Páginas

quinta-feira, 9 de maio de 2024

Como vencer o medo. Como lidar com os pensamentos. Advaita: a Não Dualidade. Como me livrar do medo?

A pergunta é: “Como vencer o medo?” Há uma outra pergunta comum, que é: “Como lidar com os pensamentos?”

Primeiro temos que compreender quem é esse que quer lidar com os pensamentos e quem é esse que quer vencer o medo. Haverá uma separação entre o pensamento e aquele que quer vencer o pensamento? Haverá uma separação entre o medo e aquele que quer vencer o medo? Haverá uma separação entre o pensamento e aquele que quer lidar com o pensamento?

Notem isso, queremos lidar com o pensamento. Há uma separação entre aquele que quer lidar com o pensamento, que é o pensador, e o pensamento? Queremos vencer o medo. Haverá uma separação entre esse que é o medroso e o medo? É verdade que é possível separarmos o pensamento do pensador e o medo do medroso? É possível o pensamento sem o pensador? É possível o medo sem o medroso?

Então percebam como isso aqui é simples. Não existe nenhum medo separado do medroso, como não existe nenhum pensamento separado do pensador. Primeiro, antes de tudo, o que é o medo? Não a descrição verbal do que é o medo, mas o que é o medo?

Quando você se depara com uma serpente, com uma cobra, ou está num lugar muito alto e olha para baixo, há uma sensação, há um sentimento, algo ocorre nesse organismo, e isso denominamos “medo”. O medo está presente como uma sensação, um sentimento, uma experiência no corpo, na mente. Então aquilo que nós chamamos de medo é uma experiência. Se queremos descobrir como vencer o medo, temos que primeiro descobrir o que é o medo.

Nós temos o medo nesse formato de sensação, sentimento, experiência diante de um perigo físico, no alto de um penhasco, diante de uma cobra. Um carro vem em sua direção e nesse instante surge um sentimento, sensação, e nesse momento uma ação acontece, então, esse é um tipo muito claro de medo presente que nós conhecemos: o medo físico. Na verdade, é o cérebro, o corpo reagindo a algo ameaçador, a algo que pode oferecer algum perigo.

No entanto, nós temos outras formas de medo, e todas essas outras formas de medo se sustentam em uma única base, que é a base psicológica do “eu”. Medo do escuro, medo do passado, medo do futuro, medo de adoecer, medo de envelhecer, são inúmeras as formas de medo presente, todas se assentando nesse modelo psicológico em nós, que é esse sentido de “alguém” presente.

O que é esse “alguém”? Do que ele é constituído? Esse “alguém” não é “alguém” que está separado do medo. Ele está presente quando o medo está presente; o medo está presente quando ele está presente. Já vimos isso. Vamos colocar de novo aqui muito claro para você.

O medo da velhice é um pensamento, requer a presença de um pensador formando quadros, criando sensações, sustentando sensações. Então, observe: os pensamentos são sensações. Esses pensamentos estão presentes porque esse pensador está presente, e esse pensador com esses pensamentos e sensações é o que chamamos de medo. Então o medo é o medroso. O sentimento, a sensação, o pensamento, o pensador são uma coisa só. Percebem?

Aquilo que está presente no medo é o medroso, e no medroso é o medo, que é sensação, que é pensamento, que, nesse caso em particular, é uma imagem que vem do passado, quando o assunto é uma doença que você já passou por ela e não quer que ela volte a se repetir. Quanto à velhice, é uma imagem que se projeta no futuro desse “mim”, desse “eu” que não quer passar por essa ou aquela situação no futuro, algo imaginado pelo pensamento.

Então, o medo é do passado ou o medo é do futuro, mas esse passado e esse futuro se assentam no pensamento, e esse pensamento está presente porque o pensador está presente. Uma imagem é construída e isso é o medo. Estamos diante de um único fenômeno e, no entanto, acreditamos que é possível uma separação, e nessa separação, podemos fazer algo, como se livrar – tem “eu e o medo”.

Qual é a verdade de como lidar com isso, no caso, o medo? Compreendendo a ilusão da separação que o pensamento imagina, constrói. Para lidar com pensamentos é a mesma coisa. O pensamento constrói a ilusão de um pensador e quer fazer algo com o pensamento, então o pensamento, que é o pensador, se separa para fazer algo com o pensamento; o pensamento, que é o medroso, se separa para vencer o medo. Percebem o truque?

É assim que estamos lidando, de uma forma equivocada, com esse modelo psicológico, que é o ego. O sentido de “pessoa” presente não é outra coisa a não ser a imaginação do pensamento se separando como sendo o “eu”, o “mim”, o pensador. Percebam a importância desta compreensão.

Como se livrar desse padrão? Como se livrar desse modelo de dualidade? Essa é a dualidade. Durante toda a nossa vida, tudo o que nós temos é uma existência construída dentro desse princípio. “Eu gosto de você”, “eu não gosto dele”, o que é isso? Um pensamento. “Ele me causa medo”, “ele me traz amor”, o que é isso? Um pensamento.

Então, o pensamento cria uma identidade e esse pensamento chama essa identidade de “eu”. Esse “eu” gosta, esse “eu” não gosta, esse “eu” se sente amado, se sente excluído, esse “eu” se sente rejeitado, esse “eu” tem o passado e não quer ver esse passado se repetindo. Esse passado é memória, pensamento. Esse “eu” tem o futuro, esse futuro é pensamento, é imaginação que esse “eu” não quer. Isso é o medo.

Então, reparem: tudo está assentado no pensamento, tudo está assentado na imaginação. Assim, o medo é pensamento, e o pensamento é aquilo em nós que sustenta a dualidade, e essa dualidade é uma ilusão.

A Verdade do que está presente agora se revelando é a experiência. Essa experiência pode ser um pensamento, pode ser uma emoção, uma sensação, uma percepção, mas não temos presente o “eu” como um elemento que se separa para gerenciar toda essa coisa. É por isso que nós temos dito aqui que não há esse “eu” na experiência. Não existe essa “pessoa” presente.

Ao ouvir uma fala, a impressão que o pensamento diz dentro de você é que você está ouvindo “alguém”, como você está vendo “alguém”. Esse “ver alguém”, esse “ouvir alguém” é uma projeção do próprio pensamento. O pensamento diz que tem “alguém” lá fora, porque tem “alguém” aí dentro.

A verdade sobre isso é que o que temos presente é o escutar, o olhar, o sentir, o pensar, mas não tem o pensador, não tem aquele que olha, não tem aquele que escuta. Se não há esse que escuta, é só o escutar, não tem “alguém” ouvindo.

Percebam como é interessante investigarmos isso. Escutar sem “alguém” é a Liberdade de apenas estar presente nesse ouvir, sem “alguém” ouvindo. É o escutar! Tomar ciência do outro nesse olhar é olhar sem “alguém” vendo.

Então, é nisso que consiste a Não dualidade, a ausência do “eu”. Isso é conhecido por Advaita, a Não dualidade, a Não separação. Se isso está presente, reparem, nós temos o fim do medo. Não se trata de vencer o medo, não tem “alguém” para vencer o medo.

Reparem como isso é interessante, e delicado também, porque você vai ouvir um especialista e ele lhe fala como lidar com o medo, através de técnicas ele lhe ensina a driblar esse estado de medo, esse estado aflitivo de ansiedade, de preocupação, de angústia, de dor da solidão, e assim por diante. Mas sempre com um truque de uma identidade, que é o “eu” fazendo algo com a experiência. Na verdade, isso se constitui em mais uma forma de, temporariamente, fugir da experiência.

Então, se você vence, você tem que continuar vencendo. Esse “vencer o medo” é escapar temporariamente do quadro psicológico de sofrimento. Então, você afasta o sofrimento psicológico através de um drible que você dá naquela situação, mas você está lá fazendo isso.

A ciência da verdade do fim do medo, do fim do sofrimento, do fim da angústia é outra coisa; do fim para esse sofrimento que o pensamento está produzindo, para essa dor que o pensamento está produzindo, para esse medo que o pensamento está produzindo é outra coisa. Assim, nós precisamos descobrir o que é uma vida livre do ego, do “eu”, do “mim”, desse que se separa, pelo pensamento, da experiência.

O que temos dito aqui para você é que quando existe o fim para esse modelo de pensamento – que eu tenho chamado de pensamento psicológico –, nós temos o fim para essa condição das aflições criadas pelo pensamento, das quais você quer um dia aprender a lidar com elas. Isso é o fim do modelo de pensamento psicológico, que é aquilo que sustenta o medo para esse “mim”, para esse “eu”, para esse medroso que quer se livrar disso.

Então, estamos trabalhando com você o fim do ego, o fim do ”eu”. A ciência da Realidade do seu Ser é Inteligência, é Amor, é Felicidade, é Liberdade, e Isso está presente quando o ego não está, quando esse sentido de separação, de dualidade não está. Então, o nosso trabalho aqui consiste em olhar para isso.

Aqui estamos trabalhando com você o Despertar de sua Natureza Divina, que é o Despertar da Consciência, que é o Despertar do seu Ser, que é a Verdade de Deus – alguns chamam de Iluminação Espiritual.

Março de 2024
Gravatá-PE
Mais informações

terça-feira, 7 de maio de 2024

Autoimagem e psicologia | A importância do Autoconhecimento | O Autoconhecimento Supremo | Advaita

A pergunta é: “Por que há conflito em nossas relações?” A resposta é bem básica: é porque nossas relações são relações que não estão livres do pensamento. Tudo o que nós conhecemos por relações humanas são relações que se assentam nessa estrutura, que é a estrutura do pensamento. Veja, pensamento não observado, não compreendido.

O pensamento tem, naturalmente, um lugar em nossas vidas, mas nós precisamos ter uma aproximação Real disso. As pessoas perguntam como lidar com os pensamentos, porque já perceberam que os pensamentos trazem conflito, trazem contradições, trazem problemas.

Assim, nossas vidas se situam dentro dessa diretriz, que é a diretriz do pensamento. E o pensamento é, por natureza, separatista, ele nos divide, ele nos separa. Nós precisamos ter uma aproximação da Verdade sobre quem somos. Isso é o fim da autoimagem.

Essa imagem que formamos sobre nós, a imagem que eu tenho sobre quem “eu” sou, a imagem que eu tenho sobre você é, isso se assenta no pensamento. Se não há essa Verdade da compreensão de como o pensamento funciona aqui, não há uma clara ciência de como lidar com os pensamentos.

Então nos falta a Verdade sobre nós mesmos. É por isso que temos tratado com você aqui da importância do Autoconhecimento, a visão do Autoconhecimento. Veja, essa questão do autoconhecimento na psicologia, nós precisamos ter uma aproximação verdadeira disso. Do ponto de vista teórico, do ponto de vista conceitual, verbal, isso não irá funcionar.

A visão clara de como nós funcionamos é algo que requer um olhar direto sem conceitos, sem palavras, sem ideias. Então, essa aproximação é de suma importância. A aproximação Real do Autoconhecimento é a Revelação de Deus. Eu tenho chamado de Autoconhecimento Supremo. Não é o mero autoconhecimento, onde teoricamente estudamos sobre isso. Não é o autoconhecimento que nos envolvemos com ele para obtermos resultados, no sentido de uma “pessoa melhor”.

Observem isso: uma “pessoa melhor” é aquela que tem de si mesma uma autoimagem mais esclarecida, bem-educada, polida, disciplinada, que conhece um pouco de como lidar com o outro. Não é disso que estamos tratando aqui. Nós estamos investigando com você aqui o fim dessa autoimagem.

Então, o Autoconhecimento na prática é o Autoconhecimento Supremo, é a ciência do Divino, é a ciência de Deus, é a ciência da Verdade daquilo que está presente e que está além do “eu”, do “ego”.

É possível uma vida livre desse sentido de dualidade, de separação? Isso é conhecido por Advaita. Advaita é a Não dualidade, a Não separação, “o primeiro sem o segundo”.

A natureza deste Ser, deste Verdadeiro Ser que somos é a Natureza de Deus. Então, a Realidade de Deus nesse encontro com o outro, não é o encontro com o outro, é o encontro com Deus, com a única Realidade presente, porque não há dualidade, não há separação.

O meu contato com a esposa, com o marido, com os filhos, com a família, com os amigos de trabalho, com o chefe no trabalho, com o mundo à minha volta, se esse encontro é um encontro onde o sentido de um “eu”, de uma identidade que se vê separada do outro está presente, nós temos estabelecido o conflito.

Podemos nos livrar desse mecanismo que tem dado formação a essa identidade presente? Podemos nos livrar desse mecanismo que tem sustentado essa identidade presente nas relações, que é o sentido do “eu”, o ego?

Será possível uma relação com o outro sem a ideia de “alguém” lá e “alguém” aqui? Sem esse movimento de separação e, portanto, de contradição? Será possível uma vida livre do “eu”, do ego? Como podemos nos livrar desse mecanismo?

