quinta-feira, 28 de março de 2019

Uma questão de foco

No fundo, todos querem a Liberdade. Há, dentro de cada um, uma necessidade de saber o que é Real, Verdadeiro. Então, há uma motivação interna para esse Despertar, para o fim do sofrimento e de toda essa confusão que a mente tem vivido.
A questão toda é que, em geral, desde pequeno, você está prestando muita atenção nos pensamentos. Não digo que está atento aos pensamentos, mas prestando muita atenção neles, dando muita confiança a eles. Você faz isso, porque, no fundo, acredita que eles estão dizendo algo muito importante sobre quem você é, mas eles não dizem. Então, você está em uma direção equivocada.
Os pensamentos giram dentro de você em torno de uma ideia: a ideia de quem você é. Existem alguns que dizem que não há nada que você possa fazer para quebrar esse círculo vicioso. Aqui temos um paradoxo: em parte, isso é verdade; mas, em parte, não.
Não é verdade que não há nada que você possa fazer para o Despertar. Você pode ver esse movimento circular e repetitivo do pensamento e, assim, descobrir que ele é memória e imaginação. É a memória na imaginação e a imaginação fazendo uso da memória. Você pode olhar esse processo.
Nesse sentido, existe algo que você pode fazer: tornar-se cônscio desse processo, desse movimento. Esse olhar traz a Real Investigação e revela que o que você leva a sério não é verdade. O pensamento lhe diz coisas que parecem muito verdadeiras, bastante sérias. Mas, quando você olha de perto, vê que o que ele diz não é sério, não é verdadeiro. O pensamento trata da imaginação e da memória, e isso não é você.
Portanto, a investigação revela que aquilo que você leva a sério é a ilusão sobre quem você é. Essa aproximação é um passo fundamental nessa questão do Despertar, porque isso esclarece o que Você é, ao ver claramente o que Você não é. À luz dessa visão clara, você consegue ver, por si mesmo, que você não é essa história que o pensamento conta. Então, a ilusão cai, termina, e toda essa confusão criada pelo pensamento e suas histórias são completamente removidas. Essa é a base da Meditação, a qual é essencial nesse Despertar.
"Aquilo que você leva a sério é a ilusão sobre quem você é."
Todos querem ser livres, querem saber o que é Real, mas há uma luta, uma contradição interna, porque a mente, que é esse movimento ilusório, não tem interesse nenhum na Liberdade, Naquilo que é Real. Em outras palavras, há algo em você que quer Isso, mas há algo que não quer. Aquilo em você que não quer isso é esse movimento inconsciente do pensamento. Ele tem uma estrutura muito forte, muito habilidosa e bastante surpreendente.
Na mente (e aqui eu uso a expressão “mente” para esse movimento), você está dentro de um modelo repetitivo, que eu chamo de “condicionamento”. Você passa por momentos em que fica completamente entorpecido, embriagado, pelos pensamentos. Eles funcionam como uma espécie de droga, arrastando você para os estados que a mente conhece muito bem. Se você começa a dar atenção real, a ser tornar cônscio desse movimento (o que eu chamo de “Investigação”), isso para de ter tanto encanto para você, essa “droga” para de fazer esse efeito, a imaginação para de lhe dar prazer e essa viagem em histórias mentais para de ser preenchedora.
Assim, você para de confiar que os pensamentos estão dizendo alguma coisa verdadeira sobre quem você é e eles começam a perder força, param de predominar. Da mesma forma, os sentimentos, que estão associados a esses pensamentos e que parecem, a princípio, muito fortes, vão diminuindo lentamente. Uma vez que não são alimentados, eles perdem sua força de adesão, perdem a estabilidade, a continuidade.
No começo, é como um tobogã: um sobe e desce. Em algum instante, você está mais consciente e há um número menor de pensamentos sobre quem você acredita ser, sobre essa autoimagem, como eu costumo chamar. Em outro, você está mais preso, grudado, colado a esse personagem imaginário que o pensamento diz que você é. Então, uma hora você está em cima, outra hora está em baixo, mas você vai encontrando, em si mesmo, um lugar, um espaço, fora dessa ondulação do tobogã.
Repare que tudo é uma questão de foco. Você precisa focar nessa Realidade fora do pensamento, que é Você. Alguns chamam isso de Presença, outros de Consciência ou de Ser – são nomes dados à sua Natureza Verdadeira. Então, o seu foco nos pensamentos diminui, suas distrações com imagens mentais, com imaginações e com as flutuações da mente caem drasticamente.
Perceba como isso pode ser mantido com um verdadeiro trabalho. Mantenha isso de uma forma muito simples: pare agora e observe. Não há nenhuma dificuldade em fazer isso. Pare e observe o que o pensamento tem para dizer. Essa é a única possibilidade que você tem de ir além da ilusão do sentido de um “eu” presente neste instante.
Isso não é autoanálise, você não está analisando o pensamento, não é um “eu” analisando o pensamento. É apenas se aproximar e olhar. Você faz isso agora, neste momento.
*Transcrito a partir de uma fala em um encontro online na noite do dia 18 de fevereiro de 2019 – Encontros online todas as segundas, quartas e sextas às 22h (exceto em períodos de retiros) – Para informações sobre o app Paltalk e instruções de como participar, acesse o link: http://mestregualberto.com/agenda/encontros-online.

segunda-feira, 25 de março de 2019

De onde vem a liberdade?

