segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

Isto requer uma nova atitude

O seu hábito de acompanhar uma fala através de um fundo de conhecimento é algo inevitável. Todo seu hábito é guardar informações. Aprender, para nós, é acumular conhecimento, experiência, e tudo que um professor faz é tentar comunicar o seu conhecimento, sua experiência. Assim, ao chegar em Satsang, tudo que você sabe, até então, é se aproximar deste tema, deste assunto, da mesma forma habitual. Em geral, o professor provê uma perspectiva, uma formulação intelectual; essa é a sua explanação. Mas, aqui, nós temos outra coisa, uma nova aproximação.
É possível que a compreensão intelectual, o entendimento verbal, lógico, lhe dê uma atitude, aparentemente, correta. Isso pode ser válido para qualquer outro tipo de assunto, menos para este assunto aqui. Então, a compreensão aqui não pode se dar dentro do intelecto. Isto requer uma nova atitude.
Aqui, você não se torna consciente de estar consciente. Então, não é uma matéria de aula. A consciência da Consciência vem da Consciência. Você não pode atingir Isso através do intelecto. Não é uma questão de vontade, de intelectualidade, de habilidade com o conhecimento. Esse “eu”, o “eu” relativo, nunca pode alcançar Isso, porque ele é apenas um pensamento. Esse “eu” aplica sua suposta vontade para saber coisas, mas não para tomar consciência da Verdade.
O pensamento é incompetente, impotente, incapaz. Uma vez que você consiga ver que o pensamento é incapaz de alcançar Aquilo que está além dele — esse “Estado”, que é o “não Estado”, a Consciência Nela mesma — então, você para de confiar nele.
Vocês ainda carregam problemas porque acreditam em soluções. Os problemas são criados pelo pensamento e você quer resolvê-los com o pensamento.
Nós podemos falar dessa Consciência como um tipo de “Presença de fundo”, como algo por detrás de todo conhecimento, de toda experiência e pensamento, mas, essa imagem não é perfeita. Isso é como se estivéssemos tentando dar uma direção a essa Consciência, como se acreditássemos que Ela está por detrás de tudo isso, por detrás da experiência, do conhecimento, do pensamento, mas, na verdade, essa Consciência é algo semelhante ao espaço de uma sala, onde você vê todos os móveis presentes, mas é esse espaço que preenche toda parte. Os móveis podem ser mudados; o espaço, não. O espaço não está atrás, não está à frente, não está do lado… O espaço não muda, enquanto que os móveis e cada objeto nessa sala, nesse espaço, podem ser mudados.
Assim, esse Espaço não só comporta conhecimento, experiência, pensamento, como também, sensações, percepções, emoções, sentimentos, desejos, medos... Tudo isso está mudando o tempo todo, mas essa Consciência está em uma Realidade não dimensional; Ela não é tocada por essas mudanças. Quanto mais você permanece alimentando a ilusão de que está mudando — porque esses objetos estão mudando —, mais se mantém como um desses objetos.
Então, se as emoções, as percepções, os pensamentos, desejos e medos mudam e você continua confiando neles, você se mantém nesse hábito de estar preso a uma experiência, a um conhecimento, a um pensamento. Você faz isso quando se confunde, quando acredita ser uma pessoa.
"Os problemas são criados pelo pensamento e você quer resolvê-los com o pensamento."
Quando você acredita ser uma pessoa, um homem, uma mulher ou um jovem, confunde-se com um marido, com uma esposa, um filho, uma mãe, um pai... Você vai, inevitavelmente, buscar preencher essa crença, essa imagem. Então, você vai bancar isso, vai "colocar crédito nessa conta”, e quanto mais se autoafirmar como avó, avô, pai, marido, filho, mais prisioneiro dessa autoimagem se tornará.
