quinta-feira, 26 de outubro de 2017

A real meditação

Esses encontros tratam de algo essencial, fundamental. Estamos falando do reconhecimento do nosso próprio Ser. Tratamos do reconhecimento desse Ser impessoal, que é Consciência, dessa Verdade ilimitada que somos, Daquilo que está sempre presente. Alguns chamam esse reconhecimento de Despertar ou Iluminação, o que, na verdade, é o fato mais simples, claro e óbvio da vida. No entanto, o lado paradoxal é que isso tem sido negligenciado, porque toda educação que você recebe, desde a infância, é para negligenciar Aquilo que você é. Você está tão ocupado com uma história, que está esquecendo, negligenciando, onde ela está, de fato, se desenrolando, surgindo, aparecendo, acontecendo, pois todo condicionamento que recebemos é para nos ocuparmos com a "história".
Portanto, nosso interesse em Satsang está nesse reconhecimento do nosso próprio Ser, dessa Realidade impessoal, ilimitada e sempre presente, chamada de Despertar ou Iluminação, fato simples e óbvio, Algo realmente íntimo de cada um de nós. No entanto, presos à imaginação, à "história", negligenciamos ISSO, que está presente como uma Realidade não imaginada, onde essa "história" se desenrola, aparece; onde o pensamento, a imaginação e a história aparecem.
Você pode passar a vida toda estudando esse assunto teoricamente, verbalmente, ouvindo falas como essa que nós temos feito em Satsang, ou lendo livros que tratam desse mesmo assunto. No entanto, isso ainda ainda fará parte da história imaginária de um “eu” presente, de uma “entidade” presente, enquanto, de fato, isso é pura imaginação, pois não existe entidade nenhuma, nenhum “eu” presente. Você precisa ir mais longe, além disso, o que significa parar com essa imaginação. Em outras palavras, precisa explorar essa Presença, essa Consciência, esse Espaço onde se desenrola tudo isso, onde tudo isso acontece, Aquilo que, na verdade, intimamente, é você mesmo. Você agora está consciente… Então, essa Consciência não é estranha a você. Você sabe dessa Consciência, sabe que você é Ela.
Assim, se você explorar essa Consciência, a qual, de fato, já é conhecida intimamente, descobrirá que não há nenhuma limitação Nela, pois Ela não é localizada, pessoal e não está no tempo. O pensamento e o corpo, com suas sensações, imaginações, sentimentos, emoções, os quais podem ser recordados, explicados traduzidos em palavras, fazem parte do tempo, mas Aquilo que presencia tudo isso acontecendo não está limitado, não é pessoal e não é parte do tempo, da imaginação, do pensamento.
A natureza da Realidade é a natureza dessa Consciência, que é Liberdade, Verdade, algo fora, além da limitação — este é o assunto em Satsang. Somente Aquilo que está ciente e presente, agora, como Consciência, não pode estar limitado, localizado. Somente essa Consciência pode saber Dela própria e, portanto, somente Ela se conhece ilimitada, sem localização, independente, presente e ciente. O pensamento, a sensação, a emoção e a imaginação não podem fazer isso, mas somente podem aparecer em razão dessa Consciência. Foi por isso que eu disse que é algo simples e óbvio, e uma experiência íntima de cada um.
Dessa forma, a relação entre a Consciência e essas aparições é que todas elas aparecem Nela. Você, como Consciência, está presente e ciente dessas aparições. Não são essas aparições que estão cientes, presentes e conscientes de você. Você está consciente do corpo, da mente, das emoções, dos objetos e das sensações, como o tato, o olfato, o paladar e assim por diante. Não é isso que está consciente de você, é você que está consciente disso. Percebem?