Você não pode contar com a Liberdade como algo vindo do lado de fora, do exterior. Todos têm condições de viver em plena Liberdade, mas você não pode considerar a Liberdade como algo que se possa alcançar e que tenha origem no lado de fora. Você pode viver essa Liberdade, mas não pode esperar por Ela. A Liberdade não é algo que acontece externamente, que depende das situações ou das circunstâncias externas. Esse é um assunto muito importante.

As pessoas vivem em confusão porque a natureza da mente é confusa. Ela está, o tempo todo, tentando se ajustar ao externo para encontrar do lado de fora alguma forma de satisfação. Assim, a busca de preenchimento e realização externa é constante na mente. A Existência não se ajusta à mente, por isso o pensamento produz constante confusão. Toda desordem é interna, e essa desordem interna espera por uma ordem externa; a inquietude interna aguarda uma paz exterior.

Não há Liberdade do lado de fora! É curioso dizer isso, porque não existe, também, nenhuma prisão do lado de fora. Aquilo que produz a ilusão da dor, do pesar e do sofrimento não é o que acontece externamente, mas é a particular visão da mente do lado de dentro. Como a mente está em confusão, a sua relação com o externo também é confusão ‒ o que, na realidade, ela mesma está criando. É a mente que cria essa dicotomia entre o interno e o externo, entre o dentro e o fora. Então, toda a confusão que se vê externamente no mundo é apenas um reflexo dessa confusão interna que o homem carrega dentro de si.

Então, não espere que o mundo mude, e, quando eu falo "mundo", estou me referindo a qualquer coisa externa. O corpo físico também é parte do que é externo, pois, assim como a mente projeta o mundo, ela projeta o corpo. Portanto, toda a confusão no mundo, toda a confusão na mente e no corpo, é parte desse movimento interno da mente egoica. A mente egoica é esse interno mundo de todos, e isso não tem nada a ver com a Verdade sobre Você. Esse interno mundo de todos é também o externo mundo da mente egoica.

Toda confusão no mundo, no homem, em você, todo sofrimento, toda dor e todo problema estão nessa falsa identidade que tem criado o externo e o interno, que está procurando no mundo externo essa Paz. Dentro de sua confusão, você está tentando encontrar Quietude, Silêncio e Liberdade. Entretanto, se você está se confundindo com a mente, está perdendo sua Real identidade, sua Real Natureza, e aí está toda a confusão.

Assim, você pode viver no mundo da mente, no mundo das ideias, das crenças, das opiniões, das ideologias, de todos os sistemas criados pelo pensamento, mas tudo o que você vai adquirir disso é uma visão bastante depressiva do mundo, uma visão ansiosa, em medo, dor, e nisso não há Liberdade! O que estou dizendo é que não há Liberdade no mundo, não há Liberdade do lado de fora, porque você está, aí dentro, criando toda essa confusão. Todo problema no mundo é um único problema: o seu problema! Se não houver conflito aí dentro, toda essa noção de conflito do lado de fora desaparece. Quando você descobre que o mundo não está em liberdade nem em prisão, você está em Liberdade. Estar em Liberdade é Ser, simplesmente Ser, somente Ser! Se você vive assim, não há problema nenhum no mundo, isso porque você saiu do mundo da mente. E o que é o mundo da mente? É a confiança em pensamentos.

"E o que é o mundo da mente? É a confiança em pensamentos."

Eu tenho percebido que esse tem sido o "x" da questão, e tenho falado muito sobre isso ‒ você confia em pensamentos. Olhe para si mesmo que você vai descobrir isso que estou lhe dizendo. Seu problema é confiar em pensamentos! Os pensamentos estão criando o mundo da mente e procurando, do lado de fora, a Paz, mas é isso que está criando a confusão externa. Então, essa confusão interna é a confusão externa, criada pelo mundo da mente, que, basicamente, é a confiança em pensamentos. Você não tem apenas lembranças de acontecimentos, você confia nelas e isso faz com que você tenha inimigos, que se veja como uma pessoa divorciada, um pai que teve um filho que, depois, morreu, um viúvo, ou seja, você se vê como "alguém" neste presente momento, carregando uma história do passado. Então, no mundo da mente, você está vivendo no passado, porque vive dentro dessas lembranças, com todo esse peso da memória.

