sexta-feira, 28 de abril de 2017

Isto está sempre presente, é imutável

Todos os objetos, nesse sonho chamado "vida humana", "vida consciente" (aqui, "consciente" é pensamento sobre, o que na realidade é uma sobreposição; é somente isso. O pensamento é uma sobreposição, um pensamento "sobre" essas aparições), tudo isso é uma tremenda ilusão e é necessário soltar isso, se livrar disso. Isso se chama Acordar! Portanto, todos esses objetos presentes são feitos somente de Consciência, na Consciência. Não existem objetos como objetos. Objetos são Consciência!
Não estou dizendo que objetos não existem; estou dizendo que eles existem, mas como uma aparição, que é Consciência. Não é a ilusão do sentido de "não estar aparecendo", somente a ilusão no sentido de que "tem uma existência separada". Não há nenhuma existência separada! Toda existência pressupõe uma Consciência presente, porque toda existência pressupõe a manifestação dessa Única expressão, que aparece desta ou daquela forma, desta ou daquela maneira. Não existe nenhum objeto com autonomia e direito, com independência de Realidade. Todo objeto, toda e qualquer aparição, tem esse surgimento dependente da Consciência; surge na Consciência, como Consciência. Nada é real em si mesmo; tudo é real Naquilo que torna tudo real. Portanto, Você é real, mas Naquilo que o torna real. Você é real, mas Nisso que é a sua Realidade.
Como um personagem, como um conceito, como uma figura com um nome, uma forma e uma história você é uma fraude. Você não existe! Se não existe, não tem liberdade, não tem autonomia, não tem Consciência; é um absoluto nada! É um nada que cria a ilusão de sua própria realidade e essa ilusão de sua própria realidade, que esse nada cria, são problemas, sofrimento, maya. Aquilo que é concebido como objeto, sem exceção, tem um nome e uma forma; essa forma está mudando e esse nome está sendo esquecido, pois quando a forma muda o nome é esquecido. Tudo que perde a forma, ou muda de forma, perde o nome e ele é esquecido. Essa mudança de forma nós chamamos de morte ou desaparecimento; o esquecimento desse nome nós chamamos de fim da memória. Mas, todo objeto, toda aparição tem a mesma Natureza, Realidade, Verdade e Substância - Isto está sempre presente, é imutável.
Toda experiência, em sua Natureza Real, Natureza Verdadeira, é sempre a mesma... Ela é sempre esta presente Consciência, como as imagens que assistimos nos filmes. A substância, a natureza, a qualidade, a base das aparições, é a tela e isso não muda. Essa é a natureza única de toda e qualquer experiência acontecendo ali. No entanto, as imagens estão mudando de forma, perdendo nome e surgindo outros nomes e outras formas. Tudo está mudando! Essas imagens parecem nascer, crescer, evoluir, adoecer, envelhecer e morrer. Elas parecem ter movimentos "do ponto A ao ponto B", parecem ser claras, escuras, sobem e descem, mas a natureza da Realidade, a Natureza presente dessa única experiência, onde tudo está acontecendo, não muda. Ela se mantém inalterada! Assim é essa Tela.
Claro isso, gente?
Vocês estão dando muita importância à história, ao movimento, ao aparecimento e desaparecimento. Em alguns momentos, estão orgulhosos dos filhos, dos maridos, dos netos; no momento seguinte, estão decepcionados, frustrados, com raiva, querendo se livrar deles. Então, vocês ficam nessa coisa, na "historinha de alguém" dentro de um contexto, ocupados com o filme, com essa aparição. Quando fazem isso, vocês se separam como um experimentador, experimentando a frustração ou o orgulho, a alegria ou a tristeza, o prazer ou a dor, a satisfação ou a insatisfação, sentindo-se bem sucedidos ou mal sucedidos dentro dos eventos, dos acontecimentos, em tudo que acontece ou parece acontecer à sua volta. Quando fazem isso, vocês abandonam, porque assim não podem assumir, a Verdade de que não tem nada acontecendo Naquilo que vocês são. É só um joguinho do ego-consciência, da consciência egoica; um joguinho da mente egoica, desse sentido ilusório de "alguém", que está conservando a ideia de "ser alguém", mantendo essas imagens - desatenção total!
Você está se confundindo com pensamentos, sentimentos, impressões externas e internas de imagens, de imaginações "do que deve" e "não deve" ser, do que poderia ou não poderia ser, do que deveria ter sido e assim por diante. É necessário Meditação, que é Consciência, que é esse assumir sua Realidade de não se importar, não se identificar e não se confundir com pensamentos e crenças, com crenças-sentimentos, com sentimentos-pensamentos, com pensamentos-sentimentos.
Vamos ficar por aqui! Valeu pelo encontro! Namastê!
*Transcrito de uma fala ocorrida em 21 de Novembro de 2016, num encontro aberto online.
Para informações sobre os encontros e instruções de como participar, clique aqui.