Primeiro temos que perguntar como essas imagens são formadas. Veja: ao longo dos anos, desde pequenos, tudo o que você vem adquirindo de conhecimento sobre si mesmo é memória, é lembrança, é recordação, é pensamento, isso é algo que vem do passado.

Tudo o que você tem sobre quem você é é colocado em palavras com base em memórias, lembranças, que são pensamentos. Isso tem dado essa formação à pessoa que você acredita ser, isso é autoimagem.

Quando você encontra alguém pela primeira vez, você não sabe o nome, nunca viu aquele rosto, não tem qualquer ideia de quem ele ou ela é, mas depois de alguns segundos, num contato, em algumas poucas palavras, você já tem o nome, já tem uma memória do rosto. Nesse momento, por uma força de hábito em nós, uma imagem do outro, com poucos segundos de encontro, é formada.

Então agora você sabe quem o outro é – pelo menos é assim que a mente egoica em você se posiciona agora nessa relação: você cria uma imagem. Num próximo encontro com aquela pessoa, a ideia que você tem é que você já conhece a pessoa. Reparem isso!

Reparem como nós temos funcionado em nossas relações. Isso é verdade? Será que nesse contato de quinze anos com o marido ou com a esposa, você realmente conhece ele ou ela? Você a conhece? Ela te conhece? Ou o que você tem dele ou dela é um conjunto de lembranças, de recordações, de imagens dentro das relações, desses diversos relacionamentos que você teve com ele ou com ela?

Então, nossas relações com uma única pessoa ou com diversas pessoas ao longo do tempo, isso é algo que está contribuindo para um grande conjunto de memórias e lembranças que reservamos dentro de cada um de nós.

Isso dá formação a essa autoimagem: a imagem que faço de mim mesmo nesse contato com ele ou com ela, e a imagem que tenho dele ou dela dentro dessas relações para os próximos encontros.

Então, tudo o que tenho de mim e tudo o que tenho do outro são conceitos, memórias, lembranças, imagens. O sentido de uma identidade presente, que é o “eu”, o ego, é exatamente isso.

Assim, o nosso contato com o mundo é um contato onde o sofrimento está presente, porque o autocentramento está presente, e como essa separação está presente, nossas relações estão estabelecidas dessa forma.

Nós não temos só uma imagem do outro, nós temos uma imagem do outro país, nós temos uma imagem de um determinado lugar. “Eu gosto de alguns lugares e não gosto de outros lugares”: isso se assenta na imagem que faço desse lugar ou daquele outro lugar. “Eu gosto daquele país, mas não gosto daquele outro”: se assenta numa imagem que faço sobre aquele país. Então, todo o nosso movimento na vida se sustenta em imagens.

Nós temos imagens de pessoas, nós temos imagens de lugares, temos imagens de países, nós temos imagens dogmáticas que se assentam em crenças religiosas. Veja como temos funcionado. Essas imagens produzem divisões, produzem separações, elas nos dividem, elas nos separam uns dos outros, elas criam problemas em nossas relações.

Os países têm problemas de relações, as pessoas têm problemas de relações, as cidades têm problemas de relações, tudo isso ocorre em razão dessa divisão, uma divisão que as imagens sustentam. Tudo isso está dentro desse movimento psicológico de ser “alguém” e de ver o mundo a partir desse “eu”, desse ego.

Então, há preconceito, há divisões de classes, divisões nacionais, divisões sociais, divisões, assim chamadas, “espirituais”, divisões religiosas, divisões entre famílias. Dentro de uma família, a divisão está presente. Alguns parentes “eu gosto”, de outros parentes “eu não gosto”. O que é esse “eu”, esse ego?

Observem, nossa aproximação aqui é para o fim dessa condição psicológica de ser “alguém”. Isso requer essa importante visão da vida se mostrando neste instante. Quando há uma aproximação da Verdade na prática do Autoconhecimento, nós temos nesse encontro a descoberta desse elemento, que é o “eu”, que se separa, que se divide para conflitar.

Então, o pensamento é algo que está envolvido nisso, porque é sempre o pensamento sustentando, na realidade, tudo isso. Nós não percebemos que tudo isso faz parte desse jogo que o pensamento constrói em cada um de nós. Eu me refiro a esse pensamento psicológico.

Nós precisamos do pensamento de uma forma prática – como temos falado aqui diversas vezes. O seu nome, o seu endereço e o seu rosto são algo interessante nessa relação comigo. É o que eu preciso de você: a lembrança do seu rosto, do seu nome, do seu endereço.

Para assuntos práticos, em nossas relações, é fundamental o pensamento objetivo, o pensamento simples, a memória simples. Mas essa memória psicológica que está dando formação a essa autoimagem – à imagem que eu faço de mim e à imagem que eu tenho sobre quem você é –, isso é algo completamente desnecessário, disfuncional; na verdade, é gerador de crises, de conflitos, de sofrimento entre nós.

O fim para tudo isso é a ciência da Verdade do seu Ser, que é a Verdade de Deus, que se Revela quando há a Liberdade dessa autoimagem, quando liberamos de nós mesmos a imagem desse “mim”, desse ego.

A ciência da Meditação, a visão da Real Meditação é o esvaziamento desse psicológico conteúdo que tem dado essa formação a essa autoimagem. Então, um contato com a vida, com o outro, com o mundo, com os lugares, com as pessoas, sem o sentido de uma “pessoa” envolvida nisso, que é o “mim”, o “eu”, o ego, é a Liberdade de Ser-Consciência-Felicidade.

Olhar para aquilo que somos, tomar ciência da Verdade daquilo que se passa dentro de cada um de nós e soltar essa ilusão de “alguém presente” na vida, dentro da experiência, é a coisa mais importante nesta Existência, nesta Vida.

Veja, isso é o fim dessa particular vida do “eu” para uma Real Vida Divina, para uma Real Vida de Deus. Isso é Iluminação Espiritual, isso é o Despertar Espiritual, isso é a Realização de Deus nesta vida. É isso que os Sábios reconhecem por Advaita, a Não dualidade, a Não separação.

O sentido de “alguém” presente na experiência sendo o experimentador da experiência é completamente ilusório, é algo que o pensamento está produzindo. Esse modelo é o modelo da dualidade, da separação.

Então, há esse “eu”, o experimentador e a experiência. Nesta separação, se estabelece a autoimagem e, naturalmente, um conflito, porque fica esse “eu gosto” ou “eu não gosto”.

Todo o meu contato com você, com base nesse “gostar” ou “não gostar” é uma autoprojeção egocêntrica, onde a dualidade egoica está presente, onde esse padrão de separação está presente. Na Índia, isso é conhecido por Dvaita. Dvaita significa a divisão, a separação.

Aqui estamos trabalhando com você a visão da Advaita, a Não dualidade, a Não separação, o fim desse experimentador na experiência. Se a experiência está presente, é a vida sem esse centro, que é o “eu”, o ego. Então um contato assim, com tudo à sua volta, com lugares, com pessoas, com situações é um contato onde a Realidade do seu Ser está presente.

Abril de 2024
Gravatá-PE
Mais informações

quinta-feira, 2 de maio de 2024

Como lidar com pensamentos? O conflito da dualidade. Advaita: a Não Dualidade. O que é o pensamento?

A pergunta é: “Como lidar com os pensamentos?” Veja, estamos diante de uma pergunta muito importante. Nós não podemos subestimar uma pergunta como essa. E por que não? Porque na nossa vida, se você olhar de perto, você vai ver que o pensamento está em tudo.

Nós vivemos no pensamento, vivemos pelo pensamento. É ele que dirige nossa fala, é ele que dirige nossas ações, é ele que dirige todo comportamento nas relações, é ele que dirige boa parte do nosso sentir. Então, o nosso pensar, e isso envolve esse modelo de pensamento – pelo menos o pensamento como nós temos acesso, como nós conhecemos –, está direcionando nossas vidas.

Então nossas ações precisam ser compreendidas. Não compreendemos o que são nossas ações. Os nossos sentimentos precisam ser compreendidos. Nossas emoções, o nosso modo de sentir, de falar com ele ou ela, de nos relacionarmos, tudo isso envolve pensamentos. Nós queremos descobrir com você aqui o que significa esse pensar.

Como lidar com os pensamentos representa o que é o pensar, o que é o sentir, e que é o viver. Se isso não fica claro para você, o sofrimento está presente, a desordem está presente, a confusão está presente, a desorientação está presente, as ações conflituosas estão presentes. E tudo isso está presente porque psicologicamente há sofrimento, há desordem, há confusão, existe a ausência da Inteligência; e tudo isso em razão da não compreensão de como a mente funciona, de como o pensamento funciona. Ou seja, nós não sabemos lidar com o pensamento.

Não sabemos lidar com o pensamento porque não compreendemos que há em nós o sentido de “alguém” presente no pensamento. Esse “alguém” é a ideia que fazemos de um pensador, de um fazedor, de um realizador de coisas, de “alguém” presente sentindo, de “alguém” presente emocionado, de “alguém” presente na relação.

A não compreensão do que é o pensamento é a não compreensão do movimento do “eu”, que é pensamento. Então, vamos aqui fazer logo uma outra pergunta para investigar essa primeira. Além da “O que é o pensar?”, que envolve esse lidar com o pensamento, nós temos que fazer a própria pergunta sobre o que é o pensamento.

Primeiro temos que compreender o que é o pensamento para compreensão do que é o pensador. Por que isso é fundamental? Porque sem isso nós estamos alienados da Verdade deste Ser. Nós usamos muito a expressão “eu” e temos só a imaginação de um Ser. Observe como é curioso, nós usamos a expressão “eu”, o pronome eu, e temos a imaginação de Ser. A Verdade é outra. A única Realidade é Ser, e esse “eu” é que é a imaginação.

A Realidade presente na relação com o outro é a relação de Ser, não existe esse “eu” presente na relação. Esse “eu” é a imaginação. A não compreensão de que esse “eu” é a imaginação é a confusão de uma identidade que é o pensador pensando seus pensamentos, tendo seus sentimentos, suas emoções, suas sensações e suas relações.

A Verdade d’Aquilo que nós somos é a Realidade d’Aquilo que é Deus. A Realidade de Deus é a Realidade de Ser. Essa é a Realidade de cada um de nós, mas a imaginação do “eu” é a imaginação do pensador, do experimentador, do observador, daquele que sente e daquele que faz, e a nossa vida está situada exatamente nesse nível, porque não há o Despertar da Verdade.

Se a Verdade Desperta, se a Verdade Floresce, temos a ciência da Real Consciência, da verdadeira Consciência, que é Ser. Então, notem o que estamos colocando: nós temos uma consciência comum a todos, é a consciência da mente, é a consciência na mente, é a consciência do “eu”. Essa é a consciência egoica, é a consciência da “pessoa”.

Observe todo o estado caótico, psicológico em que nós nos encontramos. Isto está presente porque não estamos vivendo a Verdade de Ser e, sim, a ilusão do pensador, a ilusão do experimentador, a ilusão desse “mim”. É aqui que está esse estado caótico desse movimento de pensamento descontrolado, inquieto, desordenado. É por isso que fazemos a pergunta “Como lidar com o pensamento?”, porque já percebemos que o pensamento cria muita confusão, cria muita desordem. E isso é simples: é porque ele é a base que orienta a vida desse centro que é o “eu”, o ego.

Esse centro, que é o “eu”, se vê separado do outro, se vê separado da Vida, se vê separado como sendo o autor das ações, se vê separado da fala como sendo aquele que está falando, separado do ouvir sendo aquele que está ouvindo. Tudo isso consiste de uma ilusão, a ilusão do pensador presente. Mas o que é esse pensador? Esse pensador é o próprio pensamento. Você quer controlar o pensamento, mas você é o pensador.

Então, o próprio pensamento se separa como sendo o pensador para gerenciar, para alterar, mudar, controlar o pensamento. Não sabemos lidar com o pensamento porque não sabemos lidar com esse centro que é o “eu”. Não estamos cientes de que esse “eu” que quer lidar com o pensamento é o próprio pensamento, é ele que se separa como sendo o pensador.

Não sabemos lidar com nossas emoções, não percebemos que essas emoções é algo que acontece nesse corpo-mente, mas não tem um centro para essas emoções. Esse centro é o próprio pensamento que cria um centro ilusório, que é o “eu”, que quer lidar com as emoções.

É assim que nós temos funcionado. E por que funcionamos dessa forma? Porque nós não conhecemos a Verdade sobre nós mesmos, não estudamos o movimento do “eu”, que é o pensador, que é aquele que se separa e diz estar sentindo, e diz que está emocionado, e diz que está pensando, e diz que está fazendo as coisas.