Todos nesse mundo estão vivendo nessa mesma dimensão de loucura, apenas com uma diferença de nível. O mundo da mente é a loucura e confiar em pensamentos é a base da loucura. Quando confia em pensamentos, você confia, por exemplo, nesse assim chamado "amor", no que você sente pelo outro. Se você sente ciúmes e falta do outro, está apegado a uma autoimagem que você tem de uma suposta pessoa. Até que chega o dia em que essa relação não pode mais ser sustentada, porque ele foi embora com outra, não quer mais saber de você, e você agora acredita no pensamento de que não pode viver sem ele. Aí vem a dor, você perde o sono, a fome, não quer mais tomar banho nem ir para o trabalho. Tudo isso acontece porque esse é o mundo da mente, que é apenas confiança em pensamentos.

Assim, se você confia em pensamentos, você se identifica com histórias mentais, e "sua identidade" tenta extrair dessas histórias bem-estar, prazer, conforto, preenchimento ‒ aí está a confusão no mundo! Então, o problema parece estar do lado de fora. Dessa forma, todos esperam que o mundo lhes dê paz, que uma profissão e as pessoas os preencham, mas isso não é possível. Quando as pessoas se aposentam, entram em depressão, pois estão longe daquela atividade que era a razão de suas vidas. Essas pessoas não tinham nenhuma felicidade na relação conjugal, com os filhos, com o mundo à sua volta. Havia uma frustração interna muito profunda, uma vida inteira em sofrimento, em psicológicos sofrimentos, mas tinha uma tábua de salvação, um momento de fuga existencial: sua satisfação no trabalho. Ali estava a vida da egoidentidade. Era um preenchimento, um psicológico preenchimento, mas chegou a aposentadoria. Não dava mais para o corpo de cada uma delas exercer aquela função, então essas pessoas tiveram que se aposentar, aí o quadro depressivo apareceu. Na verdade, esse quadro já estava lá, mas não teve a oportunidade de se manifestar.

Agora, eu pergunto para você: quem está livre disso? Quem aqui não carrega um quadro, um trauma, um peso? Eu não sei o nome dessas coisas, deixo isso para os especialistas, que chamam isso de patologia. Até os médicos, que tratam de patologias, têm alguma patologia também. É incrível, mas é assim mesmo: um médico doente "curando" os doentes. Afirmo: não há cura! A mente é a doença! Se você procurar na sua família, você vai encontrar um trauma, um quadro desses, e, se você olhar para dentro de si, também vai encontrar.

Então, a Paz não está lá fora, mas a guerra também não está. A Liberdade não está lá fora, mas a não liberdade também não. Assim, a Sabedoria está em acolher o que acontece sem o mundo da mente, sem a confiança no pensamento.

*Transcrição de uma fala em um encontro presencial na cidade de Campos do Jordão, no Ramanashram Gualberto, em Maio de 2018. Para informações sobre os nossos encontros, clique aqui.

terça-feira, 19 de março de 2019

O que preciso perder?

Aqui, estou sempre falando com você sobre essa questão da Autorrealização, que também vem sendo chamada de Iluminação. Outra palavra boa para Isso é "Liberação", embora nenhuma palavra seja realmente adequada. As palavras Liberação, Autorrealização e Iluminação não descrevem a Verdade, pois Ela não pode ser descrita e não há palavras que possam alcançá-La.

Tem sido comum o tratamento Disso de forma completamente equivocada. A Liberação não é algo que o indivíduo possa ganhar. Na verdade, se trata de uma perda, de algo a se perder. Repito: aqui a perda é algo que acontece, o ganho não! Não é alguma coisa para se ganhar individualmente. Liberação é essa perda, é algo que você tem que perder, não algo que tem que ganhar, ou seja, não é uma aquisição.

O que você perde com essa Realização, com essa Liberação, é o sentido de separação, o sentido de identidade presente como autor, controlador, sabedor das coisas, e tudo o que implica a presença dessa entidade.

A primeira coisa que você tem que guardar em si mesmo, bem claramente, é isso: Liberação é uma perda, não uma realização de algo. Você terá que perder esse "alguém" que você acredita ser. Quando você pode ver que não existe nenhum sentido de separação, acontece a perda desse "eu", a perda da ilusão. Perder a ilusão é essencial! Sem essa perda, não há Liberação, Iluminação, Autorrealização, ou como você queira chamar Isso. Quando acontece Isso, o medo e o sofrimento vão embora, e o que é deixado é apenas a maravilha da Vida acontecendo como Ela é. Então, Liberação é Felicidade, mas a Liberação é a perda dessa falsa identidade presente.

Esse sentido de identidade é o ego e tudo o que ele busca é adquirir mais. É isso que você precisa perder! Quando essa sensação de "eu estou no controle", "eu sou o autor das minhas ações", "eu estou presente nessa experiência" desaparece, a vida pode, então, ser vivida num profundo relaxamento. Sem o sentido ilusório do "eu", o medo cai, a ansiedade cai, e todo desespero desaparece ‒ isso é Liberação. Aqui, a dificuldade é descrever Isso, porque Liberação é exatamente o fim de todo significado que o pensamento pode dar e apresentar sobre a Vida. Há somente uma revelação na Liberação, que é o significado da Vida como Ela é ‒ um verdadeiro Mistério.