quarta-feira, 26 de abril de 2017

Tudo que está acontecendo é essa Consciência acontecendo

Sejam bem-vindos a mais esse encontro aqui pelo Paltalk!
Este encontro é um encontro com a investigação da Realidade, que implica o fim da ilusão. A ilusão consiste no sentido de separação, de separatividade, na ideia de um “eu” presente na experiência, que é a experiência da própria Consciência. Toda experiência presente não é uma experiência pessoal, mas sim uma experiência na Consciência e da Consciência. Consciência, aqui, é Aquilo que não pode ser descrito, que está além de toda conceituação, de toda verbalização, de todas as palavras. Portanto, estamos falando Daquilo que é a própria base, que sustenta toda a manifestação.
Por exemplo, agora, você pode ouvir essa fala, podendo estar diante da tela do computador ou de uma imagem visual, mas eu lhe garanto que essa experiência não é uma experiência “pessoal”. A ilusão consiste apenas em acreditar que essa seja uma experiência “pessoal”, porém, não há nada disso. Neste exato momento, não há nada “pessoal” acontecendo, pois tudo que está acontecendo é essa Consciência acontecendo, é Ela presente. Assim, ouvir essa voz, essa fala ou estar diante de uma imagem visual ou de qualquer experiência sensorial é a experiência na Consciência. Não estou dizendo que é uma experiência da Consciência, mas que é uma experiência na Consciência, porque a Consciência não está separada dessa experiência. A ilusão está exatamente nesse sentido de separação, como se houvesse uma consciência da experiência, com “alguém” ouvindo e “alguém” falando. Isso, na verdade, é só um pensamento que, também, é só uma experiência nessa Consciência.
Por exemplo, você conhece a experiência dos pés, dos dedos ou a experiência do braço esquerdo, do braço direito e você diz: “Isso sempre está comigo... Esses pés andam comigo e eu ando sobre estes pés... Eu me movimento e movimento essas mãos, esses braços. Isso sempre está comigo!”. Quando você diz isso, a ideia é de que existe o corpo presente e “alguém” presente dentro do corpo, nessa experiência; na experiência dos pés, dos braços, das mãos. É como se houvesse uma separação entre aquele que está dentro do corpo e o próprio corpo, mas o que você precisa perceber é que quem está dizendo isso é só o pensamento; é esse sentido que nós chamamos de “mente”. Mas, na verdade, toda essa experiência é um jogo na Consciência e não tem “alguém” nisso; não tem “alguém” dentro do corpo, que tenha os pés, as mãos e os braços. Só tem essa Consciência! Essa Consciência tem os pés, as mãos, os braços, o piso, o assoalho onde este corpo está assentado, e tudo é Ela. Não há separação!
Não há nenhuma separação! Essa separação é criada pela imaginação, pelo pensamento. Então, não existe ninguém experimentando isso... Não existe! Vamos ver se a gente consegue compartilhar isso com você, de uma forma bem direta – isso chama-se Satsang. Há muitas falas por aí, mas essa aqui chama-se Satsang.
Participante: Basta acreditar que é assim?
Mestre Gualberto: Não! Não basta acreditar que é assim! É assumir que é assim. Acreditar é só um ato, também, volitivo, de boa vontade. Você tem a boa vontade e passa a acreditar; o outro tem má vontade e não quer acreditar. Isso é só um ato volitivo, um ato de desejo e de boa vontade. É necessário assumir Isso e você assume Isso abandonando a ilusão de que “você está aí nesta experiência”. Se você desaparece da experiência, ela continua e é uma experiência de Totalidade, de pura Consciência, de pura Realidade.
Uma coisa que deve ficar clara para você é que o experimentador é sempre intermitente. Vou colocar isso melhor. Em alguns momentos, você está ciente dos pés, das mãos e dos braços; em outros momentos você não está. Neste momento em que você está ciente das mãos, dos braços e dos pés, existe um experimentador, mas nem sempre você está ciente deles e, no entanto, eles continuam ali. Quando você está ciente deles, existe o sentido de separação, a ilusão de um experimentador. Quando você não está ciente deles, eles continuam ali e fica somente a experiência como Consciência; não há alguém! Percebam como é lindo isso. Você é completamente dispensável para a vida prosseguir. Quando você entra, os problemas aparecem, porque existe a aparição de “alguém” experimentando; “alguém” tentando resolver, solucionar, descobrir como fazer as coisas.
Isso está claro?
Qual é o problema? O seu problema é você! Você não tem problema! Em sua Natureza Essencial, Real, que é Consciência (que é a ausência desse experimentador), não há problema! Não há problema na vida! A vida não carrega problema, mas a "pessoa" não deixa de carregar problema. Seu Estado Natural é um estado livre dessa ilusão, a ilusão do "eu", do "mim", da "pessoa", disso que é a ilusão do ego. Não há ego! Você é Consciência, Você é Deus! Então, Consciência, Deus, Presença, Ser, é a Natureza da Realidade.
Essas falas pretendem lhe deixar uma advertência, dar uma advertência, um alerta, uma dica. O propósito dessas falas é despertar você para fora dessa ilusão do sentido de um "eu" presente querendo resolver, acertar, controlar, ponderar, refletir, entender o que acontece.
Vou lhe perguntar uma coisa: Existe um momento do dia em que, mesmo estando presentes as suas mãos, os seus pés, os seus braços, a sua cabeça, de fato, você não tem qualquer consciência da presença deles? Há momentos no dia assim? Você carrega, durante o dia inteiro, a ideia dos dedos, das mãos, dos pés, ou dos olhos piscando ou dos ouvidos ouvindo? Absolutamente não! Isto não acontece! Então, você é completamente dispensável para essa manifestação, essa expressão da Consciência, através desse movimento natural, que é o movimento do corpo. Tudo acontece automaticamente, naturalmente, "inconscientemente". A vida prossegue! Essa "inconsciência" é a suprema Consciência. Então, você é totalmente dispensável!
Quantas vezes você piscou o olho esquerdo hoje? Quantos fios de cabelo você perdeu hoje? Das sete horas da manhã até agora, quantas batidas do coração você já teve? Quem sabe? Quem arrisca? Você tem algum número?
O que quer que esteja presente é esta Consciência... É uma única realidade nesta Consciência, acontecendo nesta Consciência. Não existe nada independente desta Consciência; ela é esta Consciência, que é ilimitada, não está presa a uma formulação matemática, não está analisando, estudando como fazer as coisas. Tudo está acontecendo nessa Inteligência, que é esta Consciência. Enquanto as coisas estão presentes, estão presentes nesta Consciência. Quando elas desaparecem, essa Consciência se mantém inalterada – essa é a beleza da Realidade. As aparições são intermitentes! Aquilo onde elas aparecem não é intermitente. É o que permanece imutável! Essa é a Natureza do Ser. Essa é a Natureza da Consciência, que é não dual, é atemporal.
Se você quiser continuar brincando de sonhar, continue afirmando, dia após dia, momento a momento, a ilusão de um experimentador aí. Se você estiver disposto a ir além desse nascer e morrer, desligue-se desse teatrinho, dessa "alegria" teatral tão passageira, tão inconstante, tão efêmera.
*Transcrito de uma fala ocorrida em 21 de Novembro de 2016, num encontro aberto online.
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segunda-feira, 24 de abril de 2017

