sexta-feira, 28 de setembro de 2018

Viva a Verdade, a Realidade do seu Ser

Estamos nos aproximando, dentro desses encontros, do fim da representação de “ser alguém”, para a qual fomos treinados, educados e condicionados. Isso se torna muito claro, porque na vida das pessoas não há Alegria, Amor e Liberdade. O que elas chamam de “alegria, amor e liberdade” são desejos e ações inconscientes, além de medo, muito medo.
Assim, toda a sociedade nos leva para essa direção, pois, se não nos tornarmos “alguém” nesse mundo, seremos um “ninguém”. Ser um “ninguém” é encarado como uma coisa muito negativa, dentro de nossa educação e cultura; é ser um fracassado. Então, desde crianças, somos condicionados a confiarmos nessa estrutura de “ser alguém”, a trabalharmos nessa direção. É isso que a sociedade nos ensina, e terminamos pagando um preço muito alto por estarmos enraizados nessa representação, nesse desejo de “ser alguém”.
Ao nosso redor, todos consideram isso algo muito importante. Se o propósito é “ser alguém”, o desejo é ser importante. Então, a relação entre os seres humanos é baseada na autoimportância, o que representa insegurança, ansiedade e medo. Por isso há essa preocupação com a autoimagem o tempo todo, essa busca de ser amado, o desejo de não ser esquecido.
Não é assim? Isso não é um fato? Não é isso que acontece no mundo? As pessoas estão em amor, alegria e liberdade ou estão vivendo dessa forma que acabei de colocar? Qual é o seu caso? Você está trabalhando essa “coisa” de ir além dessas conhecidas relações humanas, as quais estão carregadas dessa tremenda e terrível exigência?
Satsang é esse encontro com a Realidade, com a Verdade. Então, nosso convite é para que você viva a Verdade, a Realidade do seu Ser, indo além dessa representação, porque tudo isso é a mente egoica, o falso “eu”. Uma coisa também curiosa é que, hoje em dia, existem muitas propostas para essa Autorrealização. Eu não sei o que é considerado Autorrealização ou Iluminação para a grande maioria. Parece-me que tem muito mais a ver com uma “autoiluminação” do que com a verdadeira Realização da Verdade sobre si mesmo. Então, o que estão chamando de “autorrealização” ou “iluminação” ainda é parte dessa ilusão, dessa estrutura egoica, pois é uma coisa imaginada, uma invenção da própria mente, faz parte da antiga estrutura do “eu”, da velha mente egoica.
Então, a pergunta é: será que essas práticas de estudos, técnicas de meditação, encontros de pessoas trocando ideias sobre iluminação, compartilhando suas convicções e crenças, funcionam mesmo? A primeira coisa aqui é que você precisa ver que o relacionamento com o mundo à sua volta não pode continuar sendo baseado nesse desejo de autoimportância, nessa busca de “ser alguém”, inclusive — e principalmente — um “alguém iluminado” ou “autorrealizado”. Isso tudo ainda é parte da mentira. A cada dia teremos mais pessoas interessadas nesse assunto e, quanto mais pessoas surgirem, mais “gurus” surgirão, também. A procura pela iluminação produzirá mais oferta.
Eu quero convidá-lo a ter uma aproximação real DISSO. Assim sendo, seu relacionamento com o seu entorno precisa ser real, baseado na Verdade e não em teorias, crenças, conceitos, ideias. Você não pode se aproximar DISSO como alguém que se aproxima de um assunto que precisa ser estudado externamente. ISSO não é algo que se aprende na escola, como matemática ou qualquer uma outra ciência objetiva, externa. Você só vai saber o que, de fato, é a Verdade sobre si mesmo, investigando a si próprio, aí dentro. Isso é possível somente quando você sai dessa velha estrutura, dessa representação baseada no desejo de “ser alguém”.
"Você só vai saber o que, de fato, é a Verdade sobre si mesmo, investigando a si próprio."
Quando você é “alguém”, pode somente enxergar outro “alguém”. Em outras palavras, se você busca autoimportância, tudo o que você deseja é ver pessoas importantes e ser como elas. Assim, você termina, também, transferindo isso para esses trabalhos de autorrealização, querendo ser tão importante quanto seu “guru”, tornando isso um jogo de trapaça, de mentira. Desse modo, não há verdade nessa busca da Verdade — o “guru” e seu discípulo estão na mentira.
Isso está acontecendo porque não há uma real relação, um real encontro com a Verdade de si mesmo, mas apenas um relacionamento entre crenças. É necessária uma completa quebra de tudo isso. Quando você observa a si mesmo, você consegue também ver o seu entorno, esse jogo, essa ilusão. Somente então é possível o fim desse ego sutil, que está se disfarçando de “buscador da Verdade” ou de “professor da Verdade”.
*Transcrito a partir de uma fala em um encontro online na noite de 30 de Julho de 2018 – Encontros online todas as segundas, quartas e sextas às 22h (exceto em períodos de retiros) – Para informações sobre o app Paltalk e instruções de como participar, clique aqui.

