quinta-feira, 30 de agosto de 2018

A Autorrealização é uma lembrança

É importante que todos aqui compreendam que esse assunto não é algo sobre o qual você possa aprender. A Autorrealização é uma lembrança, mas o fato é que você não pode se lembrar Daquilo que Você é sem se dar um tempo para isso.
Satsang, basicamente, é estar feliz em estar desocupado de “si mesmo”, desse “mim”, desse falso “eu”. O problema é que a “pessoa” nunca tem tempo para ficar desocupada, está sempre se ocupando e buscando mais e mais ocupações; não tem tempo, nem espaço para isso, porque ela está ocupada com as “suas coisas”. Quanto mais coisas se realiza do lado de fora, mais se trabalha para manter isso. Dessa forma, a pessoa não tem tempo para investigar a natureza da Realidade, porque o seu tempo é para se ocupar com esse “si mesmo”, com o que a “pessoa” construiu e tem agora que manter, de preferência construir mais, e isso tudo é medo, sofrimento, preocupação.
Então, rico é quem tem coisas ou quem não se preocupa em ter coisas? Quem tem tempo para investigar a natureza ilusória de si mesmo é aquele que está preocupado em sustentar o que esse “eu” conseguiu ou aquele que está disposto a abrir mão desse “eu” e de tudo que ele tem, ou acredita ter? Vou colocar diferente a pergunta: quem está pronto para a Felicidade é quem tem coisas ou quem está investigando a natureza desse ilusório possuidor de coisas? Quem é verdadeiramente Sábio? É aquele que está buscando realizar-se exteriormente em coisas, pessoas e bens, ou aquele que está se ocupando exclusivamente em investigar a ilusão desse “si mesmo” e a estupidez que é conquistar coisas fora de si? Então, o que é a real ignorância e a Real Sabedoria?
Quando alguns vêm e dizem que isso não é fácil, eu olho para eles e digo: “E a sua vida é fácil?” As pessoas dizem que isso é muito difícil, mas digo para elas que o que eu acho muito difícil é viver como elas vivem. Acho muito doloroso viver sofrendo, apegado, frustrado e cheio de desejos que nunca se realizam ‒ porque eles se transformam em novos desejos. Difícil mesmo é viver no ego! É muito pesado viver pensando, viver preocupado...
Então, como eu disse no início, é uma questão de se lembrar, e não de aprender sobre ISSO. Você acredita que é uma pessoa, que nasceu e que vai morrer, e eu digo: Você é Deus! Você é Consciência! A sua Natureza é imperecível, atemporal, não espacial, pura Presença, pura Realidade. A sua Presença, que é a Presença de todos, é a Presença da Felicidade! Estou dizendo que sua Presença É, e não que a Felicidade vai chegar até você. Ela não vai ser encontrada, nem adquirida ‒ Ela é Você! Por isso que, do lado de fora, é impossível a Felicidade, o Amor, a Paz, a Liberdade; há somente frustração do lado de fora.
Basicamente, o que eu quero dizer para você é: abandone tudo! Psicologicamente, abandone tudo do lado de fora! Você pode fazer isso! Este é o meu convite para você em Satsang. Esse tempo voltado para isso é tremendamente necessário para o Despertar. Fique com a beleza desse Despertar, desse florescer da Verdade, dessa suprema Liberdade. A lembrança DISSO é o fim do sofrimento, da ilusão, da ignorância sobre si mesmo.
*Transcrito a partir de uma fala em um encontro online na noite de 23 de Fevereiro de 2018 – Encontros online todas as segundas, quartas e sextas às 22h (exceto em períodos de retiros) – Para informações sobre o app Paltalk e instruções de como participar, clique aqui.

segunda-feira, 27 de agosto de 2018

O Estado Natural é um estado sem esforço

Estamos juntos para que você perceba, afinal, o que significa estar em Satsang. Estou tentando lhe mostrar a importância da Consciência, da desidentificação com a mente. Estou dizendo, constantemente, que não existe nada para você controlar, alcançar, adquirir. A única coisa que importa, nesses encontros, é esta Consciência, que é a desidentificação com a mente.
Você está identificado com a mente. A única coisa que você precisa é descobrir como perceber esse movimento da mente, e isso é a chave da desidentificação com ela. Esse “perceber” significa “ouvir” a si mesmo, mas não se trata de um “ouvir” em que existe “alguém ouvindo” o que acontece, o que se passa aí dentro. Nesse próprio “ouvir”, não existe “alguém” ouvindo; é um “ouvir” que põe fim à ilusão de “alguém” na mente.
Em geral, você acredita que está pensando. Então, tem você e o pensamento ‒ essa é a crença. O que estou dizendo é que, nesse “ouvir”, você descobre a “Quietude”, que é a ausência do “pensador”.
Percebam como isso é, realmente, fascinante. Não existe o pensador e o pensamento, há somente o pensamento acontecendo. Nesse “ouvir”, o movimento do pensamento perde sua energia de sustentação, de continuidade. Então, aquilo que põe fim a esse movimento é esse “ouvir” ou esse “perceber”; é quando acontece essa Quietude, que é o Estado Natural da Meditação. Nesse “ouvir”, não existe o ouvinte nem nada para ouvir; existe somente a Quietude. Isso é Real Meditação, para a qual não existe nenhum método; não há nenhum sistema para se ficar quieto, isso acontece naturalmente.
O que andam praticando por aí, que chamam de “meditação”, não é a Real Meditação. Se aquilo que alguém busca é uma mera prática de meditação, no mercado há muitas, mas nenhuma delas pode revelar esse Estado Natural, trazer o Real Despertar. Isso porque, através de um sistema de meditação ou de aquietamento da mente, você se encontrará, ainda, em um “estado” produzido por aquela técnica, e esse “estado” não pode ser o Estado Natural.
Seu Estado Natural, o Real Estado, não é um “estado”, e isso é algo muito importante a ser compreendido — se você não compreender, vai passar os seus próximos sessenta anos em alguma técnica ou prática, mas isso não se revelará como seu Estado Natural. Repito: o Real Estado não é um “estado”, é a Presença Total, que é a completa ausência desse “si mesmo”, desse “alguém”. Quando a Real Meditação está, “você” não está! Nesse Estado Natural, não existe mais identificação com a mente e o corpo; você não está mais envolvido com a ideia “eu sou o corpo”, “eu sou uma pessoa”. Todo esse peso e tensão desaparecem.
O Estado Natural é um estado sem esforço. Agora mesmo, neste instante, há somente o “ouvir”, sem interpretação, comparação, julgamento, sem qualquer ideia. Nesse “ouvir”, revela-se o Estado Natural, que é Meditação, que é a pura Inteligência, Consciência. Assim, não tem “alguém” ouvindo e falando, nem compreendendo e não compreendendo.
Aí está o Estado Natural, que é quando você não está identificado com o corpo e a mente, nem com o ambiente externo, o mundo à sua volta. Isso acontece porque esse mundo externo, o mundo à sua volta, é somente a percepção dos cinco sentidos. Ou seja, desidentificado do corpo, você está, também, desidentificado do ambiente externo, que nada mais é do que essa percepção dos sentidos.
Assim sendo, Aquilo que Você é, no seu Natural Estado, não pode ser encontrado do lado de fora, em qualquer objeto. Isso é como a Liberdade, que você não pode pegar; é como o Amor, que você é incapaz de agarrar; é como a Paz, que você não consegue segurar. Você não pode colocar ISSO dentro de conceitos e descrições do pensamento, da mente.
Aqui, a coisa mais importante é simplesmente Ser, que é estar em seu Estado Natural, que é Meditação. A Consciência, que é essa desidentificação com o corpo e a mente, é a Real Meditação. Isso não é algo que requeira esforço por parte da “pessoa”, pois o esforço é sempre para se realizar alguma coisa e, aqui, trata-se de relaxar em seu Ser; não se trata de fazer, mas de desistir de fazer qualquer coisa.
Isso é sem esforço, porque você é, fundamental e essencialmente, ISSO! Na realidade, você precisa somente desistir do esforço de fazer algo para ser “alguém”, para ter alguma coisa. De alguma forma, isso é muito simples, mas se torna muito difícil, porque você está viciado em fazer e buscar alguma coisa.
Portanto, não pode haver qualquer intenção para essa atenção. Essa autoinvestigação requer plena atenção, mas ela não vem pela intenção pessoal, que é sempre baseada no desejo, no medo, na busca de ser alguma coisa, de ser “alguém”. Aqui, trata-se desse “ouvir”, desse “perceber”, e isso significa, simplesmente, desistir!
*Transcrito a partir de uma fala em um encontro online na noite de 27 de Junho de 2018 – Encontros online todas as segundas, quartas e sextas às 22h (exceto em períodos de retiros) – Para informações sobre o app Paltalk e instruções de como participar, clique aqui.

sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Sua liberdade é não se identificar com os resultados

Estamos diante desta grande maravilha: a vida! Na natureza, o chamado “ser humano” é o único que está procurando resposta para a vida. A beleza deste encontro é a possibilidade de verificarmos a Verdade presente, que é esse Mistério.
A vida é algo que acontece, mas o homem tem um grande problema, porque a vida não tem respostas para suas perguntas: “Por que estou vivendo?”, “Por que estou respirando?”, “Por que o coração está batendo?”, “Por que as coisas estão acontecendo dessa forma?”. Algumas coisas parecem injustas e outras justas; algumas coisas parecem boas e outras más; algumas parecem certas e outras erradas. Por que alguns são bons e outros sãos maus? Por que algumas crianças nascem saudáveis e outras nascem doentes? Isso acontece com o ser humano e acontece no reino animal, mas o homem é o único que faz a pergunta e vai em busca de uma resposta. Como não a encontra, ele termina criando uma resposta bem lógica, como: “É a Lei de causa e efeito; ação e reação”. Isso é bastante lógico e, portanto, explica e equilibra tudo, mas a única resposta real para tudo isso é a presença da dualidade.
Não há o bem sem o mal; não há saúde sem doença; não há prazer sem dor. Então, percebemos que isso se aplica a tudo. Não há vida, existência, sem dualidade: o certo e o errado, o positivo e o negativo, o macho e a fêmea, o bem e o mal, o prazer e a dor, nascer e morrer... É fácil de ser observado! Sem a experiência da dor, você nunca saberia o que é realmente o prazer. Como experimenta a saúde, você sabe o que é a doença. Assim, como você experimenta a vida, sabe o que é um cadáver, o que é um corpo frio, sem respirar, morto. Isso é algo muito simples e não requer nenhuma filosofia, como a mente procura criar. A mente cria a “causa e efeito”, “a ação e reação”, Deus fazendo o bem e o Diabo fazendo o mal.
Não aceitar a dualidade da vida é estar em conflito, e isso é algo criado pela mente. A mente egoica cria o sentido de separação entre o bem e o mal, entre o positivo e o negativo, entre o prazer e a dor. Então, ela vive em uma luta, buscando uma coisa e tentando se livrar de outra. O sentido de separação é, basicamente, não acolher a vida como ela se apresenta, reconhecendo que tudo está acontecendo dentro da Divina Vontade.
Só há Deus fazendo tudo! Só há Deus acontecendo! Só existe Deus presente! Querer uma coisa e não outra é estar em conflito; é acreditar no sentido de um “eu” fazendo escolhas. Todo sofrimento humano está nesta ideia de ser uma pessoa, uma entidade separada, com o poder de escolher. Ela “decide”, “resolve” e “faz”, o que é uma ilusão.
Não existe ninguém fazendo, absolutamente, nada! Não existe alguém decidindo, absolutamente, nada! Isto é só um pensamento e você vem acreditando nele há muito tempo. A vida é só o que acontece.
Então, a pergunta “Por quê?” não tem resposta. “De onde eu vim?”, “O que estou fazendo aqui?”, “Para onde vou?” — isso não tem resposta. Você não veio, não está aqui e não irá a lugar nenhum, porque você não existe! Eu sei que isso destrói com a filosofia, com a religião e com a psicologia, também. Eu sinto muito, mas isso é pura fantasia. Uma fantasia criada pelo pensamento, que criou um pensador para pensar essas coisas. O que estou dizendo é que o próprio pensamento criou a ilusão de um pensador tentando desvendar o mistério da vida. É puro treinamento, puro condicionamento, um modelo de pensar que todos vocês têm desde criança, pois foram criados em uma cultura que tem alimentado isso.
Então, a questão toda se resume à ilusão de um “eu”, que não é necessário; a vida já está acontecendo sem ele! A imaginação não é necessária! A vida está acontecendo através desse mecanismo, desse organismo vivo; é essa Presença que está respirando aí, fazendo o coração bater, dando forma ao corpo, ao mundo e a todas essas aparições.
O fato é que a Vida se expressa nessa dualidade e não há nada de lógico, sensato e que tenha uma resposta. Não há nenhuma resposta!
Vocês devem agir como se tivessem toda escolha, toda liberdade e toda responsabilidade, mas devem deixar a ilusão de acreditar que o resultado disso tudo é consequência de sua escolha, de sua liberdade, de sua vontade e de sua determinação. O resultado sempre será da Consciência, o resultado que Deus quer. Deus é o resultado de tudo o que acontece! As consequências de sua escolha, de sua vontade, de sua determinação não estão sob o seu controle. Só a ilusão de sua determinação, de sua vontade é que está, como uma crença, no seu controle.
Chegará o momento que ficará claro para você que não tem “você”, nem nos resultados dessas escolhas, nem quando elas acontecem. O fato é que existem condicionamentos internos que irão determinar essas escolhas. Você pode tomar a clara decisão de que precisa fazer uma dieta rigorosa, porque tem obesidade mórbida e, mesmo assim, não conseguir fazer a dieta. Essa decisão intelectual não determinará absolutamente nada e, mesmo que consiga fazer, o resultado dessa dieta será algo que acontecerá pela Vontade Divina.
A questão toda é que todas as ações estão acontecendo em Deus. As coisas podem acontecer de três formas, sempre: você pode conseguir o que quer, não conseguir o que quer e as coisas podem acontecer de uma forma inesperada, para melhor ou para pior. Tudo isso é algo sempre determinado por Deus, por essa Consciência, por essa Vontade Divina. Só há esta Vontade e não há nenhum “eu” decidindo, escolhendo, resolvendo e fazendo acontecer.
O pensamento passa, o desejo surge, mas isso não determina absolutamente nada! Tudo acontece segundo essa Vontade Divina, e sua liberdade é não se identificar com os resultados, não perseguir o prazer, não fugir da dor, não escolher uma coisa em detrimento de outra; é abandonar a ilusão de um “eu” no controle, de um “eu” fazendo.
*Transcrito a partir de uma fala em um encontro online na noite de 23 de Maio de 2018 – Encontros online todas as segundas, quartas e sextas às 22h (exceto em períodos de retiros) – Para informações sobre o app Paltalk e instruções de como participar, clique aqui.