Seu Coração Real

Em Satsang, estamos tratando deste seu Ser, deste real Ser, da sua Verdadeira Natureza, Aquilo que você é. O que é que queremos dizer por Ser, seu Ser, seu real Ser? Seu real Ser é o seu Coração real, algo além desse sonho mortal - o sonho dessa "pessoa", dessa entidade presente. Não estamos falando do coração humano, estamos falando desse Coração divino, de sua Natureza Verdadeira. Quando você se volta para a mente e o movimento dela, você está fora desse Espaço. É necessário que você permita essa Realidade assumir o Espaço dela, permita esse Espaço sendo assumido, essa Realidade assumindo esse Espaço. A Realidade dessa Presença Real só é possível quando a mente volta à sua fonte e esse misterioso poder assume.
É isso que nós chamamos de Satsang: quando acontece o final de todas as perguntas e todas as respostas; quando acontece o final de toda essa inquietação. Isso é o fim dessa experiência de sonho mortal, onde "alguém" pode desaparecer na morte, e isso é algo muito amedrontador. Eu quero lembrar você desse Vazio, que é, na verdade, plenitude. Essa plenitude é esse Vazio, que é o lugar do seu Coração real. É necessário ir além dessa limitação da entidade presente, separada, com seus desejos e medos; ir além desses desejos e medos.
Quando a mente retorna à fonte, à sua origem, ela desaparece nesse Vazio e aí todos os problemas terminam. Os problemas são possíveis apenas para a "pessoa"; para a pessoa e seus desejos e sonhos; para a pessoa e suas fantasias; para a pessoa e seu sonho mortal. Portanto, não se coloque aí nessa condição, não entre nessa imaginação. Fora dessa imaginação, desse movimento da mente, você é livre, é a Liberdade. Como você é livre, pode, como Consciência, Presença, Verdade, expressar Isso, que não é mais uma expressão pessoal. Essa expressão, que não é mais pessoal, é a expressão da Liberdade, da Alegria, da Sabedoria, da Bem-Aventurança, algo que é puro descanso... Descanso em seu próprio Ser, em seu próprio Coração real.
É por isso que as questões, as perguntas, as respostas e as preocupações terminam. Autorrealização significa Onipresença, que é essa Presença completa, total, do Silêncio. Esse Silêncio interpenetra tudo, está em toda parte. Quando você é essa Realização, você vê o bem e o mal, o certo e o errado, o divino e o profano, todos como parte de sua Natureza Essencial. Então, não há conflito, não há dualidade, não há separação. Não existem outras pessoas do lado de fora dessa Realização. Portanto, você não compartilha dessa ilusão do sonho mortal, do sonho de ser "alguém" para ver o outro. Afinal, como você conseguiria fazer isso livre da ilusão de ser alguém? Como seria possível ter outros?
Deus está presente como única Verdade. Não tem o outro separado Dele, em cada coisa, parte ou lugar, em cada um... E, para Ele, não há "cada um", só há Ele. Essa é a visão dessa Onipresença da qual estou falando. É quando você se torna transparente, quando assume sua Real Natureza, assume ser Aquilo que Você é – Deus. Este Ser é Real Completude, Real Plenitude e Real Perfeição, que é a perfeição de tudo, em toda parte. Portanto, sem a ideia de "alguém" presente não existem outros.
Toda a sua luta, todo o seu desespero, toda a sua preocupação e ansiedade estão nessa ilusão de que "você está sozinho", como uma entidade presente, lutando para sobreviver. Essa é a luta constante do ego, porque há muito medo aí. Há todo esse desespero para não morrer, não sair desse sonho mortal; é o conflito da dualidade entre viver e morrer, entre o bem e o mal, entre a verdade e a ilusão.
Esses encontros têm os convidado para essa perfeita, absoluta e eterna Paz - eterna no sentido da atemporalidade e incondicionalidade. Isso é possível neste Despertar e você está aqui para isso. Despertar significa sair desse sonho mortal, da mortalidade. Isso é o fim de toda separação e, quando não há separação, não há medo. É por isso que nós chamamos Isso de não dualidade; a não dualidade é a não separatividade e sem separatividade não há medo, há somente essa Presença, que é Onipresença.
Perceba que estamos tratando com você de algo que não é uma conquista, não é algo que você obtém; é algo com que você nasceu. Iluminação é algo inato, não é algo estranho. Esse potencial está aí, mas ele precisa ser atualizado. Se continuar se confundindo com aquilo que você não é, você continuará abrindo mão Disso, e esse tem sido o caminho, a forma, a maneira de todos procederem. Ficando com aquilo que não são, desprezam Aquilo que são em sua Natureza Real. E o que falta? Investigação! Profunda, dedicada, aplicada e fervorosa investigação; interesse real por Isso; um trabalho real nessa direção, todo seu empenho, todo seu Coração!
É como na história de Buda, que passou 30 dias debaixo da árvore bodhi, pois ele tinha tomado uma decisão quando foi para debaixo daquela árvore. Ele não queria ensinar aos discípulos o que, de fato, não conhecia profunda e diretamente, real e diretamente. Ele estava decidido a morrer ou descobrir essa Coisa, ali, de olhos fechados, quieto; e somente após 30 dias, aproximadamente, ele abriu os olhos, que estavam completamente diferentes. Havia um brilho em seus olhos, uma luminosidade em seu rosto, seu corpo estava tão leve e tão transparente que quase se podia ver através dele. Algo havia acontecido. Os discípulos se aproximaram dele e perguntaram: "Mestre, você viu Deus?" Ele disse: "Não". "Você viu o céu?" Ele disse: "Não". "Você viu o mundo espiritual?" Ele disse: "Não". "Então, o que aconteceu Mestre?" Buda respondeu: "O Despertar, o fim dessa ilusão, da ilusão desse sonho".
Portanto, essa Realização não é a visão de Deus, do céu, do mundo espiritual. Esse é o Despertar da sua Natureza Real, da Sua Natureza Essencial; o Despertar desse potencial que está aí. É o Despertar desse Coração, da Sabedoria, da Liberdade, da Felicidade, do Amor, da Paz. Isso é o fim da ilusão do sofrimento, da separatividade, da dualidade, da ilusão desse "mim", desse "eu", e, com isso, o mundo e o "outro" terminam. Esta é a real Santidade, mas a igreja, a religião, a espiritualidade, o misticismo e o esoterismo não conhecem Isso. A real Sanidade é a real Inteligência, a real Liberdade, a real Verdade... Isto é Nirvana, o Reino dos Céus.
É necessário assentar-se aqui, no Silêncio, e somente então você pode ir além de todos os desejos, como Buda fez, tal como Krishna, Mahavira, Jesus, Ramana Maharshi. Isso é o fim da sua história, o fim dessa pessoa com um nome e com uma história. Você está pronto para Isso ou você ainda tem muita coisa para fazer, muitos desejos e projetos? Você ainda se sente uma parte deste mundo, "alguém" dentro desse contexto de mundo? Você prefere e deseja continuar essa história, que eu costumo chamar de "ser alguém para alguns e ter alguns para esse alguém"?
A Liberação é o fim da continuidade desse sonho mortal. Se você ainda aprecia muito a "sua história", você não está pronto para Isso e essa "sua história" vai puxá-lo de volta; você vai voltar de novo, de novo, de novo e de novo. É preciso ter os pés neste mundo, mas o Coração precisa estar fora dele... Apenas os pés caminhando sobre a terra, enquanto o Coração está inteiramente livre desse desejo de continuar. Somente quando o Coração está completamente desprendido disso, ele assume o lugar dele. Sua Natureza Real é esse Coração livre e é aí que está essa Presença, essa Consciência, essa Realidade.
*Transcrito de uma fala ocorrida em 15 de Agosto de 2016, num encontro aberto online.
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sábado, 22 de abril de 2017