terça-feira, 25 de setembro de 2018

A origem da ilusão

Dentro desses encontros, nós estamos sempre trabalhando essa abertura, que é a capacitação para se vivenciar a Graça, a Verdade sobre você. Você é esta Presença atemporal, algo além daquilo que é eterno. Mas, sempre que um pensamento ou sentimento aparecem, com base na crença de que você é outra coisa além desta Presença atemporal, há uma limitação (que é a identificação com o corpo e a mente) e você termina vendo isso como sua verdadeira identidade.
O que acontece é que seus antigos hábitos de sentir, pensar e se ver como uma entidade separada criam todo tipo de problema. Você está aqui para tomar ciência de si mesmo, conhecendo a sua Natureza Real. Isso não significa uma luta constante contra antigos hábitos do pensamento, do sentimento, da emoção. A luta não é o caminho, não é a real forma de se aproximar deste trabalho de autoinvestigação. A real aproximação é amorosa, de rendição e de entrega, algo que acontece através da paciente observação. Você necessita da paciente observação do movimento da mente, de como surgem as inclinações da mente aí.
Cada pessoa responde de uma forma, reage de uma maneira, e isso precisa ser observado pacientemente, amorosamente, com bastante atenção. A Realização da Verdade não nasce do resultado de um esforço, de uma luta, de uma resistência, de um combate. Isso é algo que requer que você seja consistente, que você jamais desista, mas dentro dessa rendição, dessa entrega, dessa auto-observação. Não se trata de uma luta para conseguir virtudes ou experiências, mas de um profundo amor, uma consistente e persistente entrega dos antigos hábitos de pensar, sentir e agir — é aqui que a devoção à Verdade aparece. Antes, não havia atenção sobre o movimento das ações, dos pensamentos, dos sentimentos, era puro automatismo, pura inconsciência. Agora, você está trazendo Consciência a este instante, a este momento presente, desidentificando-se da experiência, do “eu” presente na experiência. Como resultado disso, os pensamentos, os sentimentos, as atividades e os relacionamentos começam a acontecer nessa Consciência. Quando há essa Consciência, surge a expressão da Verdade, da Paz.
"Não se trata de uma luta para conseguir virtudes ou experiências, mas de um profundo amor, uma consistente e persistente entrega dos antigos hábitos de pensar, sentir e agir — é aqui que a devoção à Verdade aparece."
Se seu interesse é pela Verdade, pela Paz, pela Felicidade, você precisa se tornar cônscio de suas reações, de todo movimento interno, de tudo que se passa dentro de você. Assim, será possível o perfume desta Presença atemporal; você será capaz de, naturalmente, sair dos antigos hábitos, deixar esse “eu”, essa antiga imagem de si mesmo.
Tudo é apenas parte dessa Totalidade, dessa mesma Verdade inseparável, mas você não pode ver isso enquanto estiver preso aos antigos hábitos da velha identidade ilusória; você não pode desfrutar da verdadeira Paz, Liberdade e Felicidade do seu Ser. A minha sugestão é: vá além dessa ilusão!
*Transcrito a partir de uma fala em um encontro online na noite de 29 de Agosto de 2018 – Encontros online todas as segundas, quartas e sextas às 22h (exceto em períodos de retiros) – Para informações sobre o app Paltalk e instruções de como participar, clique aqui.

quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Como abandonar a mentira de ser uma pessoa?

Estamos tratando, nesses encontros, de algo bastante básico para a realização daquilo que todos procuram, de uma certa forma, que é a Felicidade.
O que eu tenho observado é a facilidade que você tem de se desorientar. Quando alguém caminha dentro de uma mata fechada, precisa tomar muito cuidado para não perder o sentido de orientação. Se isso acontece, ela pode perder a vida. Com muita facilidade, você perde este sentido de orientação, e isso acontece quando você perde a si mesmo nos fenômenos, nas aparições dos acontecimentos. Você se esquece de si mesmo, de sua Natureza Real, e se embola com qualquer fenômeno externo.
É curioso, mas o pensamento, o sentimento e a emoção também são fenômenos externos. Percebam que isso é básico para você que está trabalhando essa coisa do Despertar, da Realização de Deus — não se perder no “externo”.
Quando algo acontece do lado de fora do corpo — um parente sofre um acidente ou é hospitalizado, alguém vai embora, perde o emprego, etc. —, você se perde nesses eventos, você esquece sua Natureza Real, preocupa-se, ocupa-se com o “externo”. E o “externo” pode ser tanto acontecimentos do lado de fora como pensamentos do lado de dentro. Quando você faz isso, esquece que há algo, em você, maior que o “externo”.
Quando você chega em Satsang, eu lhe digo: “Nada disso é real!”. Talvez, seja real apenas como um fenômeno, mas não é real em seu Ser, em sua Natureza Verdadeira. Não é real porque é uma coisa que vem e vai. Pensamentos, sentimentos, emoções, empregos, acidentes, pessoas sendo internadas, morrendo e nascendo são coisas assim, mas nada disso pode tocar Você, o seu Ser. Entretanto, você não acredita em mim; você prefere acreditar nisso, então, tem problemas, sofre. Você acompanha isso?
Quando você chega em Satsang, eu lhe digo: 'Nada disso é real!'. Talvez, seja real apenas como um fenômeno, mas não é real em seu Ser, em sua Natureza Verdadeira.
A coisa mais desafiadora na vida é ficar só com ela e não inventar nada. O pensamento adora inventar! Ele interpreta, traduz e tenta manipular o que acontece. Isso é o ego! “Forçar a barra” é o ego; resistir, lutar contra o que aparece, é o ego. Você vai além dessa limitação quando acolhe seu Ser, sua Natureza Real.
A sua Natureza Verdadeira está em Paz, não tem problema. Em sono profundo, você experimenta Isso, porque você não está lá como uma egoidentidade, como uma pessoa com escolhas, desejos e medos.
Satsang o convida a ir além de toda essa limitação; é a chave que abre a porta do fim da ilusão, dessa entidade que sofre, dessa pessoa, desse perturbado. Eu não conheço uma pessoa boa, porque “pessoa” é sinal de maluquice. Quando você vai a Satsang, se depara com um Ser Realizado, então, ele olha para você e diz: “Não precisa sofrer, mas tem que se desapegar da história, do pensamento, do seu mundo, porque o ‘seu mundo’ é problemático. Onde o seu mundo aparecer, o problema aparecerá.”.
Mas, você está viciado em pensar, em sentir, em ser “alguém”; está viciado no mundo, na história. Então, não há espaço para a Consciência, que é Meditação, que é Ser. Não há mais problema se você vive em seu Ser. Isso é seu Despertar! Você tem que sair desse sono, que é o “seu mundo”, o qual está todo dentro da sua cabeça. Esse é o seu único problema!
Compreenda isso; não intelectualmente, mas de forma prática. Quando o fenômeno surgir, não salte sobre ele, não confie nisso. Quando o pensamento, o sentimento, a emoção, a sensação e os acontecimentos surgirem, deixe isso por conta de Deus. Não é seu assunto, então, não se envolva! Deixe Deus tomar conta de tudo! Se você não fizer isso, vai perder a fome, vai perder o sono, vai sonhar à noite, vai ficar mal-humorado durante o dia, vai ter muita raiva, vai ficar perturbado, um perturbado mental.
Então, você se volta para a Verdade de si mesmo, que é Consciência, que é essa Presença, que é Deus, e abandona a mente. Por isso, eu tenho recomendado às pessoas que venham a Satsang, porque é único jeito de abandonar a mentira de ser uma pessoa.
Você está muito viciado nisso, muito viciado! Você vive no meio de “drogados”, de “gente viciada”. Então, você vai a Satsang e se depara com um “sóbrio”, em meio a uma multidão de egos, de pessoas “embriagadas” de ilusão.
A mente tem a habilidade de transformar a vida em um problema. A mente é sempre pessoal! Ela pega a experiência em volta dela — pensamentos, sentimentos, emoções e tudo que acontece do lado de fora — e transforma tudo em algo particular, pessoal, para “alguém”. Quem? Você! Então, você diz: “Eu tenho um problema que ninguém tem!” — essa é a particularização da mente. Agora, fica claro o que a gente chama de “ego”. Ego é esse sentido ilusório de um centro, em torno do qual acontecem coisas. Maluquice total, porque tudo o que acontece a esse “mim” é só uma imaginação para essa autoimagem que você acredita ser. Olha que interessante: você imagina ser alguém e, então, tem problemas. Isso só existe na mente!
A Vida diz: “Eu Sou o que Sou, não estou nem aí para a sua imaginação!”. Então, essa autoimagem fica revoltada, com raiva, sofrendo, e isso não tem fim nunca! Só se o sonho terminar.
Bem-vindo a Satsang!
*Transcrito a partir de uma fala em um encontro online na noite de 24 de Agosto de 2018 – Encontros online todas as segundas, quartas e sextas às 22h (exceto em períodos de retiros) – Para informações sobre o app Paltalk e instruções de como participar, clique aqui.