quarta-feira, 22 de agosto de 2018

O maior e mais extraordinário desafio da sua vida

Esta é mais uma oportunidade de nos voltarmos para a Realidade sempre presente. Satsang é a oportunidade de um encontro com a Graça. A palavra “Satsang” representa o encontro com Deus, um encontro com o "Sat" (Ser).
Todos têm um envolvimento com a ilusão, pois todos se consideram “alguém”, e estão pagando um alto preço em razão disso. A raiz do relacionamento entre pessoas é o desejo, o medo, a ansiedade, a procura de preenchimento no outro, a busca de ser reconhecido, de ser amado, de ser aceito, o que produz toda forma de exigência e miséria. Este tem sido o preço da relação baseada na ilusão – o que eu tenho chamado de “relacionamento”.
No relacionamento, não há Paz, não há Liberdade, não há Amor, não há Verdade. É uma relação em que sempre se pede algo, se busca alguma coisa, então, essa demanda é algo que está sempre produzindo conflito, sofrimento, algo bastante miserável. A pessoa sempre exige algo do outro, sendo que esse “outro” é apenas a sua própria autoinsuficiência, sua própria carência, sua própria infelicidade, sua automiséria na busca de algo, aparentemente, fora.
Não é possível a mente fazer qualquer reflexão sobre isso, porque ela não consegue ver a sua autolimitação. Desde quando você se levanta pela manhã, carrega o sentido de “pessoa”, essa exigência, essa demanda. É fundamental ver essa autolimitação, perceber toda insuficiência da mente, ver todo o movimento aflitivo, conflituoso, em que ela se encontra. Isso é profundamente necessário, pois sem isso não é possível dar o passo além dessa limitação, desse sofrimento, dessa personalidade.
Eu estou apenas retratando a você o movimento da “pessoa”, da personalidade. A mente não pode pensar além da limitação da personalidade. Ela é “bem-sucedida” nessa identificação com esse falso “eu”. Então, quando você vem a Satsang, você se depara com o maior e mais extraordinário desafio da sua vida, que é ir além da falsa vida, a vida da “pessoa”, a vida desse falso “eu”, e, assim, descobrir o que é viver em sua verdadeira Natureza Divina, em seu verdadeiro Eu.
Quando você vive em seu Ser, em sua Natureza Verdadeira, não há mais demanda, não há mais desejo ou medo. Assim, não existe mais o “pedir”, e sim o “dar”. O Amor é essa Liberdade de entrega, de doação. O Amor é rico! Ele não suplica, não pede, não busca, não deseja. Ele não tem mais qualquer sinal desse antigo movimento da mente egoica. Você, em seu Ser, é a própria Consciência, a própria Verdade… Você é Deus! Não há mais o “pedir”, porque existe essa Totalidade, essa Completude. Então, você está completamente sensível, aberto… Você está Livre!
Somente em Satsang é possível ver e perceber, claramente, todo esse jogo que o ego tem feito consigo mesmo, em uma suposta relação com outros — na verdade, é sempre ele com ele mesmo, em sua insuficiência, solidão e ignorância. Você precisa descobrir como ir além da personalidade, além desse falso “eu”, dissolvendo essa raiz. O que é mais estranho nisso tudo é falar da personalidade como se ela fosse algo real e, no entanto, não é.
Você deve chegar à absoluta e completa vivência da Verdade para descobrir que, na realidade, essa personalidade não existe. Esse “eu” é só um movimento de condicionamento, de crença, de padrão cultural, social, um falso movimento daquilo que nós chamamos de “mente egoica”. Essa personalidade que você toma como sendo real, que é essa “pessoa” que você acredita ser, é somente uma coleção de experiências, de memórias, de lembranças e de crenças. Quando você se depara com essa oportunidade de investigação e consegue ver essa ilusão, isso não o segura mais; esse “sono”, esse estado hipnótico, essa crença, desaparece.
Alguns chamam Isso de Autorrealização, de Despertar, de Iluminação… É o fim da ilusão, do senso de autoidentidade. Assim, a vida está presente, mas em sua Totalidade, nessa sensibilidade e abertura. Não tem mais esse “você”!
Esse Silêncio, essa Presença, essa Graça, essa Realidade, esse Estado Natural, na Índia, é chamado de "Sat-Chit-Ananda", que significa Ser-Consciência-Felicidade. Não há mais qualquer exigência, qualquer procura, qualquer demanda externa... Você está Livre, e nada, nem ninguém, pode puxá-lo de volta para a inconsciência, para a limitação.
*Transcrito a partir de uma fala em um encontro online na noite de 04 de Julho de 2018 – Encontros online todas as segundas, quartas e sextas às 22h (exceto em períodos de retiros) – Para informações sobre o app Paltalk e instruções de como participar, clique aqui.