Estar em seu Estado Natural é estar em Real Felicidade

É maravilhoso estarmos juntos em mais este encontro, em mais esta oportunidade, que representa uma aproximação desta Verdade que trazemos, Daquilo que somos em Verdade, que trazemos como nossa Natureza Divina. Estamos tendo, aqui, uma real aproximação Disso.
Temos neste encontro a oportunidade dessa averiguação, dessa investigação. Carregamos essa ilusão e precisamos ir além disso – essa ilusão de que existem duas coisas: nós mesmos e a experiência da vida; um “eu” e o mundo. Essa é a maneira com que nos aproximamos da vida (como uma entidade separada), como se houvesse duas coisas. A primeira, é alguém presente, e, a segunda, é a vida ou o mundo em volta desse “alguém”.
Essa é a forma convencional: um “eu” dentro e um mundo fora. Esse mundo fora tem objetos, pessoas, lugares, situações, eventos, acontecimentos, etc. Basicamente, nessa dualidade, nessa separação, em cima dessa ideia, está todo o conflito humano, todo o problema do “eu”, dessa ego-identidade. A ilusão de uma identidade presente e separada vivendo uma experiência do mundo é uma crença convencionalmente aceita.
Esse é o estado hipnótico em que vivemos. A hipnose é uma forma de sono. É assim que estamos vivendo: em um estado de sono; em uma sugestão hipnótica. O que significa este trabalho [Satsang]? Qual é a importância, o valor, deste trabalho? Este trabalho aponta para o Despertar, para o fim desse estado de sono, dessa forma convencional de pensar e sentir, que gira em torno dessa ilusória identidade com os seus dilemas, dramas, conflitos e problemas, relacionados a essa história pessoal, a esse mundo pessoal, e tudo isso está baseado em crenças, em pensamentos, que assumem formas de imagens. Então, o pensamento assume uma sobreposição à realidade presente. Nessa ilusão, não é possível ficar com aquilo que está presente. Nessa ilusão da dualidade, da separação, tudo o que você tem é uma sobreposição, uma interpretação, uma tradução, ou uma leitura, acerca do que acontece. Logo, o medo está presente; a revolta e o sofrimento estão presentes.
Eu quero convidá-lo a voltar-se para essa Presença, para essa Realidade, para essa Verdade que está presente quando a mente egoica não está, quando a dualidade não está. Isso só é possível quando você abandona esse sentido do “eu”, do “eu” experimentador, do “eu” que interpreta, que julga, que avalia, através do pensamento, através dessas crenças, através desses conceitos. Essa é a programação, a forma condicionada que o pensamento conhece e a maneira como ele se move. É o modelo do pensamento.
É preciso um esvaziamento completo de todo o peso desse condicionamento. Então, temos o fim desse sentido de separação, dessa ilusão de um “eu” presente no mundo, de um “eu” presente na vida, de alguém dentro dessa experiência – dessa experiência “corpo”, dessa experiência “mente”, dessa experiência “mundo”. Isto é Real Meditação.
Estamos falando constantemente a vocês sobre a importância da Meditação, que é o esvaziamento completo de todo esse conteúdo; que é o fim para esse movimento da mente egoica; o fim da mente dualista. Isso é algo fundamental. A Meditação, como seu Estado Real, como seu Estado Natural, é o seu Estado livre do ego. Então, a fala está presente, mas não há ego; a ação está presente, mas não há ego; suas atividades rotineiras, como trabalhar, ir para o escritório, para uma fábrica, ou qualquer outra atividade, estão presentes, mas não existe alguém nessa experiência. A Real Meditação não interrompe absolutamente nada, isso porque Ela não tem nada a ver com o corpo. Se o seu corpo está ativo ou inativo, se ele está em estado de vigília, de sono, ou mesmo em estado de sonho, nada disso interrompe Você em seu Estado Natural, que é Meditação.
Portanto, percebam que Meditação não tem nada a ver com aquilo que vocês aprenderam: uma técnica de se assentar, respirar, cantar mantra ou fazer alguns asanas, posturas físicas… Isso pode ser muito útil para o corpo, como uma ginástica para aumentar a elasticidade, para aliviar o estresse, para o relaxamento físico, muscular, mas não é disso que estamos tratando aqui. Estamos falando da Real Meditação, que é o fim do sentido de um “eu” presente na experiência, é a Liberação, é o final dessa separatividade, dessa dualidade, dessa sobreposição à realidade presente.
Quando há Real Meditação, o Amor está presente, a Verdade está presente, a Liberdade está presente. Essa é a Natureza do Ser, é a sua Natureza Real; essa é a Verdade Divina, a Verdade de Deus.
Assim, essa Consciência é vista como essa Presença, como esse Espaço, que é Meditação, no qual os objetos, a mente, o mundo e as experiências acontecem. Nada está excluído desse Espaço, dessa Consciência, dessa Presença, que é Meditação. Não há nada de especial ou de extraordinário nisso. Esse não é um estado extraordinário, mas, também, não é esse estado ordinário que a mente conhece. A mente vive em conflito, sofrimento e medo – este é o seu estado ordinário, mas isto não é você em seu Estado Natural. Seu Estado Natural é Consciência, é Presença, é Ser, é Verdade, é Deus.
Estar em seu Estado Natural é estar em Real Felicidade, livre dessa ilusão, dessa mente dualista, dessa mente separatista.
Vamos ficar por aqui. Até o nosso próximo encontro. Namastê!
*Transcrito de uma fala ocorrida em 21 de Abril de 2017, num encontro aberto online.
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quarta-feira, 19 de abril de 2017

O mundo criado pelo pensamento

O pensamento criou esse mundo. Tudo que os seus olhos estão vendo aqui, nessa sala, foi criado pelo pensamento. Essa roupa que você está vestindo foi desenhada pelo pensamento... Algumas coisas o pensamento produz e materializa, dá uma forma física, palpável; outras, ele não materializa na forma física, palpável, mas materializa na forma de sensações, sentimentos, emoções e experiências subjetivas. Esse é o seu mundo: o mundo criado pelo pensamento.
Não há nada externo que não seja interno; não há nada fora que não esteja dentro. O que eu quero dizer com isso? Que o seu mundo é mental; um mundo mental e particular para a ilusão de "alguém" presente nessa experiência chamada pensamento. Vocês acompanham isso? Conseguem ver? O que você está sentindo agora? Resultado de pensamentos! O pensamento materializa, torna palpáveis, visíveis, os objetos do lado de fora e torna reais as sensações do lado de dentro. Então, o que você sente não é confiável, pois é só pensamento.
O que estamos fazendo em Satsang? Nós estamos afirmando a Realidade da Consciência e Ela não conhece o mundo. Você acredita que Deus conhece o mundo? Nesses dias perguntaram-me quem criou isso, se foi a mente ou se foi Deus. Eu achei uma pergunta muito interessante. Mente é uma palavra, Deus é uma palavra, Consciência é uma palavra. O pensamento pode imaginar essas três coisas como coisas distintas e separadas, mas tudo é ele que produz. É no pensamento que tudo aparece e desaparece. Mas o que é anterior a isso? O que é anterior e está durante e depois? Que nome você pode dar para isso?
Nós estamos investigando a substância das aparições, que está além da dualidade, além do pensamento – o que significa que está além dos sentimentos, das emoções, das sensações, do corpo e da mente. É aqui que todo o conflito, sofrimento e medo terminam, porque o lado de fora e o lado de dentro desaparecem.
Os problemas não estão nas aparições, não são as pessoas, não estão no mundo, não estão lá fora, mas sim na ilusão que está aí dentro. Então, o que está lá fora está aí dentro. Não há nada que precise mudar que já não esteja mudando, mas não tem alguém fazendo isso. Ou seja, não há nada sendo feito por alguns ou por um novo sistema, pois tudo está somente acontecendo de uma forma natural. As mudanças estão acontecendo; tudo o que tem que acontecer já está acontecendo, mas não tem um grupo, uma organização ou um movimento fazendo isso.
Vocês passaram muito tempo identificados com a mente, que significa estar identificado com o pensamento, com a ilusão desse lado interno, vendo coisas que só estão no imaginário do pensamento. Estar identificado significa trazer um significado subjetivo à experiência. Se eu acredito compreender o significado dessa experiência, isso é em razão dessa subjetividade – estar identificado com esse “alguém” que sabe o que está acontecendo do lado de fora, o que, na verdade, é somente uma projeção daquilo que o pensamento está imaginando dentro.
Um outro aspecto dessa identificação com o pensamento é a tristeza. Se você já teve um momento de tristeza na vida, naquele momento você estava imerso numa subjetividade de conclusão acerca de um acontecimento, o que produziu esse estado que você chamou de triste; isso é estar identificado. Não há tristeza no Estado Natural. Você nunca vai encontrar um Sábio triste, pois tristeza requer muita imaginação, subjetividade e identificação.
A depressão, por exemplo, é um caso agudo de tristeza. Quando a tristeza chega a um ponto mais grave, contundente e forte, você chama isso de depressão. É um caso agudo de tristeza, ou seja, de imaginação ao extremo, para uma suposta entidade presente na experiência dessa dor da decepção, da frustração, do abandono, do estresse, para o que ela não encontra saída. Agora estão compreendendo o que significa estar identificado? É estar preso a essa experiência como uma entidade presente, tão fixada, colada, grudada nela, que se torna uma com essa dor, que é puramente subjetiva, psicológica; que é puramente egoica. Assim, você se torna exclusivo, muito especial.
Por que eu não tenho pena nenhuma do depressivo, do ansioso? Porque eu não posso fazer nada mantendo consenso com a ilusão… É a pura ilusão de alguém muito importante, muito especial, que pode estar numa tristeza tão absoluta, que o mundo inteiro tem que trabalhar e ele não; o mundo inteiro tem que cuidar das coisas do dia a dia e ele pode se recolher no quarto escuro e ficar chorando, pedindo remédio e ajuda de outros. O sentido de importância é tão grande que ele tem que chamar a atenção do mundo dizendo: “Eu sou um imperador, um rei, em minha dor, e não preciso trabalhar, cuidar da vida, pagar as contas… Não preciso fazer nada! Basta ficar deitado aqui, que o mundo vai atender todas as minhas solicitações. Todos vão olhar para mim, vão me considerar e reconhecer que esse caso, aqui, é um caso perdido. Eu mereço toda a atenção do mundo!”
Você faz isso em diversas escalas. Aqui, estou apontando a escala extrema da depressão: no quarto escuro (luz apagada, janela fechada), com uma quantidade enorme de medicação ao seu lado e muita gente preocupada em tentar resgatar você do mundo, que é uma fantasia.
*Transcrito a partir de uma fala durante o retiro de carnaval, em Fevereiro de 2017, em João Pessoa. Acesse a nossa agenda e se programa para estar conosco: http://mestregualberto.com/agenda/agenda-satsang.