Eu sei que isso pode parecer estranho para você a princípio, mas se você olhar de perto, investigar, você vai perceber essa dualidade, esse “eu” sendo o pensador, se separando do pensamento que tem, esse “eu” sendo aquele que sente, se separando do sentimento que sente. Essa separação é que sustenta o conflito do qual queremos nos livrar pelo controle.

Então, quando nós perguntamos como lidar com o pensamento é porque nós acreditamos que somos o responsável pelo pensamento, o senhor do pensamento e, portanto, o que pode controlar e gerenciar o pensamento. Qual é a verdade sobre isso? A verdade sobre isso é que nós somos apenas um movimento de reação de memória. Essa reação de memória é o próprio pensamento.

Quando você escuta alguma coisa, quando você vê alguma coisa, quando entra em contato com uma experiência, é o corpo, a mente, o cérebro entrando em contato com esse som, com aquilo que está ali aparecendo ou com essa experiência. Não tem “alguém” sendo o “eu” nesse contato. O que temos é uma resposta do cérebro que, de imediato, reage, ou depois de algum tempo, de alguns segundos reage àquela experiência. A sensação ilusória de uma identidade reagindo é uma imaginação.

Quando um pensamento surge, porque um estímulo visual surgiu, então um pensamento surge, um estímulo auditivo surgiu, então um pensamento surge ou um sentimento surge, e quando isso aparece, já por uma condição de condicionamento cerebral, condicionamento humano, de cultura, existe a ilusão de “alguém” dentro dessa experiência – um pensamento, um sentimento, uma emoção –, enquanto que, na verdade, o que estamos tendo é uma reação do próprio cérebro, da própria máquina a esse instante, a esse momento presente em razão de um estímulo.

Não existe esse pensador, não existe esse que está sentindo, não existe esse que está emocionado. Há uma resposta de condicionamento cerebral e, também, de corpo e de mente, mas não existe esse “eu” presente. Isso pode ser constatado quando há Autoconhecimento.

Perceber a inexistência do “eu”, a inexistência do ego, a inexistência do centro, tomar ciência de que um pensamento é só um pensamento, uma emoção é só uma emoção, uma sensação é só uma sensação. Se isso é percebido, como não há separação, o conflito desaparece, o problema desaparece, o sofrimento desaparece.

Percebam a beleza disso! O pensamento está presente, carregado com uma ideia de um pensador por detrás dele. Se o pensamento é agradável, esse pensador quer sustentar esse pensamento; se é desagradável, esse pensador quer se livrar desse pensamento. Quando há esse movimento, nós temos a dualidade e, portanto, o conflito, o problema. Queremos lidar com o pensamento, mas quem é esse que vai lidar com o pensamento?

Então percebam claramente isso: o pensador é o pensamento, a emoção é aquele que está se separando como o elemento que é o “eu”, que se diz emocionado. Essa dualidade é um jogo. É o jogo do “mim”, do “eu”, do ego para se sustentar; ele cria esse movimento, ele sustenta esse movimento, ele tem a prática desse movimento. Aqui o convite é aprender a olhar para o pensamento sem colocar o pensador, olhar para o sentimento ou para a emoção.

Então como lidar com o pensamento? Tomando ciência de que não há nenhum pensador, é somente um pensamento. Todo o nosso treinamento cultural, de história humana foi sempre pelo esforço para lidar com o pensamento, ou a emoção, ou o sentimento, ou a ação. Então, estamos sempre sustentando a ideia do “eu”, do “mim”, do ego, para acolher, aceitar aquilo, para se agarrar àquela experiência ou para rejeitar aquela experiência.

Então, não sabemos lidar com o pensamento, porque temos o “eu”, o “mim” querendo fazer isso. Tomar ciência do pensamento, da emoção, da sensação, da experiência sem o pensador é a forma real de lidar com o que está aqui, neste instante, neste momento presente. Isso termina com o conflito, isso termina com o problema, porque isso termina com essa dualidade.

Esse modelo de separação, de dualidade é o que sustenta todo o problema do ser humano, todo o sofrimento para o ser humano, toda essa confusão para o ser humano e toda essa ilusão de poder controlar o pensamento, sendo ele o controlador.

Quando percebemos esse jogo de dualidade, ficamos livre da dualidade, isso é o fim para essa dualidade. Na Índia eles chamam de Advaita, a Não dualidade, a Não separação, esse Estado de Ser onde Você está vivendo a plenitude da Consciência, livre do “eu” E quando Isso está presente, não existem problemas com os pensamentos, porque não existe a ilusão do pensador, e se não há essa ilusão do pensador, esse pensamento psicológico desaparece.

Então podemos lidar com o pensamento no viver. Precisamos do pensamento em alguns níveis. Podemos lidar com o pensamento, precisamos do pensamento de uma certa forma. O seu endereço, o seu nome, a habilidade de lidar com o trabalho técnico, funcional, isso requer a presença do pensamento. Nesse nível ele se faz necessário, ele está presente, mas, agora, sem o centro, que é o “eu”, o ego, o “mim”.

Então nós ficamos livres desse modelo de pensamento psicológico, que é o pensamento que sustenta em nós a inveja, o medo, o ciúme, a ansiedade, a angústia, a depressão, o sentimento de tédio, de solidão, de conflito e de todos os problemas a partir desse centro, que é o “eu”, o ego, o pensador.

Março de 2024
Gravatá-PE
Mais informações

terça-feira, 30 de abril de 2024

Despertar Espiritual | Uma vida livre deste ego | Advaita: a Não Dualidade | Advaita

O que tenho notado é que as pessoas têm uma certa dificuldade de acompanhar um texto como esse. Isso ocorre porque nós já temos um padrão, uma fórmula, uma maneira específica de pensar a respeito dos assuntos, e esta maneira é com assertivas de palavras, com assertivas de crenças, com conclusões já preestabelecidas.

Observe, o assunto que tratamos aqui envolve o fim para toda a confusão, toda a desordem, todo o sofrimento humano. Estamos trabalhando com você a Realização do seu Ser, a Realização Divina, a Realização de Deus – alguns chamam isso de o Despertar da Consciência ou o Despertar Espiritual.

Aqui estamos tratando com você do fim para esse centro, que é o “eu”. Então, o que é esse “eu”? O que é esse centro? Quando você olha para uma roda, você sabe que ela tem um centro. Tem o centro da roda e têm os raios, a parte externa, a periferia. Então nós temos o centro e temos a periferia. Visualizando uma roda de bicicleta, você tem o centro, os raios e o aro.

O sentido de “alguém” presente aqui neste instante é exatamente a ideia desse centro. Em torno desse centro nós temos o raio, nós temos as experiências da vida e temos o aro, que é a própria vida. Então é assim que nós concebemos, idealizamos nossa vida humana, a partir de um centro.

Esse centro é o “eu”, é o ego, é a “pessoa”. Em torno dessa “pessoa” a vida está acontecendo – ao menos é assim que nós acreditamos. É assim que, portanto, estamos vivendo. Nós não podemos dizer que isso não é real. O que podemos dizer é que isso precisa ser investigado, porque a base da realidade disso, da verdade disso é que nisso consiste toda a confusão, todo o sofrimento, toda a desordem em nossas vidas. Então, isso é aquilo que se mostra, é aquilo que é nesse instante nossa vida – a vida dessa “pessoa”, a vida desse “mim”, a vida desse “eu”.

O que nós estamos vendo aqui juntos é a importância de termos uma aproximação para ver que isso que nós chamamos de “vida” ou “minha vida”, dentro desse desenho onde temos um centro em torno do qual a vida acontece, é algo que nós precisamos descartar, porque não tem qualquer verdade quando temos presente a Realidade Divina, quando temos presente a Realidade de Deus.

Então, veja: estamos lidando com o que é, com aquilo que se mostra sendo, com aquilo que parece ser. Isto é a verdade desse “eu”, onde temos essa particular vida. Mas existirá alguma outra coisa além disso? E é isso que estamos dizendo. Sim, certamente existe algo além disso, que é a verdadeira Vida Divina, que é a verdadeira Vida de Deus, não é a vida particular desse “eu”, desse centro, desse ego.

Então, como podemos ter uma aproximação disso? Aprendendo a olhar. Eu tenho dito que há uma diferença entre ver e olhar. Quando você vê algo, você sabe aquilo que está ali a partir de um conhecimento que você tem, que você traz. Quando você olha para uma pessoa, você sabe quem ela é. Esse saber quem ela é, esse conhecimento que você tem quando vê algo ou quando vê alguém se fundamenta em experiências passadas que você teve com ele ou com ela. Então, quando você está diante dele ou dela, você a vê. Uma coisa é ver, outra coisa é estar diante desse olhar.

Aqui nós precisamos descobrir uma vida onde haja um espaço completamente livre desse centro e dessa periferia. Então a Vida Divina, a Vida do seu Ser, a Vida de Deus, a vida possível para você é a Vida onde não existe mais esse centro e, portanto, não existe mais essa periferia. Como podemos nos aproximar desta Vida? Aprendendo a olhar.

Esse olhar é possível quando não existe esse centro que olha, que observa, que percebe. Quando não existe esse centro, não temos mais esse ver. Percebam a beleza disso. É possível reconhecer o rosto da pessoa, mas, ao mesmo tempo, não termos dela um conhecimento, uma experiência, uma memória que se assenta no passado, porque não temos esse centro.

Percebam a diferença. Olhar é completamente diferente de ver. Você está nesse “olhar”, nesse viver, nesse contato com o “outro” sem a separação, porque esse centro, que é o “eu”, o observador, aquele que traz do passado todas as experiências das quais viveu com ele ou ela, não está mais presente.

Aqui eu me refiro a essas experiências psicológicas. Você teve momentos agradáveis e desagradáveis, momentos que você teve prazer e, também, sofrimento com aquela pessoa, e isto deu uma formação para você. Essa formação é a formação desse centro; esse centro é o ego, é o “eu”.

Será possível uma vida livre desse centro, desse ego, uma vida completamente livre dessa relação com o “outro” com base em todas as experiências passadas? Nossas relações com as pessoas são relações de amor e ódio, de gostar e não gostar, de prazer e dor, confortáveis e desconfortáveis. Isso ocorre em razão desse ego, desse centro.

Enquanto houver esse centro, haverá essa periferia, haverá esse modo de aproximação onde aquilo que está se mostrando ali, que está sendo visto, em razão deste centro, está sendo avaliado, julgado, aceito, rejeitado. Então nossas relações humanas são relações conflituosas, porque existe essa separação, e esta separação está presente porque não há esse espaço.

Estamos aqui com você aprofundando isso. Olhar sem a imagem que eu faço sobre quem você é. A imagem que tenho sobre quem você é é uma ideia, uma conclusão, algo que vem de todas as experiências passadas nessa relação com você. Assim, nós não estamos nunca diante do novo, do inusitado, do desconhecido.

Uma vida livre de contradição é uma vida livre de sofrimento. Isso está presente quando não há mais essa separação, essa divisão, quando não há mais esse centro, quando o espaço é um espaço livre do “eu”, do ego. Então, todo o espaço presente na relação é um espaço pleno de um perfume novo, que é o perfume do Amor, da Compreensão, da Inteligência.

A questão aqui é: como podemos nos aproximar disso? Como se torna possível uma aproximação disso nesta vida? Descobrindo a Verdade sobre quem nós somos, quando nos tornamos cientes, quando nos tornamos conscientes de todo esse movimento, que é o movimento do “eu”, do ego, o que dá formação a esse centro e como desmontar essa mecânica.

“Se você me elogia, eu gosto de você”, “se você me aplaude, eu gosto de você”, “se você me reconhece, eu gosto de você”, mas “se você me critica, condena minha fala, rejeita minhas ideias, é contra as minhas opiniões, eu não gosto de você”. A mecânica desse centro, que é o “eu”, o ego, é estruturada exatamente assim. A formação desse centro, desse ego, é essa formação.

Estamos sempre guardando imagens das pessoas com quem nos relacionamos, portanto, estamos vivendo sempre, invariavelmente, no passado. Ao entrar em contato com você, eu vejo você, eu enxergo você a partir desse fundo, desse gostar e não gostar. Então nós temos esse mecanismo de formação de imagens nas relações. Essas imagens dão forma a esse centro.

Esse contato com você não é um contato livre do centro, é um contato preso a esse padrão de imagens. Então, a mente está presa na dualidade. Se a mente está presa na dualidade, o cérebro está preso nesse padrão de dualidade, ele está preso ao conflito, ele está preso a essas distorções que o pensamento produz. O que é esse pensamento? A memória.

Assim, quando digo que “eu amo você”, o que estou dizendo é que nesse momento me sinto confortável com a sua presença porque você acalenta, conforta, anima, aplaude, reconhece, aceita o meu ego, e vice-versa, então “você me ama e eu te amo”.