terça-feira, 18 de setembro de 2018

É o momento do Despertar

O senso de separação, a ilusão da autoidentidade, não pode fazer algo para ir além dela mesma. Você não vai intensificar o calor, a força e o brilho da luz da manhã; você não pode interferir no trabalho do sol. Essa Consciência, essa Graça, essa Presença é esta “Luz”, então, não existe um meio de fazer essa Iluminação, esse Despertar, essa Realização acontecer. Estamos diante de algo que acontece naturalmente, assim como, pela manhã, o sol aparece e faz todo o trabalho que ele sabe fazer. Assim é a Luz dessa Presença, Consciência e Graça. Então, o florescer dessa Presença, dessa Realização, acontece sem esforço.
Quando há uma comunhão de coração com a Verdade, Ela é vivida, Ela é realizada, Ela floresce. Se persiste no seu sonho, que é o sonho dessa egoidentidade, você está na ilusão e não há espaço para essa comunhão de coração com a Verdade. Quando não há esse espaço, o sonho continua, a ilusão continua.
Quando nós nos encontramos, você se depara com esse momento de “luz da manhã”. A Presença de Deus é esta “luz do amanhecer”. Quando a Graça do Guru, de Deus, dessa Presença aparece, chega desta forma e, então, tudo acontece naturalmente.
O meu trabalho não é fazer alguma coisa com o sonho. Eu, simplesmente, não dou suporte e nem acredito nisto; não vivo dentro deste ponto de vista, e esta é a posição da Graça, de Deus, do Guru quando o encontra.
Você está na cama e é de manhã… É momento de Acordar! É o fim da ilusão, do sofrimento, de todo desespero, aflição, confusão. É o momento da “manhã”, é o momento do Despertar! Este é o significado deste trabalho.
Nessa comunhão de coração com a Verdade, Ela é vivida por você. Então, você pode viver a sua Natureza Verdadeira. Você, gradualmente, se torna menos e menos envolvido com o sofrimento, porque ele é todo imaginário; ele está assentado na ilusão de uma entidade separada, agarrada aos seus desejos, apegos e medos. Isto faz algum sentido para você ou isso não lhe diz nada?
Nessa comunhão de coração com a Verdade, Ela é vivida por você. Então, você pode viver a sua Natureza Verdadeira.
Esta Realização não dá suporte ao sentido de separação e a qualquer busca de realização do lado de fora. Então, o coração em comunhão com esse Eu Real é a base do fim do sofrimento e de toda a ilusão. Por isso, comecei dizendo que não é uma questão de fazer alguma coisa, mas de estar nesta comunhão, nesta entrega, nesta rendição.
As pessoas se aproximam deste encontro e se deparam com uma proposta inteiramente nova, que é a de desistir de si mesmo, de suas buscas, de suas realizações, mergulhando na Fonte, na Natureza do Ser, voltando para “casa”. Isto é uma radical “compreensão”, uma aproximação totalmente diferente da Vida, de que não há nada para se fazer neste mundo, porque ele já está no lugar em que precisa estar. Você não vai melhorar nada, só vai criar mais confusão.
Na Índia, eles chamam isso de “karma”, que é receber os frutos de boas ações ou de más ações. Mas, isto está, ainda, dentro da operação do falso “eu”, da ilusão da egoidentidade, da separação. O que eu acabei de chamar de “radical compreensão”, é a constatação de que a Vida está completa e o mundo está muito bem sem você.
Você está na fábrica da confusão, trabalhando duramente nela. Os Sábios, na Índia, chamavam essa “fábrica” de “Círculo do Samsara” — nascer, voltar para a escola, casar, ter filhos, constituir família, morrer, nascer, morrer, nascer, morrer...
Há sempre a ilusão de alguém presente no “fazer”, enquanto que não tem ninguém fazendo; é só o próprio movimento do karma. Isso está dentro da ilusão, da crença da separação: “eu e o mundo”, “eu e a vida”, “eu e os meus feitos”. Onde quer que exista relacionamento desse “eu” com o mundo, desse “eu” com o outro, desse “eu” com a vida, haverá confusão. Essa é a “fábrica”, é o Samsara.
*Transcrito a partir de uma fala em um encontro online na noite de 04 de Julho de 2018 – Encontros online todas as segundas, quartas e sextas às 22h (exceto em períodos de retiros) – Para informações sobre o app Paltalk e instruções de como participar, clique aqui.