domingo, 19 de agosto de 2018

A Presença da Graça na forma do Guru

Em Satsang, você está em um encontro com Você mesmo, com a Verdade. A presença de Deus, da Graça, é um movimento misterioso, desconhecido. Há uma diferença muito clara entre a palavra escrita e aquela que nasce dos lábios do Guru. No Ocidente, nós temos uma grande dificuldade de aceitar a importância e o valor da Presença, da Graça, na forma do Guru.
Não devemos nunca subestimar a Presença de Deus, que é esta Presença da Graça, quando Ela assume a forma de um Mestre. O Guru não precisa ter exatamente uma forma humana. Esse Guru, que é a Graça, Deus, pode assumir qualquer forma. Compreenda que o Guru é essa Presença dentro de você, no entanto, você não está atento a Ela; é a Presença de Deus, mas a Presença de Deus “dormindo”. Então, chega um momento em que uma prece acontece em seu coração para que essa Presença de Deus, verdadeiramente, acorde. É quando o Guru assume externamente uma forma humana, ou não humana, e acorda o Guru interno.
Deus está sempre presente, mas a presença Dele não significa, necessariamente, Ele “desperto”. Assim, você é Cristo, é Buda, mas Cristo “dormindo”, Buda “dormindo”. Então, Deus assume uma forma — humana ou não — e, em sua Graça, vem despertar o Guru interno; Deus vem despertar Deus, Cristo vem despertar Cristo, Buda vem despertar Buda! Esse é o Mistério, algo muito paradoxal, porque Deus não dorme! Ele nunca está inconsciente de Si Mesmo! Jamais tente colocar essas palavras dentro de um modelo de precisão, como algo que seja perfeitamente lógico, porque não é. A Verdade não é lógica; ela é somente a Verdade!
Assim, quando o Guru vem, é Deus vindo, em sua Graça, na forma do Guru. Quando o Guru fala a você sobre a Verdade, certamente você escuta essas palavras, mas elas desaparecem; não fica nenhuma referência dessa fala, apenas o próprio Guru permanece, e aí está o Mistério. O Guru está além da própria fala, por isso Ele permanece e a fala desaparece. O Guru é importante, não a sua fala, as suas palavras. Então, se está em dúvida, você se aproxima do Guru mais uma vez, um certo número de vezes, e cada vez que Ele fala, trata da mesma Verdade, usando palavras diferentes. Assim, você compreende e torna-se mais e mais profundamente evidente que ISSO não vem das palavras, mas sim da Presença do Guru, que é a Presença da Graça.
Eu preciso lhe dizer isso, porque você pode ler uma biblioteca inteira sobre isso, ler milhares e milhares de livros, discutir, falar e até escrever sobre esse tema, mas isso não serve para nada, porque não há Verdade nas palavras. A Verdade está na Presença da Graça! O Sábio é esse Ser Realizado, que é a Graça, que é o Guru. Está claro que existe alguma coisa a mais que acompanha as palavras do Guru, que existe algo maior que a fala de um professor, ou que as palavras de um livro, algo que penetra mais profundamente no coração do discípulo. Então, Isso realiza o Milagre, a Transformação, que podemos chamar de Real Experiência, porque essa é a Verdade que vem dos lábios do Sábio — Krishnamurti despertando Krishnamurti, Ramana despertando Ramana, Jesus despertando Jesus... É a mesma, simples e natural Verdade do Único Ser, da Única Consciência. Não é como quando você lê isso em um livro ou escuta de um professor, pois, por mais “espiritualizado” que ele seja e mais profundas sejam as suas experiências, ele ainda não é a Verdade. Ou seja, uma “pessoa” não pode lhe dar ISSO.
Existe uma fala de um Ser Realizado, uma Sábia, chamada Sri Anandamayi Ma, assim: “Uma vez que o Guru tenha aceitado um discípulo, Ele nunca o deixará até que o objetivo seja alcançado”.
Quando você escuta a palavra do Guru, a palavra da Graça, da Verdade, mesmo na primeira vez em que está diante Dele, seu ego temporariamente se afasta e você visualiza a Verdade ‒ esse é o Mistério, uma ação poderosa da Graça! Você jamais deve se esquecer de que não há diferença entre Você e o Guru. Assim, pela primeira vez, você poderá ter a Real Experiência.
*Transcrito a partir de uma fala em um encontro online na noite de 04 de Julho de 2018 – Encontros online todas as segundas, quartas e sextas às 22h (exceto em períodos de retiros) – Para informações sobre o app Paltalk e instruções de como participar, clique aqui.

quarta-feira, 15 de agosto de 2018

É necessária uma mudança interna

A busca de um significado para a vida e de um contentamento interno em meio a circunstâncias externas é um hábito geral. Isso mantém sua mente sempre em busca de alguma coisa e, assim, muito ocupada. Quando você permanece ocupado com exterioridades, quando a mente se mantém nessa procura de um significado, você perde a oportunidade de se voltar para dentro, para aquilo que é fundamental, essencial, e esse tem sido o comportamento humano há milhares e milhares de anos. Significado e contentamento não podem ser encontrados numa base falsa, ou seja, externamente, em circunstâncias do lado de fora.
De fato, essa busca externa trabalha como uma forte oposição a esse Descobrimento, pois, quanto mais ocupado você se encontra, mais distante você está de Si mesmo. Então, você não tem espaço interno, nem tempo, para o trabalho em direção a esse Descobrimento.
Você acredita que existe um tesouro do lado de fora, do qual você nunca teve nenhuma evidência, mas a mente tem muita imaginação sobre isso e, então, ela vai à procura desse contentamento, desse significado. É um hábito, um movimento do círculo vicioso do pensamento.
Quando você se aproxima de Satsang, eu tento lhe mostrar a importância de se aquietar. A quietude é onde a Meditação, que é a chave desse Descobrimento, se assenta. A mente está nesse processo de busca de significado e de contentamento há muitos milênios, então, quando você chega em Satsang, o corpo se aquieta, a mente silencia e você dorme, de tão viciado que você está em se ocupar psicologicamente.
A mente egoica não suporta ficar desocupada e esse é um grande obstáculo à Iluminação, à Realização da Verdade sobre Si mesmo. O primeiro obstáculo que o impede de permanecer nessa base de quietude e, assim, descobrir a beleza da Meditação, é o sono. Esse sono, naqueles que se envolvem com a meditação, é um ótimo mecanismo de fuga da mente egoica, para ela não ser destruída. Por isso, ela vive confortavelmente dentro do seu movimento de atividade, que é a busca de significado e de contentamento.
Quando você chega em Satsang, é convidado a abandonar essa procura e, então, um espaço se abre, uma quietude logo se aproxima. Nesse momento, a mente, para fugir, coloca você para dormir. A questão é que você nunca deu importância para a ausência da mente egoica. Toda a sua vida conhecida está dentro desse processo, que é o movimento desse falso “eu”, e você está viciado nisso: experimentar, sentir, ocupar-se, fazer, querer, buscar, pensar... O seu vício de ser “alguém” é muito forte, por isso você se conserva nessa ocupação.
A mera compreensão intelectual disso não é suficiente para quebrar esse processo. Alguns tentam fazer isso ouvindo falas, inclusive como essa, ou lendo livros que tratam dessa questão do Despertar, da Iluminação, da Realização de Deus. Porém, como a mente egoica é muito hábil, ela logo transforma tudo isso em algo dela, em um prazer dela, e se torna, também, viciada no conhecimento intelectual acerca desse assunto, em leituras e no prazer de ouvir falas sobre esse tema.
Chegará o tempo em que você ficará cansado disso e não mais se sentirá satisfeito em ler, ouvir e ter um entendimento intelectual sobre “si mesmo”. Essa é somente uma fase que deverá ser abandonada, porque isso ainda faz parte dessa busca de contentamento externo, que representa um preenchimento emocional e intelectual através do conhecimento.
Você pode se tornar um especialista, mas o sentido de um “eu”, de uma identidade separada conhecedora profunda do tema, do assunto, ainda estará presente. A ilusão estará presente, apesar de todo o conhecimento — o qual, inclusive, é parte dela. Quando a ilusão está presente, a ignorância também está. Portanto, esse conhecimento ainda é ignorância, a qual se manifesta na vida diária como uma ou outra forma de sofrimento. Enquanto seu Estado Natural não estiver assentado, não importará o quanto você sinta ou conheça este assunto. O sentimento e o intelecto não poderão trazer Real Significado nem Real Contentamento.
Chegará a hora em que você fará uma oração e a Graça ocupará o lugar do intelecto. Então, o Guru interno, que é Deus, vai orar a Deus. Assim, um outro momento chegará à sua vida, porque você já estará cansado da busca de significado, de contentamento, e da procura do conhecimento e do preenchimento sentimental em palavras e práticas diversas. Então, quando o discípulo estiver pronto, o Mestre aparecerá. Todas as falas que você tem acesso, todos os livros que você já leu e irá ler são apenas um convite para esse momento de entrega e rendição do desejo de encontrar um significado e um contentamento do lado de fora. Esse fenômeno vai acontecer a você!
Somente o Guru desperta o Guru, apenas a Graça traz o despertar da Graça. Eu falo a partir de minha própria experiência. Essa é a minha jornada. É necessária uma mudança interna, em toda essa estrutura física e psíquica, uma particular mudança no corpo, no cérebro, em seu coração. Somente a Graça pode lhe conceder isso! O Guru desperta o Guru, a Graça desperta a Graça, Deus acorda Deus!
Eu sei que você deve ter pensado, em algum momento, que poderia dar conta disso, que poderia resolver isso sozinho, o que é bem típico da arrogância, da vaidade e da “independência” do ego. Se esse pensamento ainda passa em sua cabeça, saiba que isso é somente uma “viagem egoica”.
*Transcrito a partir de uma fala em um encontro online na noite de 25 de Abril de 2018 – Encontros online todas as segundas, quartas e sextas às 22h (exceto em períodos de retiros) – Para informações sobre o app Paltalk e instruções de como participar, clique aqui.