Observe, não existe nenhum espaço entre esse centro e essa periferia, esse “eu” e esse não “eu”. Não há espaço. Não esse espaço que é o Perfume da Graça, o Perfume do Amor, o Perfume da Inteligência. Há só esse espaço da contradição, da desconfiança, do medo, da desordem. Então nós temos aqui muito claramente porque o ser humano, porque nós em nossas relações não estamos em paz.

As pessoas perguntam: “Como encontrar a paz interior?” Não é possível haver paz enquanto esse espaço for o espaço da dualidade, da separatividade, desse “eu” e não “eu”. Então estamos propondo aqui para você rompermos com tudo isso para uma vida livre do ego e, portanto, onde há um espaço, mas sem o centro, há um espaço sem esse “eu” e o não “eu”.

A vida, repare, é de relação. Não podemos ter uma vida sem relações. Então o outro está presente, mas psicologicamente, internamente, dentro de nós mesmos nós não temos a imagem, porque não temos esse centro. Então o seu contato com a vida, o seu contato com as situações, o seu contato com os acontecimentos, o seu contato com o “outro”, o seu contato com você mesmo está acontecendo sem esse “mim”. Então, é apenas um olhar.

Tomar ciência desse corpo-mente sem uma identidade egoica, pessoal presente dentro dele, esse é o Real contato consigo mesmo, onde não existe esse “mim”. Tomar ciência de um pensamento surgindo, de uma emoção, de uma sensação, de uma percepção sem colocar esse “centro” tendo esse pensamento, sentimento, emoção, percepção, tendo isso como algo separado, vendo esse “eu” como a identidade que pode controlar, monitorar, gostar, não gostar dessa sensação, desse pensamento.

Notem, isso é o fim dessa dualidade, é o fim desse sentido de separação, é o fim dessa dualidade egoica, desse sentido de dualidade. Na Índia isso é reconhecido como Advaita, a Não separação, o fim do ego aqui e agora. Uma vida livre desse centro é uma vida livre do experimentador que forma imagens, que adquire imagens e que vive nesta base.

Março de 2024
Gravatá-PE
Mais informações

quinta-feira, 25 de abril de 2024

Amor, Autoconhecimento e Real Meditação | Confusão, desordem, sofrimento | Ego é conflito

Vídeo no trello: Ter (09/04) Amor autoconhecimento e real meditação, confusão desordem sofrimento, ego é conflito

Texto revisado:

A pergunta é: “Onde está o amor?” Observe que nossas perguntas sempre pressupõem a presença, necessariamente, do tempo para se alcançar algo, para se obter algo, para chegar em algum lugar. A ideia central é a presença da necessidade imperiosa do tempo.

Outra pergunta é: “Como encontrar o verdadeiro amor?” Para nós é algo para ser alcançado, porque, olhando de perto, nossas vidas são cansativas, aborrecidas, tediosas, carregadas de contradições, de decepções. Então a questão do amor, por exemplo, é uma coisa que é vista desta forma.

Ao passarmos por experiências na relação afetiva, sentimental, emocional com pessoas, a crença comum é que estamos diante de experiências que podem nos facultar, nos dar, tornar disponível para nós a presença do amor, porque para nós o amor é encontrado ou encontrável dentro de relações com pessoas.

Qual será a verdade do Amor? O que é Real Amor? O que é o encontro com o verdadeiro Amor? Será um encontro com uma relação que traga para “mim” uma satisfação e um preenchimento que seja completo, algo do tipo eterno? Repare que muitas histórias terminam exatamente assim: “... e viveram felizes para sempre”.

Quando temos uma aproximação com alguém, acreditamos que esse “alguém” pode nos dar o que buscamos. Vamos investigar isso aqui juntos com você. Será que “alguém” pode nos dar o que nós buscamos? Será que esta outra pessoa também não está procurando o que nós também estamos procurando? Nós esperamos que ela possa nos dar, mas ela também espera que nós possamos dar a ela. Então o que ocorre nesse encontro, quando duas pessoas carentes se encontram?

A verdade das nossas vidas centradas no “eu”, no ego é que são vidas de carência. No “eu”, no ego, estamos carentes da Paz, da Liberdade, da Felicidade, da Completude e do Amor. Nesse sentido do “eu”, do ego não sabemos o que é Paz, Liberdade, Felicidade e Amor. Tudo o que temos feito é projetar uma ideia do que isso representa, e nos colocarmos em busca disso, à procura disso, e fazermos perguntas desse tipo: “Onde encontrar o amor? Como encontrar o amor verdadeiro?”

No pensamento nós temos uma “pessoa” para um dia ser encontrada, e podemos, sim, ter um contato com “alguém” especial. Especial para quem? Para “mim”, porque ela me preenche, porque ela me satisfaz, porque ela me dá algo – mas nunca a Completude de Ser. A verdade é que ninguém pode lhe dar essa Completude de Ser, isso porque, basicamente, o seu “eu”, o seu ego é, por estrutura e natureza, insuficiência, conflito, contradição e sofrimento.

Assim, nós queremos algo que possa nos completar, mas nós somos o elemento da incompletude, da desordem, da ausência do amor. Assim, a verdadeira resposta para esse encontro com o Amor – com o verdadeiro Amor – está aqui, em nós mesmos.

Tomar ciência desse “eu”, se tornar cônscio do próprio movimento do ego, perceber como ele se movimenta construindo para si mesmo um mundo de confusão, desordem, sofrimento, insatisfação e carência. Uma vez que você se torne ciente de que você é o problema, que o sentido do “eu”, do ego é a incompletude, então se torna possível um trabalho em si mesmo, e esse trabalho é o trabalho do esvaziamento desse “eu”.

Então temos que tocar aqui com você na importância da morte. Não dessa morte física que todos nós conhecemos, estamos falando de um contato com essa morte no sentido psicológico. Morrer para suas satisfações, para suas realizações, para os seus prazeres; morrer para essa busca de preenchimento externo em objetos, em ideias, ideologias, crenças e, principalmente, nessa realização e preenchimento externo em pessoas.

Nesse sentido, temos que nos aproximar dessa questão de deixar, psicologicamente, que essa morte ocorra, a morte da ilusão dessa projeção, dessa idealização. Percebam isso! O contato com a Verdade do Amor é que o Amor está presente agora, aqui.

Nós não temos a ausência do Amor, nós temos a inconsciência da Verdade do Amor, porque estamos nessa consciência do “eu”, do ego. A consciência do “eu”, do ego, essa consciência egoica, essa, assim chamada, “consciência humana”, envolvida em seus projetos, em suas ideias, em suas crenças, em seus sonhos, em suas imaginações, isso é inconsciência. O que nós temos chamado de consciência é, na verdade, inconsciência.

Toda consciência que o ser humano tem é a inconsciência. Assim, essa consciência do “eu”, essa consciência da “pessoa” é inconsciência. Nós não estamos cônscios, cientes de nós mesmos. Tomar ciência dessa inconsciência que é o “eu” é possível quando existe esse contato com o fim do “eu”, dessa condição psicológica de ser “alguém”. Então se torna possível o contato com a Verdade do Amor agora e aqui.

Uma vez que haja essa Liberdade de Ser, que é Amor, na Vida, neste instante, neste encontro será a presença do Amor. Então não existe essa ausência do Amor, o que existe é essa inconsciência da Verdade do Amor. Toda essa projeção de futuro é o que nós temos feito. No ego estamos projetando esse alcançar, esse obter, esse realizar, e nesse ínterim continuamos sem o Amor, sem a Felicidade, sem a Liberdade.

O contato com a Verdade do Amor é o contato com uma relação onde o Amor agora está presente. Não se trata da busca do Amor lá, se trata da constatação do Amor aqui. Em que momento este Amor se Revela? No momento em que você começa a olhar para aquilo que não é agora, aqui, o Amor. Veja, não podemos identificar o que é o Amor, porque quem estaria fazendo isso? O ego. Quais seriam os critérios que o ego teria para identificar a presença do Amor ou a ausência do Amor? O pensamento.

Esse “eu”, esse ego vive no pensamento, vive pelo pensamento. E pensamento, que é conhecimento, é só experiência passada. Experiência passada, que é conhecimento, que é pensamento, só identifica aquilo que ela reconhece, e o que ela reconhece ainda é parte dela mesma, é parte do reconhecível, é parte do tempo, ainda é parte do pensamento. O Amor não é algo que está no pensamento, não é algo que está no tempo, não é algo reconhecível portanto, porque é algo que está fora do descritível, do nominável.

O Amor não carrega pensamento com ele. Observem o que estamos dizendo para você. Eu sei que isso é a quebra de um modelo de pensamento tão comum a todos nós, mas completamente falso, de que você pode pensar na “pessoa amada”. O que você pode ter da “pessoa amada” é uma imagem, é uma lembrança, é uma recordação, mas esta “pessoa amada” é só uma imagem, é só uma lembrança, é só uma recordação. Não há Amor nisso. Repare como é falso tudo isso.

Há milênios o ser humano vem acreditando que o amor é possível na companhia do pensamento, e aqui estamos vendo que pensamento é passado, é memória, é imagem. Isso não tem nada a ver com o Amor. O Amor não requer lembrança, recordação, não tem nada a ver com imagem. O desejo tem a ver com a imagem, prazer tem a ver com a imagem, e isso é recordação, isso é lembrança, isso é memória, no entanto, o Amor não é isso.

O Amor é Algo desconhecido, é Algo que está presente agora, mas que não carrega o passado. Observe, você tem neste instante a presença do Amor com ele, com ela, com uma dada situação; lá está a presença do Amor.

No contato com a natureza, no contato com um pequeno animalzinho de estimação, no contato com uma pessoa, no contato consigo mesma, consigo mesmo, quando o pensamento não está é possível um momento de Silêncio, de Alegria, de Presença indescritível, que podemos chamar de Amor, mas isso não deixa “memória”, não deixa registro.

O registro que se tira dessa experiência é zero. O que temos depois desse momento ocorrido é apenas uma projeção do pensamento imaginando aquilo que ocorreu, mas essa projeção é só uma imaginação, é só uma formação de imagem. Não há Amor no pensamento. O Amor é agora e aqui, quando o “eu”, o ego não está.

Podemos ter uma vida em Amor na relação com o outro. Isso significa que você está livre do passado. Então, esse é o contato com a Verdade, também, da morte. Então, a Verdade da Revelação do Amor é a Verdade da relação da morte. Qual é a Verdade da Revelação da morte, dessa psicológica morte do “eu”? É a Verdade da Revelação do Amor.

Quando o “eu” está presente, não há amor. Quando o “eu” não está presente, o Amor está. Quando o passado não está presente, que é o “eu”, que é o ego, não há memória, não há lembrança, o Amor está. Então, onde encontrar o Amor? Aqui, quando o “eu” não está. Qual é a Verdade do Amor? É a presença da Realidade do seu Ser, desta Realidade de Divina.

Seu Ser é a Verdade de Deus, isso é Amor, então você está em contato com ele, com ela em Amor. A cada momento o Amor está presente nesse contato, porque não há mais esse “eu”. Veja, você não está carregando o passado, você não carrega imagem dele ou dela, de momentos felizes e agradáveis. Você está neste instante em um momento feliz e agradável em Amor, sem o “eu”, sem o passado. Compreendam a beleza disso. Isso está presente e é algo possível em uma vida livre do ego.

Então, todo o nosso trabalho aqui consiste em descobrirmos essa Vida, essa qualidade de Vida onde o “eu”, o ego não está, onde existe essa Completude de Ser, que é Amor. Então, quando há Amor, Ele está presente em nossas relações como um perfume. Esse perfume é o perfume da ciência de Ser Verdadeira Consciência, que é Meditação.

Então como se torna possível a Presença do Amor? Autoconhecimento e a Revelação da Real Meditação de uma forma vivencial. Aqui trabalhamos muito isso com você, sinalizando o que é a Verdade do Autoconhecimento e da Real Meditação de uma forma vivencial, de uma forma prática.

Quando há este perfume da Verdade da Meditação, que é possível quando há Autoconhecimento – e agora acabamos de perceber: o Autoconhecimento é possível quando há o descarte dessa ilusória identidade que é o “eu”, o ego, que representa a morte do passado, a morte do conhecido, a morte do experimentador com suas experiências, com suas memórias, lembranças e imagens –, então temos a Presença da Verdade de Deus, que é a Verdade do Amor.

Março de 2024
Gravatá-PE
Mais informações

terça-feira, 23 de abril de 2024

A Real Consciência e Kundalini | Como despertar a Kundalini? | O que é o Despertar da Kundalini?

As pessoas perguntam o que é Kundalini, o que é o Despertar da Kundalini. Veja, é importante que nos aproximemos disso de uma forma um tanto diferente do que, em geral, nós temos feito. As pessoas estão à procura desse assunto e a ideia delas é que nesse contato com essa coisa tão conhecida chamada Kundalini, irão adquirir algo especial.