O pensamento é uma base para as palavras e ele é dualista, então, as palavras só tratam da dualidade e não podem ir além dela. Assim, os pensamentos não podem traduzir, através das palavras, Aquilo que está além das palavras e dos pensamentos. A Liberação é algo assim ‒ além das palavras e dos pensamentos; algo que está além da dualidade. A linguagem, por sua natureza, descreve apenas a dualidade: eventos, experiências, coisas, sentimentos, sensações, imagens... Todo e qualquer fenômeno está acontecendo dentro da dualidade e não existe linguagem para descrever Aquilo que é não dual.

Então, quando falamos de Liberação, estamos falando de uma perda, aquela que acontece a você, quando essa ilusão do "eu" desaparece com a dualidade que ele carrega: "eu e o outro", "eu e o mundo", "eu e a vida", "eu e minhas coisas", "eu e minhas experiências", "eu e minhas ideias". Tudo isso é completamente falso, está dentro da mente e de sua dualidade. Todas essas coisas acontecem dentro da ilusão da mente.

Outra coisa sobre a Liberação é que, como é "Algo" não pessoal, Ela não carrega nenhuma psicologia, nenhuma experiência emocional ou espiritual. Assim sendo, por mais fina, profunda e preenchedora que seja uma experiência espiritual, ela ainda está dentro da mente, não está fora dessa ilusão do "eu". Assim, através de algumas práticas, com o uso de algumas substâncias químicas ou técnicas de meditação, você pode obter alguma experiência, uma profunda e prazerosa experiência, relaxante, abençoada, mas o sentido do "eu" continua. Dessa forma, a ilusão continua, porque Liberação não é para esse "eu", que tem que ser perdido, não pode continuar experimentando coisas, sejam profanas ou divinas.

"Outra coisa sobre a Liberação é que, como é 'Algo' não pessoal, Ela não carrega nenhuma psicologia, nenhuma experiência emocional ou espiritual. Assim sendo, por mais fina, profunda e preenchedora que seja uma experiência espiritual, ela ainda está dentro da mente, não está fora dessa ilusão do 'eu'."

Em alguns momentos, você pode ter uma experiência de ausência do experimentador, de ausência do "eu", mas esse "eu" termina voltando, o que significa que ele não foi embora definitivamente; ele ainda está por aí. As pessoas me escrevem falando sobre as suas experiências espirituais, ficam bastante animadas e, logo depois, o "eu" volta com seus antigos problemas: ansiedade, preocupações, aflições, toda a sua tagarelice mental. Isso é sinal de que não há algo real assentado nesse mecanismo, nesse organismo, não aconteceu essa perda, esse "eu" não foi perdido.

Algumas vezes, quando quer sair de casa, você não encontra a chave do carro dentro da sua casa. Parece que você perdeu a chave do carro e começa a procurá-la, mas, se está dentro da sua casa, ela não está perdida, e você termina encontrando-a novamente. Algumas pessoas, quando escrevem para mim, relatam sua "iluminação", mas suas palavras já denunciam que elas continuam presentes. É como alguém que acredita que perdeu a chave do carro dentro de casa, mas, se está lá, não está perdida. Naquele momento, ela não sabe onde a chave está, mas daqui a pouco a encontra.

Esse sentido do "eu", às vezes, parece não estar mais. Mas, somente parece, pois ele ainda está lá. Isso é muito comum nas práticas de meditação ou no uso de algumas substâncias, como o chá [ayahuasca], que trazem um relaxamento, uma sensação de bem-estar. Nesse sentido, a própria música pode provocar isso, inclusive a música devocional, mas nada se resolveu ainda.

Então, deixe de se interessar por novas experiências, aquisições, em acrescentar algo ao "velho eu", como uma nova sensação, percepção ou experiência, porque isso não irá resolver. Assim, você pode passar muitos anos preso a toda forma de experiência. Realização, Liberação ou Iluminação é a visão dessa única Realidade presente, além de tempo, espaço, mente, mundo, corpo, experimentador, experiência, pensador e pensamento, observador e a coisa que ele observa. Estudar e ouvir falas sobre Isso não resolve. Técnicas e práticas também não resolvem.

Se você quer descobrir Isso de perto, venha para Satsang.

*Transcrição de uma fala ocorrida em um encontro online na noite do dia 03 de dezembro de 2018 – Para informações sobre os nossos encontros, clique aqui.

quarta-feira, 13 de março de 2019

O encontro com a Vida

O que nós temos neste momento é Satsang, que é Vida. E o que é a Vida? A Vida é algo de uma simplicidade que a mente não alcança, algo que significa apenas este momento. Assim, quando falamos em Satsang estamos falando da Vida, investigando essa questão do viver.

