quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Permaneça sem conteúdo interno

Eu considero este um dos maiores encontros de sua vida! Esse encontro é chamado de Satsang, o encontro com a Verdade, o encontro com a Graça. Este momento é, de fato, precioso! É uma oportunidade para você trabalhar o fim da identificação com a ilusão do sentido do “eu”. Na mente, você tem vivido dentro dessa situação, o que é algo muito pesado. Você está dentro desse encontro trabalhando o fim da ilusão desse personagem.
Você tem vivido nessa grande confusão — eu tenho visto isso nas pessoas à minha volta. Tudo que a mente sabe é apenas confusão; esta é a natureza da mente. Como ela é complicada! Você fala uma coisa, sente outra e pensa outra. Pura contradição! A contradição está sempre presente na vida da mente. Enquanto você permanecer se confundindo com a mente, tudo que você conhecerá será confusão; não há como escapar disso. O ego é pura confusão!
Eu quero convidar você a descobrir essa ilusão. Quando você investiga isso, você dá um salto para fora dessa “coisa”, vai além dessa confusão, desse sofrimento, dessa bagunça toda. A Paz é algo presente fora da mente; não há Paz na mente! Você pode se confundir com o corpo, com a mente e o mundo, ou pode permanecer livre dessa identificação com eles. É um grande jogo divino! Todo esse desespero, toda essa confusão e todo esse sofrimento são apenas um sonho. Não existe nada sério, mas a mente está mantendo isso como algo real para você. Ela diz que você tem que mudar o que você não pode mudar, aí você se aflige!
As coisas estão acontecendo porque assim Deus quer, mas você tem a ilusão de que você está no controle. Na verdade, você nunca duvida disso! Não duvida porque, algumas vezes, parece que realmente foi você quem fez determinada coisa, quem a controlou, mas isso não é verdade.
Seu Natural Estado é Meditação, quando não há nenhuma identificação com a mente. Quando não há essa identificação, não há nenhuma obsessão, nenhuma fixação, então a Meditação está presente como algo muito natural. Portanto, você não precisa de nenhuma prática, de nenhum exercício, porque isso não é natural.
A Meditação nasce dessa atenção desidentificada do movimento da mente. A mente se movimenta buscando dar história, dar verdade ao que acontece, procurando estabelecer verdade no que está aparecendo, mas a Verdade está anterior a esse aparecimento, a esse acontecimento. A Verdade é Aquilo onde esse acontecimento aparece.
Estou dizendo que, quando você está diante do que acontece, não existe pensamento. Mas, logo o pensamento aparece e, um segundo depois, ele já começa a explicar o que está acontecendo. Aí a confusão acontece e você desliza para fora do Estado Natural. Isso é muito rápido!
Aqui, agora, por exemplo, não há nenhum pensamento, mas o pensamento chega julgando essa fala, tentando capturá-la para usá-la depois. Quando a mente faz isso, ela destrói a fala, destrói a compreensão. A mente fica assim: “Eu quero isso! Não, eu não quero isso! Eu gosto disso! Não, eu não gosto disso!”. O tempo todo ela está fazendo isso com vocês!
Aqui, eu estou convidando-o a descobrir a beleza da Meditação. Assim, você vai além da mente, além das escolhas da mente, além das suas crenças, dos seus julgamentos, das suas avaliações e desejos. Então, você está em paz!
Isso é algo natural, mas você quer ser “alguém”, então começa a julgar, a comparar, a se afligir com as situações. Aí fica complicado! Você precisa se manter livre dessa ideia de que você está aqui, nessa experiência. Quando você escuta um som, por exemplo, e naquele momento não há interpretação sobre isso, ou seja, você não dá espaço para a mente falar sobre o que acontece (como: “Eu gosto!” ou “Eu não gosto disso! Isso está me perturbando!” ou “Isso não está me perturbando!”), então você está desidentificado da mente, está livre dela, e, portanto, livre do “eu”!
Repare que estou falando hoje especificamente desse trabalho de Meditação. Isso você faz neste momento; não precisa de um lugar ou uma hora especial para se desidentificar da mente, para sair dessa história do pensamento.
Permaneça sem conteúdo interno. Se você está sem conteúdo interno, está sem essa prisão. Mas, quando você quer ser “alguém”, pronto… Você complica tudo! “Alguém” é aquele que gosta ou não de alguma coisa. Ser Natural é não ser “alguém”! Isso é simples e esse é o trabalho, mas as pessoas não querem isso! Elas querem uma hora específica para meditar. Fora daquela hora específica da meditação, elas estão completamente “voando” na mente, no “tapete mágico” da mente, na confusão delas.
A Meditação não está separada deste momento presente, e essa Meditação é Consciência, é ser Natural. Então, o seu Natural Estado é Meditação! Não se trata de parar de pensar, mas de não dar importância ao pensamento. Percebam a diferença! O pensamento é só um fenômeno, como a respiração, acontecendo.
Hoje estou convidando você a descobrir a ilusão disso. Todo sofrimento, miséria, confusão e desordem interna estão baseados nessa crença, nessa confiança que se dá ao pensamento. Se você para de dar confiança ao pensamento, ele para de perturbá-lo.
Quando você perturba o pensamento, o pensamento o perturba. Mas, se você aprender a se desconectar do movimento dele, ele vai desistindo de você. Ele vai procurar outra cabeça para “aperrear” – como se diz aqui no Nordeste. O trabalho dele é “aperrear” mesmo! Você está tão viciado em viver “aperreado”, que o pensamento descobriu que você está aberto a ele. Essa não é uma linguagem muito precisa, mas você compreende o que eu quero dizer.
Você está alimentando, sustentando, essa mentira, essa ilusão, com base nessas crenças. Você está viciado em sofrer, em brigar, em arrumar confusão, em ser pessoal, em se sentir uma pessoa.
*Transcrito a partir de uma fala em um encontro online na noite de 17 de Janeiro de 2018 – Encontros online todas as segundas, quartas e sextas às 22h (exceto em períodos de retiros) – Para informações sobre o app Paltalk e instruções de como participar, clique aqui.

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