Portanto, o Despertar, ou a Iluminação, ou a Realização de Deus, é o reconhecimento dessa Consciência não espacial, não temporal, não limitada, além do corpo, da mente e do mundo. Essa ciência, essa Presença reconhecida, é Meditação. Não é a prática da meditação. Eu estou falando da Real Meditação, na qual não há “alguém” em uma determinada prática (isso ainda é o movimento do pensamento, nessa ilusão de “alguém” presente na experiência da meditação). A Meditação Real, que é o reconhecimento dessa Presença ciente, não limitada, não espacial, não temporal, é a Natureza do Ser, da Liberdade, da Iluminação.
Para você, é muito estranho ouvir isso?
Participante: Mestre, mesmo a ideia de mundo deve desaparecer nessa experiência?
Mestre Gualberto: A natureza dessa experiência mente-corpo-mundo é Consciência. Então, mente-corpo-mundo é o modo de apresentação dessa Consciência e não está separado Dela; é uma aparição Nela. Essa separação entre Consciência, mente, corpo e mundo é só o que o pensamento produz, é uma imaginação, pois não existe nenhuma separação. Essas aparições aparecem e desaparecem nessa Consciência, que é a sua Natureza Verdadeira, Real. Estar desidentificado da ilusão da experiência do corpo, da mente e do mundo, dessas aparições, como um experimentador nelas, é o sentido real dessa Liberação. Não há “alguém” nessa experiência, só há a Consciência, como corpo, mente e mundo. O que desaparece é a ilusão dessa identidade, desse experimentador, de “alguém” presente nisso, e, se isso desaparece, desaparecem o sofrimento, o conflito e o medo. Toda sua experiência de sofrimento está nessa ilusão de ser “alguém” dentro da experiência, tentando agir de forma acertada ou tentando mudar, alterar ou transformar o que se apresenta em outra coisa. Ou seja, encontra-se presente aí a ilusão de que existe “alguém” que pode fazer isso. Aqui, trata-se de reconhecer que não há “alguém” presente, o que eu chamei agora há pouco de reconhecer essa Presença, ter ciência dessa Consciência, que é não espacial, não limitada, não temporal.
Participante: Então, todos os objetos perceptíveis são criações dessa Consciência?
Mestre Gualberto: Não. Todos os objetos são essa Consciência. A Consciência não cria nada. Ela manifesta a Si mesma, como aparições que, neste momento, estão aqui, e, no momento seguinte, desaparecem. Tudo é Ela, Nela mesma. Não há nenhuma separação nessa Consciência. Portanto, não tem um ponto, uma linha, uma demarcação, uma fronteira, onde termina a Consciência e os objetos começam. Tudo é essa Consciência, sem separação, sem divisão; tudo aparece e desaparece Nela. Ela é essa Natureza Real do seu Ser. Você é Consciência. Você não é uma “pessoa” com decisões, opções de escolha, desejos e medos. Você não é uma “pessoa” na procura da paz, da liberdade, da felicidade e na procura de Deus. Essa “pessoa” é a ilusão de um experimentador na vida, que compreende corpo, mente, mundo, pensamentos, sensações, emoções, sentimentos e assim por diante…
Isso, basicamente, é o fim do sentido de separação, de dualidade; o fim do conflito e do medo. Se olharmos, de forma simples e direta, toda e qualquer experiência acontecendo neste momento, nós vamos perceber que não há nenhuma distância entre essa percepção e essa experiência. A distância é criada somente por uma crença, uma ideia, um conceito, de um “eu” separado do “não eu”, que é a experiência; o “eu” experimentando a experiência, que é o “não eu”. Mas essa separação, divisão, é criada apenas pela imaginação, pelo hábito de pensar dessa forma. Esse hábito de pensar dessa forma produz o “sentir” dessa forma, o que é uma ilusão, porque não existe fronteira, não existe divisão entre “eu” e a experiência. É como a ilusão “eu dentro do corpo”, “eu e o corpo” (o corpo como a experiência e “eu” nesse sentir, experimentar, o corpo). Isso é somente uma crença, pois só tem o corpo, não tem o “eu”; não existe nenhum “eu” dentro do corpo. Assim, esse “eu” que tem um nome é uma ilusão… Esse nome é só memória, é só pensamento, o qual não tem um dono; é só um acontecimento na máquina, no mecanismo. Esse movimento da memória, na ilusão da imaginação, é um “eu” pensando, enquanto, na verdade, só tem o próprio movimento, o próprio pensamento, e não o pensador com o seu pensamento ou o “eu” com o seu corpo.