Uma coisa é como as pessoas estão vendo você, outra coisa é como você se vê como pessoa. São duas coisas bem distintas. Não há nenhum problema se as pessoas projetam em você o que elas podem projetar ou acreditam estar vendo. Talvez isso seja um problema para elas, não para você. O problema surge quando você se vê a partir de uma autoimagem, tentando preencher toda expectativa desse falso “eu” numa relação com outros, com o mundo, com a vida. Então, você está numa complicação. É quando você dá crédito ou banca essa ilusão; é quando você quer ser um homem, uma mulher, um pai, uma mãe, alguém para alguém, preencher todos esses atributos.
Como você procede, como se move, como aparece, como responde, como se posiciona, para ele ou para ela... Esse é o problema! Então, esse "Você” Real não aparece, apenas a ilusão de uma autoimagem, esperando do mundo, de suas relações, alguma forma de satisfação e preenchimento. Isso, basicamente, é sofrimento: esperar algo de alguém, esperar se sentir bem, tentando preencher todos “seus atributos”.
Uma vez que você veja a si mesmo como “alguém”, estará olhando para o mundo e aguardando muito dos outros, daqueles que você considera “alguém” para você também. Mas, quando não há mais essa imagem, esse modelo para seguir, você se encontra completamente aberto a essa totalidade da Vida, assim como Ela se apresenta. E isso é tão limpo quanto o céu, tão espaçoso quanto o espaço sideral! Assim, surge essa espontaneidade, essa leveza de não carregar imagem de si mesmo para lugar nenhum e não esperar que essa imagem seja preenchida, reconhecida, apreciada, amada... Então, você está Livre!
Em cada momento, em cada situação, em cada instante surgindo, o que quer que esteja aparecendo, quando não há essa relação equivocada com um desses objetos nesse “Espaço”, nessa “Sala”, você não se confunde mais com o pensamento, com o sentimento, com a emoção, com a sensação, com a experiência, com nada disso! Toda essa tensão e medo desaparecem. Então, você passa a viver de uma forma completamente diferente, nesse contato com algo fora da mente. É isso que eu tenho chamado de Meditação... Meditação no viver, momento a momento.
Todos vocês conseguem acompanhar isso? Conseguem perceber a beleza disso?
Quando você vive nessa Consciência atemporal, todo relacionamento está em uma nova ordem, em uma maneira totalmente diferente. Então, você pode desfrutar dessa Paz, dessa Liberdade, desse Amor, dessa Felicidade, de puramente Ser... Ser esse Espaço, esse “não conflito”, esse “não medo”, esse “não desejo”, esse “não problema”.
O que estou dizendo é que quando você para — e essa parada é honesta, verdadeira, para valer! — todo conhecimento, experiência e pensamento param de ser importantes, e você descobre que pode viver sem isso.
Até ontem você estava viciado em pensar, em conhecer, em experimentar e, agora, você desistiu disso, e não vai sentir nenhuma falta! Você descobre o quanto a confiança em tudo isso era a causa de todos os conflitos imaginários de sua existência, com os assim chamados “marido”, “esposa”, “filhos”, “família”, porque, na verdade, você estava em conflito com você mesmo. Esse “você mesmo” era uma imagem que você fazia de si próprio.
Então, essa autoimagem perde a valorização e, de imediato, você para de valorizar a imagem de quem quer que esteja à sua volta. Ninguém é mais bonito, mais poderoso ou pode lhe causar inveja, ciúmes, apegos, porque você morreu, essa autoimagem desapareceu! Repare que estamos tratando com você de algo fascinante, algo maravilhoso, essencial! Sempre que essa autoimagem surgia, o problema também surgia, e, agora, isso acabou!
*Transcrito a partir de uma fala em um encontro online na noite do dia 16 de Novembro de 2018 – Encontros online todas as segundas, quartas e sextas às 22h (exceto em períodos de retiros) – Para informações sobre o app Paltalk e instruções de como participar, clique aqui.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

