uma outra pessoa.

Ela tem traços no rosto de uma outra pessoa. E, nesse momento, o cérebro processa, traz, expressa, manifesta esta imagem. Não tem você nisso.

Mas aqui nos deparamos com essa ilusão, a ilusão de alguém presente nesse pensar. Só há o pensar, assim como só há o pensamento, não existe esse pensador. Essa é uma mecânica cerebral, é um processo de reconhecimento do próprio cérebro em razão do fundo que ele tem de lembrança, de memória.

Aqui nesse trabalho nós estamos aprofundando isso com você. Se aproximar de uma visão de si mesmo, tomar ciência de suas reações, é ir além da ilusão de alguém presente nessas reações. É quando, nesse momento, eliminamos a ilusão desta cortina de pensamento, onde eliminamos esta janela onde eliminamos esta separação, então, nesse instante, fica a ciência desse observar sem o pensador, sem o observador.

É quando a vida, nesse instante, nesta relação com ele ou ela, ou com situações, ou acontecimentos, é a vida acontecendo onde há esse experimentar sem o experimentador. Onde há esta visão de que o pensamento pode estar presente, mas ele não tem a presença do pensador. Então, nesse momento, é possível reconhecer o outro sem a ideia de um pensador por detrás desse reconhecimento porque não existe mais esta autoimagem. Então, é observar sem o observador. É o pensamento sem o pensador. É a experiência sem o experimentador.

E, quando temos a experiência desse momento sem o experimentador, não temos mais a experiência, é só o experimentar. Quando temos a ciência do pensamento, sem o pensador, não temos mais o pensamento. É só esse novo pensar. Quando temos a ciência desse olhar, sem esse elemento no olhar, temos só a observação, sem o observador. Reparem, é quando podemos ter um contato com a vida nesse momento, dando a ela uma resposta real, livre do passado, livre desse sentido de alguém presente, que é o "eu", que é o pensador, que é o experimentador, que é esta pessoa.

Isso é o fim para a Avidya. Isso é o fim para essa ilusão da separação. Aqui, a forma direta desta aproximação requer a presença desse estudar a nós mesmos, aprender o que é olhar, perceber, tomar ciência do momento, sem colocarmos esse elemento presente, que é o "eu", que é esse "mim".

É o que estamos trabalhando aqui, lhe apresentando aqui. Então, a verdade da sabedoria é aquilo que está presente quando há esta inteligência divina, essa inteligência real, nesta verdadeira compreensão da vida, sem o sentido de alguém nisso.

Então, a verdade desse florescer, que é o florescer de sua natureza divina, é o fim da ignorância, é o fim desta separação, desta cortina que o pensamento tem estabelecido dentro das relações, dentro desta totalidade da vida.

Então, este é o nosso trabalho aqui nos finais de semana. Sábado e domingo estamos juntos, aprofundando este assunto com você, tendo uma aproximação desta revelação da verdade sobre quem nós somos.

Você tem aqui na descrição do vídeo o nosso link do WhatsApp, para participar desses encontros online nos finais de semana. Além disso, temos encontros presenciais e também retiros.

Se isso é algo que faz algum sentido para você, já fica aqui o convite. Já deixe aqui o seu like, se inscreva no canal e coloca aqui no comentário: sim isso faz sentido. Ok? E a gente se vê. Valeu pelo encontro e até a próxima.

Janeiro de 2025
Gravatá-PE
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terça-feira, 8 de abril de 2025

Despertar da Consciência | A Iluminação Espiritual | Tempo psicológico | Encontrar Deus | Advaita

Nós estamos aqui, investigando com você, o fim desta questão, desta noção, que é a noção do tempo.

Quando falamos da Realidade de Deus, não estamos falando de algo - assim como quando falamos da Verdade desta Liberação ou o Despertar da Consciência, nós podemos ter vários nomes para isso, várias expressões para isso - nós não estamos falando de algo que se processa no tempo. Muito pelo contrário, estamos falando de algo que ocorre nesse instante, fora do tempo. É aqui, nesse instante, onde o tempo não está, que esta Realização se mostra. Não se trata de alguma coisa que se alcança, de alguma coisa que se obtém, de alguma coisa que se conquista.

É aqui que nos deparamos com a grande dificuldade que a maioria das pessoas têm, ao entrarem em contato com esse assunto. Porque elas têm uma ideia de que a Iluminação Espiritual, o Despertar da Consciência, é algo que se processará no tempo. No entanto, a Verdade daquilo que somos não está no tempo.

Aqui, quando estamos lidando com esta Verdade daquilo que somos, estamos lidando com aquilo que está livre de nascimento e morte. O corpo nasceu, a vida está acontecendo para esse corpo, ou esse corpo está na vida, no tempo. Pelo menos essa é a noção que temos, quando olhamos de uma forma superficial, quando olhamos a partir de um observador, que é este "eu" que se separa. Se separa como sendo o "centro" da experiência da vida, do viver.

Então, olhamos para o corpo, olhamos para o mundo, olhamos para a vida a partir desse "centro". Assim, a nossa aproximação, ela é uma aproximação mental, é uma aproximação naturalmente equivocada - isso porque é uma aproximação dentro de um sonho.

A vida, como na mente nós conhecemos, ela é apenas um sonho. Um sonho que tem início no nascimento e termina na morte. Então, aqui nós nos deparamos com uma ilusão. A ilusão desta vida que, na verdade, ela consiste apenas de um sonho: um sonho de estar vivo, caminhando para a morte.

A noite, nós temos sonhos, quando deitamos para dormir. Observe que nós nunca tomamos ciência do início do sonho, de quando o sonho inicia. Só temos ciência do fim do sonho porque há um despertar, agora notem: um despertar para um novo sonho. Então saímos de um nível de consciência onírico para um nível de consciência vigil; saímos na verdade de um sonho para outro sonho. É isso que nós chamamos de vida, e nesta vida acreditamos neste "centro" que se separa, que vê o sonho a partir dele mesmo. Então há esta ciência do sonhador, do experimentador do sonho, que é o "eu" que é a "pessoa."

Então, tudo o que nós chamamos de vida consiste apenas da experiencia deste sonho para um sonhador. Acontece no estado de vigília, nesse estado em que nós nos encontramos, e acontece à noite, quando dormimos e sonhamos.

A pergunta é: qual será a realidade deste ser Ser? Deste Ser que somos? Para nós, ele não tem início; para nós, ele não tem um fim. Para essa visão particular, condicionada que nós temos, este Ser parece ter começado a existir no nascimento do corpo. E parece que ele, de alguma forma, não estará mais existindo - ou, pelo menos, não nesta forma humana, na morte do corpo. No entanto, podemos observar isso de perto e perceber que toda essa noção que nós temos, que é a noção do tempo, é uma noção que o pensamento produz. Observe que não há nenhum tempo sem a noção de pensamento: é o pensamento que nos dá a noção de um futuro.