sexta-feira, 14 de setembro de 2018

É preciso descobrir em si mesmo tudo isso

Para esse Despertar, você necessita investigar algumas questões, e é fundamental que cada um de vocês leve muito a sério isto.
Existem perguntas para as quais você terá que ter a resposta, e não basta uma reposta teórica. Se você for a um livro de psicologia e procurar a resposta para a pergunta: “O que é o ego?”, você vai encontrá-la. Se você for a um filósofo ou a um psicólogo e perguntar: “O que é a vida?”, ou, “Qual é o papel do ego na sua vida?”, certamente, eles terão uma resposta para lhe dar. São pessoas instruídas, cultas, que estudaram bastante.
Todos vocês sabem muito, mas não sabem como se livrar dessa “coisa” que faz você resistir à Vida como Ela se apresenta. Isso faz com que você resista para não estar Consciente, Presente. É exatamente isso que o ego faz: ele cria uma resistência a este instante, ao misterioso movimento da Vida, então, ele coloca você como uma entidade que se separa do presente momento. Um psicólogo, um filósofo ou um terapeuta não podem ajudá-lo nesse sentido.
O conhecimento vai ajustá-lo, mas não lhe dará a Liberdade. Tudo que o ego busca é se ajustar, então, o seu movimento é de ajustamento em resistência. Desta forma, não existem respostas suficientes ou a solução final para essas questões: “O que é o ego e qual o seu papel na sua vida?”, “Como ele funciona?”, “Como isso produz essa resistência?”. É aqui que entra Satsang, essa profunda investigação da Realidade, da Verdade, da Natureza do Ser.
Para esse Despertar Real, você precisa descobrir em si mesmo tudo isso. Você vive preso a um movimento de imaginação, de pensamentos, que é o mundo da mente. Não há nenhum problema com o mundo da mente, desde que você saiba que é um mundo ilusório. Quando você confunde esse mundo com a Realidade, você está em um estado de sono, que é confusão, sofrimento, que é a vida estúpida do experimentador, desse falso “eu”. Eu vou repetir isso para você: não existe nada errado no mundo da mente, o problema surge quando você acredita nesse mundo como sendo real.
Os produtores de filmes usam muito o mundo da mente. Quando você assiste a um filme, você está assistindo à produção de uma imaginação. O autor do filme sabe que tudo aquilo é imaginário; ele está no mundo da mente criando entretenimento. Para isso, você precisa da imaginação, e não há nenhum problema com ela. Mas, se os atores daquele filme, ao saírem da gravação, esquecerem que aquilo existia apenas no filme, algo que tinha que parecer muito real, e, assim, levarem para casa os personagens que representaram, eles terão problemas. Se o diretor, produtor e toda sua equipe esquecerem quem realmente são, que tudo aquilo é só uma fantasia, um “faz de conta”, eles terão sérios problemas. É exatamente isso que acontece com você, quando você confunde o mundo da mente, o mundo imaginário do pensamento, com a sua Verdade, a Verdade sobre você. Isso está acontecendo todos os dias para todos.
Quando alguém nasce, todos ficam felizes; quando alguém morre, todos choram; quando seu time de futebol faz gol, você fica muito feliz; quando ele leva um gol, você fica à beira do suicídio, de tanta tristeza e dor. Então, observe isso: basicamente, não há nada errado com o que anda acontecendo na sua vida, só que isso é algo do mundo da mente, do mundo imaginário. É como um filme que Deus está produzindo, onde Ele mesmo é o autor, o diretor, o produtor, o ator, o ator coadjuvante, o vilão, o mocinho... Isso tudo é a assim chamada “sua vida”, mas não é a “sua vida”, é a produção de Deus, o cinema Divino.
Você está levando muito a sério isso, está se confundindo com o personagem que a Existência, a Vida, em sua misteriosa forma, está fazendo acontecer. Você esqueceu quem é você. Acabei de colocar o que, basicamente, significa estar Desperto. Nesse filme Divino, um é o vilão e o outro é o mocinho, um é o santo e o outro o pecador, um é o rico e o outro é o pobre. Não é interessante? Não existe nada de errado com o mundo da mente, porque o mundo da mente é o mundo de Deus - Deus decidiu brincar de cinema. Eu não sei o que vocês têm contra o cinema.
"Você esqueceu quem é você."
Quando você estiver com raiva, um dia, perceba que não há problema nisso. A raiva só é possível porque Deus precisa de um ator com raiva em seu filme, naquele instante, senão ela não seria possível. Olha o que eu estou lhe dizendo: você quer todas as coisas positivas e nenhuma negativa, mas isso é algo estúpido, porque não é possível — não há possibilidade de se escolher nada! A raiva também faz parte do cinema, do filme, então, da próxima vez que você a sentir, fique presente, não leve para o pessoal, deixe a história cair e observe o que acontece com a raiva.
Você não é um bom ator, porque está se embolando com a experiência. A experiência da raiva é belíssima, a ilusão de “alguém” nisso é o problema. Então, você assume características de uma identidade separada que não está vendo o jogo. Não tente se livrar da raiva, não tente se livrar da inveja, do ciúme, do medo, do desejo, porque, quando faz isso, você é como um ator que não está fazendo a coisa direito; quando faz isso, você está em resistência, você quer mudar o que É, e isso, basicamente, é o falso “eu”, é o ego, esse “mim”.
Você não aceita a Vida como Ela é, não A acolhe como se apresenta, e, quando resiste, você não está Presente, não está Consciente. Quando resiste, você está identificado com a experiência, e aí está o sentido pessoal. Diante da alegria, não crie história e, então, não haverá resistência. Sabe o que acontece quando não há história na alegria? Ela não vira euforia. Quando não há história em perdas, isso não se transforma em medo. Quando não há história na raiva, essa mesma Presença se expressa com uma energia de grande Inteligência, sem violência, sem conflito.
Alguns presenciaram Ramana com raiva. Nós temos, no próprio evangelho, Jesus expressando o que chamaríamos de “raiva”. Você se torna, primeiro, consciente daquilo que se apresenta agora, aqui, neste instante, e, simultaneamente, presta atenção naquilo que se passa como história, dentro da sua cabeça, a respeito daquilo que está acontecendo. Esse presente momento revela a totalidade da Consciência. Quando faz isso, você está trabalhando o fim da ego-identidade. Quando está Presente, você está Consciente, mas, quando está perdido no mundo da mente, você está dormindo. Cada momento é riquíssimo de oportunidades para você Acordar, porque ele sempre o desafia a se manter alerta, consciente, desidentificado.
*Transcrito a partir de uma fala em um encontro online na noite de 13 de Julho de 2018 – Encontros online todas as segundas, quartas e sextas às 22h (exceto em períodos de retiros) – Para informações sobre o app Paltalk e instruções de como participar, clique aqui.

quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Como é possível realizar a Verdade?