Se você está disposto a ver isso de uma forma direta e real, como uma Realização, não como uma teoria, uma crença, um conceito, venha ao Satsang presencial.
Transcrito a partir de uma fala em um encontro online, na noite do dia 15 de fevereiro de 2017 – Para informações sobre os encontros online e instruções de como participar, clique aqui.

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Permaneça em sua Real Natureza

Este é um momento de Consciência, de Presença, de Silêncio, de contato com a Realidade. Onde quer que algo esteja presente, está presente nesta Consciência. Este momento é algo assim. Quando algo desaparece, essa Consciência ainda se mantém; quando algo está presente, aí está essa Consciência. Quando algo está acontecendo ou aparecendo, é essa Consciência, mas quando isso desaparece, também é a mesma Consciência. Não há mudança! É algo que permanece imutável, sempre presente.
Os objetos, os sentimentos, as sensações e os pensamentos aparecem, mas não estão separados da Consciência, e, quando desaparecem, a Consciência se mantém. Estamos tratando, em Satsang, desta Consciência, desta única Realidade que mantém todas as coisas. A Realidade dos objetos, das aparições, é a Realidade da Consciência, e Isso é algo inegável.
Essa Consciência é Meditação, é Presença, é a imutável Realidade, além da mente e do corpo. Portanto, quando tratamos do fim da ilusão, estamos tratando exatamente desta Consciência. Agora mesmo, você está presente, e essa é a única certeza! Não é você como o corpo, nem como a mente; é Você como Consciência. A Consciência está ciente das aparições, como, por exemplo, dos pensamentos, das sensações, das emoções, dos pés, das mãos, do corpo… O que nós, geralmente, concebemos como objetos são, de fato, somente nomes e formas que mudam, os quais são sobrepostos, pela mente e pelos sentidos, a essa sempre presente Consciência.
Portanto, quando falamos desta Realidade, estamos tratando de Deus, sinalizando essa Verdade presente aqui e agora, além do corpo, da mente, das sensações, das experiências, dos sentimentos, dos objetos e de todas as aparições. A base, a substância, de toda experiência é uma só: Consciência! É como a tela do cinema, da TV ou de um quadro, nas quais apenas as imagens mudam. A tela de um quadro é sempre a mesma. Você pode jogar tinta nela, pintar uma imagem e depois limpá-la para colocar outra tinta e produzir outra imagem, pintar um novo quadro, mas ainda será a mesma tela! Você é a tela! Você é a Consciência!
Quando se identifica com uma imagem, você se torna aquela imagem. Você está sendo convidado a permanecer em sua Natureza Real. Portanto, seja bem-vindo ao seu Estado Natural, que é Meditação, que é Presença, que é Consciência. Desidentifique-se das imagens, e faça isso neste momento! Não transfira isso, como se fosse uma responsabilidade do Guru, de Deus. Você já é Isso! Conhecer a si mesmo em qualquer aparição é Amor. Isso é possível! Você está aqui apenas para isso: conhecer a si mesmo; conhecer a sua Natureza Real, Essencial.
Contudo, eu fico observando o quanto você se perde nas aparições. Quando um sentimento, um pensamento e uma sensação física aparecem, você embarca neles, como se você fosse o corpo, a mente, essa sensação ou esse sentimento. Quando faz isso, lá está você de volta ao velho jogo, à velha mente egoica. Então, você volta para Satsang, tem um encontro com o Guru e ele faz você se lembrar desse Silêncio de novo, para, em seguida, você esquecê-Lo mais uma vez. Mas, assim que você se volta de novo para a Consciência, dá um leve e pequeno passo para fora desse mundo mental de conflito, de medo, de sofrimento, de problemas e dificuldades. Então, você está de volta ao lar! Entretanto, quando a mente surge, você fica inquieto novamente, pois seus apelos são muitos sedutores e você está viciado em pensar, em sentir, em ser “alguém"; está viciado no mundo (o mundo são essas criações que o pensamento produz aí para esse "você" que você acredita ser).