Nós temos o futuro cronológico, mas nós não temos o futuro psicológico, o futuro criado, a não ser pelo pensamento. Esse futuro psicológico é o futuro que o pensamento cria. Não existe nenhum futuro a não ser o que o pensamento produz. Então nós temos o futuro do relógio, mas não temos o futuro psicológico - a não ser que o pensamento produza esse futuro. E todo o nosso condicionamento, nessa noção de progresso, crescimento, evolução, é dentro desse "modelo de futuro". Um futuro em que a imagem que o pensamento tem, que o pensamento forma, cria ele.

Então, "amanhã realizarei o amor"; "amanhã realizarei a Paz, a Felicidade, a Liberdade, Deus"! Observe que é um futuro que o pensamento cria. Nesta noção: "eu não tenho, mas eu terei", "eu não sou, mas eu serei". Essa ideia do se tornar, do alcançar, do obter, do vir a ser; "eu não sou, mas me tornarei isso", "alcançarei isso", "realizarei isso". Esta noção, em nós, é a noção do tempo.

O que estamos vendo aqui com você é que toda esta noção, que é a noção que o pensamento produz, ela não tem nenhuma realidade. Uma vez que o pensamento, ele é algo que vem do passado - ele só lida com experiências que acabaram, que terminaram, que se foram. Ele traz essas experiências para esse momento, e, ele busca a continuidade dessas experiências, criando a afirmação de uma identidade presente: que é o experimentador, que é o pensador. Esse pensador, que é o experimentador, é ele que tem, em razão do pensamento, a ideia de continuidade no futuro. Não há esse pensador. É só o pensamento se projetando no futuro, no futuro que ele idealiza.

Então, o que é que nós temos quando lidamos com o pensamento? A única coisa presente no pensamento são as impressões do passado. Essas impressões são memórias, são lembranças; nada além disso. Essas lembranças, memórias, são imaginações; são imagens se movimentando, imagens do passado, a memória se movimentando. Ou seja, não existe esse futuro, existe apenas o passado, como memória, como imaginação.

Então, quando nós idealizamos Deus no futuro, estamos idealizando, pelo pensamento, a partir desse pensador, uma imaginação. A Realidade Divina não está no tempo, nesse tempo psicológico. Essa Realidade Divina está nesse instante, fora desse tempo. Portanto, não se trata de algo para ser alcançado, para ser realizado. Esse "vir a ser" é uma imaginação deste "centro".

O que é esse "centro"? É esse conjunto de memórias, de lembranças, de recordações. Esse "centro" é esse conjunto de imagens se movimentando, nesse instante, como se houvesse um "amanhã para ir", como se houvesse um "passado que viveu". Notem que coisa interessante temos aqui: esse movimento - que é o movimento desse "centro", que é o "eu", que é esse "experimentador", que é esse "ego" - esse movimento é o movimento da memória, é o movimento da lembrança. Mas é o movimento que acontece agora.

O ponto é que nós estamos trazendo vida para aquilo que não tem vida. Quando nós nos envolvemos, nós estamos dando identidade a esse pensador que está se projetando, querendo fazer algo com esse movimento, que é o movimento das imagens. Então, nós estamos vivificando aquilo que não tem vida, que é a memória, que é o passado, que é o pensamento.

Assim sendo, a verdade do tempo, desse assim chamado passado, é pensamento; dessa noção que se tem de presente - você tem a noção do presente em relação a uma referência de passado - essa noção de presente ainda é o pensamento, que é o passado. E essa noção de futuro é parte desse pensamento, que é o passado, e isso não tem vida. A não ser que o próprio pensamento se projete nessa ideia de "vir a ser".

Por isso nós temos essa noção de realizar a verdade amanhã; realizar a paz amanhã; a felicidade amanhã; a liberdade amanhã; o amor amanhã. Para nós sempre existe essa noção de "vir a ser". Não sou, mas estou caminhando para ser, estou indo em direção a esse alvo, a esse objetivo.

Nós não aprendemos, dentro da nossa sociedade, do nosso mundo, da nossa cultura, a lidar com aquilo que está aqui. Na verdade, recebemos da nossa cultura técnicas, métodos, fórmulas, exatamente para escaparmos disso que está aqui, quando isso que está aqui é doloroso, quando isso que está aqui é desagradável. A culpa é uma coisa dolorosa; o arrependimento é uma coisa dolorosa; o medo é uma coisa dolorosa; a angústia é uma coisa dolorosa. Isso está presente em razão do pensamento: é o pensamento a culpa, é o pensamento o remorso, é o pensamento o medo, é o pensamento a angústia.

Estamos lidando com o pensamento, nesse instante, mas com um ideal de nos livrarmos disso, porque isso é doloroso. Nós criamos o "vir a ser". "Amanhã serei livre disso, estarei livre disso". Ou, "nesse momento, eu devo escapar disso". Então, nós estamos sempre criando expedientes de fuga da dor que se mostra aqui, nesse instante; ou de um ideal de se livrar desta dor depois, amanhã; esse amanhã que o pensamento está criando, esse futuro que o pensamento está idealizando. Então, nós temos esse movimento, que é o movimento do tempo, para alcançar ou para se livrar.

Nós temos diversas formas de fugir desse momento, quando esse momento se mostra desagradável. Ele se mostra desagradável porque o experimentador, que é o pensador, surge carregado com um sentimento, com uma sensação, com uma emoção. Se ela é dolorosa em razão de uma lembrança dolorosa, essa dor está agora aqui, mas não olhamos para essa dor; nós escapamos dessa dor. Assim, as pessoas vão fumar, beber, elas buscam esta forma ou aquela outra forma de distração. Há sempre uma inclinação de fuga daquilo que é doloroso. Nós fugimos, sempre, daquilo que é doloroso, para algo que é prazeroso.

Então, o nosso condicionamento é sempre de fuga da dor e de busca do prazer. Se o que aparece aqui é doloroso, nós queremos fugir: vamos ao teatro, vamos beber, vamos namorar, vamos passear, porque isso nos distrai temporariamente dessa dor. Não põe fim a essa dor, não elimina essa dor. Mas conseguimos escapar - são milhares as formas de fugas, e cada um tem sua forma particular de fuga da dor que surge.

Se o que surge nesse momento é prazeroso, nós apreciamos, queremos mais disso. Então, nós vivemos cultivando o prazer, quando buscamos mais disso que nos dá prazer; cultivamos a dor, quando fugimos daquilo que nos causa dor. Assim, nós vivemos sempre dentro desse movimento, que é o movimento psicológico do tempo. Esse movimento psicológico do tempo, ele se constitui como sendo o "centro" dessa identidade. Esse "eu" tem por centro esse movimento. O movimento no tempo, esse movimento no tempo, ele está pleno de imagens, de memórias, de lembranças.

Então, o nosso movimento psicológico de "ser alguém" é um movimento que ocorre no tempo - que é basicamente pensamento. Esse conjunto de lembranças, lembranças dolorosas e lembranças prazerosas. Então, nós estamos vivendo dentro dessa condição. Essa é a condição do "eu", é a condição do "ego".