Este é um extraordinário momento de aproximação de algo inteiramente novo. É importante que você compreenda sobre o que estamos tratando nesses encontros, qual é a grande certeza que aqui nós temos. A certeza é que essa Autorrealização é o real Autoconhecimento. Não se trata de uma experiência pela qual você possa passar, ou de um conhecimento que você possa adquirir um dia. Essa coisa de conhecimento e experiência é uma curiosa combinação para a mente, algo muito fascinante para o ego. Observem bem o que estou dizendo. As pessoas vivem em busca de experiência e conhecimento, mas a Verdade não surge assim. A Sabedoria não nasce do conhecimento, nem da experiência. Todo conhecimento e toda experiência ainda fazem parte da mente, daquilo que é fenomênico, enquanto que a Verdade é o nosso próprio Ser. Ela está nessa luminosidade da própria Consciência, que é, por natureza, atemporal, não faz parte do tempo.
Então, se aqui nesse encontro um de vocês anda muito fascinado pelo estudo, ouvindo ensinamentos e buscando experiências, inclusive experiências espirituais, tenha paciência com o que vou dizer agora, pois pode destruir a sua esperança: isso é completamente inútil! Portanto, se vocês gostam de participar de grupos de estudos de Advaita, ou grupos espirituais de algum tipo, o que dá no mesmo, saibam que isso não vai funcionar. O que eu quero dizer é que isso não serve para nada, apenas para encher, ainda mais, esse velho baú, onde está escrito: “Aqui estão o conhecimento e a experiência”. O nome desse baú é “mente”.
Se você quer encontrar esse baú, permaneça no conhecido, permaneça no tempo. Reparem que é no tempo, no conhecido, que esse baú pode ser encontrado, e o seu conteúdo é a experiência e o conhecimento. No entanto, a Verdade, a Realidade, é totalmente não objetiva, não faz parte do pensamento. Nela não existe nenhum indivíduo, nenhum conhecedor com seu conhecimento, nenhum experimentador com seu experimento. Então, percebam isso: não pode haver Verdade, Realidade, no conhecido, onde existe somente limitação, que é tempo. A Verdade não é o conhecedor, nem o objeto conhecido.
Portanto, Autorrealização não tem nada a ver com experiência e conhecimento. Então, surge a pergunta: “Como é possível realizar a Verdade?” E a resposta é: pela investigação dessa limitação. É necessário investigar a limitação da mente, ver o quanto ela está presa a um estado limitado de experiência e conhecimento. Assim, pela investigação, a mente reconhece a sua própria limitação e para de acumular. Por isso, é importante a busca cessar. Enquanto houver busca, haverá essa ilusão de “alguém” que quer capturar Isso (a Autorrealização) pelo estudo, buscando mais experiência e conhecimento. Isso não funciona.
Por isso, tenho dado ênfase, como todos os Sábios de todos os tempos, à autoinvestigação e à Meditação. Aqui entra um outro elemento, que é uma grande ferramenta: a devoção. A devoção é algo bastante misterioso, um movimento importantíssimo dentro dessa autoinvestigação e um grande facilitador para aquilo que eu tenho considerado como real Meditação.
A Sabedoria não nasce do conhecimento, nem da experiência. Todo conhecimento e toda experiência ainda fazem parte da mente, daquilo que é fenomênico, enquanto que a Verdade é o nosso próprio Ser.
Então, o Despertar, a Iluminação, não é um tópico que pode ser estudado; é algo que é realizado nessa investigação, na constatação do que é Meditação. A devoção, que é voltar-se para Deus, entra como parte disso tudo. Aqui, “Deus” é um nome para essa “Coisa” misteriosa, desconhecida, que está fora da mente; a Realidade que está além de toda experiência e todo conhecimento.
Percebam a importância do que estou dizendo a você aqui. Quando você é capturado pela imaginação da dualidade, pela crença de ser uma entidade separada na experiência deste presente momento, essa ilusão lhe dá uma identidade, a qual se baseia totalmente no conhecimento e na experiência. Assim, essa “entidade” retira de dentro daquele baú, do qual falei há pouco, tudo aquilo que ela precisa para existir.
Quando você vai a um guru e ele lhe oferece mais conhecimento e, ainda, fomenta a busca de mais experiências, ele só pode fazer isso porque ainda está “dentro desse baú”. Portanto, esse guru é uma fraude e não vai funcionar. A não ser que o guru esteja além da mente, ele não irá funcionar. A não ser que o guru esteja compartilhando com você algo além de palavras, experiências e conhecimentos, ele não vai funcionar, porque ainda se encontra na ilusão ‒ ele não é um Satguru.
A palavra “Sat” é Realidade, Verdade, e a palavra “guru” significa “Aquele que dissipa a ilusão”, “Aquele que traz clareza, a claridade, a luz”. Nesse sentido, você precisa da Verdade, da Realidade. Deus é a sua Real necessidade e esse é o verdadeiro Ser. Então, o real Guru é essa Consciência, essa Verdade presente, além da mente, ou seja, além do conhecimento e da experiência, além do conhecido. É nesse sentido que o Guru não precisa ter uma forma humana, mas precisa ser Real. Se o Guru for real, ele é um Satguru, quer esteja na forma humana ou não. Então, se ele não é o Ser na forma de Guru, se é apenas algo ou alguém dentro do tempo, que é a própria mente, não irá funcionar, porque ele se encontra “dentro do baú”, ainda.
Pois, é... Eu sei que isso é desanimador. A pergunta é: para quem é o conhecimento e para quem é a ignorância? Quem é aquele que poderia se destacar e dizer “eu sei e vou lhe ensinar”? Mas, aqui, quem é o conhecedor e quem é o ignorante? Claro que isso ainda faz parte da ilusão, do ego. Então, o Guru real jamais vai lhe ensinar algo, dar a você uma nova experiência ou incentivá-lo a ter mais “profundas experiências”. O real Guru é aquele que está além da ideia, da imaginação, da dualidade; é o próprio Ser, a própria Consciência! Vejam como isso é maravilhoso, belíssimo! Aquele que se vê como guru, não é Guru. Aquele que “sabe” que é guru, não é Guru, e aquele que, mesmo dizendo que não é guru, quer ensinar alguma coisa, não é guru também. Então, há um momento, dentro de você, em que, por uma ação da Graça, esse Guru interno é despertado. Quando isso acontece, o real Guru já está presente e, então, surge esse amor à Verdade, ao Ser, ao Guru e Ele é reconhecido, assumindo uma forma humana ou não (isso é irrelevante). Quando o seu real Guru está presente, algo dentro de você o reconhece, e esse “algo” é o próprio Guru. Agora, você não está com Ele para aprender alguma coisa, nem para viver alguma experiência.
Despertar não é um caso de experiência ou de conhecimento. Despertar é um mergulho na Realidade, Naquilo que está além do tempo, da mente, do “eu”. Então, isso traz, mostra, declara, o Conhecimento real da Verdade (aqui usei a palavra “conhecimento” num sentido inteiramente diferente do que a mente conhece). Nesse Conhecimento real da Verdade, Você é Aquilo que é conhecido como “Deus” pelos Sábios. Eu disse: “pelos Sábios!”
*Transcrito a partir de uma fala em um encontro online na noite de 06 de Agosto de 2018 – Encontros online todas as segundas, quartas e sextas às 22h (exceto em períodos de retiros) – Para informações sobre o app Paltalk e instruções de como participar, clique aqui.