Portanto, a ideia central nessa procura desse assunto é porque o ser humano está em busca de uma experiência. A verdade é que as nossas vidas são muito rotineiras, muito habituais e nós estamos em busca de algo que possa preencher, tomar o lugar dessa condição em que nós nos encontramos.

A procura de uma experiência mais profunda para as suas vidas faz com que elas se envolvam nessa procura pela busca de uma espiritualidade ou de uma espiritualização para elas mesmas, e parte dessa procura está dentro também, incluindo outras coisas, essa busca de saber e experimentar essa coisa chamada Kundalini.

Mas o que é Kundalini? Será isso? Kundalini é uma outra palavra para Presença, Consciência. Kundalini significa uma energia disponível em cada um de nós, fora dessa, assim chamada, “consciência” que nós conhecemos. Então a presença dessa Energia, que é a Energia Divina, quando Ela floresce, quando Ela desponta, quando Ela Desperta, nós temos a presença da Verdade da Real Consciência em nós, que é Kundalini.

Assim, Kundalini é sinônimo de Presença, é sinônimo de Consciência, é sinônimo de Energia, de Inteligência, de Liberdade, de Ser. Portanto, isso é Kundalini. Então Kundalini é a Presença do seu Ser, desta própria Real Consciência em nós. Quando Ela se expressa, aquilo que está presente é uma Energia, que é a Energia Divina, que é a Energia de Deus.

Kundalini não tem nada a ver com uma experiência. Primeiro temos que compreender o que é uma experiência. Uma experiência é algo pelo qual você passa e depois se recorda, depois se lembra. Então, quando você tem a lembrança de algo pelo qual você passou, isso é uma experiência. Mas é algo que já ficou no passado.

As pessoas perguntam: “Minha Kundalini despertou, o que eu faço agora?” Então olha a noção equivocada que nós temos a respeito dessa questão da Kundalini. As pessoas acreditam ter uma Kundalini. Como pessoas, nós temos a ideia de que podemos passar por experiências, e uma dessas experiências é a presença dessa “minha Kundalini”, então falamos: “minha Kundalini despertou”.

A Verdade da Consciência, que é esta Real Consciência da qual tratamos aqui com você, que é Real Kundalini, não é pessoal, não é uma experiência para uma pessoa. É exatamente a presença da Verdade da Consciência a ausência desse “eu”, desse ego, dessa pessoa.

Quando esta Energia floresce, temos a presença da Graça, a presença do Amor, a presença da Liberdade, e isso não é pessoal, isso não é particular, isso não é para “alguém”. Vamos compreender melhor isso aqui. Esse corpo-mente precisa passar por uma mudança, por uma transformação, porque nós estamos vivendo uma vida dentro de um modelo de condicionamento psicológico, de condicionamento de sentimento, de emoção, de pensamento.

A vida no “eu”, no ego, é uma vida programada dentro de um modelo de ações reativas, pensamentos reativos, sentimentos reativos, e tudo isso em razão de experiências passadas. Então, ao passarmos por experiências, nós adquirimos essas experiências, nós as conservamos, e elas se expressam a partir desse centro particular, pessoal, individual, que é o “eu”, o ego.

A expressão desse condicionamento é algo que vem do passado, assim, a condição da pessoa é a condição de uma identidade que está presa ao tempo. Esse tempo é o passado se apresentando nesse momento e caminhando para o futuro. A pessoa, o sentido de “alguém” presente é um condicionamento psicológico.

Aquilo que nós chamamos de mente humana, de mente egoica, é essa consciência do “eu”. O contato com a Verdade do seu Ser, com sua Realidade Divina é o Despertar dessa Energia de pura Presença, que é a Kundalini. Então, quando Isso chega, Algo novo está presente. Esse Algo não é reconhecível ou identificável pelo pensamento.

Observe que todo pensamento em você é algo que vem do passado. O pensamento é aquilo em nós que identifica qualquer experiência acrescentando algo a mais naquilo que acontece aqui, nessa experiência, e transformando essa experiência em algo que é parte dele também.

Tudo que o pensamento faz é reconhecer a experiência e torná-la parte dele mesmo. A condição de modelo de pensamento é sempre de reconhecimento. E aqui, quando tratamos da Vida nesse momento, livre desse centro que é o “eu”, o ego, não há reconhecimento, portanto, não há pensamento.

Então a Verdade da Kundalini, a Verdade da Consciência, a Verdade do seu Ser é a Vida aqui e agora, sem o sentido de uma pessoa presente, que está vindo do passado, que está indo para o futuro. Então Kundalini é a resposta, como sendo esta Real Consciência, para essa questão, que é a questão do ego. A Verdade disso é o fim para o ego.

Assim, qualquer coisa que as pessoas estejam dizendo a respeito dessa, assim conhecida, Kundalini é algo ainda dentro de uma imaginação, dentro de uma ilusão, porque Kundalini não é reconhecível, não é algo que se conhece. Como o seu próprio Ser, como sua própria Presença Divina não é identificável pelo pensamento. Assim, a Realidade d’Aquilo que é Você é o Desconhecido, porque essa é a Realidade de Deus.

Notem como é simples isso. Esse momento agora não é reconhecível, ele está fora da identificação do pensamento, ele está fora do reconhecimento do pensamento, ele está fora do que o pensamento pode explicar, deduzir, concluir, nomear, esse é um instante novo. A Vida sempre é nova, a Vida é isso que está aqui, neste instante, agora.

O que o ego tem feito diante desse momento presente é dar uma interpretação, uma avaliação, fazer comparações, fazer julgamentos a partir do passado, a partir de suas experiências pregressas. Então, na verdade, o sentido do “eu”, do ego, que é a pessoa presente, é uma fraude, é uma ilusão. É isso que explica todo o conflito que temos com a vida como ela é. Temos a vida como ela é neste instante e temos o pensamento como ele pretende ser, como ele idealiza ser, como ele busca ser, como ele acredita ser este momento, este instante, então há conflito.

Então, todo sofrimento em nossas vidas está presente porque não estamos vivendo a Verdade d’Aquilo que somos, que é esta Verdade que não está no tempo, que não está no conhecido, que não vem do passado. Esse contato com a Verdade Divina, esse contato com a Verdade de Deus é o fim do “eu”, é o fim do ego, é o fim do passado.

Assim, a pergunta é: “Como despertar a Kundalini?” Reparem o equívoco dessa pergunta, porque ela já se baseia num princípio equivocado de que Kundalini é algo que podemos lidar com isso, que podemos tornar isso possível, viável e, portanto, podemos controlar, de que há um caminho, há uma forma, há uma fórmula, há uma técnica para esse Despertar. Isso é completamente falso, porque o Despertar da Kundalini é a Revelação da ausência do “eu”, da ausência do ego e, portanto, da ausência de qualquer técnica, fórmula.

Uma técnica, uma fórmula, isso é algo que vem do conhecido, é algo que vem do passado, é um caminho, é um modelo para se chegar a alguma coisa; essa “alguma coisa” é a Kundalini. Então é como se Kundalini estivesse no futuro e através de uma técnica, que é um conhecimento que adquirimos – e se adquirimos é algo que vem do passado –, pudéssemos encontrar a Kundalini, ter uma experiência.

Agora, notem: não é uma experiência. Uma experiência é aquilo pelo qual você passa e é registrado. Kundalini é aquilo que é Consciência agora, aqui, e isso se Revela quando o “eu”, o ego, que é o passado, não está mais presente.

Então a forma Real de uma aproximação do Despertar da Kundalini é ter a compreensão do movimento em nós do passado. Trazer Atenção para esse momento, se tornar ciente do movimento do “eu”, do ego, que é o passado, que é todo esse movimento do conhecido em nós, é Autoconhecimento. Assim, a forma da aproximação da Verdade da Revelação do seu Ser está no descarte desse ego, que é o passado. Isso requer a presença do Autoconhecimento.

Observar o movimento do “eu”, o movimento do ego, esse modelo que vem do passado, que neste instante presente está em conflito com a Vida se revelando, àquilo que aqui está, tomar ciência desse sentido do “eu e a Vida”, que é separação, tomar ciência dessa dualidade, desse “eu”, que é o “mim”, o ego, e o não “eu”, que é a Vida, com o que quer que ela esteja se mostrando aqui, se apresentando aqui, tomar ciência disso é Autoconhecimento. Esta é a forma de nos aproximarmos dessa Atenção. Essa Atenção sobre o movimento do “eu”, que é Autoconhecimento, é o descarte dessa condição do passado.

Assim nos deparamos com a morte desse sentido de identidade egoica. Essa é uma questão fundamental para investigarmos também, a importância da morte desse contato psicológico, com o fim do sentido do “eu”, do ego, desse “mim”. Então neste momento, Algo novo surge nessa Atenção. Então temos essa Energia se tornando disponível.

Primeiro estávamos desperdiçando toda essa Energia nesse centro falso, nesse ego, nesse movimento de pensamento, sentimento, emoção, modo de perceber com base no passado, sempre neste instante com a Vida se mostrando; estávamos sempre lidando com o momento presente com base no centro falso, nesse ego. No entanto, agora temos essa Energia disponível de Atenção sobre esse movimento, que é o movimento do ego. Esta Energia disponível é a Energia da Consciência Real, que é a Energia da Kundalini. Então neste momento temos o instante da Meditação, porque há Autoconhecimento.

Essa Energia se torna disponível para uma mudança psicofísica nesse cérebro, nesse mecanismo, nesse organismo, então nesse corpo-mente ocorre uma mudança. O Despertar da Kundalini é quando essa Energia toma esse corpo e essa mente, realizando uma mudança no corpo, no cérebro, nas células cerebrais. Então Aquilo que está presente agora é Algo desconhecido, é Algo inominável, é a Beleza da Meditação.

Nós podemos passar por tudo na vida, adquirir qualquer coisa na vida, realizar qualquer coisa na vida, mas sem a Realização da Beleza de Ser – que é essa Real Consciência, que é esse Florescer do seu Estado Natural, que também é chamado de Kundalini –, sem a Realização de Deus continuamos na mesma e velha condição de uma egoidentidade, dentro de uma ilusão e, portanto, vivendo uma vida em contradição, em sofrimento, carregada de medo, de toda forma de confusão e desordem psicológica, porque nos falta o fim para esse condicionamento, para esse condicionamento egoico, para esse condicionamento psicológico.

Então a Beleza desse contato com a Verdade Divina é o Florescer do Amor. Assim, a presença da Verdade do seu Ser é a presença do Amor. Onde encontrar o Amor? Aqui, neste instante. Aqui está a presença do Amor quando a Verdade do seu Ser, que é a Consciência, Floresce.

Março de 2024
Gravatá-PE
Mais informações

quinta-feira, 18 de abril de 2024

Condicionamento psicológico | O que é o pensamento? | Vida livre da consciência egoica

Eu quero trabalhar com você a questão da ideia central em nós da individualidade. Nós carregamos a ideia dessa consciência individual. Então eu gostaria de colocar para vocês aqui a ciência desta Verdade, a Verdade da ilusão a respeito dessa individual consciência.

Nós temos predileções, temos escolhas, temos gostos e desgostos de ordem individual, de ordem particular, de ordem pessoal, assim como temos também pensamentos bastantes pessoais, particulares, e nós confundimos isso com o sentido de uma individualidade presente. Assim, nós temos uma ilusão: a ilusão dessa consciência individual. Nós não investigamos a natureza da consciência em nós, não investigamos a natureza desse modo de pensar, de sentir e agir na vida, e assim nós acreditamos nessa individual consciência.

Então, qual será a verdade: a consciência coletiva ou a consciência individual? Essa consciência individual é apenas uma ideia, um conceito, uma crença que temos, porque o que prevalece é essa consciência coletiva. Então, essas particulares escolhas nascem de um condicionamento.

Essa, assim chamada, “consciência em nós” é a consciência do “eu”, é a consciência particular de uma identidade que se vê presente dentro da experiência, na vida, fazendo escolhas. Mas isso não determina nenhuma individualidade presente, e sim, a ilusão de uma individualidade. Essa é a consciência do “eu”, essa é a consciência egoica.

Então eu gostaria de explorar isso aqui com você. Seria bastante interessante se nós pudéssemos juntos acompanhar isso que estamos trabalhando aqui. Observe o seu modo de sentir e de pensar e você irá descobrir. O nosso modo particular de sentir e pensar, na verdade, é de um fundo de história humana, de condicionamento humano, de ideia de humanidade.

Nós temos, em razão de nossa criação, “escolhas”, ideias sobre as coisas, conceitos, opiniões, julgamentos e avaliações. A verdade sobre a nossa “vida” nessa condição de identidade do “eu” é que você tem um nome próprio, você tem uma casa própria, você tem um carro próprio, você tem uma família própria, e isso nos dá a sensação ilusória da presença de uma individualidade.