segunda-feira, 13 de agosto de 2018

Um total envolvimento de coração

Realização é algo que não se faz, é algo que acontece. O “fazer” sempre pressupõe esforço pessoal. Isso é paradoxal, porque você precisa de uma grande determinação, mas não de esforço, de vontade pessoal. Se não houver essa determinação interna voltada para Isso, de uma forma muito real, muito intensa, essa Realização jamais acontecerá. Também, não acontece quando existe apenas a intenção e o esforço pessoal, porque esta é outra forma de afastamento. Muitos, assim, se voltam para uma busca de evolução espiritual e acabam se tornando muito devotados, através de um esforço pessoal. Mas, uma “pessoa evoluída”, em razão de todo seu esforço dentro da espiritualidade, ainda é uma “pessoa”.
Aqui, não se trata de esforço pessoal, mas de determinação, de rendição, de entrega, de devoção, de total envolvimento do coração nessa investigação da Verdade. Isso não é a mesma coisa que esforço pessoal. Na realidade, é uma rendição do esforço pessoal, uma rendição da “pessoa”, uma entrega. Por isso, acabei de colocar para você que Isso é sem esforço. Você é Isso, fundamentalmente! Permaneça quieto... somente isso.
Portanto, a desistência, a rendição, a entrega do falso “eu”, não é um esforço; é uma profunda e interna determinação de renúncia à ilusão. Parece, pelas palavras aqui utilizadas [esforço e determinação], que estamos tratando da mesma coisa, mas não; são completamente diferentes!
Outra coisa: Realização é para você, mas não é para todos. Jamais pense em termos coletivos! As pessoas têm perguntas tolas, como: “E se todos se Realizarem?” Não existem “outros”; este é o ponto. Só tem Você! Você está sozinho para Realizar Isso, aqui e agora. Isso se dá pela determinação, pela entrega... É necessário estar “queimando” pela Verdade, pois essa Realização não é algo no qual você encontra alguma coisa. Somente aquele que está em seu Estado Natural, o Sábio, tem autoridade para tratar sobre Isso, pode falar com propriedade deste Estado. Eu o desafio a investigar isso por si mesmo e ver a qualidade do que eu estou colocando aqui.
Você não pode encontrar a sua Real Natureza, a Verdade, ou alcançar a Iluminação. Tudo o que você pode encontrar é sempre encontrado através do esforço, e são sempre objetos, coisas do lado de fora. A Verdade, a Iluminação, não é um objeto, não é algo que está do lado de fora e, portanto, não é algo que possa ser encontrado.
Todo seu esforço, que é algo pessoal, está sempre voltado para fora. Mesmo as chamadas “experiências místicas”, “experiências espirituais”, acontecem apenas na periferia, na parte externa, na mente, a qual é, ainda, o lado de fora.
Você pode se tornar uma pessoa altamente espiritualizada, pode passar a vida inteira dedicada à espiritualidade, ao mundo esotérico, místico, espiritualista. Tudo que o seu esforço pode lhe dar é isso: mais experiências, mais sensações, mais contatos com esse chamado “mundo espiritual”, o qual ainda faz parte da mente. Então, se você tem contato com Mestres ascensionados, como: Kut Humi, Morya, Saint Germain, ou qualquer outra entidade divina do chamado “mundo espiritual”, isso ainda é resultado de um esforço e está dentro do mundo da mente.
Assim, você pode se tornar uma “pessoa altamente evoluída”, de alta consideração, devido ao seu esforço para alcançar essa “grande realização”, mas, continuará no mundo da dualidade, no mundo egoico. Claro que, depois disso, você se tornará um ego muito espiritual: saberá o que outros não sabem, sentirá o que outros não sentem, conseguirá ver e ouvir o que outros não conseguem, terá contato com seres espirituais e com os extraterrestres... Se você está aqui nessa sala e gosta muito disso, saiba que é apenas uma viagem ainda, uma viagem pessoal.
A Realidade está em, puramente, Ser. Portanto, abandone tudo isso e volte para esse mergulho em si mesmo, para essa rendição, para essa entrega, para essa desistência. Isso não requer esforço, requer determinação, amor à Verdade! Repito: você precisa estar “queimando” por Isso!
Nossa Real Natureza não é um objeto para ser encontrado ou percebido, pois qualquer objeto que possa ser percebido ou encontrado ainda faz parte do mundo dos sonhos, seja o Mestre Saint Germain ou o Mestre extraterrestre chamado “Y Espacial”.
O Amor é o florescer de sua Real Natureza. Quando você compreende que tudo o que está buscando são objetos e que sua Real Natureza não é algo para ser encontrado ou obtido, você joga fora isso. Todas essas buscas do lado de fora desaparecem. Sua Real Natureza é o que importa! Você não quer encontrar-se com nada, nem ninguém, do lado de fora. Você joga isso fora!
*Transcrito a partir de uma fala em um encontro online na noite de 25 de Junho de 2018 – Encontros online todas as segundas, quartas e sextas às 22h (exceto em períodos de retiros) – Para informações sobre o app Paltalk e instruções de como participar, clique aqui.