Quando nos cansamos disso, nesse modelo de vida meramente materialista, nós nos voltamos para essa assim chamada "vida espiritualista" ou a "vida da espiritualidade". É quando começamos a ter aspirações por coisas mais altas, mais elevadas, por maiores conquistas, por maiores realizações. Essas realizações e conquistas, assim chamadas mais altas, mais elevadas, notem, ainda estão dentro de uma busca de preenchimento, de realização, de satisfação num nível diferente do que nós conseguimos anteriormente.

Então, quando nos cansamos do materialismo, nós nos voltamos para a espiritualidade. Mas estamos sempre dentro desse movimento que ainda é o movimento do "eu" envolvido com essa noção de tempo, de alcançar, de realizar, de "vir a ser". É quando falamos em encontrar também a Realização da Verdade, a Realização Divina. Falamos em ter um "encontro com Deus". Notem: a noção de Deus, no tempo; a noção da realização da verdade, no tempo; a realização da felicidade, no tempo. Então, estamos sempre, dentro de nossa cultura, dentro do nosso condicionamento, dentro daquilo que nos foi ensinado, a manter a continuidade desta entidade que é o "eu", o "mim", buscando para si mesmo alguma coisa.

Observe que esse movimento é o movimento da dualidade, porque existe esse "eu", o "mim", o "centro", em busca de algo. Então, há essa separação. Então, nós temos a noção do tempo, do futuro, para alcançar ou para realizar; e a identidade que vai alcançar, que vai realizar. Então, é sempre a partir desta frustração de identidade, que é "egoica", que se vê separada da experiência, se sentindo frustrada por estar sentindo falta de alguma coisa - ou é o desejo de se livrar da dor, ou é o desejo de alcançar o prazer, ou é o desejo de realizar algo além deste prazer e dor, dentro do conhecido - tendo assim uma experiência mais rica, mais profunda, assim chamada "experiência espiritual". Mas é sempre esse modelo de separação, de dualidade e, portanto, de frustração. Será que podemos nos aproximar de tudo isso abrindo mão do tempo?

É isso que estamos investigando com você aqui dentro do canal e nesses encontros que temos online, nos finais de semana. Você tem o link do Whatsapp aqui na descrição do vídeo para participar desses encontros, nos finais de semana. O que estamos trabalhando juntos aqui é o fim do tempo, desse tempo que é o tempo criado pelo pensamento, que é o tempo que é o pensamento.

A forma de nos aproximarmos da Verdade é nos aproximarmos daquilo que somos, nesse instante. Tomarmos ciência dessa frustração, que está dentro desse sentido de separação, onde há esta dualidade, este "eu" e a "outra coisa"; este "eu" e a "dor"; este "eu" e o "prazer"; ou este "eu" e essa "experiência", assim chamada a "experiência com Deus". Tomar ciência do movimento do "eu", tomar ciência deste "centro", deste conjunto de memórias, de lembranças. Perceber o sentido de dualidade presente e a ilusão disso. A ciência, para isso, é o fim para essa condição, que é a condição da dualidade.

Nós temos uma noção - e essa é a noção que nos foi dada nesse velho modelo - para alcançar, para se livrar, para realizar ou para se desfazer daquilo que não queremos para nós. Nós estamos dentro desse modelo. Tomar ciência dessa separação é perceber que não existe tal coisa, não existe esse "eu" e "essa dor"; este "eu" e "esse prazer"; este "eu" e "essa experiência", assim chamada espiritual. É um único movimento: a partir deste "centro", a outra coisa está presente.

Podemos ter uma aproximação - essa é a pergunta - aqui, onde não haja essa separação entre esse "eu" e "essa dor"; ou esse "eu" e "esse prazer"; ou esse "eu" e "essa experiência", assim chamada espiritual, mística ou religiosa? É possível percebermos, por nós mesmos, com clareza, que esta separação não existe? Estamos lidando com a mesma experiência centrada dentro de um processo de ilusão.

Então, é possível nos desfazermos dessa dualidade. Ter uma aproximação de si mesmo, tomando ciência daquilo que somos nesse instante - isso é o fim dessa dualidade, e, portanto, é o fim desta separação. Então, há, sim, uma Realização, mas não está no tempo. Há, sim, um Amor, uma Liberdade, uma Felicidade, uma Realidade Divina, mas não faz parte daquilo que o pensamento projeta, daquilo que o pensamento idealiza; não faz parte desse movimento, que é o movimento do tempo psicológico. Então, é o que estamos mostrando aqui, trabalhando aqui, investigando aqui com você.

A visão da Realidade deste Ser está presente quando a dualidade não está mais. Ao passarmos por experiências dolorosas, quando elas voltam, voltam num formato de dor, como memória, como lembrança. Então, ao estarmos internamente, psicologicamente, aqui, nesse instante, em sofrimento, nós estamos envolvidos com o passado, com a memória, com a recordação de uma dor, de uma experiência dolorosa. Então, a ansiedade, o medo, a angústia, a culpa, é a lembrança dolorosa. É o que vem do passado, trazendo um sentimento, uma sensação dolorosa para uma entidade que é esse "mim", esse "eu", esse "pensador", esse "experimentador", vivendo isso agora, aqui, novamente.

O que ele faz é tentar se livrar disso, escapando para algum nível de distração, para não viver essa dor. Então, essa dualidade está presente. Quando é o prazer, ao passar por experiências agradáveis, quando a lembrança vem, o prazer vem juntamente com essa lembrança. Essa sensação, esse sentimento, é algo que também está vindo do passado. Para esse prazer, nós queremos a continuidade. Então, nós vamos em busca de mais disso. Então, nós temos o desejo. Então, de um lado, nós temos o desejo, que é a busca da continuidade do prazer, que é algo que está vindo também da memória, do passado, da lembrança. Por outro lado, nós temos a dor - o medo é parte disso - que queremos nos livrar, algo também vindo do passado. Veja, é sempre nesse momento que tudo isso está surgindo, mas nunca entramos em contato direto com a experiência: seja ela de dor, seja ela de prazer, seja ela de imaginação, de uma assim chamada "realização espiritual", não percebemos que é o pensamento que está produzindo todas essas três coisas.

Esse pensamento, ou sentimento, ou sensação, é a experiência; e há esse "mim", esse "eu", esse "experimentador", se envolvendo com essa experiência e dando continuidade a isso. Continuidade à imaginação, desta assim chamada "realização espiritual", essa idealização desse encontro com a verdade, desse encontro com o amor, desse encontro com Deus, ou a idealização, ou esta busca de se livrar desta dor, deste medo, ou desta busca de continuidade no prazer. Entrar em contato direto com isso, apenas tomar ciência de que tudo isso vem do passado, que é só um movimento criado por esse "centro", que é o "eu", o "ego", que são essas lembranças, essas recordações, essas memórias, apenas tomar ciência disso.