O que temos aqui são particulares coisas para uma particular pessoa, mas nunca investigamos a verdade desta “pessoa”. Nunca nos aproximamos para descobrir qual é o significado dela, o que é essa pessoa, o que ela representa, o que ela, de verdade, é, qual é a verdade de ser alguém. Então o nosso movimento na vida é sempre o movimento particular desta pessoa.

Observe dentro de você todo esse movimento de pensamento e você irá observar que são pensamentos que ocorrem em você, e que ocorrem em todos. Com exceção desses particulares pensamentos ligados a objetos particulares, o nosso modo de pensar é o modo de pensar coletivo. Nossas crenças são as crenças que nós recebemos da nossa cultura, da nossa sociedade, do nosso mundo, da nossa história de família.

Assim, esses pensamentos, sejam eles religiosos, políticos ou sociais, são pensamentos, sim, coletivos. Não existe um modo específico de pensar que seja livre. Nenhum pensamento em nós é livre, e não é livre simplesmente porque todo pensamento tem uma origem; e nós vamos investigar com você isso aqui o que é em nós esse movimento do pensar, então teremos uma dica do que a pessoa representa.

O que é esse modo de pensar em nós? Todo o pensamento em você é algo que vem da memória, assim sendo, é algo que vem do passado, e ele é algo que se repete da mesmíssima forma para todos. Não há qualquer pensamento que seja, de verdade, livre, porque todo pensamento é memória, é algo que vem do passado.

Assim, o pensamento é só uma recordação de uma experiência que se foi, de uma experiência que passou. Então, o que é o pensamento, para descobrir o que é esse pensar em nós? Pensamentos são lembranças. Ao passar por experiências, você guardou essas experiências dentro de si mesmo como lembranças.

Essas lembranças se apresentam nesse momento como pensamentos. Esses pensamentos não são livres, porque nascem dessa memória, dessa experiência passada. Ou seja, o pensamento já nasce agora, aqui, como algo que vem do passado, portanto, algo que não tem vida nesse momento. Assim, não é livre.

A vida que o pensamento recebe nesse momento é a vida da ilusão do pensador, desse experimentador – não é a Real Vida. Repare que nossas ações nascem do pensamento, então elas são respostas neste momento, dadas a este momento pelo passado, ou seja, não são respostas livres, porque nascem de uma experiência que já foi.

Observe sua relação com as pessoas: não há liberdade nessa relação, porque sua relação com ele ou ela é uma relação que se assenta na memória, na lembrança, no passado, no pensamento, recebe vida em razão da ilusão da presença desse pensador. Então, é isso que nós chamamos de pensar.

Nossas relações são relações que se baseiam em quadros, em lembranças, em imagens. Não há liberdade nesse momento na relação, porque o pensamento não é livre. Essas pessoas do seu relacionamento estão em contato com você neste momento tendo de você uma resposta que vem do passado, e vice-versa.

Assim, nossas relações são relações sem liberdade; elas não estão ocorrendo com a Liberdade porque estão ocorrendo dentro da prisão do modelo já do pensamento. É o pensamento que nos diz quem a outra pessoa é. O que é esse pensamento? Um conceito que vem do passado. Nós não sabemos quem é a outra pessoa.

Reparem como é fascinante descobrir isso, observar isso, perceber isso em si mesmo, nesse contato com o outro. Nós convivemos com alguém já há dez anos, há vinte anos. Aquele “alguém” nunca é o mesmo, estamos sempre com uma nova lembrança, um novo quadro, uma nova imagem daquela pessoa quando a encontramos. Mas essa nova imagem, esse novo quadro, essa nova lembrança é algo que vem do passado. Assim, esse nosso contato nunca é um contato novo, é um contato com o passado.

Nós temos a ilusão de que sabemos quem o outro é, e ele tem a ilusão de que também nos conhece. Nós temos dele, sim, o nome, que também é uma memória, o formato do rosto, que também é uma memória, um modelo de comportamento que conhecemos nele ou nela, mas isso tudo vem da memória. Assim são nossas relações.

Então, nossas relações se assentam no passado. Na verdade, toda a nossa vida se assenta no passado, e esse passado é o passado coletivo, é o formato como a consciência coletiva funciona, como essa, assim chamada, “consciência humana” funciona.

Haverá uma qualidade de vida possível nesse momento que esteja livre desse modelo de pensamento? Porque esse modelo de pensamento é a forma de condicionamento, de programação, de formato de pensar que nós conhecemos. Então essa é a condição de pensamento psicológico, de condicionamento psicológico, de movimento cerebral em nós condicionado, de comportamento em nossas relações. Nossas relações com as pessoas são assim; mas observe, nossa relação com nós mesmos é assim.

O que você tem sobre você é um conjunto de imagens, lembranças, quadros. A história da pessoa é isso. Então, o que é a pessoa? É esse conjunto de lembranças que ela tem dela mesmo. Então, nossa relação com o mundo é uma relação de projeção de pensamentos, de conclusões, crenças, opiniões, ideias, posicionamentos. Incluído nisso, nós temos nossas crenças religiosas, espirituais, filosóficas e políticas. Será possível uma vida nesse instante livre desse modelo de consciência humana, de consciência egoica e, portanto, de consciência coletiva, de repetição do passado?

A inveja, o ciúme, o medo, a raiva, toda essa interna confusão que produz em nós sofrimento, aflições, contradições, observe que tudo isso é algo que vem desse movimento, que é o movimento dessa consciência coletiva. Esse é o modelo já programado de cultura, de sociedade e de mundo presente em nós.

Será possível um esvaziamento desse modelo de consciência coletiva para a constatação da Real Presença de Ser Verdadeira Consciência? Então, esta Verdadeira Consciência não é particular, não é pessoal, não é humana, não é coletiva, é a Consciência da Realidade, da Realidade deste Ser que somos.

Esse trabalho aqui nosso consiste na descoberta da constatação da ilusão que trazemos. A ciência dessa ilusão pela auto-observação, tomar ciência do movimento do pensamento em nós, perceber como esse pensamento funciona, como esse jogo de imagens que vêm do passado estão acontecendo, estão funcionando em nossas relações, tomar ciência desse jogo, tomar ciência desse movimento de inconsciência presente em nós, perceber isso, ter a clareza disso é algo Real dentro de uma visão de aproximação do Autoconhecimento.

Olhar para esse movimento de pensamento, sentimento, sensações, percepções, o modo como vejo esse ou aquele, como me relaciono com ele ou ela, como me relaciono comigo mesmo, com esse senso desse “eu”, tomar ciência disso e perceber que estamos diante de um jogo de imagens, de formulações mentais, isso é ter uma aproximação do Autoconhecimento. Percebam, há uma forma de nos aproximarmos disso, e a forma única desta aproximação é trazendo Atenção para esse instante.

Trazer Atenção para este momento é tomar ciência de como nós funcionamos. Perceber que todo esse movimento é o movimento já de repetição, de condicionamento, de movimento do passado, de pensamento onde nele não há esta Liberdade. Olhar para isso, apenas olhar, tomar ciência disso. Não é fazer algo com o que você vê nesse instante, mas apenas se tornar ciente, cônscio de si mesmo aqui, neste momento, na relação com o outro, na relação consigo mesmo, na relação com a vida.

Esse estudar a nós mesmos é aquilo que temos de mais importante na vida. Então temos uma aproximação do nosso Ser, da Revelação d’Aquilo em nós que é indizível, indescritível, que está além daquilo que o pensamento, que o movimento, que é esse movimento de pensamento, jamais pode ter qualquer aproximação disso, uma vez que todo esse pensamento é só memória, e memória é algo que já foi. Estamos diante de algo novo nesse contato com a Realidade d’Aquilo que somos.

Então a vida se revela como um experimentar deste momento, sem esse passado. A vida se mostra neste momento como algo único que está sendo, neste momento, a própria Vida se revelando, sem esse “centro” ilusório que é o “eu”, o ego, que é essa ilusória consciência individual, e que também é o fim para essa consciência coletiva.

É a Consciência deste Ser, desta Liberdade, d’Aquilo que é inominável, indescritível, que é a Verdade deste Ser que somos. A aproximação da Meditação, da arte de Ser é a arte desta Consciência Real de Ser. Então temos aqui algo importantíssimo, que é a aproximação da Verdade da Meditação juntamente com o Autoconhecimento.

Março de 2024
Gravatá-PE
Mais informações

terça-feira, 16 de abril de 2024

Sofrimento psicológico. Advaita: a Não Dualidade. A Verdade sobre quem nós somos. Tempo psicológico.

O nosso propósito aqui com você é estudar a nós mesmos, é tomarmos ciência da Verdade sobre quem nós somos e, assim, claramente tomar ciência da ilusão da nossa representação nessa, assim chamada, “vida”. Como representamos a vida? O que é essa vida que levamos? O que ela significa? Qual é a verdade desse “mim”, desse “eu”?

Estamos diante de algo aqui que é fascinante. Trata-se da descoberta da ilusão dessa vida como nós a levamos. Essa vida que vivemos, o que ela representa? Nós temos aqui diversas perguntas, uma delas é: por que há tanta confusão no mundo? Observe de perto isso e você irá perceber: a confusão no mundo não é a confusão que está lá fora, é a confusão que está aqui nessa vida, nessa particular vida da pessoa.

Então, compreender a pessoa – não é a outra pessoa, mas, sim, a pessoa que somos –, tomar ciência de como você funciona nessa relação com o outro, com as situações, com os eventos, com os acontecimentos, com tudo aquilo que aparece. Tudo isso é a vida. Reparem, nós temos o termo “minha vida”, a frase “minha vida…” Mas o que é essa “minha vida”? Quem sou eu? O que é essa “pessoa”?

A não compreensão de como você funciona psicologicamente – uma vez que a estrutura de nossa existência humana está assentada nesse modelo psicológico de ser alguém – é ignorância. Nós ignoramos quem somos porque estamos alienados da compreensão desse modelo psicológico de ser alguém. Assim, estudar a nós mesmos é a coisa mais importante na vida.

Como seres humanos, nós temos evoluído em diversas áreas, em diversos aspectos dessa, assim chamada, “história da humanidade”. Evoluímos tecnologicamente, cientificamente, temos meios de transportes rápidos, de comunicação. Estamos tendo hoje, na área da medicina, da tecnologia, diversos progressos, no entanto, psicologicamente nós continuamos em desordem, em sofrimento, infelizes, problemáticos, carregados de medos. Então, psicologicamente, não há qualquer evolução.

A Realidade é que esse modelo psicológico de ser alguém, de se mover como alguém no mundo é o que tem criado confusão. Nossa confusão psicológica está suplantando nossa evolução tecnológica e científica. Assim, nós não temos Felicidade, porque não temos ciência da Verdade d’Aquilo que está além desse movimento interno, que é o movimento psicológico de ser alguém, desconhecemos isso. Essa é a ignorância, essa é a nossa alienação.

Essa condição psicológica confusa é a condição do ego, é a condição do “eu”, dessa identidade que assumimos ser. Vivemos dentro de um sentido de separação onde existe essa vida – essa representativa vida do “eu”, do ego – se opondo a essa Totalidade da Existência, da Real Vida. Desconhecemos a Real Vida. Estamos alienados da ilusão que trazemos a respeito de quem somos, porque nos falta a Verdade do Autoconhecimento. Estamos incientes da Totalidade da Vida, vivendo essa particular vida desse centro ilusório.

Aqui nós estamos vendo a possibilidade de uma vida livre desse modelo egocêntrico de ser, ilusório de viver, nessa representação particular de vida egocêntrica. Tomar ciência da Realidade da Totalidade da Vida, da Beleza da Vida livre desse autocentramento, desse autointeresse, desse movimento de confusão interna onde há todo esse sofrimento psicológico, onde nossa vida está orientada por uma ilusão básica, a ilusão do vir a ser, do se tornar, do alcançar.

Esse movimento psicológico de ser alguém carrega um vazio existencial, e ele busca preencher esse vazio nessa imaginação, nessa ilusão de vir a ser alguém diferente de quem ele é, de alcançar um lugar, uma posição, um resultado diferente do que ele tem, encontrar um lugar diferente do lugar de onde ele se encontra nesse instante.

Então existe esse movimento do tempo que o pensamento, na imaginação, tem construído para alcançar um futuro, para se tornar alguém diferente. Há todo um movimento interno de pensamento psicológico de tempo – que é apenas o tempo psicológico engendrado pelo pensamento, construído pelo pensamento – onde existe essa ilusão de uma vida particular, autocentrada, separada dessa Totalidade da Vida; e essa vida particular autocentrada irá alcançar alguma coisa mais excelente, fora da própria Vida como Ela, em sua Totalidade, representa.