quarta-feira, 8 de agosto de 2018

Há uma Presença tornando tudo isso possível

Do ponto de vista do Sábio, não existe nenhum mundo externo, mas, enquanto você continuar acreditando que é uma entidade separada, verá um mundo do lado de fora. De fato, o mundo não é externo, não está do lado de fora. A percepção do mundo é algo que acontece espontaneamente, naturalmente, no Ser. Você é este Ser! Você é a Consciência! Você não é uma pessoa, uma entidade separada, um indivíduo, mas esqueceu-se disto. Na verdade, essa aparente e individual pessoa é só uma aparição no Ser, na Consciência.
O que estou dizendo é que, se o mundo aparece, existe Consciência nisso, há uma Presença tornando isso possível. Se o mundo não aparece, mesmo assim, você continua como Consciência. Então, esta Consciência é a Realidade das aparições; esta Presença é a Realidade do mundo, do corpo e da mente.
O mundo pode aparecer no sonho ou durante o estado de vigília, mas é o mesmo mundo que aparece para esta Consciência e nesta Consciência. Essas duas formas de mundo só podem aparecer porque há Consciência; é Nela que os mundos aparecem e desaparecem. É nesse mundo do estado de vigília que “você” viaja e vai encontrar-se com Ramana Maharshi em uma caverna, na cidade de Tiruvannamalai, como fez Paul Brunton e muitos outros. É claro que, do ponto de vista do Sábio, não existe separação entre o aluno e o professor, entre o Mestre e o discípulo, entre o mundo da Inglaterra — de onde saiu Paul Brunton — e da Índia.
Você vai à presença física do Guru para investigar, com ele, a questão da irrealidade do mundo, da aparência ilusória do mundo como algo separado do Ser. Então, não importa como o mundo esteja aparecendo, ele é uma realidade presente nesta Consciência.
Quando você está em sono profundo, não existem mais Brasil, Estados Unidos, Inglaterra, Índia, Colômbia, Singapura e Áustria. No sono profundo, só há Consciência, mas, enquanto isso não for uma realidade, um fato, para você, continuará sendo só um conceito, uma crença, que precisa ser superada. É necessário ir além disso!
Eu quero recomendar algo para vocês, de uma forma muito séria: a única coisa que você tem para fazer, nesta vida, é Realizar Deus, Realizar ISSO! Você precisa colocar todas as suas fichas NISSO! Não viaje mais para nenhum lugar, não vá nem até a próxima esquina! Venha a Satsang! Você não precisa ir a nenhum outro lugar, fisicamente.
Se eu disser que a única viagem que você tem para fazer é para dentro de si mesmo e que esta é a real viagem para o Satsang, você vai achar isso muito bonito, bastante confortável; você não sairá de sua zona de conforto psicológico acreditando que esta viagem é possível. Então, em razão desta crença, você tornará esta viagem impossível, por não implicar nenhum desconforto para você. Mas, ainda assim, continuará vivendo na ilusão de que está fazendo esta única viagem, que é a viagem para dentro de si mesmo. Portanto, não vou dizer para fazer esta viagem, porque você não pode. Até hoje, você não pôde, e se agora está aqui, nesta sala, é sinal de que não consegue resolver isso sozinho.
A viagem que você tem que fazer não é para levar o seu menino ao colégio, não é para ir à esquina comprar pão na padaria, não é para visitar outra cidade fazendo um passeio turístico, não é saindo de sua cidade e indo visitar outra cidade, onde moram os seus parentes, dentro do seu país. A viagem que você precisa fazer — e, para que ela aconteça, você precisa sair de sua zona de conforto, juntar seus recursos e investir em si mesmo, na sua Realização, na sua Real Felicidade — é a viagem para Satsang presencial.
Eu tenho mais uma coisa para dizer a respeito disso: você tem que se entregar, de todo o coração, à Graça Divina, para Ela lhe indicar o Satsang verdadeiro. Em nossos dias, há muitos “Satsangs” acontecendo ao redor do planeta. Talvez, dentro do seu país (e até mesmo em sua cidade), tenha três, quatro ou dez “gurus” disponíveis. Hoje em dia, qualquer um que tenha lido um pouco sobre isso ou vivenciado alguma experiência espiritual, um insight, se autoproclama “guru” e começa a dar “Satsang” também.
Então, você ainda tem esse desafio pela frente: sair de sua zona de conforto e se lançar aos pés da Graça, deixando essa teoria de “guru interno” (que é só mais uma crença), deixando a crença de que não precisa morrer, não precisa se render, não precisa entregar a ilusão.
Percebo que hoje está sendo um dia difícil para alguns de vocês, mas eu não estou preocupado. Existem coisas que eu só posso lhes dizer face a face, porque, por aqui [encontro online pelo aplicativo Paltalk], nosso namoro está frio.
*Transcrito a partir de uma fala em um encontro online na noite de 09 de Julho de 2018 – Encontros online todas as segundas, quartas e sextas às 22h (exceto em períodos de retiros) – Para informações sobre o app Paltalk e instruções de como participar, clique aqui.