quarta-feira, 12 de abril de 2017

A Natureza Verdadeira do Ser

Não há nada lá fora que já não esteja aí dentro. A Iluminação ou Despertar é saber aquilo que, de fato, você é. Toda confusão, toda luta e guerra, toda dificuldade, todo conflito e sofrimento, não estão lá fora; estão aí dentro. Mas isso não é a verdade sobre você, sobre o mundo; não é a verdade dentro, nem fora. O lado paradoxal é esse: não há nada lá fora que já não esteja aí dentro.
A investigação disso, em Satsang, é uma aproximação para o trabalho do Despertar. Qual é a natureza verdadeira daquilo que acontece? Qual é a real natureza do que se apresenta nesse instante? Qual é a natureza real disso, desse momento? Qual é a natureza verdadeira dessa experiência? A Natureza Verdadeira disso que se apresenta, da experiência, desse instante, do que acontece, é a natureza verdadeira do poder dessas aparições, dessas expressões, dessas manifestações; é o poder verdadeiro desses eventos, acontecimentos.
E qual é a Natureza Verdadeira disso? Ela não é interna nem externa, pois ela está além disso. É a Natureza Verdadeira do Ser, é a sua Natureza Verdadeira. Você está há muito tempo olhando para fora, a partir da ilusão que faz sobre si mesmo, aí dentro – que é o que parece estar acontecendo do lado de fora. Essa mesma ilusão, que você tem sobre si, você tem sobre o mundo, porque o que está fora é o que está dentro, mas isso é uma ilusão.
Um dia, um Mestre deu um presente, bem embrulhado, ao discípulo, que ficou muito feliz por ter ganhado do Mestre um prasad e, ao desembrulhá-lo, descobriu que era um espelho. Ele perguntou: “Mestre, qual o significado desse espelho?”. O mestre disse: “Esse é um espelho mágico, que revela o mundo; é o espelho da sabedoria. Tudo o que você colocar diante desse espelho, ao olhar o reflexo, será revelado a você o interior daquilo”. Ele perguntou ao Mestre: “Então, esse espelho pode me revelar o oculto, o secreto, o segredo das pessoas?”. O Mestre respondeu: “Sim. Esse espelho tem o poder de revelar o que está dentro; vai revelar-lhe os sentimentos, as emoções, os segredos, o oculto, o secreto das pessoas, de tudo”.
O discípulo viu que estava diante de uma preciosidade e a primeira coisa que fez foi colocar o espelho diante das pessoas mais próximas, as que tinham mais contato com ele. Mostrou-o para a namorada e, quando ela se olhou no espelho, ele viu refletido o que de fato se passava dentro dela, o que o deixou surpreso e chateado, porque ele descobriu que não havia amor, mas sim medo, ciúmes, desejo de controle, inveja, mágoas, ressentimentos… Naquele momento, começou a se revelar tudo! A cada segundo, uma nova imagem, cada uma mais feia que a outra, tão feias que ele desviou o espelho da moça. Depois, mesmo assustado, passou a colocar o espelho diante de outras pessoas mais próximas dele. Colocou-o diante do pai, da mãe… e cada vez era uma decepção, porque, em todos, só mudava a ordem de como apareciam aquelas imagens.
Então, ele disse para si mesmo que, quando acabasse de mostrar o espelho às pessoas próximas, começaria a descobrir o mundo, mas não sabia se aguentaria fazer isso, porque, quanto mais ele mostrava o espelho para as pessoas, mais se revelava esse lado nelas. Assim, ele saiu pelo mundo à sua volta, cada vez mais curioso a respeito do que o mundo podia lhe revelar, mas, diante do que foi revelado, parou e viu que aquilo estava fazendo um mal muito grande para ele. As imagens de raiva, intolerância, inveja, medo, ódio, passavam na mente dele. Assim, tapando o espelho, ele disse para si: “Não quero mais saber disso. Eu já vi que não vou encontrar coisa boa nesse mundo. As pessoas são muito feias, carregam tudo isso dentro delas, e eu não sabia que elas eram assim. Acredito que, nesse mundo, somente o Mestre mesmo, o meu Guruji, salva-se dessa situação. Todos são tão feios!”.
Com aquelas imagens vindo à sua mente, ele voltou ao Guru e disse: “Mestre, eu não quero mais saber desse espelho, pois já vi que só vai me fazer mal. Ele está me revelando o mundo como eu não conhecia. Não sabia que o mundo era tão feio, que as pessoas eram tão feias! Só o senhor, Mestre… Só o senhor”. O Mestre perguntou-lhe: “Como assim?” O discípulo respondeu: “Mestre, o espelho revela o íntimo das pessoas, o que elas trazem dentro. O senhor não entende?” O Mestre disse-lhe: “Não. Eu não estou compreendendo. Onde está o espelho?” Então, ele tirou o espelho, desembrulhou-o e, naquele momento, o Mestre olhou para o espelho. Quando olhou para o reflexo do Mestre naquele espelho mágico que revela a Sabedoria, a Verdade, o discípulo viu, muito claramente, que lá estavam o ódio, o medo, o desejo, a solidão, o ressentimento, a inveja, o ciúme, e, colocando a mão na cabeça, disse: “Uau! Tem algo errado com esse espelho! Não é possível!” Começou a chorar e o Mestre perguntou-lhe: “O que foi? O que você está vendo”? Ele respondeu: “Mestre, eu não sei, não consigo falar… Tem algo errado com esse espelho… tem algo errado com esse espelho”.
O Mestre olhou para ele, sorriu e disse: “Não tem nada errado com esse espelho; não tem nada errado em mim; não tem nada errado nas pessoas que você colocou diante desse espelho. Pare de chorar, porque não tem nada errado, também, em você. Isso tudo é porque você passou muito tempo, uma vida inteira, olhando para fora, procurando encontrar a Sabedoria, a Verdade, a Felicidade, o Amor, a Liberdade, a Paz, nas pessoas, no mundo externo, no mundo do lado de fora, mas não há nada errado lá fora. Essa atitude aí é que precisa mudar. Não há nada lá fora, meu filho, que não esteja aí dentro. Quando essa ilusão, essa visão equivocada, distorcida, errônea, desaparece, termina, não há nada aí dentro e não há nada lá fora”.
*Transcrito de uma fala ocorrida em fevereiro de 2017, durante o retiro de carnaval, na cidade de João Pessoa/PB.
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segunda-feira, 10 de abril de 2017