Satsang o convida a ir além dessa limitação "eu sou o corpo", o que faz desaparecer a ideia "eu estou no mundo". Quando a ideia "eu sou o corpo" não está, a ideia "eu estou no mundo" também não está e, quando não se está no mundo, não há mais problemas de nenhuma ordem. O que permanece é a sua Realidade, que é Amor, Paz, Felicidade, o Estado livre do "eu" e dos conflitos criados por essa ilusão. O "eu" é uma ilusão, uma convincente fraude.
Isso não pode ser intelectual. Não guardem e repitam essas palavras, porque isso não vai funcionar! Você precisa vivenciar Isso! É como entrar numa autoescola: você faz uma base teórica e depois vai para dentro do carro, ao lado do seu instrutor. Ele não é tão bobo para entrar no carro e deixar tudo exatamente sob o seu controle; então, ele, também, tem um pedal de freio só para ele. Ele tem um pedal de freio para ele porque você é muito agitado. Você vai achar que já sabe fazer tudo sozinho, vai se atrapalhar um bocado e colocar em risco o carro da autoescola. Ele sabe disso, então ele vai com muita calma, com muito cuidado, do seu lado.
Participante: Mestre! É necessário tomar consciência em vários momentos do dia?
Mestre Gualberto: É necessário Acordar, o que significa assumir a Consciência. Até agora, a sua vida tem sido se manter identificado com os pensamentos, com as sensações, com as emoções, enquanto que a sua Natureza Real é Consciência, Na qual tudo isso apenas surge e desaparece. Recomendo vir ao Satsang presencial para investigar isso melhor.
Transcrito a partir de uma fala em um encontro online, na noite do dia 28 de Novembro de 2016 – Para informações sobre os encontros online e instruções de como participar, clique aqui.

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Realizar Deus é Ser Deus

É bom estarmos juntos em mais um momento como este. Foi importante você ter descoberto o valor dessa aproximação, que temos aqui nesse encontro, porque estou lhe comunicando algo que você já carrega dentro de si mesmo. Eu não preciso lhe dar informações sobre isso, até porque não é possível dá-las.
Se um dia você encontrar alguém declarando, afirmando, que pode lhe dizer a verdade, afaste-se dele, ou dela, porque isso não é possível. Não é possível “alguém” lhe comunicar a verdade. Não é possível, nem é necessário, e, no entanto, estamos aqui diante de algo bastante paradoxal. É preciso ser informado sobre Isso, mas ninguém pode nos dar informações sobre Isso. A beleza desse encontro, a importância dele, é que eu posso lhe informar sobre Isso, mas é impossível para mim, ou para qualquer um que esteja em seu Estado Natural, dar “informações” sobre o significado da Verdade.
Então, é algo realmente importante estarmos dentro desse espaço. A Verdade não é comunicada, não através de informações, ela não pode ser comunicada. A real comunicação da Verdade é pelo despertar de sua Presença, dentro de você. Assim, quando você tem um encontro como esse, que estamos tendo aqui hoje, está em um momento muito importante. Esse é um momento para o despertar da Verdade e não para o conhecimento da Verdade.
Quando você está diante de algo, como uma escultura, uma pintura ou uma bela paisagem, não é a forma que está lhe comunicando algo, mas aquilo que está oculto por trás dessa forma, dessa escultura, pintura ou paisagem; é aquilo que está por trás disso que lhe comunica este estado interno, que você experimenta como o silêncio, a beleza, a paz, isto termina sendo comunicado e a representação física da pintura, da escultura, da paisagem, é apenas um formato externo, aparente, sensorial dessa coisa. Quando você se depara com um mestre vivo, não é a forma, mas é o que está por detrás da forma, que comunica algo... Assim, não é a fala, mas o silêncio por trás da fala.