Nós desconhecemos essa Totalidade da Vida. A ciência dessa Totalidade da Vida é a Verdade da Revelação de Deus. Mas nesse centro pessoal, que é o “eu”, o ego, nesse sentido de ser alguém, nesse movimento psicológico de identidade egocêntrica, de identidade egoica, há esse sentimento de separação, há essa ilusão da dualidade, a ideia de ser alguém para vir a ser um outro, um outro alguém melhor, mais amplo, mais feliz, mais completo, um alguém que encontrará o amor, encontrará a paz, a felicidade, a liberdade, um alguém que irá encontrar tudo o que anseia, tudo o que deseja e se sentirá completo nesse dia, então terá esse vazio existencial preenchido.

Assim, nos deparamos com essa dor da solidão. Nós temos colocado aqui para você: há uma grande beleza em estar só. Mas este só, nesse sentido do “eu”, é um isolacionismo egocêntrico e nele há uma grande dor. Nós desconhecemos a beleza desse estar só. E este estar só é livre exatamente desse modelo egocêntrico de isolacionismo onde o “eu” se vê separado do todo, se vê separado da Vida. Este estar só é a própria expressão da Inteligência da Vida, que é esta Real Consciência que está aqui e agora. Se Ela está presente, não existe o isolacionismo.

Então, o verdadeiro estar só não carrega dor. Esse estar só significa estar livre desse modelo de consciência coletiva, onde o seu modo de pensar, de sentir, de agir, de se mover no mundo é completamente egocêntrico, ou seja, a partir de um centro que se separa do outro, se separa nas relações com tudo à sua volta e se vê, naturalmente, carregado com essa dor da solidão, com essa dor desse vazio existencial dentro do seu isolacionismo.

Tomar a ciência da Verdade Divina é encontrar esse estar só, é a ciência da Real Consciência. A Verdade sobre a verdadeira individualidade está nessa Real Consciência de Ser Pura Inteligência. Não é uma individualidade que se separa, não é um só que se separa, estamos diante de Algo inteiramente novo, desconhecido, fora de tudo aquilo que o ego em seu movimento conhecido, conhece. Isso é algo possível quando você aprende a olhar para todo esse movimento de vida centrada no “eu”, de vida centrada nesse “mim”. Tomar ciência disso, aprender a olhar, Olhar, Perceber, ter a clareza desse Ver sem esse centro que é o “eu”.

Quando o “eu” vê algo, ele compara, ele avalia, ele julga, ele aceita, ele rejeita. Esse Ver, esse Olhar, esse Perceber é sem a presença desse “eu”. Então, olhos novos estão presentes quando há essa Atenção dada a si mesmo nesse momento. Como Realizar Isso? Nós temos encontros on-line nos finais de semana para aprofundar isso com você de uma forma bem direta, através de perguntas e respostas.

É necessário Acordar nesta vida, deixar essa condição de inconsciência, de movimento egocêntrico, de vida representativa no “eu”, no ego, onde há toda forma de confusão, desordem e sofrimento, para uma vida beatífica, para uma vida bem aventurada, feliz, livre, acordada. Alguns chamam isso de O Despertar, porque, naturalmente, se refere ao Acordar para uma nova Consciência, para uma nova Vida, para Algo que o pensamento não tem a menor forma de se aproximar disso com suas ideias, com suas crenças, com suas fórmulas de imaginação.

A Verdade sobre isso é que você nasceu para a Vida, a Vida em sua Totalidade, a Vida na sua Verdade, a Vida no que Ela É. Não essa particular vida representativa dessa identidade egoica, dessa ilusória identidade que se separa da Existência e vive nesse princípio de dualidade. Há uma expressão indiana para o fim dessa condição de inconsciência, de sono. A expressão é Advaita, a Não dualidade, a ciência da Verdade.

A Verdade é a Não separação, a Não dualidade. Aqui está a Vida onde há esse “primeiro sem o segundo”. A palavra Advaita significa “o primeiro sem o segundo”, onde não há mais essa ilusão, a ilusão desse ser alguém nessa intenção de vir a ser, porque estamos diante da Beleza da Vida, onde o centro, que é o “eu”, o ego não está mais. Esse é o Real encontro com Deus ou a Real Consciência da Verdade de Deus.

Março de 2024
Gravatá-PE
Mais informações

quinta-feira, 11 de abril de 2024

Despertar Espiritual. Iluminação Espiritual. Condicionamento psicológico. Advaita: a Não Dualidade.

O ser humano vem ao longo de toda a história da humanidade à procura de alguma coisa além dele mesmo; algo sagrado, algo Divino, algo além dessa condição de vida como nós conhecemos. Então as perguntas que as pessoas fazem é: “Como conhecer Deus? Como encontrar Deus?” Aqui nós precisamos ter alguns esclarecimentos sobre isso. Precisamos ter muito claro o que significa, na verdade, esse “conhecer” ou esse “encontrar”.

O que temos colocado aqui é que esse “encontrar” como nós idealizamos é impossível, e que esse “conhecer” como também idealizamos é impossível. Isso porque nós só podemos conhecer aquilo que possa ser reconhecido por nós, e só podemos encontrar aquilo que é encontrável por nós.

Mas qual é a verdade desse “nós”? Quem sou eu? Qual é a verdade sobre mim? O que é esse “mim”? Repare, nós desconhecemos a Verdade sobre quem somos, mas queremos conhecer a Verdade sobre quem Deus É. Aqui nós temos que ter uma aproximação nova a respeito disso.

Nessa procura ou nessa, o ser humano tem procurado nos exemplos daqueles que encontraram ou que conheceram Deus, então nós vamos para os Livros Sagrados e vemos o que eles têm para nos dizer a respeito desse encontro. Essa é a nossa referência. Mas notem, nós ficamos nisso.

Então as religiões organizadas quando nos falam sobre Deus, elas nos relatam aquilo que os Sábios, os Místicos, os Santos vivenciaram a respeito desta Verdade, que é a Verdade Divina, e nós ficamos no terreno das ideias, dos conceitos, das teorias, das formulações verbais, ficamos nas crenças.

Haverá algo além disso? Além desse testemunho teórico, conceitual, livresco. É possível, de verdade, termos uma aproximação da Realidade de Deus? É possível não nos mantermos dentro dessa condição antiga e já conhecida de repetir o que os Santos, os Sábios disseram, mas ter uma vivência direta com essa Realidade? É possível ter uma ciência de Deus?

Vamos aprofundar um pouquinho isso aqui com você – o nosso assunto principal aqui é esse Despertar Espiritual ou Iluminação Espiritual, que não é outra coisa a não ser a Realização da Verdade de Deus.

Então, o que é essa aproximação? Como ela se torna possível? Primeiro nós temos que investigar a Verdade sobre quem nós somos se descartarmos a ilusão daquilo que somos, daquilo que manifestamos ser, daquilo que apresentamos ser. Quando eu me refiro a essa ilusão daquilo que somos é esse modelo de existência centrada no “eu”, no ego, nesse sentido de uma identidade presente se separando da Vida, se separando da Existência, se separando de Deus. Aqui está a ilusão.

Veja, a Verdade sobre aquilo que somos é a ilusão, essa ilusão é a Verdade disso que somos. Temos que compreender isso que somos agora, aqui, esses aspectos dessa egoidentidade. É por isso que sem a compreensão sobre quem nós somos, sem a Verdade do Autoconhecimento, nós não temos a Verdade da aproximação da Realidade de Deus, porque a Verdade do Autoconhecimento é o descarte dessa ilusão, da ilusão do ego, da ilusão do “eu”.

A “pessoa”, esse sentido de identidade egoica, de egocentramento presente nesse “eu” é, na verdade, o resultado de todo um condicionamento de história de humanidade, de história humana. A Realização da Verdade é o fim desse “eu”, é o fim desse centro ilusório, que é o ego, é o fim desse sentido de separação. Então, sim, temos a Realização de Deus, a Verdade de Deus, a Realidade de Deus aqui, nesse instante.

Então quando tratamos desse “conhecer Deus”, desse “encontrar Deus”, estamos tratando dessa constatação de que a única Realidade presente é a Realidade de Deus. Há uma expressão indiana que é belíssima para isso. A expressão é Advaita. Advaita significa a Não dualidade, a Não separação, significa “o primeiro sem o segundo”.

Então a Verdade é a Verdade da Não dualidade. A única Realidade presente sempre, invariavelmente, é a Realidade de Deus. Só há Ele, tudo mais está fora, dentro desse modelo de sonho de identidade separada, de identidade egoica, que é a ilusão desse “eu”, a ilusão daquilo que manifestamos ser, que não é a Realidade Divina, Real que verdadeiramente nós somos. Descartar essa ilusão é tomar ciência desta Verdade.

Então, o que é conhecer Deus? O que é encontrar Deus? É constatar a Realidade daquilo que está presente quando o “eu”, esse ego, esse modelo de condicionamento psicológico, de programação egoica, de ações egocêntricas, centradas nesse “eu” ilusório não estão mais presentes. Então temos a Realidade da Verdade de Deus. Então o que é esse “conhecer Deus”? O que é esse “constatar Deus”? É algo que se Revela quando há um esvaziamento de todo esse conteúdo psicológico de identidade egoica.

No que é constituída essa identidade egoica? De toda uma programação adquirida ao longo de milhares e milhares de anos, ao longo de toda essa história da humanidade. Esse sentido de identidade egoica é aquilo que o ser humano manifesta ser como um condicionamento.

Então todo esse condicionamento humano nós manifestamos nesse momento nessa crença de que a pessoa, esse “mim”, esse “eu”, é uma realidade, é uma verdade presente, carrega uma identidade que se separa da vida, que se separa do outro, que se separa de Deus. Observem que é exatamente isso que nos mantêm dentro dessa condição de insatisfação, de sofrimento, de confusão, de desordem psicológica, de desordem emocional.

Então o ser humano fala desse “encontrar Deus”, o que na verdade ele está querendo é descobrir alguma coisa que esteja além dessa condição, que é a condição dessa identidade separada, em contradição, em conflito, vivendo esses diversos aspectos de medo, angústia, violência e sofrimento. Tomar ciência da Verdade daquilo que somos é algo que está se revelando quando essa Verdade do Autoconhecimento se aproxima.

O que é esse Autoconhecimento? É ter uma aproximação desse movimento. Na razão em que você se torna ciente do movimento do “eu”, do ego, percebe esse sentido de separação; percebe isso sendo o que de fato é: a ilusão de uma identidade que está presente quando pensamentos estão acontecendo, sentimentos, emoções, percepções, sensações. Perceber a ilusão de uma identidade presente nessa experiência. Quando há este Autoconhecimento, fica claro a ilusão dessa identidade presente.

Notem que coisa interessante ocorre conosco. Se um pensamento está presente, a ideia em nós é de que estamos pensando esse pensamento. Observe que pensamentos são aparições, eles apenas aparecem. Não é verdade essa ideia em nós de que estamos produzindo esses pensamentos, eles apenas estão aparecendo.

Nós não produzimos pensamentos, nós não controlamos pensamentos, nós não dispomos nem nos livramos de pensamento, nós não colocamos eles aqui, nós não os afastamos também, eles apenas surgem. Não existe esse pensador produzindo esses pensamentos, controlando esses pensamentos, se livrando deles quando quer e trazendo eles quando quer.

Observe que os pensamentos são reações da memória. Há um estímulo visual, auditivo. Seja externamente ou internamente, um estímulo surge e um pensamento surge, mas não tem um pensador por detrás desse pensamento e, no entanto, nós temos a crença de que estamos pensando esse pensamento. Observe em você isso. Quando pensamentos aparecem e você quer se livrar deles, você não pode. Na verdade, quanto maior for o esforço para se livrar de um determinado pensamento, mais você o fortalece.

Se você quer se livrar de um pensamento, você pode gritar com ele, pode brigar com ele e ele continua lá. Pensamentos são reações da memória. É algo que aparece sem qualquer controle da sua parte, porque você como sendo o pensador não é real. A ideia do pensador está presente em razão do pensamento presente. Quando há pensamento, existe a ideia de um pensador pensando aquele pensamento, querendo fazer algo com ele, gostando dele ou não gostando dele, querendo mais dele ou querendo se livrar dele.

Então aqui nos deparamos com a ilusão da dualidade pensador e pensamento. Com o sentimento ocorre a mesma coisa, é uma reação a um estímulo. Então, essa reação, que é, na verdade, o resultado de uma experiência que aparece agora em razão de um estímulo que está ocorrendo nesse momento, é uma reação de sentimento que vem do passado; essa reação de emoção vem do passado, de pensamento, vem do passado, e nós colocamos neste pensamento a ideia de um pensador; nesse sentimento, a ideia de alguém sentindo, de uma emoção, alguém emocionado. Assim temos esse princípio da dualidade, da separação.

Então, a ideia de uma identidade presente, que é esse “mim”, esse “eu”, é um conceito, uma crença, um condicionamento psicológico, um modelo de pensar, de sentir e de agir dentro de um princípio de condicionamento. O fim para isso é a Revelação da Realidade Divina, é a Revelação da Realidade de Deus.