quinta-feira, 6 de setembro de 2018

A Quietude da Meditação

Você não pode encontrar sua Real Natureza, a Verdade ou a Iluminação. Tudo que você pode encontrar é algo objetivo. A Verdade não é algo que você possa encontrar, pois não se trata de algo objetivo. Não é como um tesouro, que você consegue o mapa, vai em busca dele e termina encontrando. Não é assim!
Deus, a Verdade, não é um tesouro objetivo, não é algo que está lá fora, enterrado, escondido em algum lugar. A Sabedoria, a Verdade, Deus não é algo assim. Você não pode percebê-Lo, não pode encontrá-Lo, não pode vê-Lo do lado de fora.
É muito importante compreender isso, porque, assim, você deixa de ir à procura de Deus, da Verdade, como vai à procura de realizações externas; você para com esse comportamento. Aqui, é essencial parar de ir para fora, de buscar externamente. A Sabedoria, Deus, a Verdade, não está do lado de fora. O buscador é a “Coisa” buscada; aquele que procura já é a “Coisa” que está sendo procurada. Por isso, é fundamental você parar.
Todos os Sábios são unânimes quanto à importância da Meditação, porque Ela é o “parar”, é parar de ir para fora, parar de buscar externamente. Por isso, Satsang é muito interessante: não há nada para ser encontrado, aqui, que esteja do lado de fora. Tudo está sendo investigado dentro de você, profundamente, internamente. Nessa aproximação, não há nenhum sistema, nenhuma prática, nenhum exercício. É necessário estar completamente livre de toda intenção, de toda volição, de toda motivação do desejo. O desejo, geralmente, reflete uma procura externa, afastando-o de Si mesmo, Daquilo que Você é aqui e agora.
Geralmente, você trata da questão do desejo se voltando para realizações externas, para objetivos encontrados do lado de fora. É preciso estar completamente livre desta forma de se comportar. Existem alguns momentos, em sua vida, que você experimenta a Liberdade, e é exatamente quando você está livre de toda intenção externa. Todos têm momentos assim!
Em algum momento de sua vida, diante de uma praia, no alto de uma montanha, em uma floresta, assentado num parque ou diante de um pequeno lago, com algumas borboletas, seus olhos contemplaram aquela cena. Naquele instante, como não havia nenhuma intenção interna, nenhum desejo externo, nada para se obter, nada para se conseguir, nada para se conquistar, ali estava a “Coisa”. Simplesmente, porque, naquele momento, não existia nada para se alcançar, nada para se realizar, nada para se obter, nenhuma ideia, nenhuma crença...
".....ali estava a 'Coisa'. Simplesmente, porque, naquele momento, não existia nada para se alcançar..."
Repare que não existia Iluminação para ser alcançada, não existia Deus para ser alcançado. No entanto, lá estava aquela Quietude, aquela “Coisa” sem nome, indescritível. Aquilo estava, exatamente, porque você não estava, o sentido do “eu” não estava, o experimentador não estava. Foi um momento de pura experiência, sem experimentador.
Alguns dias depois, você descreve aquela cena para alguém e, quando começa a descrever, já é a memória, já é o experimentador. Não existe mais nada ali, só memória. Então, as borboletas, o lago e tudo aquilo, agora, são imagens, uma lembrança, uma coisa “morta”.
Quando o pensamento chega para descrever algo, o passado já chegou. O pensamento sempre é passado e o passado sempre conta uma história de um experimentador, que, curiosamente, não estava lá. É apenas a imaginação de que havia alguém lá. Então, a Verdade está quando a descrição não está. Quando a Verdade está presente, não há pensamento, não existe aquele que possa descrever este instante. Assim, existem momentos em sua vida, no dia a dia, em que você está completamente livre de todas as intenções. Estes momentos aparecem em um instante inesperado, como dirigindo o carro em uma estrada.
Você não se lembra disso, mas, quando era criança e saía do colégio com a mochila cheia de livros, a caminho de casa, pode ter passado por momentos assim. As crianças conhecem muitos momentos assim, até mais do que os adultos. Os adultos têm muitas responsabilidades, muitos desejos, o que significa que eles têm mais preocupações, mais aflições.
Nesses momentos de ausência, você fica “sem função”, sem trabalho, sem atividade, sem responsabilidades. Aqui está a Realidade, que chamamos de Consciência, de Verdade, de Presença. Neste instante, você é pura Quietude, pura Bem-aventurança... Não tem “você”! Isso é Meditação!
Repare que eu não descrevi nenhuma técnica, nenhuma prática, nenhuma postura física, nenhuma música, nenhum mantra. Nada disso é necessário, pois é artificial, não é natural. Então, você não pratica a meditação; você constata a Presença desse Estado, que é Meditação, que está presente quando você não está preso na armadilha dos pensamentos, dos sentimentos, das imagens, das histórias que o pensamento produz.
Essa Quietude da Meditação, não é a quietude do corpo ou da mente. Não é desta quietude que estou falando, a qual você pode conseguir por uma técnica, por uma prática de meditação. Estou falando da Quietude de sua Verdadeira Natureza (que é Consciência), de sua Real Natureza Divina, da Quietude do seu Ser, além do corpo, além da mente.
Você vai ficando sensível, aberto, receptivo a Isso; vai ficando mais e mais íntimo dessa “Coisa”. É cada vez maior essa intimidade, essa proximidade com o seu próprio Ser, com a ausência do experimentador, do sentido pessoal, do controle, dos desejos, da tentativa de resolver, acertar as coisas, mudar o mundo. Quando você vai ficando íntimo de seu Ser, vai deixando isso. É algo que começa a se aprofundar, é uma forma de crescimento que acontece.
Os dias vão se passando, os meses, os anos e, em um belo dia, você se descobre com mais facilidade de não se confundir com o experimentador, de não se confundir com a história pessoal, com as circunstâncias, com o mundo à sua volta, com as crenças. Você se descobre, em um belo dia, desidentificado. A situação acontece, em meio a uma circunstância à sua volta, a uma história, e aquilo já não o captura mais, não o envolve mais. É um belo sinal de que algo está acontecendo em um nível real aí dentro.
Você se surpreende, a princípio, mas, depois, começa a ficar natural. Você nem mais se surpreende com isso. A princípio, você se surpreende em não se perturbar tanto, como fazia antes. Este é um ótimo sinal; é sinal de que algo está acontecendo. Antes, algo o desesperava, o deixava frustrado, com raiva, com medo e, agora, você olha e dá um leve sorriso, porque, internamente, você sabe (esse é um “saber-sentir”, não é um “saber” intelectual) que isso não tem nada a ver com o que Você é. Esta é a única prova real, e não esse “blá-blá-blá” todo sobre ensinos Advaita, Neo Advaita, o que é só outra forma de crença inútil.
Por isso, eu disse, no começo da fala, que você não pode encontrar a Verdade, não pode encontrar a Iluminação. Isso tem que florescer de dentro, tem que ser um enraizamento dessa bela e frutífera árvore chamada “Consciência”. Os frutos desta árvore são a Liberdade, a Inteligência, a Compaixão, a Sabedoria, a ausência do medo, a ausência da ambição, da inveja.
Eu não estou fazendo alguma coisa, não estou me ocupando em mudar o mundo, em mudar as situações, em consertar as pessoas. Eu apenas estou quieto, em meu próprio Ser. Não é uma quietude do corpo — a quietude do corpo é preguiça. A preguiça também tem o seu lugar, mas não na Realização. A preguiça é uma coisa e a Realização é outra. Não se trata também de uma quietude da mente que o torna meio “abobado”. Na realidade, é o oposto: quando há essa Quietude Interna, que não é a quietude do corpo nem da mente, há uma grande Inteligência presente, um grande Poder de ação, que nasce desse Estado de Consciência, desse Estado de Presença.
*Transcrito a partir de uma fala em um encontro online na noite de 04 de Julho de 2018 – Encontros online todas as segundas, quartas e sextas às 22h (exceto em períodos de retiros) – Para informações sobre o app Paltalk e instruções de como participar, clique aqui.