Quando não há esse envolvimento psicológico de querer fazer algo com isso, seja com a dor, com o prazer, ou com essa assim chamada busca - que é uma projeção ainda do passado, ainda do pensamento - quando apenas tomamos ciência disso, há o fim para esta dualidade. Reparem que isso, nesse instante, é o fim do tempo! Agora, não há tempo - é quando o tempo psicológico termina, que o pensamento termina. E quando o pensamento termina, quando esse movimento da experiência perde o valor, esse "experimentador", esse "centro", perde a importância. Quando isso ocorre, essa dualidade desaparece.

Ter um contato direto com aquilo que está nesse instante, nesse momento, sem fugir, sem buscar ou sem imaginar; tomar ciência disso, é o fim da dualidade. Esse é o fim do "eu"; é o fim do "ego"; é o fim desse sentido de dualidade. Na Índia eles chamam isso de Advaita: a não-dualidade, a não separação. Advaita é a não-dualidade. A única realidade presente é aquilo que está fora do tempo, está fora desse modelo de separação. É quando você está em um contato direto com a Verdade daquilo que é você.

Então, esse sentido do "eu", que é o "pensador", que é o "experimentador", que é este "centro", se desfaz. Quando isso não está presente, a experiência também desaparece. Então, esse prazer, ou essa dor, ou essa busca da espiritualidade, tudo isso se desfaz. Porque você tem, agora, a Ciência da única coisa presente que é aquilo que está presente quando o sentido do "eu" não está. Então, estamos diante de algo indescritível, inominável, que é a Realidade Divina. Então, esse contato com a Verdade do seu Ser está agora, aqui, quando não há esse movimento de separação, quando não há esse movimento de dualidade. Algo possível, presente, quando há Real Ciência de Ser, Pura Consciência.

Aqui, nós temos encontros online, como foi colocado, nos finais de semana. Como colocamos aqui para você, nós temos esses encontros online, onde podemos investigar melhor tudo isso. Trabalharmos perguntas e respostas, e vivenciarmos um momento de quietude, de silêncio, de meditação. Esses encontros online ocorrem aos finais de semana. Você tem aqui na descrição do vídeo o nosso link do WhatsApp para participar desses encontros. Além disso, temos encontros presenciais e, também, retiros. Eu quero deixar aqui um convite para você, ok? Se isso é algo que faz sentido para você, aproveita nesse momento, já deixa aqui o seu like, já se inscreve no canal, e a gente se vê, ok? Valeu pelo encontro e até a próxima.

Janeiro de 2025
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quinta-feira, 3 de abril de 2025

O que é vida espiritual? | Fuga da realidade, psicologia | Autoconhecimento, Atenção Plena

Aqui nesse canal você já observou que nós estamos tratando de assuntos que são temas que as pessoas procuram saber a respeito deles. Todos atrelados a essa questão desta vida humana. São questões, na verdade, fundamentais como alguns chamam, porque elas envolvem uma profunda mudança interna possível para cada um de nós. E assim estamos diante de uma possibilidade de irmos além da condição em que nós nos encontramos. E é isso que nós estamos investigando aqui com você, averiguando, aprofundando, esclarecendo.

Nós temos diversos temas sendo tratados aqui no canal. Você encontra todos esses temas aqui em playlists.

São dezenas de playlists. E nós estamos, a cada dia, colocando novos vídeos, aprofundando cada um desses assuntos. Nós precisamos ter uma compreensão direta da vida.

Mas também é importante que se diga aqui que essa compreensão não nasce de uma mera aproximação intelectual, teórica ou verbal. Se faz necessário para cada um de nós algo muito maior do que isso. E esse algo é ter uma aproximação desses assuntos, aprendendo a escutar, aprendendo a olhar, aprendendo a perceber, a se dar conta deles.

Na teoria, no conceito, na ideia, nós ficamos apenas no âmbito intelectual, no âmbito verbal. Observe você que a nossa forma de aproximação da vida é muito teórica.

Nós não temos uma aproximação verdadeira. E sem essa aproximação verdadeira, e o que é que eu chamo aqui de aproximação verdadeira? É aquela aproximação onde você sai da teoria para a vivência direta, para o experimentar direto. A não ser que isso ocorra, nós continuaremos sempre nas ideias, no campo das ideias, no terreno da abstração, nessa mera intenção ou visão motivada pelo desejo, pela busca de alguma coisa para esse auto aperfeiçoamento ou auto melhoramento, o que, na verdade, é um equívoco.

Esses assuntos aqui não têm esse propósito. Aqui não se trata dessa ideia de melhorar a pessoa. Aqui nós estamos investigando a natureza da pessoa, a estrutura e natureza do "eu", desse ego, desse mim, dessa pessoa.

A não ser que isso seja compreendido, nós continuaremos sempre na vida sem uma visão real dela. Repare quando as pessoas têm perguntas ou gostariam de ver tratados alguns assuntos, em geral, a forma que temos de aproximação disso tudo é na busca de ver confirmadas nossas crenças, nossas teorias e conceitos.

Então, não temos, de verdade, uma real aproximação. Isso fazemos porque estamos pensando em melhorar como pessoas. Aqui eu tenho algo para dizer para você.

O propósito desse canal é lhe trazer uma visão sobre você, da verdade sobre você. E essa verdade irá lhe revelar algo além da pessoa, além do "eu", além do "mim", além do ego. Portanto, não se trata desta pessoa melhorando.

Se trata de uma visão clara de que esta pessoa é uma ilusão. Aqui estamos com você trabalhando no Despertar da Consciência, no Despertar Espiritual. Alguns chamam de Iluminação Espiritual.

É uma aproximação da vida, da real vida possível para cada um de nós. Então, quando as pessoas perguntam: o que é vida espiritual? É a vida divina, é a vida do seu Ser, é a vida de Deus. Esta é a vida real. É frequente perguntas do tipo: o que é a vida? As pessoas querem um significado para a vida, mas elas não compreendem que não há nenhum outro significado para a vida, a não ser a própria vida.

A não ser que compreendamos o que é a vida, nós continuaremos dentro desses valores, desses motivos, intenções e valorizações de padrões de comportamento totalmente alienados da beleza da vida. Não há separação entre o que é a vida e a vida espiritual.

É que a vida que nós conhecemos é a vida do "eu", é a vida do ego. E nesta vida estamos vivendo em conflitos de todos os tipos. Conflitos que existem em razão da não compreensão da vida de relação com nós mesmos, com o outro, com as situações e episódios e acontecimentos e o próprio mundo.

Então, uma não visão da vida nos coloca dentro de uma relação com o outro, com o mundo, com o que surge, com o que acontece, de uma forma inteiramente equivocada. E, em razão disso, o sofrimento está presente. O ser humano vive em conflito, vive em contradição.

Ele vive esperando algo da vida, mas, ao mesmo tempo, ele está em busca de uma outra coisa. Esse comportamento em contradição, nesta relação com pessoas, com situações, com acontecimentos, com planos, com projetos, nos coloca em um estado de sofrimento, em razão do conflito que se estabelece, entre o ideal de fazer e a execução de algo diferente disso.

