quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Como é possível realizar a Verdade?

Este é um extraordinário momento de aproximação de algo inteiramente novo. É importante que você compreenda sobre o que estamos tratando nesses encontros, qual é a grande certeza que aqui nós temos. A certeza é que essa Autorrealização é o real Autoconhecimento. Não se trata de uma experiência pela qual você possa passar, ou de um conhecimento que você possa adquirir um dia. Essa coisa de conhecimento e experiência é uma curiosa combinação para a mente, algo muito fascinante para o ego. Observem bem o que estou dizendo. As pessoas vivem em busca de experiência e conhecimento, mas a Verdade não surge assim. A Sabedoria não nasce do conhecimento, nem da experiência. Todo conhecimento e toda experiência ainda fazem parte da mente, daquilo que é fenomênico, enquanto que a Verdade é o nosso próprio Ser. Ela está nessa luminosidade da própria Consciência, que é, por natureza, atemporal, não faz parte do tempo.
Então, se aqui nesse encontro um de vocês anda muito fascinado pelo estudo, ouvindo ensinamentos e buscando experiências, inclusive experiências espirituais, tenha paciência com o que vou dizer agora, pois pode destruir a sua esperança: isso é completamente inútil! Portanto, se vocês gostam de participar de grupos de estudos de Advaita, ou grupos espirituais de algum tipo, o que dá no mesmo, saibam que isso não vai funcionar. O que eu quero dizer é que isso não serve para nada, apenas para encher, ainda mais, esse velho baú, onde está escrito: “Aqui estão o conhecimento e a experiência”. O nome desse baú é “mente”.
Se você quer encontrar esse baú, permaneça no conhecido, permaneça no tempo. Reparem que é no tempo, no conhecido, que esse baú pode ser encontrado, e o seu conteúdo é a experiência e o conhecimento. No entanto, a Verdade, a Realidade, é totalmente não objetiva, não faz parte do pensamento. Nela não existe nenhum indivíduo, nenhum conhecedor com seu conhecimento, nenhum experimentador com seu experimento. Então, percebam isso: não pode haver Verdade, Realidade, no conhecido, onde existe somente limitação, que é tempo. A Verdade não é o conhecedor, nem o objeto conhecido.
Portanto, Autorrealização não tem nada a ver com experiência e conhecimento. Então, surge a pergunta: “Como é possível realizar a Verdade?” E a resposta é: pela investigação dessa limitação. É necessário investigar a limitação da mente, ver o quanto ela está presa a um estado limitado de experiência e conhecimento. Assim, pela investigação, a mente reconhece a sua própria limitação e para de acumular. Por isso, é importante a busca cessar. Enquanto houver busca, haverá essa ilusão de “alguém” que quer capturar Isso (a Autorrealização) pelo estudo, buscando mais experiência e conhecimento. Isso não funciona.
Por isso, tenho dado ênfase, como todos os Sábios de todos os tempos, à autoinvestigação e à Meditação. Aqui entra um outro elemento, que é uma grande ferramenta: a devoção. A devoção é algo bastante misterioso, um movimento importantíssimo dentro dessa autoinvestigação e um grande facilitador para aquilo que eu tenho considerado como real Meditação.
A Sabedoria não nasce do conhecimento, nem da experiência. Todo conhecimento e toda experiência ainda fazem parte da mente, daquilo que é fenomênico, enquanto que a Verdade é o nosso próprio Ser.
Então, o Despertar, a Iluminação, não é um tópico que pode ser estudado; é algo que é realizado nessa investigação, na constatação do que é Meditação. A devoção, que é voltar-se para Deus, entra como parte disso tudo. Aqui, “Deus” é um nome para essa “Coisa” misteriosa, desconhecida, que está fora da mente; a Realidade que está além de toda experiência e todo conhecimento.
Percebam a importância do que estou dizendo a você aqui. Quando você é capturado pela imaginação da dualidade, pela crença de ser uma entidade separada na experiência deste presente momento, essa ilusão lhe dá uma identidade, a qual se baseia totalmente no conhecimento e na experiência. Assim, essa “entidade” retira de dentro daquele baú, do qual falei há pouco, tudo aquilo que ela precisa para existir.
Quando você vai a um guru e ele lhe oferece mais conhecimento e, ainda, fomenta a busca de mais experiências, ele só pode fazer isso porque ainda está “dentro desse baú”. Portanto, esse guru é uma fraude e não vai funcionar. A não ser que o guru esteja além da mente, ele não irá funcionar. A não ser que o guru esteja compartilhando com você algo além de palavras, experiências e conhecimentos, ele não vai funcionar, porque ainda se encontra na ilusão ‒ ele não é um Satguru.
A palavra “Sat” é Realidade, Verdade, e a palavra “guru” significa “Aquele que dissipa a ilusão”, “Aquele que traz clareza, a claridade, a luz”. Nesse sentido, você precisa da Verdade, da Realidade. Deus é a sua Real necessidade e esse é o verdadeiro Ser. Então, o real Guru é essa Consciência, essa Verdade presente, além da mente, ou seja, além do conhecimento e da experiência, além do conhecido. É nesse sentido que o Guru não precisa ter uma forma humana, mas precisa ser Real. Se o Guru for real, ele é um Satguru, quer esteja na forma humana ou não. Então, se ele não é o Ser na forma de Guru, se é apenas algo ou alguém dentro do tempo, que é a própria mente, não irá funcionar, porque ele se encontra “dentro do baú”, ainda.
Pois, é... Eu sei que isso é desanimador. A pergunta é: para quem é o conhecimento e para quem é a ignorância? Quem é aquele que poderia se destacar e dizer “eu sei e vou lhe ensinar”? Mas, aqui, quem é o conhecedor e quem é o ignorante? Claro que isso ainda faz parte da ilusão, do ego. Então, o Guru real jamais vai lhe ensinar algo, dar a você uma nova experiência ou incentivá-lo a ter mais “profundas experiências”. O real Guru é aquele que está além da ideia, da imaginação, da dualidade; é o próprio Ser, a própria Consciência! Vejam como isso é maravilhoso, belíssimo! Aquele que se vê como guru, não é Guru. Aquele que “sabe” que é guru, não é Guru, e aquele que, mesmo dizendo que não é guru, quer ensinar alguma coisa, não é guru também. Então, há um momento, dentro de você, em que, por uma ação da Graça, esse Guru interno é despertado. Quando isso acontece, o real Guru já está presente e, então, surge esse amor à Verdade, ao Ser, ao Guru e Ele é reconhecido, assumindo uma forma humana ou não (isso é irrelevante). Quando o seu real Guru está presente, algo dentro de você o reconhece, e esse “algo” é o próprio Guru. Agora, você não está com Ele para aprender alguma coisa, nem para viver alguma experiência.
Despertar não é um caso de experiência ou de conhecimento. Despertar é um mergulho na Realidade, Naquilo que está além do tempo, da mente, do “eu”. Então, isso traz, mostra, declara, o Conhecimento real da Verdade (aqui usei a palavra “conhecimento” num sentido inteiramente diferente do que a mente conhece). Nesse Conhecimento real da Verdade, Você é Aquilo que é conhecido como “Deus” pelos Sábios. Eu disse: “pelos Sábios!”
*Transcrito a partir de uma fala em um encontro online na noite de 06 de Agosto de 2018 – Encontros online todas as segundas, quartas e sextas às 22h (exceto em períodos de retiros) – Para informações sobre o app Paltalk e instruções de como participar, clique aqui.

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