Na Índia, eles têm uma expressão muito bela – Darshan –, que significa “o encontro com a forma de Deus”. Quando você se depara com uma foto de um mestre vivo, ou de um mestre que já não está mais em seu corpo físico, ou depara-se com uma escultura dele, uma imagem esculpida em pedra, ou você se depara diretamente com a forma física de um mestre – a presença de Deus naquela forma humana –, olhar para aquela forma, seja uma fotografia ou uma escultura, uma imagem ou ele em sua forma física, esse é o contato com a visão de Deus na forma. Darshan é “ter a visão de Deus”.
Assim como um quadro, uma escultura ou uma paisagem lhe trazem ou despertam algo dentro de você, que é comunicado aí dentro... Não é o quadro, a paisagem ou a escultura em si, mas aquilo que essa “coisa” comunica internamente; isso que desperta algo em você... Desperta essa beleza, essa paz, esse silêncio.
Darshan é algo que podemos comparar a isso... Essa Presença divina é comunicada diante desse olhar, desse contato – isso é o Darshan... É uma fala de comunicação interna. No instante do Darshan, o que comunica não é a fala, é o que há por trás dessa fala; não é o olhar, é o que está por trás desse olhar; não é essa presença física, mas o que está por trás dela. Assim, acontece uma comunicação não verbal, não intelectual, algo não teórico.
Isso é algo como se todos vocês estivessem, agora, com um piano aí e eu com outro aqui. Então, eu toco uma nota nesse instrumento musical e, como estamos dentro da mesma sala, quando toco essa nota, todos os pianos presentes, por uma questão de ressonância, essa mesma nota irá receber a mesma vibração. Assim, se eu toco a nota “lá”, por uma questão de ressonância, em todos os pianos essa mesma nota irá ressoar. Isso é chamado de ressonância. Observem que o piano de vocês não fez exatamente nada, ele apenas respondeu a essa ressonância. O contato com a Realidade, com a Verdade, é algo assim. É num contato desse nível onde a Verdade se revela, pois Ela já está presente. Essa é a forma de comunhão, ou comunicação, ou despertar.
Então, esse Silêncio, Amor, essa Consciência, Presença, Verdade, desperta em você dessa forma: por pura ressonância. Esse é um momento importante por isso. Satsang é um momento do despertar dessa ressonância, desse Amor, desse Silêncio, dessa compreensão, dessa Verdade, dessa Consciência. Isso é transmitido por uma espécie de ressonância.
Satsang é isso, não um ensinamento. Você não precisa ser ensinado. Você está aqui apenas para ser despertado; para descobrir que há uma nota, a “nota lá”, nesse “instrumento musical” que você trouxe para essa sala. Na verdade, é assim que o ensino é comunicado; esse é o ensino real. Então, a forma do guru, ou do discípulo, é somente a embalagem, pois o conteúdo é único. A embalagem pode parecer diferente, mas é o mesmo conteúdo; esse conteúdo é o Silêncio, a Verdade, a Felicidade.
Está claro isso? O conteúdo é apenas um, mas as embalagens são muitas. Então, há muitas formas de gurus e de discípulos, mas a diferença está somente nas embalagens, pois o conteúdo sempre é o mesmo. Há somente uma única Verdade, uma única Realidade, um único Deus, uma única Consciência, Presença, Felicidade, Liberdade.
Você pode acompanhar isso?
Agora, se você não traz o seu “piano”, não toma ciência de que essa nota “lá” está presente nele. Acontece que você quer a realização da Verdade, quer a Felicidade, o Amor, a Sabedoria, mas não traz o “piano” para dentro da sala. Se você está querendo realizar a Verdade, tem que estar disposto a realiza-la, e tem que trazer o seu “piano”. Compreendem o que eu quero dizer, com “trazer o piano”?