Outra coisa bastante peculiar na Vida é que Ela não acontece para duas pessoas, ou seja, não é um momento que pode ser compartilhado entre duas pessoas. A Vida é algo acontecendo neste momento, mas não é possível duas pessoas compartilharem este mesmo momento. Este momento é exclusivo, único. E no que consiste este momento? Ele consiste na Vida, como Ela se apresenta, se mostra. Não há duas pessoas, nem um momento compartilhável entre duas pessoas. Outro ponto é que a Vida não é algo acontecendo para você. Na verdade, Você é a Vida.

Quando o pensamento surge, ele vem como um elemento de separação, de divisão, de tempo. É o pensamento que cria a ideia do futuro, do passado e do presente, e a ilusão de pessoas compartilhando este mesmo momento. Essa é uma forma, talvez bastante nova para alguns de vocês, de se ter uma aproximação daquilo que eu chamo de Satsang ‒ o encontro com O que É, o encontro com a Vida. O que colocamos até agora explica toda essa confusão, balbúrdia, conflito, que é viver na ilusão da separatividade ‒ "eu e o mundo"; "eu e a vida". Não há mundo, não há "eu"; há somente a Vida. Isso é Consciência, Presença.

Na mente egoica, você quer manejar este "presente momento", há uma resistência a ele. E como é que você tenta manejar? Sua forma de tentar manejar isso é na ilusão de que você pode controlar o que está presente, o que está acontecendo. Assim, o conflito, a miséria e o sofrimento surgem. Quero convidar você para algo além da aceitação ou da rejeição daquilo que está presente neste momento, aqui e agora. Então, você descobre que este momento é simplesmente a Vida, e a Vida é Amor, Paz. Há somente Amor, Paz, nada mais. O fundo daquilo que está presente como uma experiência acontecendo, é este momento se revelando como vida, é Amor e Paz.

A mente tem criado um véu ilusório de separação, de dualidade, de aceitação ou rejeição da Vida como se apresenta, e é isso que tem ocultado o Amor e a Paz presentes neste instante. A mente está criando toda essa confusão, esse véu da ignorância cobrindo a Verdade. Quando esse véu é removido, tudo que permanece é a realidade da Vida. Essa é a sua Identidade Real, sua Verdadeira Natureza Divina, sua Liberdade.

Não há razão para sofrer. Sofrimento é uma produção independente, particular, uma restrição que a mente se autoimpõe. A mente é esse véu, a causa de toda essa confusão. Assim, a remoção desse véu é o descobrimento desta "Coisa", que é a Verdade. Quando o movimento da mente surge, o véu da ignorância está presente e, com ele, a falsa identidade criando toda a confusão ‒ aí a ilusão do "eu" no presente, no passado ou no futuro, no imaginário mundo do pensamento. Então, essa procura da felicidade, que é a procura do amor e da paz na mente, nesse movimento para fora e no tempo, é uma ilusão. A Paz, o Amor e a Felicidade não estão no tempo, não são encontrados. Isso é algo aqui e agora, quando a ilusão (esse véu) é removida. Esse é o real sentido do Despertar.

"Não há razão para sofrer. Sofrimento é uma produção independente, particular, uma restrição que a mente se autoimpõe. A mente é esse véu, a causa de toda essa confusão. Assim, a remoção desse véu é o descobrimento desta 'Coisa', que é a Verdade. Então, o Amor e a Paz estão presentes, e Isso é a Natural Felicidade, a Felicidade de Ser, que é Vida, que é este momento."

Despertar significa estar acordado para a Vida, para este momento, para essa Paz, esse Amor, que é Felicidade. Assim, é fundamental abandonar toda a confiança que vocês têm dado aos conceitos mentais, às crenças, às ideias, aos pensamentos, pois são eles que sustentam esse véu. Os pensamentos que sustentam esse véu cobrem a Realidade deste momento, a Realidade da Vida, a Verdade sobre você, inerente à sua Identidade Verdadeira.

Portanto, você não pode continuar vivendo nesse tempo psicológico, alienado deste momento, que é a Vida. Quando o fundamento do que você chama de "vida" está assentado nesse tempo psicológico, nesse tempo mental, que é a história construída pelo pensamento em torno de um personagem com um nome e um corpo, você está na ilusão de uma vida irreal, a vida desse falso "eu".

Você tem que descobrir o que significa se manter nessa Consciência. Somente essa Consciência é a visão deste momento, que é a Vida. A mente não lhe dá a visão deste momento. Ela sempre transita entre o presente, o passado (memórias, recordações, lembranças) e o futuro (aspirações, desejos e sonhos).

Reparem que tratei somente de um assunto aqui: a Real Meditação. Meditação é a Consciência desta Vida, que se mostra neste momento. Vou repetir: não há duas pessoas no planeta capazes de viver este momento, porque é um momento único, exclusivo, real. Em outras palavras: não é possível alguém magoá-lo, feri-lo, ofendê-lo, entristecê-lo, aborrecê-lo, porque não há "você", não há ninguém.