Então há uma contradição, e nessa contradição nós temos a presença do sofrimento. Existe algo muito comum, existe algo que já foi percebido por aqueles que observam o próprio movimento da mente, mesmo que de uma forma superficial, nós já nos aproximamos, e essa é a visão que muitos têm dentro de uma visão psicológica, de que realmente nós estamos dentro de um movimento, em razão de todo esse sofrimento, de fuga, de fuga psicológica.

Estamos diante desta fuga da realidade, em psicologia isso é conhecido. Essa realidade é a realidade que nós temos construído. Quando digo nós, eu digo essas razões do pensamento presente em nós, os motivos, os valores do pensamento.

Nós estamos estabelecendo em nossas vidas uma condição psicológica de existência onde estamos constantemente procurando fugir de toda essa dor, de todo esse sofrimento, de todo o resultado desta contradição dentro da qual nós nos comportamos. Então, isso produz sofrimento e depois nós vamos em busca de um alívio, de um afastamento.

Então, nós nunca nos aproximamos da vida para a compreensão dela. Nós estamos vivendo precisamente como todos os outros viveram antes de nós, como todas essas outras pessoas têm vivido há milênios.

Essa tem sido a nossa sina. A nossa forma de comportamento é uma forma de comportamento onde os nossos padrões estão se repetindo. Nós estamos repetindo os padrões dos nossos pais, dos nossos avós, daqueles que chegaram aqui antes de nós.

E nós estamos vivendo exatamente como eles. A não ser que isso seja interrompido, que tenhamos uma visão clara da vida, livre desta condição em que nós nos encontramos, que é a condição desta mente egoica, desta mente da pessoa, desta mente do "eu", nós continuaremos sempre vivendo uma vida em sofrimento e estaremos sempre nesta procura ou nessa busca de fuga da realidade, desta dor, desta complicação.

Aqui com você nós estamos trabalhando o fim desta psicológica condição de vida, o fim desta psicológica condição de existência para realmente uma vida livre, uma vida onde o amor esteja presente, onde a liberdade esteja presente, onde a felicidade esteja aqui, neste instante. Isso é algo possível quando descobrimos algo além desta pessoa, deste "mim", desse "eu".

É por isso que nós precisamos aqui de uma real aproximação da vida. Então, para a pergunta: o que é a vida? A resposta para essa pergunta está na compreensão de como a mente funciona presente em nós. Porque quando nós perguntamos o que é a vida, a ideia é olhar para fora.

Mas, repare, não existe qualquer vida lá fora sem a ideia de alguém presente aqui dentro. Quando olhamos para fora, é porque acreditamos estar dentro, sendo alguém. É quando essa ilusão termina, dessa ideia de ser alguém, de ser esse "eu", de ser essa pessoa, que essa ilusão desta vida lá fora desaparece, porque nós temos o fim desta separação entre você e a vida. Não existe você e a vida. Nós temos uma única presença e essa presença é a presença da vida.

Essa ideia que temos, esse pensamento que trazemos, essa imagem que carregamos em nós, nesse modelo da mente, como ela tem funcionado, é um equívoco. Não existe esse "eu", esse "mim", esse ego, essa pessoa. Essa é a verdade sobre a vida. Então, a resposta para a pergunta o que é a vida, é a resposta para o que é a vida espiritual. Há uma única realidade presente e essa realidade é o divino, é Deus, é a verdade.

É apenas nesse sentido que nós usamos aqui a expressão espiritual. Em geral, se usa essa expressão linkando essa palavra a rituais, cerimônias, práticas místicas ou a coisas esotéricas. Essa assim chamada espiritualidade é algo que o pensamento tem produzido, o pensamento tem criado.

E nós estamos presos a essas ideias. Então, quando as pessoas usam a expressão vida espiritual, elas ligam a essas práticas. A verdade da vida, sobre o que é a vida, é que a vida é divina. É nesse sentido que a vida é espiritual.

No entanto, isso não tem nada a ver com todo esse aparato, toda essa parafernália que o pensamento tem construído, em torno dessa expressão. E é isso que estamos vendo aqui com você, quando tratamos da questão do Despertar da Consciência, que na verdade representa o fim do "eu", o fim do ego, o fim desta pessoa.

De uma forma natural, o fim de tudo o que a mente tem produzido. Portanto, isso é algo que requer a presença de uma visão clara, lúcida, real da vida. E aqui, como foi colocado, não existe você e a vida.

Uma aproximação da vida é uma aproximação de si mesmo. Uma compreensão de si mesmo é a real visão da compreensão da vida. Você é a vida.

A vida, você e essa realidade divina é aquilo que está presente e jamais deixou de estar presente. Nós não temos ciência disso, porque nós vivemos dentro desse quadro de ignorância, de ilusão, de não visão a respeito da realidade sobre quem nós somos. Portanto, o que é que temos enfatizado aqui? Nós temos enfatizado aqui o que é ter uma aproximação da verdade sobre você.

É essa aproximação que lhe permite um olhar direto para a vida como ela é. Repare, a vida como ela é, não como o pensamento em nós procura constantemente fazer uma leitura sobre ela, criar ideias sobre ela. E é exatamente em razão dessa criação de ideias sobre a vida que esse sentido do "eu", do ego, a pessoa, como nós nos reconhecemos ser, que está em conflito com a vida porque se vê separado da vida.

E em razão disso, repito, está presente todo tipo de confusão, todo tipo de desordem, todo tipo de sofrimento. Isso faz com que o ser humano esteja constantemente procurando escapar dessa dor. Essa é a fuga psicológica, é a fuga da realidade.

Porque como seres humanos nós sofremos e não sabemos lidar com o sofrimento, não sabemos nos dar conta disso. Nós não nos movemos de uma forma inteligente em meio aos desafios da vida. Porque é natural que esse sentido do ego não tenha ciência disso, do que é a vida, porque ele se vê separado dela. E em razão do sofrimento, nós estamos tentando amenizar essa dor. E fazemos isso nos envolvendo com vícios, nos envolvendo com buscas de preenchimento e prazer em realizações materiais, em sensações físicas, em formas de satisfações emocionais.

Então, o ser humano vai em busca desse escape da dor para o prazer da comida, do sexo, da bebida e de todo tipo de comportamento que possa afastá-lo temporariamente desta dor, existencial. Então, como não temos a real presença da vida, que é a presença do divino, que é a presença de Deus, nós não temos ciência da beleza do nosso próprio Ser.

E, portanto, se confundindo com a mente egoica, se identificando com o corpo. Há essa constante busca de satisfação sensorial, o que nos lança num modelo de vida egocentrada. Nesse auto-interesse, tudo que o ser humano tem feito é buscar para si mesmo, para o seu próprio eu, aquilo que lhe preencha, que lhe traga satisfação, aquilo que possa lhe afastar dessa dor, desta miséria da mente egoica.

Essa condição de miséria da mente egoica tem nos colocado como seres humanos presos a ambição, a busca de aquisições materiais, emocionais, físicas. Isso gera apego, isso produz o medo. Então, essa é a condição psicológica de neurose. A ansiedade, a depressão, as diversas formas de preocupações, os temores diversos que, nesta mente egoica, todos nós conhecemos, é parte desta condição de miséria do "eu", de miséria da mente. A boa notícia é que há uma realidade presente. E essa realidade não é a mente, não é o ego.