Todos amam a felicidade

O que nos traz a Satsang é essa Quietude. Todos, absolutamente todos, amam a Felicidade acima de tudo. Tudo que se procura é Isso. Não queremos negar Isso a nós mesmos, e há algo em você que sente o quanto Isso é imperioso.
A pessoa em si é capaz de negar ao outro a felicidade, mas não a si mesma, e é isso que nos torna tão violentos. Mesmo quando queremos “dar felicidade” a alguém é para sermos felizes. Notem isso. Tudo que você mais quer é a Felicidade, e mesmo que você negue Isso ao outro, negará em prol de si mesmo. Então, os crimes, todo tipo de violência, se comete em razão da procura dessa Autofelicidade, mesmo que isso aconteça em detrimento da “felicidade” do outro.
Essa é uma coisa: a procura da Felicidade é muito natural, embora a mente não saiba o que Isso significa. Outra coisa é que, quando você procura a Felicidade para o outro, na verdade, você antes quer ser feliz, e por isso o incomoda ver o outro na infelicidade. Isso significa que ninguém está interessado na felicidade do outro, nem do mundo. Todos estão em busca da Felicidade para si mesmos, e isso é natural; não é espiritualmente correto, mas é naturalmente correto. Vocês foram ensinados a dar ao mundo paz, amor, felicidade, liberdade, mas não podem dar isso antes de serem Livres, Pacíficos, Amorosos e Felizes.
"Vocês foram ensinados a dar ao mundo paz, amor, felicidade, liberdade, mas não podem dar isso antes de serem Livres, Pacíficos, Amorosos e Felizes."
Então, por que é natural isso acontecer primeiro aí e não no mundo? Porque isso diz respeito a Você, ao que Você É, à Verdade sobre Você. Não existe um mundo separado ‒ isso é uma crença, uma ilusão. Isso não é egoísmo. Egoísmo é não cuidar de si mesmo para que o mundo tenha o que você mesmo não tem. Querer dar ao mundo o que você não tem é ser egoísta. É egoísmo porque isso é impossível ‒ você não pode dar ao outro o que você mesmo não tem.
Na religião, vocês aprenderam que precisam amar o próximo, mas não tem “próximo” sem você. Primeiro você está aqui, então, aparece o próximo. Assim, você não pode amar o próximo, sem ter Amor, e, para ter Amor, você tem que estar em primeiro lugar. Portanto, não é o próximo que é o primeiro; o primeiro é você! Se você não estiver aí, não tem o próximo. Você tem que estar aí, tem que estar em Paz, estar em seu Ser, que é Amor, Verdade, Liberdade, e, então, tem o próximo. Na verdade, o próximo já não é “o próximo” quando Isso está presente. Não é você “amando o próximo”, é o Amor; não é você “aceitando e acolhendo, o próximo”, é o Amor fazendo isso.
O Amor não é possível na “pessoa”, assim como a Felicidade, a Liberdade e a Paz. O próprio sentido de “pessoa” é desordem, confusão, inquietude, guerra, ódio, culpa, medo. Como pode haver Amor, se há medo, culpa, inquietude, insatisfação? Então, o que você veio fazer aqui nesse final de semana? Você veio acolher o mundo, acolhendo a Si mesmo; veio amar o mundo, amando a Si mesmo; você veio libertar o mundo, libertando-se de Si mesmo. Isso significa Ser! Você nasceu para ser Consciência!
Satsang é o encontro com Aquilo que Você é. Você se descobre, se encontra, e, então, Você é Livre, é Amor, Paz, porque não há mais culpa, medo, nem essa ilusão de que existe o “outro”. Não tem o “outro”. Você está aqui somente por Si mesmo, e isso não é errado. Quando Você se encontra, o outro é Você, e aí é possível amar o próximo como a Si mesmo, porque esse “Si mesmo” é o outro.
Todos aqui estamos sóbrios, mas se estivesse alguém alcoolizado aqui, por mais comportado que ele estivesse, vocês perceberiam. Não é? Por mais quietinho que ele ficasse, não conseguiria ficar tão quieto, atento e educado quanto vocês estão. Ele agiria de outra forma, ficaria sentado de uma forma diferente, talvez interrompesse minha fala ou ficasse se levantando toda hora. Então, todos perceberiam sua embriaguez. Não seria assim? Claro que seria.
Assim é quando você Realiza Deus. Por mais que você tente disfarçar, as pessoas percebem que você tem alguma coisa, que você é “estranho”, reage, olha e fala de uma forma diferente, ou seja, se comporta de uma forma diferente. “Esse cara é tão estranho”. Quando você Realiza a Verdade, o seu Estado Natural, que é Amor, Liberdade, Consciência, Inteligência, você age e reage, senta, fala, olha, mas é diferente ‒ você realmente está vendo o Próximo.
Nós achamos que estamos sóbrios porque nos comportamos, falamos, sentimos, nos sentamos, gesticulamos, olhamos, ouvimos, como “pessoas sóbrias”. Contudo, se a Verdade esta aí presente, Você não está sóbrio. As pessoas vão em busca dessa Realidade, dessa Felicidade, através de experiências objetivas, envolvendo-se em todo tipo de atividade prazerosa, procurando por isso em objetos, pessoas, substâncias químicas... Você Realiza Isso aqui, Nisso que Você é, em nada mais, em nada fora! Então, não vá buscar Isso em exterioridades, em coisas lá fora.
*Transcrito a partir de uma fala em um encontro online na noite do dia 04 de Julho de 2018 – Encontros online todas as segundas, quartas e sextas às 22h (exceto em períodos de retiros) – Para informações sobre o app Paltalk e instruções de como participar, clique aqui.