*Transcrição de uma fala em um encontro online na noite do dia 06 de fevereiro de 2019 – Para informações sobre os nossos encontros, clique aqui.

quinta-feira, 7 de março de 2019

Esse é o segredo

Adotar a atitude de olhar o que se passa dentro de você significa viver com o interesse de investigar a questão: “Quem sou eu?”.
Quando você se depara com alguma forma de conflito interno (como o medo, por exemplo) e reconhece isso sem negar, sem fugir, sem reprimir, então, você tem aqui algo muito valioso, que é a aproximação desse olhar, viver nessa proximidade, acolher, adotar, aceitar essa atitude compassiva, benevolente e paciente de permitir que isso seja visto.
Não existe nada que funcione como isso, não existe nenhuma outra coisa que possa ser feita. Qualquer movimento que você faça será com base no conflito, para produzir mais conflito; com base na confusão, para produzir mais confusão. Esse movimento é de fuga, o qual pode trazer um alívio momentâneo, mas o conflito permanece. A repressão pela fuga é uma das armadilhas da mente egoica.
É importante que você veja o que tem diante de você. Isso é como uma cobra que entrou no seu quarto. Se você sabe que ela entrou, seu dever é encontrá-la e não ir para debaixo do cobertor, pois isso não vai resolver. Mesmo que não queira olhar, você já sabe que ela está no quarto. O medo está presente e você sabe que o cobertor não vai salvá-lo. Mas, se você está em cima da cama e consegue vê-la completamente, você já está a um passo da libertação do medo. O mesmo ocorre com o movimento da mente egoica: se você não negá-lo, se você não se esconder, você poderá vê-lo. Mas, se sua atitude é de negação, de se esconder, de tentar fugir disso, isso continuará assombrando-o, assustando-o.
Estou lhe mostrando como lidar com essa entidade ilusória, esse falso “eu”, esse ego – que, aqui, é essa “cobra no quarto”. A questão é perguntar para si mesmo: “O que é isso? Quem é esse com medo?”. Se você faz isso, pode ver esse movimento, esse conjunto de pensamentos, sentimentos e sensações no corpo bastante desagradáveis. Quando pode ver isso, você consegue ver a “cobra”. Você ainda não está livre, mas deu o passo mais importante para ir além do medo, para ir além do ego. Na verdade, isso tudo é um espetáculo criado pela mente.
Se você faz isso, consegue ver O que É, e, então, você percebe a “cobra” partir. Você não vai tentar matar a “cobra”, não vai tentar fazer nada com ela. Essa “cobra”, dentro dessa figura de linguagem, é o movimento imaginário do ego, com suas reações bastante assustadoras. Aqui, não importa o quanto essa sensação seja assustadora ou desagradável... Olhe essas reações.
Tudo é um grande espetáculo para você, para que você seja um espectador, uma testemunha, um observador. Contemple suas reações, contemple sua negação, seu desejo de fugir, seu medo. Quando você começa a perceber, a reconhecer sua negação, é o começo da aceitação. É necessário você se tornar um expert, um verdadeiro mestre em lidar com o que se passa aí dentro, e ninguém pode fazer isso no seu lugar. Enquanto você não assumir essa total responsabilidade (eu tenho chamado isso de “honestidade”), nada de muito profundo acontecerá.
O que estou dizendo é que o medo, o conflito e o sofrimento são seu ego, a “cobra no quarto”, o “monstro”. Um “monstro” que, na verdade, você acompanha. Não é ele que o acompanha, não é ele que está com você, é você que o está acompanhando, é você que está dando realidade ao seu ego.
A princípio, você acha que o ego é o seu inimigo, e eu estou dizendo que o ego é a sua criação, uma ilusão criada pela força do hábito de viver nesse modelo há muito tempo. É necessário desconstruir isso!