Essa realidade é a bem-aventurança. Não é a miséria. É a felicidade. Não é a dor, o sofrimento, como nós conhecemos nesse sentido do ego, nesse sentido do "eu". Aqui com você nós estamos trabalhando como romper com isso, como ir além desta condição de infelicidade. Isso requer a presença desta atenção sobre as nossas reações. Nós não sabemos lidar com nós mesmos.

Naturalmente não sabemos lidar com o outro dentro das nossas relações, porque essa é a condição em que a mente se encontra nesse egocentramento. Tudo que nós fazemos é para obter para esse "mim" alguma coisa. E todo esse movimento egocêntrico é um movimento que envolve padrões de comportamento de inveja, de ambição, de controle.

Então, isso nos causa sofrimento. E nós não sabemos lidar com isso. Não sabemos lidar com nós mesmos.

E nessas relações com as pessoas mais próximas. Reparem que coisa importante temos aqui para dizer a você. Nós não vivemos isolados. Todos nós fazemos parte de uma família.

A nossa relação com o outro na família, com os filhos, com o marido, com a esposa, a nossa relação com parentes mais próximos e também distantes, são relações onde estamos o tempo inteiro refletindo esta interna condição de desordem emocional, psicológica, confusão, em razão desse autocentramento. E nós estamos comunicando isso dentro das relações, provocando sofrimento, criando mais confusão. Não há inteligência, não há sabedoria, não há uma real visão de nós mesmos, não há uma real visão do outro.

Assim, o nosso comportamento é isolacionista, é fomentador de confusão, porque estamos vivendo no "eu", vivendo no ego, vivendo essa infelicidade psicológica. Não há amor em nossas vidas. Não há paz em nossas vidas. Não há liberdade em nossa mente, em nosso coração.

Assim, trazer atenção para as nossas reações, aprender a olhar, apenas a olhar, não é procurar mudar aquilo que você está vendo, mas olhar.

Olhar o que se passa dentro de você. Se há um pensamento, você se dá conta do pensamento. Toma ciência do pensamento. Se há uma emoção, um sentimento.

Quando nós aprendemos a olhar nossas reações, começamos a ter a verdade da aproximação dentro das nossas relações com essas pessoas mais próximas, a verdade desse "eu", que eu sou. Na razão em que me aproximo para olhar percebo a confusão, percebo o sofrimento, percebo a desordem presente nesse mim, ao perceber isso, nós temos, sim, a possibilidade de romper com essa condição interna, em nós mesmos, para uma relação com ele ou ela, sem esses padrões.

Então, aqui, já tocamos com você nessa questão do Autoconhecimento e desta atenção real.

Quando há Autoconhecimento e essa atenção completa, quando há Autoconhecimento e essa atenção plena, quando tomamos ciência de como nós funcionamos, essa própria ciência rompe com esse modelo, rompe com esse padrão, que é o padrão do "eu". Então, temos uma proximidade da ciência do Autoconhecimento. É apenas nesse sentido que nós usamos aqui essa expressão Autoconhecimento.

Não é uma ferramenta para melhorarmos como pessoa, é a visão do próprio eu. E essa visão do próprio eu, quando ela é real, não existe um elemento para alterar isso, para mudar isso.

Esse elemento ainda seria parte do próprio eu. É por isso que o que as pessoas chamam aí fora de Autoconhecimento é só um ajustamento do "eu" ao próprio eu. É uma mudança do "eu" dentro do próprio eu.

Essa não é a visão da verdade do fim do "eu". É a continuidade do "eu", melhorado, ampliado, aperfeiçoado. Não é nesse sentido que nós usamos aqui essa expressão.

Aqui Autoconhecimento é a ciência do movimento do "eu". Apenas a ciência, sem esse elemento que se separa para olhar.

Então, fica só o olhar, o observar, o perceber. Esta ciência é a ciência da não separação, porque não existe mais esse observador vendo quem ele é, porque esse observador que vê quem ele é, ainda é parte dele, tentando ajustar, corrigir, não é isso. Aqui com vocês estamos lhe mostrando o que é ter uma aproximação da meditação. E se aproximar da meditação, requer uma aproximação sem o "eu", sem o meditador, sem o observador.

É olhar nossas reações, apenas olhar. Quando há um verdadeiro olhar, nós temos uma qualidade nova de energia presente, que rompe com o padrão do "eu", que desfaz desse padrão do ego. Então, algo novo surge, que não é mais a pessoa, o "mim", o "eu", o ego. Temos a presença da realidade.

Portanto, a vida em amor, em liberdade, em felicidade, é a vida espiritual. Mas não é a vida de alguém, é a vida deste Ser, nesta ausência do "eu", nesta ausência do ego.

Então, esse é o nosso propósito aqui com você. Nos finais de semana, nós temos encontros online.

São dois dias juntos, sábado e domingo, onde estamos aprofundando isso com você. Você tem aqui na descrição do vídeo nosso link do WhatsApp para participar desses encontros online, onde estamos aprofundando, explorando isso. Além desses encontros online, nós temos encontros presenciais e também retiros.

Se isso é algo que faz algum sentido pra você, fica aqui um convite, já deixe aqui o seu like, se inscreva no canal. Coloca aqui no comentário: sim, isso faz sentido. Ok? E a gente se vê. Valeu pelo encontro e até a próxima.

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terça-feira, 1 de abril de 2025

Joel Goldsmith | Os Fundamentos do Misticismo | O que é o pensamento? | Marcos Gualberto

GC: Olá, pessoal! Estamos aqui para mais um videocast. Novamente, o Mestre Gualberto aqui conosco. Gratidão, Mestre, pela presença.

Hoje, eu vou ler um trecho do livro do Joel Goldsmith chamado "Os Fundamentos do Misticismo". Num trecho desse livro, Mestre, o Joel faz o seguinte comentário: "A mente é o instrumento que você usa para propósitos de pensamento, de raciocínio ou qualquer outro objetivo de conhecimento". Nesse trecho, o Joel comenta sobre o pensamento. O Mestre pode trazer a sua visão sobre o que é o pensamento?

MG: Gilson, a pergunta "o que é o pensamento?" é uma pergunta muito importante, na verdade, de grande relevância para todos nós, porque a nossa vida é uma vida que ocorre dentro de relações: relações com pessoas, com lugares, com coisas, com situações, com acontecimentos. e sempre está presente o pensamento, mas não sabemos a verdade sobre o pensamento. Então, vamos investigar com você, aqui, o que isso representa.

Nós temos uma playlist aqui no canal sobre esse assunto, "o que é o pensamento", assim como "o que é o pensar". Há uma estreita relação entre o processo do pensar em nós e a verdade do pensamento. Então, vamos começar pelo pensamento.