terça-feira, 22 de janeiro de 2019

A Revelação do Estado Natural

Todas as vezes em que nós nos encontramos, estou sempre usando palavras diferentes, mas elas estão sempre dizendo a mesma coisa. Elas estão dizendo que toda ideia que você tem não faz parte do Real. Todas as ideias são conceitos sobre a Realidade e não Ela em si. A Realidade, Nela mesma, é algo fora do tempo, enquanto pensamento é tempo e ideias são conceitos produzidos pelo pensamento. Toda manifestação é uma ideia dentro dessa “Coisa Misteriosa” que nós chamamos de Graça, Presença, Ser, Consciência.
Esse contato com a Realidade está fora do tempo, é essencialmente atemporal e representa o fim da ideia (que é somente um pensamento) de uma “pessoa” presente aqui. Essa “pessoa” é esse senso que todos carregam desde a infância – o senso do “eu”. Todos os seus problemas estão nesse senso, nesse sentido do “eu”, o qual é uma ilusão criada pelo pensamento.
O propósito de seu nascimento é a revelação Daquilo que é atemporal, que não está no tempo — a Revelação de Deus. Você é Deus! Você não é Deus na forma humana. A forma humana é um conceito produzido pelo pensamento para disfarçar a Realidade de Deus.
Deus é um mistério que sempre estará além da forma. Ele não está no corpo! Não só Deus não está no corpo, como não está no mundo, não está na mente, não está em nenhuma de suas manifestações. Tudo isso está em Deus, mas Deus se sobrepõe a tudo isso! Então, Deus não está no corpo, mas o corpo está em Deus, o universo está em Deus, a mente está em Deus, o mundo está em Deus. Só há Deus!
"Deus é um mistério que sempre estará além da forma."
Aqui está o mistério! Tudo isso não é a manifestação de Deus, mas o disfarce de sua Divina Presença. Deus se revela quando não há mais disfarce e você nasceu para revelar Deus. A beleza do nascimento na forma humana é que a facilidade de desmascarar essa Presença é muito grande, e, assim, você cumpre o seu propósito — Deus é desmascarado. O Mistério jamais será revelado, mas Deus, nessa ou naquela forma específica, pode, sim, ser desmascarado, e você é essa forma específica.
O maior ato de reconhecimento de sua infinita Grandeza, de sua indescritível Graça e de sua indizível Beleza é quando o devoto descobre que não há devoto – é quando Deus é desmascarado. Essa separação entre devoto e o Senhor, esse disfarce, essa tentativa de Deus se ocultar, é quebrada na Autorrealização, e você nasceu para Isso, para desmascarar o Senhor, para literalmente mostrar sua Face a toda sua manifestação.
Alguns chamam Isso de Iluminação. Eu chamo Isso de Revelação do Estado Natural, você em seu Estado de Santidade, de Divindade. Você continua sem corpo, sem nome, sem história... Você é essa Revelação!
Quando, na singeleza do Senhor, a sua Natureza é revelada, Ele é desmascarado. Você, então, é a Sua Revelação! Enquanto isso não acontece, a ilusão do tempo representa qualquer acontecimento, incidente, acidente, qualquer dificuldade, dor, qualquer forma de medo, de desespero e conflito, de identificação com o corpo, na ideia de que há um “eu” presente no mundo para viver uma história, chamada “cármica”, para cumprir um dharma, para buscar a justiça Divina, para buscar a Verdade Divina, para viver em retidão – tudo isso é parte do tempo para essa suposta entidade presente. Não há ninguém! Não há alguém!
Você pode dar qualquer nome a Isso: Verdade, Felicidade, Liberdade, Amor, Inteligência, Consciência, Realidade, Graça, Ser, Deus… Mas, Ele não tem nome! Ele é anônimo e tem um milhão de nomes! Eu o convido à simples, direta e inconfundível Realidade. Esse seu contato com a Graça vai representar o seu fim! Você não suportará isso por muito tempo! A Graça é o Guru, Deus, o Ser, esta Realidade, esta Presença. O seu contato com essa Graça vai consumir você!
No meu caso, em particular, foram 21 anos. Você não faz ideia de quanta resistência existe aí nessa estrutura, produzida, alimentada e sustentada pelo tempo. Há muito apego ao que o pensamento constrói, porque há muita resistência, muito medo (medo de não ser, de deixar de ser). Parte disso está na procura de vir a ser alguma coisa. O pensamento sempre se propõe a continuar, porque ele não quer desaparecer. Em outras palavras, ele não quer deixar o seu disfarce.
Mas, a boa notícia, como eu já disse, é que não dá para você continuar por muito tempo. Você é como uma mariposa atraída pela beleza, pelo encanto, pelo brilho, pelo resplendor da luz, mas não sabe que está apenas se aproximando do fogo ‒ assim é esse seu encontro com Satsang. Você não vai resistir tanto tempo; ninguém jamais resistiu tanto tempo! Então, vá curtindo os seus dias de devoto enquanto dá, vá cantando para o Senhor… Vá, mariposa, que o fogo está cada vez mais perto de suas asas. Cada um tem seu fogo específico, seu Guru interno. O Sábio não é o Guru externo, é o seu Guru interno, é o seu fogo específico.
Seu fogo é esta Presença dentro de você, que é o seu Real Guru, e Dele você não escapa! Ninguém jamais conseguiu escapar por muito tempo. Vá, devoto-mariposa! O fogo pegará você… é somente uma questão de tempo.
*Transcrito a partir de uma fala em um encontro online na noite do dia 30 Novembro de 2018 – Encontros online todas as segundas, quartas e sextas às 22h (exceto em períodos de retiros) – Para informações sobre o app Paltalk e instruções de como participar, clique aqui.