terça-feira, 4 de setembro de 2018

A questão do Guru e discípulo

Estar em Satsang significa estar aberto à Verdade, estar pronto para ser um discípulo. O discípulo é aquele que está pronto para investigar e descobrir a Verdade sobre si mesmo. Assim, ser um discípulo é estar nessa posição, prepararando a si próprio para estar diante da Verdade. Essa preparação é uma profunda e significativa necessidade. Isso é algo fundamental! Vou falar com vocês um pouco sobre esta questão de Guru e discípulo.
É interessante dizer que o ego não tem esse tipo de atitude. O ego quer ser Mestre, sem mesmo saber o que significa, antes, ser discípulo. Isso explica a facilidade de tantos mestres surgindo nesse momento. Essa preparação para descobrir a Verdade sobre si mesmo é o resultado de uma abertura para olhar diretamente e investigar a questão da própria vida e seu significado. Não que você possa descobrir o seu significado, mas precisa investigar a si próprio e saber diretamente, por si só, que não há nenhum significado. Porém, é preciso primeiro ter esta questão aí dentro.
Então, você descobre que não há nenhuma resposta, mas é uma descoberta que você faz; não basta uma ideia, uma crença sobre isso. Isso significa ser discípulo da Vida e, aqui, a Vida é o Guru. A Vida, como Ela é, é a própria Consciência, a própria Presença. Por isso é uma real necessidade descobrir a beleza e a graça do que significa ser um discípulo. Existe um sentimento de orientação interna, porque o Guru está dentro e, se está dentro, Ele pode se apresentar externamente também. Quando você está pronto para olhar para a vida e fazer a pergunta: “Qual é o significado de tudo isso?”, está pronto para enxergar o Guru e, assim, o Guru aparece, atrai você. O Guru externo é esse Guru interno, é a própria Vida se manifestando para lhe falar, revelar, que Ela é um mistério. Portanto, é uma grande bênção essa Graça atrair você. A Presença do Guru é muito importante, mas, se você não está maduro, isso pode levar tempo. Quando o discípulo está pronto, que significa estar completamente aberto, o Mestre aparece. Esse é o papel do Guru humano.
Quando você está aberto, você é um discípulo da Vida. Você está em Satsang para se abrir, investigar e sentir diretamente essa Verdade. Você precisa disso, porque ainda não está estabilizado Nela. Há algo dentro de você que sente a importância de estar aqui. A inexplicável alegria que você sente de estar em Satsang é uma prova dessa necessidade.
O ego nunca pode ver nada além dele mesmo, e o que ele pode ver é sempre um objeto. Somente o Guru vê o Guru e, assim, Ele encontra Você. A Presença do Guru é instantânea, mas, se você não está maduro, pode levar um tempo para vê-Lo. Existe somente um Guru! Quando você olha para Ele e O vê como uma pessoa, como alguma coisa objetiva, significa que você ainda não pode vê-Lo e encontrar a Si mesmo. Você só pode ver o Guru quando não está mais preso a essa imagem de “pessoa”. Até lá, você não estará enxergando o Guru, ele será somente um “professor” e, como tal, não irá funcionar. É importante você estar aberto, vivendo em profunda e completa inocência, em sensibilidade e abertura; essa é a beleza desse encontro. Somente assim o sentido de separação se desfaz. Então, o Real Guru é encontrado aí dentro.
Todavia, se você ainda está identificado com o corpo e preso à ideia de ser uma pessoa, você ainda não é um discípulo, não tem um interesse real NISSO. Quando você tem o sentimento certo, uma perfeita entrega, uma perfeita abertura, você está sempre com o Guru. Quando você realmente sente O que Você é, não há separação entre Você e o Guru. Isso não é algo preso à ideia de tempo e espaço, de forma e nomes. Não é!
*Transcrito a partir de uma fala em um encontro online na noite de 04 de Julho de 2018 – Encontros online todas as segundas, quartas e sextas às 22h (exceto em períodos de retiros) – Para informações sobre o app Paltalk e instruções de como participar, clique aqui.