O pensamento em você é a memória. Agora mesmo, estamos aqui fazendo uso da fala - você reconhece a língua, você reconhece o idioma. Você reconhece o idioma porque você tem, dentro de você, essa memória, essa lembrança, esse pensamento. Então, você tem o pensamento do idioma. A linguagem falada é o pensamento sendo expresso, é a memória sendo compartilhada; isso é o pensamento. Se eu lhe pergunto alguma coisa, você me dá a resposta. Essa resposta estará vindo, estará surgindo, em razão da memória, em razão da lembrança, em razão da recordação, em razão do pensamento. Então, o pensamento nos dá a resposta - e o pensamento é a memória, é a lembrança -, e essa resposta que você me dá só está presente porque ocorreu, a partir da minha pergunta, um movimento interno em você. Esse movimento interno, cerebral, de busca de informação, esse movimento de busca de informação, essa mecânica, é o pensar.

Então, nós temos o pensar como a mecânica que torna possível a resposta. É todo um trabalho cerebral que ocorre em você. Esse é o pensar! Então, o pensar nos dá o pensamento, nos traz o pensamento; o pensar elabora o pensamento. É daí que surgem as ideias, as crenças, as opiniões, os julgamentos, as avaliações. De um ponto de vista técnico, o raciocínio se faz necessário, a lógica se faz necessária, a dedução, a conclusão. tudo isso se faz necessário de um ponto de vista técnico. É quando o pensamento entra cumprindo uma função muito básica, específica, mas aqui nós nos deparamos com uma outra situação: nós nos deparamos com o pensamento para fazer avaliações, julgamentos, comparações, deduções, tirar conclusões do ponto de vista da totalidade da vida, das relações. Repare onde surge o problema!

Nesse contato que tenho com você, eu não preciso de conclusões, avaliações, julgamentos e comparações, eu preciso unicamente da compreensão dessa relação, e a compreensão dessa relação requer a presença de algo além do pensamento. No entanto, nós estamos colocando o pensamento dentro de nossas relações. É aqui que surge esse sentimento do "eu", esse pensamento do "eu" e toda a confusão estabelecida na vida humana, na vida do ser humano, porque temos a presença de um movimento isolacionista, partidário, pessoal, egocêntrico.

Então, notem isso, nós temos dois níveis aqui: o primeiro nível é o pensamento funcional, esse que é técnico. O conhecimento, a experiência, a especialização, para uma profissão, para lidar com os nomes das pessoas, para contar histórias, que são lembranças e memórias, tudo isso tem um determinado lugar dentro de um contexto técnico funcional. Você precisa de um conhecimento técnico, por exemplo, para consertar um carro. Isso é conhecimento, experiência, memória, pensamento. Mas quando o pensamento entra nas relações humanas, cria problemas, e o problema é porque nós colocamos, dentro das relações humanas, o sentido do ego, o sentido do "eu". Então, existe esse movimento, em "mim", de gostar e não gostar, de amar e odiar, de se ofender e perdoar, de ficar aborrecido e aborrecer, de ficar triste e de entristecer o outro; e tudo isso está ocorrendo em razão da presença, também, do pensamento.

Então, veja, não sabemos lidar com o pensamento. Nós fazemos o uso do pensamento técnico, mas nesse contexto da vida, de relações humanas, de relações com pessoas, com situações, na própria relação "comigo mesmo", o sentido do "eu", do ego, é exatamente esse movimento do pensamento que compara, avalia, julga, aceita, rejeita, gosta, não gosta. Isso é o "eu", isso é o ego. Podemos nos livrar disso? Ou seja, podemos fazer uso do pensamento apenas ao nível técnico, e não ao nível psicológico? Todo o sofrimento do ser humano ocorre ao nível psicológico. Sim, ele passa por dores físicas, problemas de saúde, mas isso é algo físico, é algo pontual no corpo. Quando colocamos o sofrimento psíquico, nós temos um outro elemento presente aqui, que não é esse elemento físico, é esse elemento mental - é aqui que está o sentido do ego. E os nossos mais profundos e contundentes sofrimentos, desordens e problemas estão ocorrendo nesse nível, ao nível psicológico, ao nível do sofrimento psicológico.

Aqui, juntos, nós estamos investigando a verdade sobre o pensamento. Nós precisamos descobrir o que é viver livre do pensamento. Ou seja, ao nível funcional, prático e objetivo na vida, nesse sonho de existência, o pensamento se faz necessário, mas ao nível psicológico, ele não é só desnecessário como disfuncional, porque é algo que está produzindo estados internos, no ser humano, de neurose, então o conflito está presente, o sofrimento está presente. O medo é algo assim, a ansiedade é algo assim, depressão é isso, angústia é isso, o tédio, a dor da solidão e tudo o mais.

Então, qual é a verdade sobre o pensamento? Se dar conta disso, tomar ciência disso, é ir além do pensamento, para uma vida livre do pensamento. Então, quando se fizer necessário o pensamento funcional, ele estará lá, apenas nesse nível. Uma vida com o cérebro quieto, com uma mente silenciosa, onde há essa prontidão de resposta para o momento presente, sem o "eu", sem o ego, sem essa neurose interna; uma resposta para a vida, perfeitamente adequada, real, onde não há mais conflito nas relações, onde não há mais problemas nesse contato com ele ou ela e "comigo mesmo", e com a vida, porque não existe mais essa ilusão do "eu", essa ilusão de uma entidade presente, que é esse "mim", criando essa separação desse "eu" e o "não eu". É isso que estamos propondo aqui, trabalhando aqui com você.

Uma visão da vida requer o fim do pensamento como nós conhecemos. E já ficou claro: eu me refiro a esse pensamento psicológico, que é esse pensamento que se assenta nessa ideia, que é a ideia do "eu", desse "mim".

GC: Mestre, nós temos uma pergunta de uma inscrita aqui no canal. Ela faz o seguinte comentário e pergunta, a Maria: "Mestre, como diferenciar uma ação que está alinhada com o presente de uma ação em resposta ao pensamento? Não sei distinguir".

MG: Então, uma presença de ação livre do pensamento - aqui, a pergunta é como discernir isso. Quem é esse elemento que irá discernir essa ação livre do pensamento, desse fundo de condicionamento psicológico, para essa ação livre? Quem é esse elemento que irá discernir entre a ação condicionada pelo pensamento da ação não condicionada pelo pensamento? Quem é esse elemento?

Então, repare, não se trata de um elemento capaz de fazer essa distinção, porque esse elemento ainda será um elemento que estará avaliando, comparando, julgando, concordando ou discordando, vendo o certo e o errado. E esse elemento só estará presente a partir desse fundo, que é esse fundo de experiência, é esse fundo de julgamento, de avaliação, de aceitação ou rejeição, de ver o certo do errado. Esse elemento ainda é o "eu". Então, não podemos contar com um elemento, em nós, capaz de fazer esse discernimento.

Aqui, a primeira coisa é essa: não podemos ter uma aproximação da Verdade a partir de critérios do próprio "eu", do próprio fundo, do próprio pensamento. Aqui, estamos, com você, lhe mostrando como tomar ciência de suas reações; apenas isso. Uma vez que você tome ciência de suas reações, esse perceber será suficiente. Não é o perceber para avaliar, para julgar, para comparar, para tentar acertar, para tentar discernir. É o perceber! Há uma ação nova quando há esse perceber: é o perceber sem o fundo, sem o pensamento.