terça-feira, 15 de janeiro de 2019

A possibilidade de ir além do sofrimento

Eu sei que é bastante desafiador ouvir sobre a possibilidade de ir além do sofrimento, de toda confusão que é a vida humana, com seus diversos problemas, dilemas e conflitos. Para a grande maioria, o modelo é o medo e o desejo, esse estado mental caótico de profunda desordem. Dessa forma, a expressão “eu” está sempre atrelada a um estado confuso de ser, de se posicionar na vida.
Toda sua percepção de vida é baseada na noção de tempo e espaço, uma coisa completamente produzida pela mente. A sua vida se desenrola dentro dessa programação. Esse indivíduo, esse “eu”, sempre surge, em determinada situação, como uma suposta realidade dentro desse contexto de tempo e espaço. Em outras palavras, quando você diz “eu”, está dentro de uma imaginação: “eu penso", "eu caminho", “eu faço", “eu sinto", “eu não posso", “eu posso"... Mas, a verdade é que você nunca sabe do que se trata essa afirmação, quando usa esse pronome, dentro de qualquer um desses contextos.
Esse “eu” é um objeto imaginário, criado pelo pensamento. Ele é exteriorizado, nesse tempo e espaço, como se fosse um real ser. Então, quando você usa a expressão “eu estou pensando sobre isso” ou “eu farei isso amanhã”, não consegue, claramente, perceber que é só uma imaginação, que não existe nenhum “eu”. Não existe ninguém para pensar, ninguém para sentir, ninguém para fazer, porque não há alguém presente nisso. Esse “eu” é só a ideia de alguém presente. Essa “pessoa”, esse “eu”, esse “ego”, continuamente, está projetando situações. Esse é um movimento imaginário, uma busca constante de segurança. Assim, cada uma dessas frases, que parecem refletir algum tipo de ação, estão sempre atreladas aos sentidos do corpo e a esses pensamentos, nessa, assim chamada, “mente”. Cada pensamento está atrelado aos cinco sentidos: tato, visão, olfato, paladar, audição. Cada pensamento está “linkado” a uma específica imagem, que é aquilo que você chama de “eu”. Mas, há uma Realidade além de tudo isso, uma Realidade presente e muito além do pensamento “linkado” à mente, muito além dos sentidos “linkados” à experiência do corpo.
Você está aqui, nesse encontro, para descobrir a Natureza Essencial de si mesmo, Aquilo que representa seu Verdadeiro Ser, sua Verdadeira Natureza Divina. Isso é algo possível de ser descoberto, de ser constatado, mas você precisa se tornar receptivo a tudo que se passa aí dentro, nesse mecanismo, nesse organismo humano.
Você considera esse aparato corpo-mente como sendo seu Ser, sua Verdadeira Natureza, mas, na realidade, isso apenas faz parte desse sonho, do que você considera a vida nesse mundo. Quando você se torna receptivo a toda essa percepção de corpo-mente, sentidos, pensamentos, sensações, tem a oportunidade de ver a Verdade se desdobrar, se revelar completamente diante de você.
"Eu sei que é bastante desafiador ouvir sobre a possibilidade de ir além do sofrimento, de toda confusão que é a vida humana, com seus diversos problemas, dilemas e conflitos. Para a grande maioria, o modelo é o medo e o desejo, esse estado mental caótico de profunda desordem. Dessa forma, a expressão “eu” está sempre atrelada a um estado confuso de ser, de se posicionar na vida."
Somente então você está aberto a tudo à sua volta, a esse mundo em torno de você. Essa abertura é a aceitação de uma Realidade que ultrapassa toda experiência de tempo e espaço, onde o corpo, a mente e o mundo se desdobram, aparecem. Assim, você pode “encontrar” a si mesmo, sem mais estar preso e dependente à percepção de identidade separada, de pessoa, de ser o agente. Esse é um processo que acontece pela Meditação, quando você se torna mais e mais íntimo de Si mesmo, de seu próprio Ser, indo além de todos esses conflitos e confusões, de toda essa desordem, de toda essa noção completamente equivocada a respeito de quem é você. O que pode revelar tudo isso se não essa receptividade, essa abertura, essa grande sensibilidade à Verdade, à Verdade do Silêncio, à Verdade da ausência do medo e do desejo? Quando você vai se tornando íntimo de Si mesmo, você começa a perceber tudo de uma forma completamente nova. É curioso dizer isso, porque, geralmente, você acredita que está ouvindo, vendo, sentindo a vida, mas isso é completamente falso, é algo distorcido, porque tudo que você está ouvindo, vendo e sentindo se encontra dentro de seus próprios preconceitos, de suas próprias formulações, de seu próprio condicionamento. Não existe um contato direto com a Realidade, com a Vida como Ela é, porque você não se conhece. Então, você vive escravo de suas autossugestões, em uma relação imaginária com tudo à sua volta, na ilusão de ser alguém dentro do tempo e do espaço.
É necessário Acordar, ser Livre, conhecer a Alegria. A proposta desses encontros é o reconhecimento da Verdadeira Felicidade, Aquela que reside no que eu poderia chamar de “Verdadeiro Autoconhecimento”, que é o Verdadeiro Conhecimento do mundo, da Vida, o sentido real de Ser, da sua Existência, a Realização de Deus.
Aquilo que vocês têm conhecido, até hoje, está dentro do movimento da mente. É necessário descobrir a Verdade do seu Ser, então, essa nova aproximação de ouvir, ver e sentir torna-se algo multidimensional, algo totalmente aberto, livre de todos os atributos, de toda essa relação de imagens, de toda forma de prisão. O seu Ser, a sua Natureza Real, esse “Estado”, revela o Silêncio. Então, os estados de vigília, sonho e sono profundo (comuns ao corpo), acontecem de uma forma bastante natural. Eu chamo de “natural” esse Estado livre da ilusão do desejo e do medo, livre de uma falsa identidade presente nesses estados de vigília, sonho e sono profundo, porque você, em seu Ser, está além deles.
*Transcrito a partir de uma fala em um encontro online na noite do dia 04 de Julho de 2018 – Encontros online todas as segundas, quartas e sextas às 22h (exceto em períodos de retiros) – Para informações sobre o app Paltalk e instruções de como participar, clique aqui.