Como você vai realizar Aquilo que você é, afastando-se disso o tempo todo? Se está ocupado apenas com as coisas do corpo, da mente e do mundo, como você irá além disso? Se a sua vida é criar filhos, cuidar de marido, mulher, família, é alcançar algo para essa “pessoa”, que você acredita ser, como você pode saber quem de fato você é? Como você pode ir além dessa historinha criada pelo desejo?
Realizar Deus é ser Deus. Portanto, é necessário ser O que você nasceu para ser. Essa é a sua única e real necessidade. Quando Isso é realizado, tudo o mais à sua volta assume o lugar, que tem que assumir; e você não se preocupa com mais nada. O que estou lhe dizendo aqui não é uma teoria, é a verdade para esse mecanismo chamado Marcos Gualberto.
Você é Deus! Como Deus se preocupa com alguma coisa? Como Deus pode se afligir com problemas familiares? Ou se preocupar com problemas de saúde, de dinheiro ou com qualquer outra necessidade? Então, a única coisa que importa é realizar o que você nasceu para realizar. Assim, literalmente, Deus vai suprir todas as necessidades desse mecanismo, desse organismo, desse corpo. Tudo o que Deus precisa, Deus tem, porque Deus é tudo. Portanto, a única coisa que você precisa é desaparecer e deixar Deus fazer muito bem o trabalho que Ele pode fazer, sabe fazer e tem o poder de fazer.
Tudo isso acontece nesse Darshan. Deus é ser Deus... Esse é o fim do sentido de um “eu” presente se sentindo separado, distante, e precisando de alguma coisa.
Vamos ficar por aqui. Até o próximo encontro. Namastê!
Transcrito a partir de uma fala em um encontro online, na noite do dia 13 de Setembro de 2017 – Para informações sobre os encontros online e instruções de como participar, clique aqui.

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Um Devoto da Verdade

Olá pessoal! Boa noite! Sejam bem-vindos a mais esse encontro aqui pelo Paltalk. Maravilha estarmos juntos em mais esse encontro.
Sempre que estamos aqui, a sua disposição interna precisa ser aquela da inteligente curiosidade, porque é necessário que você descubra aquilo que Você é. Não temos que perder muito tempo com a tentativa de provar a você que a vida sem essa Realização não tem qualquer significado. Parece-me que é aqui que começa todo o trabalho de forma séria, no formato objetivo, aplicado e dedicado. Talvez seja esse o significado real da palavra “devoto”.
O devoto da Verdade é o discípulo da Verdade; é quando você começa a se perguntar: “Afinal, qual é o significado de tudo isso?”. Então, o devoto real é aquele que é o discípulo verdadeiro, o discípulo da Verdade. Algumas pessoas vêm a esses encontros e me passam a impressão de que, ao me ouvir, eu tenho que convencê-las de que a vida delas não tem qualquer significado. Ou seja, elas ainda não perceberam que, de fato, não há nenhum significado na vida delas.
Eu não estou aqui para convencê-lo de que você é infeliz, até porque a mente tem um movimento de autodefesa bastante forte. Então, se eu tenho que convencê-lo de que você não é feliz, significa que você ainda não conseguiu ver, por si mesmo, que a sua vida não tem nenhum sentido. Significa que você não está pronto para ser um devoto da Verdade.
Um discípulo da Verdade é aquele que não precisa ser convencido de que precisa descobrir um sentido, em meio a esse “não significado” da vida. Então, o trabalho começa! Então, a única coisa que importa para você é descobrir, em meio a essa vida sem significado, algum sentido para tudo isso. Parece-me que esse é o sentido real da palavra “discípulo”. Então, repassando isso: o discípulo é o devoto da Verdade, é aquele que não precisa ser convencido de que precisa ter um encontro com Deus, com a Verdade dele próprio. A Inteligência Real aparece a partir desse ponto.