"A princípio, você acha que o ego é o seu inimigo, e eu estou dizendo que o ego é a sua criação, uma ilusão criada pela força do hábito de viver nesse modelo há muito tempo. É necessário desconstruir isso!"
Assim, não é o ego que o acompanha, é você que o constrói, que o sustenta. Você vê a “cobra” entrar no “quarto”, e, em vez de acompanhar o seu movimento, você se esconde debaixo das “cobertas”, porque não está disposto a olhá-la.
Você tem sustentado esse ego, esse medo, esse sofrimento, esse falso “eu”. Quando você para de fugir, de negar, que é quando começa a aceitação, você passa a ter a postura da contemplação, que é a sua posição natural de desidentificação, de não confusão com o que os sentimentos, sensações e pensamentos “dizem”. Assim, esse “monstro”, esse “usurpador” criado por você mesmo, por seus pensamentos e sensações corporais, o qual o mantém separado do Reino do Silêncio, da Paz, da Liberdade, da Alegria, desaparece. Isso acontece porque, na realidade, ele nunca foi real.
Então, comece a acolher esse “monstro” e diga: “Ok! Fique à vontade. Deixe-me olhar para você”. Não importa o tamanho dessa “cobra”, nem quão assustadora ela pareça ser; não importa quantas garras tenha esse “monstro”, nem qual seja a sua aparência... Quando nenhuma parte dessa “cobra” ou desse “monstro” fica oculta, não há nenhuma parte em você que possa se prender ou se identificar de novo com isso.
A ilusão é a cegueira que o mantém ligado ao “monstro”. Por inconsciência, falta de atenção, de Meditação, você está sustentando-o. Na Índia, chamam esse “monstro”, essa “cobra”, de “ilusão da ignorância”.
Então, você precisa sair debaixo da “coberta”, sair da sua tentativa de fuga imaginária e olhar para isso. Esse é o segredo! Isso só é possível nessa aproximação de acolhimento, de contemplação. Dessa forma, você estará voltando à sua posição natural, ao Coração, e saindo da mente. Mesmo que o corpo ainda sinta alguma coisa, já não haverá mais valorização de história, de pensamentos. Aquilo que o corpo estiver sentindo, logo vai desaparecer também, porque não estará sendo alimentado, não haverá mais essa ligação com o “monstro” – o pensamento, a emoção, a percepção ou o sentimento terá sido quebrado.
Conseguem ver isso? Exercício de casa para vocês! Dá para praticar isso momento a momento, e vocês terão muita oportunidade de praticar essa desidentificação, de olhar pacientemente para si mesmos, para suas reações, sentimentos, sensações, percepções, para toda história criada por essa entidade imaginária, ilusória, que parece estar acompanhando você, que parece estar no seu “quarto”, enquanto que, na realidade, é você que a acompanha, que a sustenta, que a faz tão assustadora, tão perigosa.
Por que é muito eficaz o que eu estou lhe dizendo? Pelo fato de que aquilo que pode ser visto não é você. Se você pode ver algo, dele você pode se desidentificar, e esse é o seu trabalho. Se você pode ver, pode deixar ir embora.
Vou repetir: você não vai matar o “monstro”, não vai matar a “cobra”, não vai matar o ego, porque não tem nenhum ego, nenhuma “cobra”, nenhum “monstro” para morrer. Quando não há mais partes ocultas, escondidas, aí – nem pensamento, nem emoção, nem sensação, percepção, medo, ansiedade e tudo mais –, então nada disso pode mais tocá-lo. Você é essa Presença, essa Consciência, essa Realidade Absoluta, vivendo no Reino da Felicidade, da Liberdade, da Paz, da Alegria, da Inteligência.
*Transcrito a partir de uma fala em um encontro online na noite do dia 28 de janeiro de 2019 – Encontros online todas as segundas, quartas e sextas às 22h (exceto em períodos de retiros) – Para informações sobre o app Paltalk e instruções de como participar, acesse o link: http://mestregualberto.com/agenda/encontros-online.