sábado, 12 de janeiro de 2019

A Verdade que você traz em Si mesmo

O que se pretende, dentro desses encontros, é que você realize uma aproximação real e íntima de si mesmo. É importante que você esteja cada vez mais próximo de si mesmo. O seu condicionamento mental é algo que o afasta, enquanto que a atenção, a observação cuidadosa de si mesmo, o aproxima.
Em geral, a pessoa acredita que se conhece; o ser humano acredita que está atento, alerta e acordado. Na verdade, quando você não tem essa aproximação de si mesmo, aquilo que você está percebendo, vendo em si mesmo, é apenas uma repetição – a repetição de seus preconceitos, crenças, padrões de condicionamento. Então, você não se conhece. Todo o seu movimento é de afastamento de si próprio. Você não conhece a si mesmo, não conhece o outro, nem conhece o mundo.
Você está confuso em seus relacionamentos com a esposa, marido, filhos, no trabalho ou em qualquer parte. Assim, é necessária uma aproximação real de si mesmo, é necessário um reconhecimento sobre quem Você é. E é interessante quando falamos dessa forma, porque, na verdade, você não pode saber quem Você é; você só pode saber aquilo que Você não é. Você não é um objeto separado de si mesmo para ser reconhecido.
Então, não se trata de reconhecer quem Você é. Você é o próprio Conhecimento! Você é Aquilo capaz de conhecer! E o que você pode conhecer não é Você. Você pode conhecer seu corpo, sua mente, seus pensamentos, sentimentos, sensações, emoções... Nada disso é Você! Você é essa Presença que conhece, que pode conhecer tudo isso. Então, se você tem uma aproximação real de si mesmo, você vai se libertar de tudo que não é você, de toda ilusão acerca de si mesmo.
Uma coisa muito comum é você se ver como uma pessoa. Mas é importante que você se lembre que tudo aquilo que você pode ver não é Você. Você é Aquilo que vê! Então, se você se vê como uma pessoa, você não é essa pessoa. Essa pessoa é um objeto e você é essa Realidade que vê esse objeto. Essa pessoa é uma imagem que você faz de si mesmo, que você tem de si mesmo. Essa pessoa não é real – nenhuma pessoa é! Todas as pessoas são apenas imagens que o pensamento, aí dentro, cria.
Então, se você não tiver uma real aproximação de si mesmo, continuará não sabendo quem Você é e, naturalmente, não conhecerá o outro, não conhecerá o mundo.
Tudo que você tem é só uma repetição de crenças, de opiniões, de ideias, julgamentos, preconceitos, porque toda a sua relação com o outro, com o mundo ou com você mesmo é imaginária. Enquanto essa imaginação permanece, essa relação ilusória de sujeito e objeto permanece. Não há Consciência! Não há Verdade!
Realização é o Despertar da Verdade sobre Si mesmo, é o fim dessa imaginação, é o fim dessa relação sujeito-objeto. Se você compreendeu bem, percebeu que esse sujeito também é, ainda, um objeto, parte de uma imaginação. Você deve aceitar essa possibilidade que eu estou lhe apresentando aqui. Você tem que ter uma atitude bastante receptiva a essa possibilidade de verificar a verdade do que estou colocando aqui para você, acerca da ilusão que tem sido a sua vida nesse antigo modelo. Por isso, nós chamamos de autoinvestigação: a investigação sobre a Verdade de quem somos, do que verdadeiramente somos, do que verdadeiramente Você é.
Satsang significa encontro com a Realidade, com a Verdade. Estamos sinalizando para você seu Estado Natural, que não é o estado da mente dentro desse condicionamento, dessa repetição, dessa programação. Então, estar aberto a essa investigação é algo fundamental.
Cada pensamento dentro de você representa um conceito, seja uma palavra ou uma imagem, e tudo isso faz parte desse mundo mental, desse mundo imaginado pelo pensamento. A proposta dentro desse encontro é para que você vá além da mente, além desse programa, além dessa programação, além dessa visão equivocada de si mesmo, do outro e do mundo, algo que o pensamento produz e sustenta, e com o qual você está muito habituado. Dar um salto para fora disso significa conhecer seu Estado Natural, que é Meditação – uma completa libertação desse mundo imaginado pelo pensamento.
Então, como você acaba de ouvir dentro dessa fala, tudo que você vê rodando nesse programa é só um condicionamento, é só uma mecânica de repetição. Essa é a sua relação psicológica com a vida. É essencial que isso termine! Você acha, por exemplo, que está ouvindo alguém falar, e aquilo que você está ouvindo é apenas repetição, uma programação da mente. São apenas crenças, preconceitos, ideias sendo ouvidas. Esse ouvir não é real! De fato, estamos dentro de um programa de repetição. Por isso, ninguém se entende, não há compreensão, não há inteligência. É o mesmo velho modelo!
Você acha que está conhecendo alguém ou que alguém o conhece, mas, na verdade, não existe ninguém nisso, apenas a mesma velha mente se repetindo nesse ou naquele mecanismo, nesse ou naquele organismo humano. Isso explica toda essa confusão nas relações humanas – todo ciúme, inveja, medo, ansiedade, confusão.
A Liberação é acordar disso! É descobrir a Paz, o Amor, a Verdade sobre Si mesmo. Essa é a Verdade que você traz em Si mesmo, a Verdade do seu Ser. A Verdade é o puro Conhecimento! Em sua Liberdade, você pode tudo conhecer, mas sem ser prisioneiro de nada.
*Transcrito a partir de uma fala em um encontro online na noite do dia 21 de Novembro de 2018 – Encontros online todas as segundas, quartas e sextas às 22h (exceto em períodos de retiros) – Para informações sobre o app Paltalk e instruções de como participar, clique aqui.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