segunda-feira, 6 de agosto de 2018

A Real Meditação acontece quando a Atenção floresce

Não observar a mecânica da mente é inconsciência. Estar capturado por um torpor, por um êxtase, por uma bliss, ainda é um impedimento. Autorrealização é o Estado Natural de Atenção plena, sem qualquer esforço e impedimento às atividades, como falar, comer, andar... No ego, você experimenta um silêncio, uma paz e um êxtase temporários, e pode confundir isso com a Realização; isso tem acontecido frequentemente. Você pode confundir esses estados com Realização e acreditar que atingiu o objetivo.
Se, em meditação, você não se perturba com nada e, fora da meditação, alguma coisa ainda o perturba, essa não é a Real Meditação. O relaxamento do corpo e o aquietamento da mente não representam Real Meditação. Desse modo, a mente se aquieta por um tempo, mas depois se inquieta novamente. Se alguma coisa o inquieta e você diz: “Eu não estou meditando”, isso é sinal de que aquilo que você pratica não é a Real Meditação. Isso é muito comum hoje em dia. Essa questão da prática da meditação está sendo muito divulgada, porque ela relaxa os músculos, dá um “refresco” ao sistema nervoso, regula a pressão sanguínea e traz um bem-estar físico muito grande. É isso que se conhece como meditação.
Eu uso a palavra “meditação” de uma forma diferente. Emprego a palavra Meditação como o Estado Natural de desidentificação com o sentido do “eu”, e isso pode acontecer somente de forma natural. A Meditação, como coloco e uso essa palavra, é sem esforço, prática, postura física e sem guiança. Se você pode ser conduzido ao estado de meditação, atingirá o estado que aquele que o está conduzindo tem como objetivo, porém, um estado que se alcança como resultado de uma condução não pode ser natural, então vai embora.
Isso é como ser guiado pela luz do sol. Enquanto a luz estiver brilhando, você verá o caminho, mas, se houver um eclipse e a luz do sol não aparecer mais, você terá que parar, porque não haverá mais luz. Meditação é o Despertar desta Luz interna. Nenhum movimento externo, como uma luz de fora, pode lhe dar Meditação. A prática é uma coisa assim — a luz externa pode ser a música, a respiração, alguém com uma voz suave conduzindo você... A Real Meditação é o seu Estado Natural, uma Luz independente de qualquer situação externa, prática, exercício ou guiança. Ela é o florescer da Atenção sem esforço, que nasce naturalmente quando o movimento do falso “eu” é observado e desaparece.
Portanto, a Meditação é aqui e agora; não importa se você está comendo, caminhando, deitado, relaxado ou dormindo. Nada impede ou facilita o seu Estado Natural. Se você acredita que atingiu o Estado Natural depois de dez, quinze minutos ou meia hora de prática de meditação, só porque está relaxado e em paz, sem nenhum conflito, está enganado.
O seu Estado Natural está presente quando a sua esposa está reclamando de algo; quando o seu filho está chorando, pedindo alguma coisa e, insistentemente, gritando; quando o time de futebol que você gosta está perdendo de goleada; quando você acaba de receber uma multa de trânsito em sua casa; ou quando o trânsito está engarrafado e você tem compromisso e horário para chegar. Ali está o seu Estado Natural! Se você fica internamente perturbado em momentos similares a esses, mesmo depois de já ter meditado tanto, então é sinal que você não precisa da prática. Se quando está praticando você fica diferente de quando se depara com situações adversas, o que você chama de “prática de meditação” é somente uma prática mesmo, mas não tem nada a ver com a Real Meditação.
Meditação é você em seu Estado Natural, quando o sentido do experimentador não está presente sendo pessoal. É assim quando a criança chora, grita, chamando você; quando você está assistindo a um jogo de futebol em que há um time ganhando e outro perdendo; quando, no trânsito, todos os carros estão parados e você não pode sair, como um helicóptero, sobrevoando todos os outros carros à sua frente; quando a esposa dá um grito; e assim por diante. Quando você não está presente como um experimentador na experiência, não importa o que esteja acontecendo, o que o corpo esteja fazendo ou não, o que esteja acontecendo do lado de fora ou do lado de dentro desse mecanismo “corpo-mente”, não há nenhuma mudança, porque não existe o sentido de ganhar e perder, de autoimportância, o desejo e o medo. Quando Aquilo que é atemporal e inominável está presente, isso é Meditação.
Meditação é Autorrealização, a Realização de Deus. Estados que vêm e vão, silêncio, paz, alegria e êxtase, que vêm e vão, são somente experiências. Portanto, é essencial que você descubra a Meditação no seu dia a dia, quando você fala com a esposa ou com a criança, enquanto assiste a um filme na TV, no cinema, ou a um jogo de futebol. Ou seja, no seu dia a dia, você precisa observar o quanto é pessoal, que espécies de exigências existem aí dentro quando coisas acontecem ou não acontecem, e como esse “mim”, esse “eu”, deseja. É necessário observar esse movimento do “eu”, “pegá-lo” no momento em que ele surge.
É preciso ter essa tremenda eficácia em encontrar esse “eu”, quando ele quiser ficar triste, quando sua intenção for demonstrar raiva, quando ele sentir vontade de deprimir-se, quando estiver eufórico ou saído de um polo de alegria para um de tristeza em menos de trinta segundos. Você precisa observar o quanto o “eu” é volúvel, “bipolar”, e vive na dualidade. Observar! “Pegá-lo” exatamente naquele instante, não deixar que escape! Apenas observar e soltar ‒ abrir mão desse “eu”, desistir dele. Isso é Meditação!
Não há nenhum esforço Nisso, absolutamente! Por você ter passado toda a sua vida “dormindo”, uma grande energia presente precisa ser aplicada, é preciso devoção à Verdade, então, pode parecer o maior esforço do mundo! O ego sempre se movimentou aí dentro de uma forma automática, inconsciente. Então, deixar a energia disponível para essa Atenção parece ser o maior esforço do mundo para um ego viciado, para um falso “eu” presente, reagindo, sentindo, sofrendo, experimentando.
Mesmo assim, eu continuo dizendo: nenhum esforço! Apenas Consciência, Atenção... nenhuma escolha, decisão e crença. Não importa o time que esteja perdendo de goleada, não tem “alguém” aí. Isso é Meditação. Isso começa na observação do pensamento, das crenças que ele traz, dizendo que você tem um time de futebol, que é desse ou daquele movimento ideológico, que é alguém a favor ou contra. Então, o pensamento passa a ser observado momento a momento, a todo o instante. Repare que isso não tem nada a ver com um momento específico para uma prática específica.
A sensação que você vai ter, a princípio, é de que isso é um esforço descomunal, mas é a única Real Prática, que não é uma prática, porque não é algo mecânico, não dá para se habituar a isso. Consciência é presença do fim de automatismo, enquanto que toda prática leva você ao automatismo. Depois que o automatismo se instala nessa “prática de meditação”, aí você tem facilidade de acessar aquele “estado”. Lembre-se de que isso não é o Estado Natural, mas, agora, você tem a prática, o automatismo, então, tem essa facilidade. Assim, você acabou de ficar hipnotizado pelo automatismo, pela inconsciência, e vai viver nessa prática por 1.200 anos e o seu ego não será deslocado, porque você se manterá inconsciente.
A Real Meditação acontece quando a Atenção floresce, e Ela não é resultado de uma prática mecânica. A Atenção é resultado de um florescer natural do seu Ser, que nunca está assentado, caminhando, acordado ou dormindo. Por isso que Meditação é natural, como o Despertar, a Iluminação. Agora vocês compreendem porque todos os Sábios dizem que você já é Isso, e que, portanto, não requer nenhum esforço e nenhuma prática. Porém, repare no que eu estou dizendo: o real esforço é para se descobrir que nenhum esforço é necessário; ou seja, esse é o esforço correto. De outra forma, você permanecerá nesse estado hipnótico por 1.200 anos, tornar-se-á um expert, um grande especialista da prática da meditação.
Aqui está a Meditação, não importa a posição em que estejam o seu corpo e a sua psique. Se não há identificação com o movimento interno da mente, nem com o corpo, e você é plena Consciência, não falamos mais nada sobre Isso, não precisamos mais lhe falar sobre Meditação ‒ Você é Meditação! Você é Consciência, Paz, Liberdade, Felicidade! Você é o Cristo, o Buda! Permaneça aí em seu Estado Natural, comendo, dormindo, falando, trabalhando, fazendo negócios. Permaneça livre do experimentador, que tem suas exigências, crenças e seus estados. Permaneça aí em todos os seus momentos, durante o dia e à noite, acordado ou dormindo, porque eles são momentos da Consciência, não são os “seus momentos”. Isso é Meditação.
Então, lembre-se disso: “você” não está aí, e, se é assim, não há desejo e nem medo, não há conflito e nenhum problema. Permaneça aí! Trabalhe nessa direção, não espere que a Iluminação aconteça um dia. Saia daqui e não crie mais problemas para si mesmo acreditando em pensamentos, sensações e experiências, a seu favor ou contra você. Não tem esse “você”; tem a Vida e o seu misterioso movimento. Isso é Meditação, é o Estado Natural. Não fique esperando pela Iluminação pelos próximos 20, 30, 40, 50 anos. Assuma já uma atitude de Iluminado; não a crença de ser “iluminado”, porque são coisas diferentes. Você pode acreditar que está iluminado, pode até divulgar o seu nome como o “iluminado mais recente” da história humana, porque, assim como as empresas automobilísticas lançam um carro novo anualmente, tem também o “iluminado” mais novo no Brasil, ou das Américas, ou da Europa. Não entre nisso!
Uma coisa é o Estado Natural de Iluminação, outra coisa é acreditar que está iluminado e querer contar para todo mundo, chamando de satsang essa “historinha de faz de conta”. Então, assuma que você não é a pessoa que acredita ser, trabalhe essa desidentificação, aqui e agora. Se realmente esse Estado Natural está despertando aí, você fica natural, de preferência se silencia… Você vai ficando silencioso. A tagarelice é um sinal claro de que você não está vendo absolutamente nada, ainda, e, quanto mais cego, mais tagarela você é.
Você muda essa atitude interna, agora e aqui, e não pelos próximos 40 ou 50 anos! Você deixa o “sono”, para de confiar em pensamentos e sentimentos, de se prender a isso e se autoafirmar como “pessoa” o tempo todo. Então, você faz isso aqui e agora! Esse é o esforço correto, a Meditação correta, a atitude correta. É assim que você descobre O que Você É!
*Transcrito a partir de uma fala em um encontro presencial na cidade de João Pessoa, em Maio de 2018. Acesse a nossa agenda e se programa para estar conosco: http://mestregualberto.com/agenda/agenda-satsang.