Felicidade não é prazer

Esse momento é onde a Realidade se faz presente, onde aquele que reconhece e aquilo que é reconhecido aparecem como a mesma coisa. Em outras palavras, a percepção dessa fala e aquele que percebe não são duas coisas separadas. A percepção não está dividida em uma parte que percebe e outra que é percebida. Não há nunca dois objetos ou duas situações. Então, Satsang significa essa constatação inteira, completa, de que não há duas coisas.
O que quer que esteja acontecendo ou sendo vivenciado neste momento, é ainda a mesma Realidade. Isso exclui a presença de alguém com escolhas, com determinações, com o “gostar” ou o “não gostar”. Em outras palavras, essa pessoa que você acredita existir não está presente nesta experiência, seja a experiência do mundo, da mente ou do corpo; seja a experiência da ação ou do pensamento.
O pensamento e a ação acontecem como uma ação da Consciência. Assim é o corpo com os sentidos, são as aparições sensoriais ou toda e qualquer experiência. Não é alguém que pensa e depois pratica a ação; não é o pensamento antecedendo a ação. Tudo é somente uma ação, que é a ação da Consciência.
O pensamento diz que antes da ação, ele a determina; que tem o poder de determinar a ação. Mas o pensamento é só uma ficção, que, por sua vez, é só uma ação, também, da Consciência, e não de alguém.
Participante: Isso foi uma bomba! Ainda achava que havia pensamento precedendo a ação.
Mestre Gualberto: O pensamento imagina assim: tem o pensador antes do pensamento. Ele diz que tem sempre algo antes e algo depois. Percebem? Isso é bem interessante, porque, quando se acredita que tem alguém responsável por pensar, acredita-se que tem alguém responsável para escolher e para fazer.
Perceber, conhecer, experimentar... Isso é Consciência! O perceber não está separado do que é percebido, o conhecer não está separado do conhecimento e o experimentar não é algo separado da experiência. Aceitar isso como real é libertador! Essa Consciência é o que nós somos e Isso é o experimentar, o conhecer, o perceber, a ação.
Nessas falas, usamos muito as palavras – falar significa fazer uso de palavras – mas elas só estão indicando uma única coisa: esta Presença, esta Consciência, Isso que, agora há pouco, chamei de Realidade. É importante que você se lembre disso. Tenha paciência para não se confundir como “alguém” na experiência, seja ela boa ou ruim, que a vida esteja apresentando nesse momento. Este é o segredo de não se identificar, se confundir, se embolar, se misturar com a ilusão da separatividade, da dualidade, do ego.
Você é esta Realidade! Você permanece como esta Realidade! É preciso que você se volte, momento a momento, para esta desidentificação; que permaneça desidentificado dos pensamentos, dessa ilusão de "alguém" pensando. Então, neste instante, essa testemunha não se confunde com o objeto, que pode ser uma sensação, um pensamento, uma emoção, uma limitação física, uma dor, um mal-estar, ou o que quer que esteja aparecendo. Você pode enfrentar a última respiração, mas isso passa a ser um problema do corpo, porque há um espaço aí que não é o corpo, que não é o pensamento sobre o que está acontecendo com o corpo. Você permanece desidentificado! É uma questão de confiar nisso que estou lhe dizendo e fazer essa localização aí, em si mesmo, que é essa Consciência. Essa Consciência não está no corpo, é o corpo que está Nela; não está na mente, pois é a mente que está Nela; não está no mundo, pois é o mundo que está Nela. Então, dá para se confrontar com qualquer experiência, por mais dolorosa que ela seja.
Participante: Mas isso implica deixar de sentir a dor?
Mestre Gualberto: Não! Isso não implica deixar de sentir a dor. A dor, ainda, é parte dessa experiência, assim como o prazer seria parte dessa experiência – uma hora é prazer, em outra hora é dor. Você não coloca o pensamento na experiência da dor ou do prazer, dizendo algo sobre a dor ou sobre o prazer. Você olha a dor, o prazer, o pensamento de uma forma desidentificada. Então, nesse exato momento, você está livre! Olhando de fora, a experiência é feia ou bonita, mas isso não o afeta. É feia ou bonita para uma percepção equivocada, para "alguém" que está vendo, enquanto que Você mesmo não está mais ali.
O pensamento sempre estará enganado quanto ao que acontece, ele sempre falsificará a experiência. O pensamento é uma ficção – uma ação da Consciência que é uma ficção. Não confie no pensamento sobre o que está acontecendo, nunca! O pensamento nunca diz nada real sobre nada, sobre absolutamente coisa alguma. A questão é que você confia muito no pensamento, como se ele estivesse determinando, sabendo, sendo e confirmando alguma coisa. O pensamento é somente uma imagem, algo imaginário sobre aquilo que está se mostrando, se apresentando.
A Consciência interpenetra, intimamente, toda e qualquer experiência, como sendo a própria experiência, não afetada por acontecimentos, nomes ou formas, assim como a tela não é afetada pelas imagens, com suas múltiplas formas e nomes. Isso nós podemos chamar de Felicidade! Reparem que Felicidade não é prazer. Felicidade é essa Liberdade que nunca é afetada pelo que acontece ou que parece acontecer, como ocorre com a tela onde as imagens aparecem.
Sobre tudo, acima de tudo, além de tudo, dentro de tudo, em tudo, está essa Consciência! Isso é Felicidade, é Paz, é o nosso Ser!
*Transcrito de uma fala ocorrida em 1º de Março de 2017, num encontro aberto online
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quarta-feira, 5 de abril de 2017