O Divino Perfume

Esse trabalho é aquilo que nós temos de mais importante, e absolutamente nada é tão fundamental quanto mantê-lo. Isso que é chamado Autorrealização, Realização de Deus, é a coisa mais importante da sua vida. Isso é o encontro real com a Felicidade, com a Verdade sobre Si mesmo. Somente isso é, definitivamente, o fim para todo sofrimento. O ser humano vive numa constante inquietude, continuamente em um processo para se tornar alguma coisa. A incompletude e a insatisfação são constantes. O que quero dizer é que você projeta uma imagem de si mesmo. Primeiro você forma essa imagem, depois a projeta. Então, você tem de si mesmo uma imagem de insatisfação, de incompletude, e projeta essa imagem querendo se tornar alguém diferente disso.
Há uma insatisfação constante com a imagem que você tem de si mesmo e é com isso que você se identifica. Enquanto você estiver tendo a si mesmo como esse “alguém”, essa entidade, essa identidade independente e particular, o sofrimento estará presente; o ego estará constantemente buscando preenchimento e segurança, realização e autoproteção. Então, você tem essa necessidade de se tornar, alcançar e realizar alguma coisa, e isso significa que você nunca entra em contato direto com O que verdadeiramente Você é. O movimento da sua vida é puramente mental, é somente uma projeção dentro de conceitos mentais que você faz de si mesmo e, naturalmente, projeta um mundo imaginado à sua volta, criado por esse falso “eu”, por essa falsa entidade, que é quem você acredita ser.
Então, realmente você nunca está em contato com a Vida como de fato Ela é, porque isso requer algo que você não tem – uma profunda sensibilidade e abertura, que eu tenho chamado de vulnerabilidade... a beleza e a graça da vulnerabilidade, da abertura. Somente, então, essa agitação, essa inquietude, essa insatisfação desse mundo projetado pelo pensamento pode terminar. Isso porque você está entrando em contato direto com “algo” fora do tempo, da mente, do conhecido. A mente é esse tempo de “se tornar”, de vir a ser algo diferente, e isso é o conhecido, é o mundo dela.
Sem essa ideia, essa imagem que tem de si mesmo, você está em contato direto com a Realidade, nessa sensibilidade e abertura, nessa beleza e graça da vulnerabilidade. Somente, então, é possível a Verdadeira Inteligência, que é a Inteligência do Sábio. Aqui, "Sábio" é sua Natureza Verdadeira, sua Real Identidade, a pura Inteligência. Quando essa Inteligência está presente, o movimento Dela está presente, e algo completamente novo está perfumando sua existência — o real perfume Divino, o real perfume de Deus na Vida, a Vida Real. Então, seu Ser carrega essa fragrância Divina, da Inteligência, da Felicidade e do Amor, e não há mais nenhuma intenção de vir a ser algo, de se tornar alguém ou obter alguma coisa e, nesse momento, você está completo, ou melhor, Você é essa Completude! A Felicidade de nada mais precisa, nada mais deseja, busca, nem quer alcançar. Então, você se vê completamente livre de toda interferência do mundo das ideias — não há mais crenças, conceitos, ideologias, imaginações.
Tudo aquilo que estou aqui colocando para você é perfeitamente realizável, porque Isso é a sua Natureza Real, Verdadeira. Aliás, você nasceu apenas para realizar Isso. Qualquer coisa que você já realizou na vida não está lhe servindo de nada, não serve absolutamente para nada, e, na verdade, tem produzido somente mais insatisfação e inquietude – você está mais preocupado do que quando nasceu; mais aflito do que quando era criança. Então, de que adiantou você estudar tanto?
Todos conhecem alguns momentos de ausência de autoimagem, de ausência temporária desse falso “eu”, e esses são momentos de grande e indescritível paz. É por isso que você faz viagens, passa finais de semana em praia. Você procura lugares onde pode, momentaneamente, esquecer-se de si mesmo, de seus cuidados e preocupações pessoais, de seus negócios, de suas preocupações com família... Ou seja, você busca lugares onde possa se despreocupar, o que significa estar vazio de intenções e ocupações mentais. Observe que, quanto mais pensamentos têm dentro da sua cabeça, mais inquieto e preocupado você está; quanto mais ocupação mental, mais sofrimento. Estou certo em dizer isso? Quanto mais você pensa, mais se agita?
Dessa forma, não há esse Espaço, não há essa Inteligência, não há esse perfume, você não percebe sua Presença, não está cônscio, ciente, de sua Realidade, porque não há essa vulnerabilidade, não há essa abertura, essa sensibilidade. Assim, todas as vezes que você retorna para essa autoimagem, essa intenção de ser “alguém” sustentando essa ideia sobre si mesmo, você se vê cercado por problemas de ordem pessoal. Então, o que quer que você faça intencionalmente, desejosamente, é algo que pertence a esse ego, a esse “eu”; é um fazer de pura reatividade na busca de preenchimento, segurança, uma ação assentada no medo, nessa inquietude. Essa é toda miséria do sentido de separação!
A Verdade do seu Ser é somente Consciência, livre de toda agitação, de toda autoprojeção, de todo esse mundo do pensamento, com suas particulares histórias, ligado a trabalho, realização, família e assim por diante. O real trabalho de entrega a essa Verdade, o florescer dessa sensibilidade, é algo que nasce com essa Real Meditação, da qual tenho sempre falado com vocês em Satsang. Então, o que é essencial aqui é se tornar consciente de sua íntima Natureza Divina, de seu Ser (que não é se tornar “alguém”, nem se tornar alguma outra coisa); é estar cônscio de Si Mesmo! Esse Si Mesmo é esse Verdadeiro Ser, o Verdadeiro Eu. Somente, então, é possível estar livre de toda essa ilusão produzida por essa crença no falso “eu”, daquilo que ele pretende, busca e quer se tornar. Isso é uma tremenda ilusão!
Portanto, torne-se consciente de como você funciona, mais alerta a esse movimento de inquietude, caótico, que a mente produz dentro de você, ou seja, você precisa trabalhar isso, estar consciente. Quando isso começa a acontecer de verdade, para valer, você começa a se tornar mais consciente do seu corpo, de suas sensações, dos seus sentimentos, medos, pensamentos, emoções. Assim, você descobre, por si e em si mesmo, que o corpo, as sensações, os sentimentos, as emoções e os pensamentos fazem parte do “mundo mental”, de um sonho que a própria mente produz. Então, você vê a sobreposição dessa imagem, que o pensamento diz que é você, criando toda essa confusão.
Essa é a Inteligência, a Consciência, nesse Despertar; é quando a Realidade traz esse perfume Divino e tudo mais termina, toda ilusão se vai.
*Transcrito a partir de uma fala em um encontro online na noite do dia 07 de Novembro de 2018 – Encontros online todas as segundas, quartas e sextas às 22h (exceto em períodos de retiros) – Para informações sobre o app Paltalk e instruções de como participar, clique aqui.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