Nessas falas, eu faço uma distinção muito clara entre “inteligência” e Inteligência. A Inteligência Real é aquela que nasce do trabalho do despertar, da autorrealização. Não importa o quanto você seja inteligente em qualquer área, em qualquer modelo da vida, essa não é a Inteligência Real. A sua habilidade em lidar com qualquer área, modelo ou nível da existência em particular, não representa Real Inteligência. Então, essa Inteligência Verdadeira é a Inteligência do Sábio, Daquele que descobre, em meio a essa vida sem significado, a razão de sua própria existência.
O começo da Inteligência ou o Despertar da Inteligência está no autoconhecimento. A palavra “autoconhecimento” também tem sido muito mal compreendida, porque não se trata de conhecer as particularidades da personalidade, as particularidades do “eu”. Há diversos cursos que favorecem esse tipo de “autoconhecimento” - o que nada mais é que uma aproximação psicológica a respeito desse “eu”.
Aqui, quando uso a expressão “autoconhecimento”, estou falando de algo completamente diferente disso. Autoconhecimento é a compreensão de que não existe nenhum “eu” a ser compreendido. Portanto, não se trata de uma aproximação psicológica através da introspecção, da autoanálise ou de qualquer outra técnica. A autorrealização, que é o começo da Inteligência, é fruto dessa Inteligência e começa na investigação desse falso “eu”. O discípulo é o devoto da Verdade, e o devoto é o discípulo verdadeiro. É aqui que começa a Inteligência e isso floresce em autorrealização.
A investigação da Verdade sobre si mesmo é o princípio da Sabedoria, esse Algo que está presente no fim desse falso “eu”. Quando a ilusão desse “eu” termina (e isso é para o discípulo, que é o real devoto), o Sábio – que é o próprio Guru, o próprio Mestre – se manifesta. Reparem que não há separação entre o discípulo e o Mestre – ambos são um só. Aquele que devota a sua vida à Verdade, é um verdadeiro devoto – esse é o real discípulo e o verdadeiro Sábio.
Então, quando você vem a Satsang, não é para ser convencido de que a sua vida não tem qualquer significado sem essa Realização. Você encontra-se em Satsang porque tudo isso já está claro para você. O que quero dizer é que eu não sou o Guru que vai convencê-lo a se tornar discípulo da Verdade ou devoto verdadeiro. Quando você chega aqui, isso tem que estar dentro de você. Agora fica clara a expressão: “Quando o discípulo está pronto, o Mestre aparece!”.
Eu tenho percebido que alguns de vocês, aqui nessa sala ou mesmo nesses encontros, não têm um interesse real nisso. É só um interesse intelectual, é só mais um encontro interessante, onde alguém tem uma fala bastante interessante de se ouvir. Você precisa estar disposto a ir além da ilusão desse falso “eu” e esse é o sinal do verdadeiro discípulo ou devoto.
Como já foi colocado, o discípulo real é o verdadeiro devoto; é aquele que olha a sua vida e percebe que, realmente, nada faz sentido sem a Verdade. Para o verdadeiro devoto, todos os atos, ações, pensamentos, empreendimentos, objetivos não têm qualquer sentido sem essa Realização. A única coisa que importa para o discípulo-devoto é a Realização da Verdade. Tudo vai para segundo plano e, na razão em que esse trabalho aprofunda dentro dele ou dela, isso vai para terceiro plano, quarto plano. Nada tem qualquer sentido, porque não há nenhum sentido na vida sem a Realização disso que Você é, da Verdade sobre si mesmo.
Só mais uma coisa aqui para você: A única coisa que importa é essa entrega, essa determinação; é quando a Verdade pode se expressar como o Real Significado. Não se trata do real significado da vida, porque a própria Vida é o seu próprio significado.
Pronto, turma! Vamos ficar por aqui! Valeu por encontro!
Namastê!
Transcrito a partir de uma fala em um encontro online, na noite do dia 08 de setembro de 2017 – Para informações sobre os encontros online e instruções de como participar, clique aqui.

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