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sexta-feira, 8 de junho de 2018

Um grande equívoco

O ser humano vive em uma constante procura de prazer, confundindo o preenchimento que o prazer dá com a real Felicidade. Você está em Satsang para investigar isso, não só verbalmente, mas existencialmente.
A questão toda é que o prazer nunca anda sozinho. Ele é como se fosse um produto que você quer comprar, mas para isso tem que desembolsar uma quantia de dinheiro muito alta − o preço do prazer é a dor. Assim, você nunca vai conseguir desassociar prazer de dor, pois, para ter um, terá que ter o outro também. Então, confundir Felicidade com a realização de prazer, que é o que o ser humano faz, é estar em um grande equívoco. Totalmente diferente disso, o Sábio considera Felicidade o Contentamento, que é algo diferente de prazer.
No ego, não há contentamento nunca! Quando as coisas vão mal, existe uma dor ali, e, quando vão bem, mesmo em meio ao prazer, a dor está lá também, à espreita, esperando uma próxima oportunidade para aparecer. Então, você tem sempre essa questão da dualidade, e é basicamente assim que a mente egoica funciona. Eu quero mostrar para você a beleza e importância do Estado Natural, que é Contentamento.
Veja a diferença: o Estado Natural é livre de preocupação, de realização de desejos, do peso da dualidade, dessa questão de prazer e dor, que é algo que sempre estará presente na manifestação. O corpo humano está, biologicamente, preparado para prazer e dor, mas como no Estado Natural você está, internamente, psicologicamente, livre do sentido egoico, também está livre da dualidade. Isso significa que você está livre da necessidade de buscar prazer ou fugir da dor, e essa é a beleza do Estado Natural.
Na dualidade em que você vive, há sempre essa busca de uma coisa, na tentativa de escapar de outra. Ou seja, no ego você vive querendo estabelecer o que gosta contra o que não gosta; o que você quer contra o que não quer. Assim, não existe nunca Contentamento e, portanto, não há Felicidade. O assunto aqui é a questão básica e natural da Felicidade.
É interessante quando você observa a natureza: os seres vivos não têm nenhum problema com essa questão de lidar com a dor, pois prazer e dor são inerentes à manifestação. Vemos isso na natureza, entre os animais, e hoje alguns estudos mostram que nas plantas também.
Entretanto, quando você olha para o ser humano, vê essa confusão de identificação com a mente e, dessa forma, ele está sempre traduzindo a experiência de prazer e dor do ponto de vista pessoal e particular desse falso “eu”. Assim, não existe Felicidade, não existe Contentamento. Para um homem Sábio, a aceitação da Vida como Ela se mostra, como Ela é, é Contentamento. Então, há Felicidade, porque não há busca de prazer através da fuga da dor.
O ser humano carrega um senso pessoal muito forte de realização, o que é pura vaidade, sofrimento e frustração. Vocês já se pegaram reclamando da falta de algum preenchimento de prazer na vida de vocês, dizendo: “Como sou infeliz! Dá tudo errado na minha vida!”? Somente por ter lhe faltado um prazer, que foi negado, você ficou frustrado e irritado, com muita raiva, e isso significa estar preso a essa visão equivocada da vida.
Eu tenho uma coisa para lhe dizer: você sempre vai sentir, fisicamente, prazer e dor. Contudo, você não está condenado a viver para sempre nessa dualidade da frustração, do desejo, do medo. Basta acordar! Quando você está fora dessa sensação interna de dualidade, de procura de preenchimento no prazer, lutando contra a dor, você está livre. Assim, é possível reconhecer sua Real Natureza, que é Contentamento, Felicidade; e Isso é Paz, Liberdade!
Do nascimento até a morte, você sempre terá situações de prazer e dor, e isso será determinado sempre por coisas externas. Fisicamente, você sempre vai experimentar isso, mas, internamente, pode viver livre desse senso pessoal nas experiências de prazer e dor.
O Sábio vive sua vida, do ponto de vista externo, como qualquer outro. Contudo, do ponto de vista interno, o homem Sábio está em Contentamento, em Felicidade, em Liberdade, porque ele sabe que é Deus que determina tudo o que acontece. Como não se confunde mais com o corpo, o Sábio não tem mais nenhum problema, pois não está a favor do prazer e contra a dor. Isso significa que todos os seus problemas só aparecem porque você se vê como uma “pessoa”, como uma identidade separada, “alguém” que pode controlar uma coisa livrando-se de outra.
Se o seu objetivo real é a Felicidade, esqueça a busca da felicidade e realize seu Estado Natural de não dualidade. Pare de se confundir com experiências externas, deixe-as por conta de Deus. Vou ser prático agora com você: se alguém não gosta de você, isso não é um assunto seu. Você está se envolvendo com situações completamente equivocadas! O que é assunto seu é estar livre desse “alguém” que você acredita ser, não é se importar se alguém gosta ou não de você. Eu estou lhe dando um exemplo do quanto você se importa com o que se passa do lado de fora, ignorando a Realidade do que Você É aí dentro.
Esse seu sentido do “eu” vive se importando com o que parece estar acontecendo do lado de fora. Dessa forma, você sempre será infeliz, pois você sempre tentará se proteger, se defender, se justificar, melhorar essa autoimagem. A busca de prazer é, em si mesma, dor, importância egoica. Deixe as coisas lá fora, no lugar delas. Não busque prazer nem fuja da dor, e, quando surgir um ou outro, não se confunda com a experiência, porque ela vem e vai.
*Transcrito a partir de uma fala em um encontro online na noite de 25 de Maio de 2018 – Encontros online todas as segundas, quartas e sextas às 22h (exceto em períodos de retiros) – Para informações sobre o app Paltalk e instruções de como participar, clique aqui.

2 comentários:

  1. Essa história de dor e prazer de dor e prazer é tão confusa para a mente. Ela é tão alienada que já não faz sentido. O que estou sentindo? A obsessão é tanta que, que já não dá para saber quando a dor é prazer, e quando o prazer é dor. Como isso é de extrema importância isso fica ali conduzindo a vida, como se nada mais importasse. Queremos nos livrar da dor, mas como fazer isso se já não sabemos o que é um, e o que é outro?
    Talvez seja o caso de, num pacote só, lançar fora os dois.
    Quem sou eu? O que é natural? Correr atrás, como um cão faminto?
    A dor está ali, o prazer está ali, o observador está ali.
    O observador desaparece quando dor e prazer assumem o comando.
    Ficamos inquietos, porque essa história vem se repetindo à muito tempo. Não queremos mais isso, mas isso nos quer.

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  2. Outro dia estava eu meditando sobre como libertar, como acabar com o sofrimento do mundo. Até descobrir que o mundo surge, aparece, através do pensar sobre ele. Quando não tem pensamentos, o mundo desaparece, tudo desaparece,o sofrimento desaparece.
    A dificuldade é que o pensamento insiste. E aí só resta observar.
    Tem "alguém" tentando sobreviver. Eu estou aqui, não pense que vai ser tão fácil.
    Deus, bem que poderia facilitar esse processo.
    Mas parece que tem que ser do jeito dele , no tempo dele.
    Então que seja feita a sua vontade. E eu? Continuo aqui, esperando, ser engolido. Não sei se rio ou se choro.
    Nem uma coisa, nem outra. Melhor ficar nisso.
    Seja feita a sua vontade!

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