Então, essa nova forma de estar em contato com o momento presente, não importa o que esse momento presente represente, pode ser um pensamento que surja neste instante, uma emoção, uma sensação, um modo específico de sentir sobre alguma coisa ou sobre alguém... Será que podemos nos aproximar desse momento sem esse fundo? É isso que estamos propondo aqui para você. Essa é a forma real de perceber sem o percebedor, de estar cônscio sem alguém cônscio, de tomar ciência sem alguém adquirindo essa ciência, sabendo algo sobre isso. Então, nesse momento, uma qualidade nova de ação surge; essa ação não nasce do pensamento.

Aqui está a resposta para a sua pergunta: não se trata de discernir para saber o que é e o que não é, se trata de tomar ciência de si mesmo, neste instante. Então, nesse momento, surge a compreensão daquilo que não é real, mas sem a ideia sobre isso. Esse olhar, esse constatar, nos mostra a ilusão. Ficar ciente da ilusão já é tomar ciência da Verdade. Veja, não se trata de algo para se fazer com a ilusão. A própria ciência da ilusão é a rejeição dela, a própria ciência do falso é a rejeição do falso, porque temos presente a Verdade. Então, como podemos nos aproximar dessa qualidade de ação livre do pensamento - desse pensamento do "eu", que é esse pensamento de fundo condicionado, sempre programado para julgar, comparar, avaliar, para interferir no momento presente? Como tomar ciência disso? Observação, percepção, olhar, perceber. Não é alguém olhando, não é alguém percebendo, é trazer para este momento essa Atenção, então haverá clareza e, naturalmente, uma ação nova irá acontecer, estará acontecendo.

A ação real não é premeditada pelo pensamento, ela não nasce de um impulso que vem do passado. A ação real é aquela que responde a este momento presente sem o passado, e é isso que estamos vendo aqui com você. Uma fala como esta lhe aponta algo fora do pensamento. Esse algo fora do pensamento é a ciência da própria Inteligência, é a ciência do seu Ser. Então, temos uma qualidade de ação que nasce desse novo espaço; não nasce de alguém, não nasce do fundo.

Então, aqui se trata de se aproximar de si mesmo pelo observar. Isso é parte do Autoconhecimento, isso é parte da aproximação da Meditação. Nós temos aqui, no canal, uma playlist sobre a Verdade da Meditação, "O que é Real Meditação na prática" e "A Verdade sobre o Autoconhecimento", essa é uma outra playlist. Uma outra é "Aprender sobre o Autoconhecimento". Nós precisamos aprender sobre o Autoconhecimento. Depois você dá uma olhadinha. Aqui na descrição do vídeo tem essas playlists. Você clica e dá uma olhadinha nessas três playlists.

Ter uma aproximação de si mesmo é tomar ciência da Verdade sobre Você nessa ação nova, nessa ação livre.

GC: Mestre, nós temos outra pergunta, de uma outra inscrita aqui no canal. A Dilma faz o seguinte comentário e pergunta: "Como você fez para ter ideias novas que não são da mente?"

MG: "Como você fez para ter ideias livres da mente?" Se livre da mente! Veja, se livre da mente! Aquilo que nós conhecemos por "mente" é esse movimento que vem do passado, que está a todo momento dentro de nossas cabeças, repetindo sempre as mesmas velhas ladainhas, crenças, opiniões, conclusões e ideias sobre nós mesmos, sobre o outro, sobre a vida.

A Verdade do seu Ser é pura Inteligência, e essa Inteligência se expressa quando há espaço, e esse espaço surge quando há Autoconhecimento. Nós temos que descobrir o que é a Verdade, nós precisamos tomar ciência da Verdade, e só podemos tomar ciência da Verdade quando aprendemos sobre nós mesmos. O que lhe dá a Visão da Vida, o que lhe traz Real Inteligência para uma Vida em Amor, em Liberdade e Felicidade é a Compreensão da Verdade sobre você. O Autoconhecimento é a base da Inteligência; essa Inteligência Divina é a base da Sabedoria.

Então, um contato com a vida neste momento, livre do movimento do pensamento, lhe mostra a Vida como Ela é. É que, por muito tempo, o nosso modelo de vida foi sempre um modelo de vida centrado no pensamento, em ideias, opiniões, conclusões, crenças. Assim, nossas mentes estão abarrotadas de tudo isso. Aqui, se livrar da mente é encontrar a Realidade de uma Mente Nova, de uma qualidade de sentir e pensar totalmente novo e diferente. Isso requer a presença do Autoconhecimento, isso requer a presença da Meditação.

Nesse aprender sobre o Autoconhecimento, temos esse aprender sobre nós mesmos. Então, há algo presente que se revela além do "eu", além desse antigo e velho pensador, que acreditamos que nós somos, que acreditamos existir, e que somos nós mesmos. Não existe tal coisa como alguém sendo o pensador, produzindo pensamentos. Todos os pensamentos são respostas que vêm do passado. Todos os pensamentos são memórias, são lembranças. A Realidade do seu Ser não carrega pensamentos; a Realidade do seu Ser é pura Bem-Aventurança, Felicidade, Amor, Sabedoria.

É isso que estamos aqui, com você, em encontros on-line nos finais de semana, trabalhando; e em encontros presenciais e, também, retiros. Se aproximar da Verdade sobre você é romper com a ilusão de alguém presente no controle da vida, assumindo a vida, entendendo a vida ou procurando entender a vida, lutando pela vida. Aquilo que é a Realidade do seu Ser é a própria Vida, é a própria Sabedoria, é a própria Inteligência, é a própria Liberdade. Essa é a Verdade de Deus, essa é a Verdade do seu Ser.

GC: Gratidão, Mestre, já fechou o nosso tempo. Gratidão por mais este videocast.

E para você que está acompanhando o vídeo até o final e tem o real desejo em se aprofundar e viver esses conhecimentos, fica o convite para participar dos encontros que o Mestre Gualberto proporciona, que são encontros on-line de final de semana ou presenciais, e também retiros. Esses encontros são muito mais profundos do que estes vídeos aqui no YouTube. Primeiro, porque a gente pode perguntar diretamente para o Mestre as nossas dúvidas, e, segundo - e principalmente -, porque nesses encontros o Mestre compartilha esse Estado de Presença em que ele vive, e, nesse compartilhar, a gente acaba entrando de carona nessa energia do Mestre. E isso é um facilitador incrível para a gente poder investigar a nós mesmos, para a gente poder entrar de forma natural e espontânea na Meditação, que é esse Silêncio. Então, fica o convite.

No primeiro comentário, fixado, tem o link do WhatsApp para poder participar desses encontros. Além disso, já dá um "like" no vídeo, traz perguntas aqui nos comentários para a gente trazer para os próximos videocasts.

E mais uma vez, Mestre, gratidão pelo videocast.

Janeiro de 2025
Gravatá-PE
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