O Despertar é uma questão de desabrochar

Você fica o dia inteiro absorvido em sentimentos, sensações, emoções, relativos a um mundo onde tem a segunda e a terceira pessoa, relativos a uma vida aí fora. Mas fora onde? Onde é fora e onde é dentro? Onde é que surge essa noção de dentro e fora? Você passa o dia inteiro absorvido na história de "alguém" com problemas com o namorado, com a namorada, com o marido, com o filho, preocupado com o que pensam a seu respeito e com o que você sente em relação ao outro.
É sempre a história da "pessoa" envolvida com a preocupação com o outro: “Como ele está?”; “Como ele se sente?”; “O que ele pensa quando eu me atraso em um compromisso ou não correspondo ao desejo dele?”; “O que estão pensando sobre mim?”; “O que estão sentindo sobre o que eu penso?”… O joguinho de ciúmes, essa preocupação de "não estarem mentindo para mim", de não ser traído, é sempre uma história pessoal. Você passa o dia inteiro absorvido na história de uma "pessoa", nessa história de "alguém".
Será que eu estou aqui para ajudar você a ser uma pessoa melhor? Um pai melhor, uma mãe melhor, um filho melhor? Ajudar você a ser um iluminado? A autopreocupação com todos os aspectos da sua vida (emocional, financeiro, relacional), com a história de uma "pessoa" aí, é real?
Então, você chega a Satsang e crê que esse é só mais um trabalho, e que, aqui, tem mais uma pessoa que sabe alguma coisa que você não sabe; que tem alguma técnica que você não tem; que sabe aplicar uma metodologia ou uma prática; que pode dar algum recurso para você acessar algum estado; que pode dar a você uma nova experiência, para acrescentar a esse seu currículo de vida, nesse caminho da evolução espiritual. Será isso?
O lado mais patético disso tudo é que, quando você vem aqui, não vem para realizar a Felicidade. Você vem para descobrir como se sentir bem em momentos difíceis da vida, como lidar com dificuldades na vida e ultrapassá-las com a técnica, o poder e a habilidade que outros não têm, sorrindo, feliz. No fundo, você não vem aqui para a Liberação; você não sabe o que é Liberação. Você não vem aqui para a Felicidade; você não sabe o que é a Felicidade.
Você vem aqui para ver o que pode adquirir e levar com você: “Peguei. Vou levar isso comigo”; “Aprendi isso e vou levar comigo, pois vai me ajudar a ter sucesso, a conseguir mais popularidade, reconhecimento, amor, além de mais poder para lidar com meu marido, ou conseguir um marido mais bonito que esse”… Você vem para conseguir, obter, algo, a fim de ter mais alguma coisa somada a isso que você é; alguma coisa que ainda não tem.
Não é assim que você sente? A ideia é a de que você só precisa melhorar, e melhorar significa pegar essa pessoa que está aí e transformá-la em alguém melhor, mais forte, mais seguro, com mais habilidade de comunicação e de poder de expressão, de cativar outros, de conseguir mais, mais, e mais… Para você, o que falta é só melhorar o que você é, afinal você já está bem, tem bom coração, é uma pessoa que não pensa mal de ninguém, não é um assassino, não é um ladrão… Você acredita que já é uma boa pessoa e só falta alguma coisa nova aí! Esse é o lado mais patético destes encontros. No fundo, você não tem a mínima noção do que está fazendo aqui, do que é essa proposta.
Você não pode me dar nada, a não ser miséria, problema. Você não pode me dar nada, a não ser o seu sofrimento – o sofrimento dessa suposta entidade que você acredita ser, mas que eu sei que você não é. Eu não consinto com a ilusão dessa "pessoa" que você acredita ser, mas sim com o que Você é. No que Você é, eu amo você, porque Eu Sou Isso, Eu Sou Você. Vocês precisam ter uma entrega, que é só de cada um. Você tem que se superar, o que significa superar essa condição de limitação que você acredita ter sendo essa "pessoa" que você acredita ser. Qual é a sua limitação, nessa "pessoa" que você acredita ser?
Quando não quer depender, na verdade, você é dependente de um medo muito grande. Você não está em paz, seguro, porque não há segurança na mente. Curiosamente, a vida é essa insegurança. A mente se expressa nessa insegurança, criando uma suposta segurança, e aí ela cria o medo. Na verdade, o seu medo é o medo de você mesmo, não é de alguém lhe dando dependência, tornando-o dependente. Você tem medo de Ser.
O único ser na Terra que jamais faria de você um ser dependente é um Buda. Um Buda jamais faria de você um ser dependente, porque o Amor é a Liberdade, e Ele é esse Amor. Na realidade, é o único Amor que representa essa Liberdade que o seu coração almeja, que é a sua Natureza Verdadeira. Eu lhe dou Amor, mas não dependo disso. Então, você diz: "Esse amor eu não conheço". Eu sou Amor, é a minha Natureza, mas eu não preciso de você, eu não quero nada, e isso é que bate muito no ego. O ego não suporta isso, porque ele não conhece essa via de mão única, não conhece essa linguagem; ele conhece uma troca. No ego, essa coisa de amor é uma troca de posições iguais, de ideias.
O Despertar é uma questão de desabrochar; é uma "Coisa" que desabrocha em você, tomando-o de forma tal que você não tem ciência do que está acontecendo. É tão real o trabalho de Deus em você, que você não tem como medir isso. O Guru tem como observar isso, mas você não. O Guru tem como testar isso, mas você não tem. Pelo fato de você estar em um trabalho direto com um Buda, em um trabalho real, não tem como você conhecer as suas medidas, mas tem como você ser observado e estar sob uma tutela. Quem mais faria isso, a não ser Deus, a Consciência, o Ser, de uma forma tão cirúrgica, tão precisa? Somente um Mestre vivo faria isso.
*Transcrito de uma fala ocorrida em Janeiro de 2017, num encontro presencial, na cidade de Fortaleza/CE.
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segunda-feira, 3 de abril de 2017

A Meditação é a chave, a fechadura, a porta…

Não é uma prática, não é um caminho, não é um exercício, não é um movimento… É permanecer na Fonte, é permanecer no Ser, é permanecer no Coração. Isso é Meditação! Não é uma postura de respiração, não é uma postura física, não é assentar-se, deitar-se ou caminhar de uma forma especial. É, simplesmente, permanecer sem pensamentos, neste instante, agora… Sempre neste instante! Sem agitação, sem movimento, sem estar impressionado com as aparições dos sentidos. Meditação é Iluminação, é permanecer na Consciência. Quando você é Meditação e é Consciência, você é Compaixão, você é Paz, você é Amor, você é Verdade, você é Liberdade. Algo irradia de você! Está nos pés, nas mãos, no corpo, nos olhos, porque você é a Fonte, você é o Coração, você é a Presença, você é a Consciência, você é Deus!
Eu só ensino uma coisa: Ser. O centro, o coração, de minhas falas aponta somente para a Meditação. A Meditação é a chave, a fechadura, a porta… é o lado de cá e é o lado de lá. A Meditação é Iluminação! Você não medita para se iluminar, porque em seu Ser você é Iluminação, que é Meditação. Você não se assenta para meditar; a Meditação se assenta e você desaparece como entidade separada, como alguém presente na experiência do pensamento, da sensação, da emoção, de comer, de falar, de se assentar, de se deitar, de andar, de dormir, de sonhar, de se levantar da cama, de acordar...
Meditação é a suprema Felicidade, é você em seu Ser, em seu Estado Natural como pura Beleza, puro Amor, pura Liberdade… essa Totalidade, esse Todo… É todas as coisas, em toda parte, em todo lugar, em lugar nenhum, em nenhuma coisa, além de tudo… Meditação! Sem corpo, sem mente, sem mundo. Não é menina, não é menino; não é velho nem criança; não é recém-nascido nem é um senhor na beira da morte, moribundo, ou uma senhora com a respiração bastante ofegante, perto de parar; não tem nascimento, não tem morte... Meditação!
Quando o pensamento cessa, os desejos cessam e, então, você está de volta à Fonte. Não há mais o personagem, não há mais a história desse personagem com suas crendices, suas superstições, suas crenças; não há mais céu, inferno ou purgatório; não há Planeta Terra, Via Láctea, Cosmos ou Universo; não há mais esse plano material e o plano espiritual; não há o grosso e o sutil; não há o divino e profano, a matéria e o espírito… Isso é Meditação, Consciência, ausência do ego, do sentido do experimentador, e isso não tem nada a ver com as práticas de meditação que você conhece, nas quais, aparentemente, a meditação acontece e o meditador desaparece por uns instantes – dez minutos, meia hora, uma hora, duas horas de meditação ou oito horas. É só a aparência de não estar o meditador, porque o meditador está lá, guardado.
O que estou falando não tem nada a ver com isso, com o que você pratica por aí. Estou falando do Estado Natural de permanecer desidentificado do experimentador, na experiência deste instante – a experiência pode ser de ouvir, de falar, de comer, de dormir, de sonhar, de fazer… Meditação! Permanecer em seu Ser! Olhar, ouvir, falar, caminhar, comer, assentar-se, levantar-se da cama após acordar, ir para o escritório, ir para o consultório clinicar, ir para o quartel prestar serviços, ocupar-se escrevendo um livro, ou fazer qualquer outra atividade, sem o autor da ação presente, permanecendo na desidentificação do experimentador naquela experiência. De olhos fechados ou abertos, falando ou em silêncio, permanecer sem “alguém”, sem esse sensor que compara, que julga, aceita, rejeita, acolhe, rechaça, ama, odeia, gosta, não gosta… Permanecer na simplicidade de sua Natureza Real. Então, essa Energia, essa Presença – que é Compaixão, que é Liberdade, que é Amor, que é Verdade, que é Realidade – assume o lugar Dela.
Não mais desespero, não mais medo, não mais desejo, não mais tristeza, preocupação… Você está aqui, em seu Ser. Agora, você pode ver o mundo como ele é; o belo mundo em sua Totalidade, em sua Paz, em sua Beleza. Está claro? Você vê? Deus é Um e você é Deus – Isso é Meditação, isso é Samadhi, isso é Iluminação. Permaneça em seu Ser! Ouça com atenção: PERMANEÇA EM SEU SER!
Essa sensação, nesse momento, é Deus. O que você pode ver é Deus, o que você pode ouvir é Deus. Deus em todos os momentos, Deus em tudo, Deus em nada, aqui e agora. Deus tem todos os nomes. Qual é o seu nome? É o nome de Deus. Não há surpresa para Deus. Tudo que você pensa é coisa de Deus; tudo que você sente… Qualquer coisa que você queira é o desejo de Deus. Não tem você, nunca! Você é uma ilusão, somente uma imaginação. Então, relaxe! Pare com as preocupações, pare com os medos.
Eu nasci para fazer esse trabalho, para acordá-lo da ilusão; dessa ilusão de ser uma pessoa. Eu amo toda a humanidade, todas as pessoas, todos os lugares! Eu sou o Amor! Eu não vivo para mim mesmo, eu vivo para você! Você não me entende, mas um dia você entenderá. Um dia, você estará em seu Ser, em seu Estado Natural, e você irá me entender. Todo esse trabalho, todos estes encontros comigo – centenas, milhares de Satsangs – serão como um sonho que você teve ontem.
Escute a minha voz, olhe em meus olhos, sente-se comigo e descubra, em você mesmo, o que Eu Sou, o que Você É. Segure a minha mão, continue comigo… Dance comigo e fique feliz comigo! Eu posso lhe mostrar como ser livre; eu posso lhe mostrar como ser um Sábio. Sem mais dor, sem mais tristeza, sem mais ansiedade, sem mais depressão, sem mais conflito… O mais belo sorriso na face, os olhos brilhantes… O Paraíso na Terra todos os dias!
*Transcrito a partir de uma fala durante o retiro de carnaval em fevereiro de 2017 em João Pessoa . Acesse a nossa agenda e se programa para estar conosco: http://mestregualberto.com/agenda/agenda-satsang.