Então, o que é a ciência da Realização de Deus? É a ciência da Verdade de que Deus é a única Realidade presente. Isso se revela quando o sentido dessa egoidentidade desaparece. Tomar ciência de si mesmo, olhar para esse movimento do “eu”, esse estudar a si próprio, esse olhar para todo o processo que se passa dentro de você – pensamento, sentimento, emoção, sensação, percepção – sem intervir, sem interferir, então a Verdade da Revelação deste Ser se mostra, porque temos a Meditação, essa Arte de Ser Pura Consciência.

Então há uma quebra de identificação com esse princípio de dualidade, de separação; rompemos com esse movimento, que é o movimento do experimentador, do pensador, daquele que está sustentando pensamentos, emoções, sensações e percepções a partir de um centro. Investigar isso, se aproximar disso é o que temos de mais eficiente para a Realização da Verdade deste conhecer Deus, que, na realidade, é constatar a Realidade, a Realidade deste Ser, a Realidade de Deus.

Março de 2024
Gravatá/PE
Mais informações

terça-feira, 9 de abril de 2024

Iluminação Espiritual | O pensamento e a memória | A Verdade da Meditação | Real Meditação

A pergunta é: o que é que nós queremos? O que é que a maioria de nós deseja? Em um mundo confuso, em desordem, nessa inquietude que nossa mente tem lidando com as experiências da vida, com as experiências nesse mundo, tendo que se deparar com esses desafios desse caótico e confuso mundo em que nós nos encontramos, o que é que a maioria de nós, de verdade, deseja? Nós desejamos a paz, desejamos a felicidade e desejamos o amor, mas é uma espécie de paz, de felicidade e de amor.

Aqui nós estamos com você explorando essa questão: a questão desse encontro com a Verdade sobre nós mesmos. Não há ciência disso, e para a grande maioria, não há qualquer interesse em descobrir a Verdade sobre isso; e, no entanto, a grande maioria está anelante por uma paz, por uma felicidade, por um amor que eles idealizam, que eles acreditam existir.

Aqui nós estamos trabalhando isso, apresentando pra você a Verdade da possibilidade do Amor, não desse “amor” que a pessoa, nós seres humanos idealizamos. A Verdade da Felicidade, não o idealismo de “felicidade” como as pessoas acreditam poder encontrar. Assim como a Verdade da Paz.

Para nós, paz – dentro desse idealismo que as pessoas fazem sobre a necessidade da paz e o que elas acreditam ser a paz – é simplesmente um momento onde não haja conflito, onde não haja um distúrbio dentro da relação. Naquele momento, há a presença dessa, assim idealizada, “paz”. Não é dessa paz que estamos tratando aqui.

Para as pessoas, a presença do “amor” é quando há afeição, carinho, troca de satisfação, de prazer, na relação, a tudo isso nós chamamos de “amor”. Então, nesse encontro mútuo de satisfação prazerosa, satisfatória, lincada a prazer sentimental, emocional, afetivo, nós estamos dando o nome de “amor”. Então a idealização do encontro com o amor é o encontro com isso. Notem que isso representa mera sensação, uma sensação emocional, uma sensação física. Quando tratamos da Verdade do Amor aqui com você, estamos falando de uma outra coisa; assim como da Verdade da Paz, estamos falando de uma outra coisa.

E quanto à “felicidade”, para a maioria das pessoas, consiste em realizar projetos, sonhos e desejos. Então, a realização lhe dá uma completude temporária, uma satisfação momentânea. A felicidade, em geral, é confundida por satisfação. Então, a verdade sobre a busca da felicidade, para a maioria das pessoas, é só uma busca de satisfação. Quanto ao amor e à paz é, também, a busca de uma satisfação.

Aqui tratamos com você sempre que, uma vez ciente da Verdade deste Ser, desta Realidade Divina que trazemos, estamos diante da ciência do Amor, da Paz e da Felicidade. No entanto, isso não representa nada disso que o pensamento tem construído em torno desse assunto. Na verdade, o pensamento jamais pode se aproximar da Verdade do Amor, porque o pensamento não alcança algo fora dele mesmo.

O pensamento está circunscrito ao seu próprio modelo de vida, ao seu próprio modelo de existência, ao seu próprio modelo de aparição. Tudo que nós conhecemos está dentro desse modelo, que é o modelo construído pelo pensamento. Assim, nossas ideias sobre a Verdade, sobre Deus, assim como nossas ideias sobre a Liberdade, sobre o Amor, sobre a Felicidade, sobre a Paz, tudo isso são ideias dentro desse contexto, que é o contexto do pensamento.

A Realidade que tratamos aqui com você é Algo que está além do pensamento, essa Realidade Divina deste Ser que somos quando não estamos mais presos a esse movimento, que é o movimento do pensamento. Assim, quando o pensamento cessa, há Algo presente que não está dentro desse contexto daquilo que o pensamento formula, não faz parte daquilo que o pensamento conhece.

Quando tratamos do Amor, da Felicidade, da Paz, da Realidade de Deus, da Verdade deste Ser, estamos tocando em Algo que é possível ser constatado por cada um de nós, mas não é possível ser descrito pelo cérebro, pelo pensador, pelo pensamento, pelo experimentador com a sua experiência, por aquele que sente com o seu sentimento.

Observem que, em geral, nossa ideia e sentimento estão atrelados à presença de um pensador, de um experimentador e de alguém presente nesse sentir. Então é sempre pessoal – invariavelmente é assim –, a proposta que recebemos dada pelo pensamento para a realização daquilo que, na verdade, está além do pensamento.

Como encontrar a Felicidade? Como encontrar a Paz? Como realizar a Verdade de Deus? Essas perguntas não podem ser respondidas pelo pensamento. Não é dentro do pensamento que você encontra a solução para o problema, que é o problema da pessoa. O problema da pessoa, que é o problema do “eu”, desse “mim”, desse ego, é exatamente a ausência da Verdade da Paz, da Felicidade, do Amor, da Liberdade.

Esse é o nosso assunto aqui. Estamos trabalhando isso, apontando, sinalizando, mostrando para você. A Verdade d’Aquilo que somos comporta uma qualidade de vida, uma condição inteiramente nova de existência, onde um agir, um sentir, um pensar, um modo novo de se mover na vida está presente. Está presente em razão da Revelação d’Aquilo que é Indescritível, d’Aquilo que é Inominável, d’Aquilo que está além do pensamento.

Portanto, precisamos investigar a natureza da Verdade sobre nós mesmos, a natureza desse “eu”, desse “mim”, desse sentir, desse pensar, desse agir dentro de diversos propósitos, dentro de diversas intenções para, nesta vida, alcançar alguma coisa. Precisamos primeiro compreender a natureza do “eu”, desse que busca, então iremos compreender que essa busca é só um movimento de autoprojeção dele próprio, desse mesmo modelo de identidade que está à procura de algo, mas que é o próprio “eu” em projeção – e tudo o que ele projeta está dentro do pensamento.

Olhe para você e você irá perceber muito claramente isso. Todo o seu modelo de vida está assentado no pensamento. Tudo o que você conhece sobre si mesmo, tudo o que você conhece sobre o outro, tudo o que você conhece sobre a vida é parte daquilo que o pensamento tem estabelecido dentro de você como memória. Assim, todo conhecimento em nós é memória, e toda experiência que podemos relatar, descrever, explicar, tudo aquilo que passamos e podemos colocar como sendo nossa vida conhecida é algo que faz parte do pensamento, da experiência, da memória.

Então, no que se constitui esse “eu”? Esse “eu” é memória. O seu nome é uma memória, a sua história é uma memória; assim são os seus projetos, seus objetivos, sonhos, ideais, suas crenças, suas descrenças, as experiências boas e as experiências ruins, tudo isso está dentro dessa memória, desse modelo conhecido, que é o modelo do pensamento.

Não podemos encontrar aquilo que aqui está presente se situando fora do conhecido, portanto, fora do pensamento. O que é isso que está presente fora do pensamento, fora do conhecido? É a Realidade que está além do tempo. O pensamento em nós, que é memória, é história. A experiência em nós, que é memória, é história. Objetivos, projetos, sonhos em nós são parte do pensamento, que é memória, que é história. Tudo isso está dentro do tempo.

Assim, o ideal da felicidade está dentro do tempo, do amor está dentro do tempo, da paz está dentro do tempo, da liberdade está dentro do tempo. E o que é isso que aqui se encontra, que está fora do tempo, que não pode, portanto, ser encontrado porque já está presente? A Realidade presente, que está fora do tempo, que não pode ser encontrada, é a Realidade de Ser.

Você pode descrever quem você é. Toda a descrição a respeito de quem você é se refere a essa memória que o pensamento formula com base nesse pensador que você acredita ser. Então esse “eu” é constituído de memória, que é pensamento, que é esse pensador, que é essa história, e tudo isso está dentro do tempo. Mas esta não é a Verdade sobre Você, mas, sim, é aquilo que você manifesta ser, que você aparenta ser, que você demonstra ser.

Então, em primeiro lugar, você demonstra ser isso e idealiza ser aquilo. Observe: aquilo que você foi é um pensamento, aquilo que você é é um pensamento, aquilo que você deseja ser é um pensamento. Então o que a maioria das pessoas desejam? O que elas desejam está dentro do modelo da formulação do pensamento. Portanto, tudo isso faz parte desse modelo, que é o modelo do “eu”, que é o modelo do ego, que é o modelo do tempo. Por que tudo isso está dentro do tempo? Porque isso tudo só pode existir como pensamento. Então o pensamento é tempo. É muito simples isso.

Não há nenhum pensamento em você presente nesse instante que não esteja vindo do passado. Então esse passado é tempo, portanto, o pensamento é tempo. É isso que nós temos chamado aqui de tempo psicológico. É no tempo psicológico que a identidade do “eu” reside.

O “eu”, o ego, esse centro, esse “mim”, esse sentido de ser “alguém” reside no tempo, e é no tempo que ele projeta o que ele deseja alcançar. É no tempo que ele projeta aquilo que ele deseja, também, se livrar. Do medo, o ego quer se livrar; do prazer, o ego quer alcançar; do sofrimento, o “eu”, o ego quer se livrar, mas da satisfação, que ele chama de “felicidade”, ele quer alcançar.

Então, é sempre dentro do tempo que todo esse projeto reside. Esse movimento no tempo é um movimento psicológico nesse tempo psicológico.“Eu não sou, mas serei”, “eu não tenho, mas eu terei”, tudo isso reside no tempo, se move no tempo, enquanto que a Realidade está fora do tempo.

Nossa aproximação aqui é da Verdade sobre o Autoconhecimento e de uma visão direta do que é a Meditação, porque quando há esta visão da Verdade daquilo que somos aqui, nesse instante, temos a ciência do Autoconhecimento. E quando há esta ciência do Autoconhecimento, nós temos o fim para essa condição psicológica do tempo, desse “alcançar”, desse “se livrar”. Então o tempo termina, e quando o tempo termina se Revela a ciência de Ser Pura Consciência, então temos a Verdade da Meditação, a Revelação da Meditação.

Estamos aqui interessados em olhar para isso, olhar para o fim dessa condição psicológica de ser “alguém” que reside no tempo, que vive no tempo. Seu nome, sua história, sua identidade, seus desejos, seus sonhos, seus projetos, assim como suas angústias, suas frustrações, seus conflitos, contradições, seus medos, tudo isso faz parte desse “alguém”, desse sentido de ser “alguém”, desse modelo de ser “alguém” dentro do viver, dentro dessa experiência. Isso tudo está dentro desse tempo.

Nesse tempo cronológico, o seu corpo tem envelhecido, e nesse tempo psicológico, o pensamento tem projetado uma identidade. Então o corpo, nesse tempo cronológico, está caminhando para o fim, e esse sentido psicológico de uma identidade que se sustenta no pensamento – me refiro a esse “eu” – é o que busca a continuidade. É algo que está sempre buscando alguma coisa, então há essa insatisfação, essa incompletude, há todo esse sentido de vazio existencial. É isso que explica todos os nossos vínculos de apegos, porque o sentido do “eu”, do ego, busca sua continuidade naquilo que ele adquire psicologicamente.

Então nós temos também essa fantasia da continuidade de uma identidade presente; presente naquilo que possui, naquilo que tem, naquilo que alcançou, naquilo que controla, naquilo que é seu. Tudo isso faz parte da ilusão do “eu”. O fim para tudo isso está na visão da Verdade do seu Ser, na Realização da Verdade Divina. Tomar ciência disso é Realizar Isso nesse instante. A Verdade do seu Ser já é Amor, Paz, Felicidade. Aquilo que Você é não está no tempo, não está no corpo, não está na mente e não está no mundo. A Revelação disso é a Verdade do Despertar da Consciência – alguns chamam de Iluminação Espiritual.

Março de 2024
Gravatá/PE
Mais informações