A chave

A Verdade é “algo” sempre presente, o que nos falta são olhos e ouvidos treinados para enxergá-la e ouvi-la. Quando falamos da Verdade, estamos tratando dessa Consciência sempre presente. Tudo mais são aparições intermitentes — uma hora está aqui e, no momento seguinte, não está mais; em um instante está presente, mas, no momento seguinte, já foi embora. A preciosa notícia é que essa é a Verdade presente em todos nós e não é algo que se encontra no tempo e no espaço.
Tudo que aparece no tempo e no espaço é intermitente. O pensamento é algo assim, assim como os sentimentos, as emoções, as sensações e as percepções dos sentidos. Aquilo que está sempre presente não pode, necessariamente, pertencer ao tempo e espaço; está além disso. Assim sendo, não é algo intermitente, não é algo aparente. Essa é a Realidade do Ser, é a Realidade da Consciência, é a Realidade dessa Presença Verdadeira, dessa Verdade presente.
Todos os seus pensamentos não estão sempre presentes, eles estão mudando momento a momento, o tempo todo. Então, você tem que fazer uma clara distinção entre “estar pensando” e “Ser Consciência”.
Quando os pensamentos estão presentes, você tem a ilusão de que está pensando, e isso não é verdade! Quando os pensamentos estão presentes, significa que a Consciência se mantém silenciosa por detrás dessa aparição, que são os pensamentos.
Assim sendo, os pensamentos são fenômenos dessa Consciência, não são pensamentos “pessoais”, porque não existem “pessoas”, não há nenhuma “pessoa” por detrás do pensamento. Tudo que está presente é essa Verdade, que é a Consciência, e Ela não é pessoal. O que vale para o pensamento, vale também para alguma sensação, percepção ou sentimento.
Estou lhe dando a base para você compreender que pode viver completamente livre da identificação com esse fenômeno chamado “pensamento”, “sentimento”, “emoção”, “sensação” ou “percepção”, porque a sua Natureza Essencial é Pura Consciência.
"Estou lhe dando a base para você compreender que pode viver completamente livre da identificação com esse fenômeno chamado 'pensamento', 'sentimento', 'emoção', 'sensação' ou 'percepção', porque a sua Natureza Essencial é Pura Consciência."
Assim, essa Realização da Verdade é a constatação Daquilo que está sempre presente como sua Real Identidade, como sua Natureza Divina. Constatar Isso é o que alguns chamam de “Realização de Deus”. Quando você não mais se perde, se confunde, se embola com a experiência do pensamento, você está Livre... Livre em seu Ser, em sua Natureza Essencial, nessa Consciência, nessa Verdade.
Isso, basicamente, é estar livre do sentido de separação ou de dualidade, como vem sendo chamado em nossos dias. Essa crença de que é a mente que percebe, ou de que é ela que está consciente, não faz o menor sentido. Aí está a ilusão! A mente não percebe absolutamente nada! Ela apenas é percebida, mas não percebe. Não é o pensamento que percebe aquilo que está presente; é essa “Coisa” sempre presente que percebe o pensamento. Assim, a mente é percebida, mas não pode perceber nada.
Então, quando você diz: “Eu sinto isso!”, na verdade, existe o “sentir”, mas não existe esse “eu”. Esse “sentir” já é a ilusão de um “eu”, é só um fenômeno na Consciência e Ela está além do “sentir”, porque está além do corpo e da mente.
Nós usamos palavras, como “Verdade” ou “Consciência”, para Aquilo que está além do tempo e do espaço. Aquilo que está dentro do tempo e do espaço ainda faz parte do que chamamos de “mente” (que são pensamentos, emoções, sensações).
Estar além da ilusão da separação ou desse sentido de dualidade é estar além da identificação com a mente, dessa prisão de tempo e espaço. Isso, na verdade, é só uma ilusão que a mente imagina, ainda faz parte dela, não é parte de sua Natureza Divina, de sua Natureza Real. Então, quando falamos de Meditação, estamos falando desse Estado Natural de Ser, que é Consciência, uma desidentificação total do corpo e da mente. Esse é o estado de Real Amor, Verdade e Beleza. Essa é a Natureza dessa Consciência! A ausência dessa separatividade é puro Amor e Verdade.
Existe, no coração humano, esse anelo por Aquilo que está fora do tempo e do espaço, por Aquilo que não faz parte do corpo e da mente. Existe, dentro do ser humano, o anelo por esse Descobrimento, por essa Constatação, que é o anelo pelo Amor, pela Verdade, por Deus. Assim sendo, Verdade, Amor, Deus, é Aquilo que está além do tempo, do espaço e da mente. É necessário descobrir a Verdade sobre Si mesmo. Quando você assiste a um filme, o personagem aparece se movimentando, enquanto a tela está parada. Quando você se depara com Satsang, com esse encontro, tudo o que eu posso fazer é lhe mostrar a importância de ficar quieto. Então, você começa a perceber que o movimento desse personagem não é a sua Natureza Real. Esse personagem é esse falso “eu” se movimentando. A sua Natureza Real é a Presença da Verdade, onde o filme todo se desenrola. A sua Natureza Real é imutável e o personagem não, está mudando o tempo todo.
Enquanto você estiver se confundindo com aquilo que o pensamento projeta, idealiza e busca, você continuará se confundindo com esse personagem e permanecerá esquecido de sua Real Natureza; estará se confundindo com o que acontece no tempo e no espaço, como se isso estivesse acontecendo a você, enquanto que apenas está acontecendo ao corpo e à mente. Isso não é você!
Ter apenas conceito intelectual sobre Isso não resolve. A Real Meditação revela a verdade Disso. Então, quando nós nos encontramos em Satsang, trabalhamos isso, entramos a fundo nessa investigação, nessa constatação direta. Por isso eu tenho sempre frisado a importância de encontros presenciais. É importante o final de toda a teoria sobre Isso.
Quando você está plenamente cônscio de sua Natureza Essencial, nada mais pode criar conflito. Esse é o fim do medo, o fim do sofrimento. Isso é a verdadeira e direta Realização.
*Transcrito a partir de uma fala em um encontro online na noite do dia 29 de Dezembro de 2018 – Encontros online todas as segundas, quartas e sextas às 22h (exceto em períodos de retiros) – Para informações sobre o app Paltalk e instruções de como participar, clique aqui.

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