sábado, 1 de abril de 2017

O que é o sentido de separatividade?

O que, basicamente, fazemos dentro destes encontros? O que nós fazemos aqui? Qual é o nosso trabalho? Qual é o significado real de um encontro onde nós questionamos nossa própria história, a realidade da experiência pessoal? Qual é a verdade sobre a experiência particular, individual, pessoal, de cada um?
Para você, existem duas coisas: uma é a própria consciência do que se passa, do que acontece, daquilo que é experimentado; a outra coisa são os objetos dessa experiência. Em outras palavras: o pensamento nele mesmo e alguém dentro. Então, há essa consciência do pensamento e o próprio pensamento; o objeto e aquilo presente aqui, que testemunha esse objeto, que observa coisas; aquilo que é observado e aquele que observa. Portanto, para você, a experiência é formada por duas coisas: o “eu” e o “não-eu”. O computador que você tem diante de você, agora, é o “não-eu”, e esse que o está vendo e manuseando é o “eu” – há uma testemunha e a coisa testemunhada. A sua visão da experiência é essa. Ela se divide entre sujeito e objeto; entre o observador e a coisa observada; entre o pensamento e o pensador. É assim que você interpreta aquilo que acontece, agora, neste instante.
Isso que foi colocado até agora – não teoricamente, mas de forma prática – é o próprio sentido de separação, de dualidade. Aí está o sentido de um “eu” presente nessa experiência. Isso é o ego, é o “mim”, é a pessoa, é a ilusão da separatividade, é a ilusão da dualidade!
Você não precisa aprender nada sobre isso. Na verdade, se aprender algo sobre isso, de forma teórica, não fará nada com isso e poderá até piorar a situação. Isso é só pra você ouvir e, só nessa ação de ouvir, percebendo essa separação como uma ilusão, é possível parar de dar importância a isso. Esse é o trabalho a ser feito. Não é algo em que se acreditar. Isso não é uma lição, não é um ensinamento, não é um aprendizado. Advaita não se aprende, apesar de haver muitos professores de Advaita. Aprender isso não serve para nada. Você investiga isso, não aprende... Investiga até que isso encontre aí um espaço vivencial.
Portanto, essa ilusão de alguém que acredita em si mesmo como um ser separado, localizado no corpo, olhando para o mundo, para mundos separados e independentes dele mesmo, é a ilusão da dualidade, a ilusão do sentido de separação. A crença nessa entidade separada, vivendo num mundo separado dela mesma, é, basicamente, todo o problema, todo o conflito, todo o sofrimento. O Despertar, a Iluminação, ou a Realização de Deus, é o fim disso. Basicamente, esse é o trabalho a ser feito. Paradoxalmente, ele já está pronto… mas não está. Percebem isso?
É necessário uma completa entrega a esse trabalho. Você precisa deixar tudo por isso, tudo que cerca essa história de um “eu” presente dentro dela, de um “eu” vivendo essa história.
Por isso, estamos em Satsang. Não é para aprender isso, repetir isso... Não é mais um conhecimento que está sendo acrescentado a todo o antigo conhecimento que você tem. Absolutamente, nada disso! Isso aqui é uma Realização, um “assentar-se” nesse Estado, e Isso não pode ser uma teoria. Essa Consciência, essa Realização, essa Presença é o Despertar.
É necessário explorar, investigar e conhecer intimamente a nós mesmos, aquilo que somos, e isso é Meditação. Não se faz isso pelo intelecto, porque ele é sempre limitado; é só uma parte dessa história. Meditação é estar além dos objetos, além do sujeito, além da dualidade. Esse é o reconhecimento Daquilo que somos, neste momento, neste instante.
Repare que, neste momento, neste instante, a única Realidade é essa não-dualidade, essa não-separação. Há um Silêncio presente neste instante, que é Consciência; essa sempre Consciência presente. Ela é a única Realidade. Não há separação entre o sujeito e o objeto, entre o pensamento e o pensador, entre a história e aquele de quem ela é contada. Sua Natureza Real, sua Natureza Verdadeira, Aquilo que Você É, não conhece dualidade e, portanto, não conhece conflito, medo, desejo, história; não conhece o passado, o presente, nem o futuro. O pensamento que produz essa separação.
Toda a sua história é pura imaginação, uma produção do pensamento, a ilusão de alguém como o pensador, como o observador.
Participante: É difícil compreender isso!
Mestre: Eu diria que é difícil pensar sobre isso. Compreender, não!
*Transcrito de uma fala ocorrida em 8 de fevereiro de 2017, num encontro aberto online.
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