quarta-feira, 1 de agosto de 2018

Felicidade é a Consciência da Verdade de sua Natureza Real

Você não nasceu para casar, ter filhos, ter bens. Você não nasceu para “ser alguém”. Você nasceu para a Felicidade, e Ela não depende de nada. Felicidade é a Consciência da Verdade de sua Natureza Real.
O mundo é infeliz, miserável. As pessoas vivem nesse estado de carência, acreditando que têm que casar e depois elas querem casar os outros; acreditam que precisam de filhos, e, quando têm um, dizem para elas: “Um só? Se morrer, fica sem nenhum. Tenha mais um”. Então, elas têm que ter dois filhos.
Assim, você vive nesse impulso externo, que depois passa a ser interno ‒ essa exigência de ser o que todos desejam que você seja. Contudo, depois que você consegue “ser” o que eles desejam que você seja, você olha para si mesmo e diz: “Ainda tem esse vazio, a coisa não está resolvida”. Por quê? Porque não se resolve assim; não está do lado de fora, está aí dentro. Eu sei qual é a sua necessidade, que era a que eu tinha, na ilusão desse “eu”, antes de encontrar meu Guru.
Como “pessoas”, nós temos ilusórias necessidades que não podem, jamais, nos preencher. Entretanto, passamos uma vida inteira atrás disso, somente porque a sociedade, a cultura, o mundo à nossa volta quer que a gente viva assim. Não temos outro modelo, outra referência, e, como todos vivem assim, então, isso deve ser normal. Eu chamei isso de “a verdade comum”. Isso não tem nenhuma importância real para Aquilo que Você É. Ou seja, não há realidade na mente, no que o pensamento projeta, idealiza e vai buscar.
Deixe a Verdade, a Suprema Realidade, Deus, ser o seu filho, seu marido ou esposa, sua casa, seu refúgio, seu Amor, sua Felicidade. Tudo, absolutamente tudo, é determinado por Ele! Não tente impor sua vontade sobre a Vontade Dele, porque isso é arrogância, prepotência, infelicidade. Há somente uma Vontade operando: a Vontade de Deus! Todos os fios de cabelo, da sua cabeça estão contados; todas as respirações que você já teve até hoje, desde que saiu da barriguinha da mamãe, Ele já contou. Ele não só tem todas as respirações contadas, como tem as respirações que ainda virão.
O que eu estou dizendo é que Ele sabe o número de todas as batidas do seu coração que já aconteceram e as que irão acontecer. Deus já determinou o dia em que esse coração vai parar, que essa respiração vai parar, porque só tem Ele ‒ essa é a Lei Suprema.
Então, pare de criar fantasias, de confiar em pensamentos, crenças. Tudo são somente imaginações de uma mente inquieta, em desordem, confusão e sofrimento, numa procura vã de se preencher com realizações, as quais ela mesma imagina e vai buscar. Assim, desista da mente, do ego, desse falso “eu” com suas imaginações, com “seu saber”. Felicidade é possível quando “você” não está. Quando esse “você” está, o problema continua, porque o “eu”, o ego, a ilusão e a mentira continuam.
Na nossa cultura — na verdade, não é mais a minha— você é um pecador, um sofredor, alguém afastado de Deus. Isso não é verdade! Na minha Cultura, no meu Mundo, Você é Deus, é a Felicidade, a Consciência, a Liberdade, a Inteligência Suprema! No meu Mundo, você não tem nada, porque Você é Tudo, então, de nada precisa. Por que ter alguma coisa?
A minha Cultura é desconhecida e não se pode aprender sobre Ela. Não é uma cultura cultivável, porque Ela está sempre nova, brotando neste momento. É como uma bolha de sabão que explode. Quando o sol reflete e a ilumina, você começa a ficar encantado com o espelhamento das formas na sua superfície, com o arco-íris, e, então, ela explode! Assim é minha Cultura! Não dá para você capturar Isso, pegar uma “bolha de sabão”, colocar numa caixinha e guardar, porque ela vai durar somente alguns segundos e explodirá. Pouco tempo de duração para Algo que não tem nenhuma duração no tempo, porque está além do tempo. Assim são essas falas, que representam toda essa Expressão.
Eu quero que você descubra ISSO, a beleza desse Desconhecido, dessa Cultura Desconhecida, inominável, de uma singularidade, beleza e Graça únicas. Essa é a Realização de Deus, de sua Natureza Divina! Esse é o Despertar da Sabedoria, da Verdade sobre si mesmo.
*Transcrito a partir de uma fala em um encontro presencial na cidade de Fortaleza, em Maio de 2018. Acesse a nossa agenda e se programa para estar conosco: http://mestregualberto.com/agenda/agenda-satsang.

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