sexta-feira, 1 de março de 2019

Isso requer coragem

Mais uma bela oportunidade de estarmos juntos, voltando-nos para algo tão singelo e simples. Curiosamente, parece tão estranho e difícil… É um paradoxo que só existe para a própria mente. A Verdade sempre se mostra de um modo paradoxal, mas, lembre-se: sempre do ponto de vista do sentido de uma identidade separada, do ponto de vista da mente. Apenas para a mente estamos diante de algo que é de grande dificuldade.
O seu hábito é o do pensamento, o qual, por natureza, é dualista, separatista, contraditório e confuso. A primeira coisa com que nos deparamos, quando somos trazidos para essa aproximação, é algo simples, mas que se torna difícil para a mente, que é deixar de continuar confiando na ideia de ser uma pessoa.
Isso pode parecer bastante difícil de ser aceito, mas eu digo para você: não seja uma pessoa, não seja coisa alguma! Quando você tem essa Compreensão direta de que não é alguém, quando você está livre e vivendo de acordo com essa Compreensão, toda a ilusão termina. É o pensamento que sustenta isso. Basicamente, a ilusão é a autoimagem que você tem: um homem, uma mulher, um jovem, um buscador espiritual, alguém que irá se iluminar ou está buscando a iluminação... Tudo isso são só imagens. Quando a ideia ou a sensação de ser uma pessoa não mais engana você, quer esteja pensando ou não, agindo ou não, nesse momento, você está vivendo a Verdade, a Verdade do Coração.
Há uma grande beleza em viver assim, porque quando não há ilusão, não há conflito, não há medo, há somente Amor. Amor é Verdade, que é Liberdade, Sabedoria, Graça, “Algo” completamente diferente dessa confusão de viver identificado com pensamentos, com toda essa herança cultural, espiritual, social, política, ideológica, com tudo que o pensamento tem inventado. Acompanham isso?
É basicamente isso que fazemos em Satsang: descobrimos como não confiar mais naquilo que o pensamento diz sobre “nossas” experiências. Essas “nossas” experiências são, na verdade, experiências da Existência, da Vida; elas não são particulares, não são pessoais, não há por que se sentir grande ou pequeno diante daquilo que se apresenta. Então, eu quero repetir para você: não seja uma pessoa!
Quando você está numa relação real com a Vida, como Ela se apresenta, sem essa fantasia do sentido de pessoa, de ser alguém ou alguma coisa, essa relação é toda inclusiva — não exclui nada — e de profunda Inteligência, Consciência e Liberdade. O mundo, o corpo, a mente e as experiências estão incluídos. Em qualquer nível, são apenas inofensivas experiências da Existência — experiências no mundo, no corpo e na mente, com pessoas, objetos, situações e tudo o mais.
"Quando a ideia ou a sensação de ser uma pessoa não mais engana você, quer esteja pensando ou não, agindo ou não, nesse momento, você está vivendo a Verdade, a Verdade do Coração."
Então, descobrimos, em Satsang, nossa Liberdade presente, que, até então, não tínhamos apreciado, porque estávamos por demais valorizando a mente egoica, dualista, separatista, com suas conclusões, crenças, medos e desejos. Percebam que há uma perfeita inclusão do mundo, como ele é, nessa Consciência, nessa Presença, e isso é Amor.
O Amor é essa Final Destinação da Liberdade, da Presença, do Coração. Esse Coração é como uma árvore que aceita, em seus galhos, todos os pássaros; uma mãe que recolhe, debaixo de suas asas, os seus filhotes. Assim é essa Consciência, essa Liberdade, essa Presença, essa Final Destinação, que é o Amor. Estamos juntos?
Você deve estar disposto a conhecer Aquilo que está presente aqui e agora. Você deve estar disposto à Beleza dessa “morte”. Tudo que você conhece é deslizar para fora, para longe. Você foi condicionado a acreditar que tudo que lhe foi ensinado é de muito valor; que suas crenças, certezas, convicções e ideias são suas posses mais preciosas. Alguns entram nessa sala querendo aprender ainda mais, mas a Sabedoria não nasce nesse “saber mais”. Você está muito “cheio” e acredita que não sabe. As pessoas, quando vêm, dizem que não sabem nada, mas, se isso fosse verdade, elas não teriam nenhuma crença sobre elas mesmas, nem mesmo a crença de que não sabem nada. Elas dizem: “Eu não sei nada!”, mas, no fundo, sabem que são pessoas. Tem que saber muito para poder saber tal coisa. Curiosamente, esse “saber” é pura imaginação, a imaginação do conhecimento, que sustenta a ilusão da ignorância.
Você, aqui, descobre a importância de deixar isso tudo ir embora. Naturalmente, isso requer coragem. Então, esteja pronto! Mas, a pergunta é: você está pronto? Está disponível? Esteja disponível! Renda-se a essa Verdade, à Verdade sobre Si mesmo. Então, você se torna um “espaço aberto”, e é nele que essa “árvore” estende seus “galhos”. De forma inclusiva, ela recebe tudo que a Vida apresenta. Esse Espaço, então, é um Santuário, o Santuário da Verdade. Assim, você está pronto para saber que não há nada para saber, e esse é o verdadeiro Conhecimento de Si mesmo. Se você conhece a Si mesmo, conhece a Vida. Então, a Vida está presente e o sentido do “eu” não está.
Isso é completo e profundo Silêncio, sem mais toda essa confusão de pensamentos que sustentam o sentido de separação entre esse “eu” e a “experiência-vida”, a “experiência-mundo” e a “experiência-corpo”. Então, dentro desse Silêncio, revela-se a Liberdade, a Paz, o Amor, a Verdade, essa “coisa” sem nome, e o sentido do “eu”, do ego, não está presente. Somente esse Silêncio é o acesso ao Silêncio; somente essa Alegria é o acesso à Alegria; somente essa Verdade é o acesso à Verdade.
Isso não é algo com base no pensamento, na memória, não é algo que possa ser lembrado. Alguns passam por algumas experiências e acreditam que é disso que estamos falando. Não estamos falando de uma experiência; estamos falando exatamente do fim da ilusão de que há uma experiência que possa ser vivida e lembrada, algo que requer memória, pensamento, tempo, a ilusão de um experimentador, de um pensador.
As pessoas vêm praticando diversas formas de disciplina ao longo da história humana. Elas vêm colecionando experiências, crescendo em experiências. Elas adquirem novas, sublimes e espirituais experiências, e se tornam, cada vez mais, apegadas a elas; elas se tornam pessoas espirituais — algumas até já são “pessoas iluminadas”. É estranha essa expressão, porque quando há o Real Despertar, a Verdadeira Realização, não fica nenhuma “pessoa”, não fica o sentido do experimentador com suas sublimes experiências, porque não existe o sentido do “eu” nisso, de um “eu” sublime, um “eu” divino, um “eu” espiritual.
*Transcrito a partir de uma fala em um encontro online na noite do dia 23 de janeiro de 2019 – Encontros online todas as segundas, quartas e sextas às 22h (exceto em períodos de retiros) – Para informações sobre o app Paltalk e instruções de como participar, acesse o link: http://mestregualberto.com/agenda/encontros-online.

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