domingo, 2 de setembro de 2018

Uma nova visão sobre si mesmo

Você tem vivido em restrições, porque este é o peso da personalidade. Você olha tudo à sua volta através dessa personalidade, que é o sentido de identidade, criado por você em razão da imaginação. Você tem se identificado com a sua experiência diária, criado uma identidade com a sua experiência profissional, familiar, com amigos, objetos (como casas e carros), atividades...
Então, o sentido de personalidade está atrelado a uma, assim chamada, “vida”, baseada em exterioridades, e é daí que você tem retirado esse senso de identidade, que chama de “eu”. Você se considera uma pessoa, então, você é uma personalidade.
A palavra “pessoa” significa “máscara”, uma característica individual, e esta é a restrição. Você está restrito a uma experiência pessoal, então, o Mistério, a Beleza e a Graça da Vida são perdidos, porque o seu modo de ver tudo à sua volta está sempre limitado por decisões, escolhas e preocupações pessoais. Não há Inteligência!
Quando você realmente compreende a necessidade de investigar isso, você se abre à oportunidade de ir além dessa situação de mediocridade, que é a situação que todos estão vivendo. Todos vivem dessa forma, porque se confundem com uma imagem de si mesmos, uma crença sobre quem são. Então, quando você vive identificando a si mesmo com essa personalidade, com essa pessoa, há uma grande limitação. O que você está fazendo consigo mesmo? O que você está fazendo, quando está vivendo dentro desse sentido de pessoa? Aqui, dizemos que você está vivendo no ego, vivendo em uma falsa identidade, colocando a sua vida diária nessa condição de “vida pessoal”, nessa limitação, nessa sujeição, nessa restrição.
Do ponto de vista da pessoa, que representa viver dentro dos próprios conceitos e crenças, dentro de ideias comuns, isso é algo que representa um grande fardo, um grande peso. Essa é a infelicidade humana, a infelicidade do ego, a infelicidade do “eu”, a infelicidade pessoal. Esse peso é a busca por segurança, a busca por reconhecimento, por conforto e preenchimento, de alguma forma. Uma coisa que nunca acontece, porque a personalidade nunca se preenche, nunca se encontra em conforto, nem em segurança. O ego, por mais que busque, não conhece a Felicidade. Na verdade, a sua busca é exatamente em razão dessa situação. A natureza do ego é insegurança, é medo, é desejo.
O seu trabalho, aqui, é investigar a Natureza da Verdade sobre si mesmo, então, a luta termina. Quando você está livre da “pessoa”, não há mais luta. Essa personalidade é só uma máscara, uma falsa identidade e, portanto, uma alucinação.
Reparem que tudo o que se faz necessário, é uma nova visão sobre si mesmo. Essa nova visão lhe dá uma perspectiva correta sobre o mundo externo, o seu mundo de relações com pessoas, com objetos, com atividades profissionais, ou qualquer outra atividade.
É possível a Liberação dessa alucinação, desse experimentador, desse observador, desse pensador, desse “eu”, desse “mim”... É quando essa limitação, essa restrição, é totalmente varrida, totalmente destruída, quebrada. Quando essa nova e real perspectiva, que é a perspectiva correta, está presente, não há mais alguém! Alguns chamam Isso de “Despertar”, ou “Iluminação” — o fim para a confusão, para a desordem, para a guerra, para o medo.
Você nasceu para ser absoluta e incondicionalmente livre! Algo possível nessa Inteligência, mas impossível nessa limitação, nessa relação equivocada com a Vida, com Você mesmo. O amor à Verdade, o amor à Vida, é a rendição ao Real. Essa coragem de se render ao Real é possível quando se está “queimando” por Isso de verdade! A Verdade precisa ser a primeira coisa na vida, porque Ela é a Vida! Sem Ela, é só ilusão, nessa alucinação de ser alguém; a ilusão da personalidade, nessa alucinação do falso “eu”. Isso implica um verdadeiro reconhecimento da Verdade sobre si mesmo, a constatação de que não existe alguém presente aqui e agora, nessa experiência do dia a dia, nessa assim chamada “vida diária”. É Isso que chamamos de Consciência, Presença, Ser, a Vida como Ela É, o Estado de pura Sabedoria.
Você é um Sábio — esta é a sua identidade Real —, mas um Sábio não vive em sofrimento, porque não está em alucinação, não está em um efeito hipnótico, em um efeito de sugestão, preso a um modelo de crenças. É assim que o ser humano tem vivido; o Sábio não!
*Transcrito a partir de uma fala em um encontro online na noite de 03 de Agosto de 2018 – Encontros online todas as segundas, quartas e sextas às 22h (exceto em períodos de retiros) – Para informações sobre o app Paltalk e instruções de como participar, clique aqui.

Compartilhe com outros corações