quarta-feira, 6 de julho de 2016

Isso é algo que já está presente

Sejam bem-vindos a mais esse encontro pelo Paltalk. Estamos juntos, mais uma vez, nesta oportunidade.
Nesses encontros, nós recomendamos a todos vocês que se voltem inteiramente para si mesmos, que olhem isso de forma honesta, em sua própria experiência diária; que descubram isso, que vejam claramente tudo isso, toda essa evidência clara daquilo que estamos sempre colocando para vocês dentro de Satsang.
Aqui, não tratamos de uma teoria, mas sim, de algo que você pode e precisa ter por si mesmo: uma evidência clara, em seu próprio viver, em sua própria existência. Você precisa perceber a realidade disso tudo que estamos tratando aqui, disso que estamos sempre colocando para vocês. Precisa perceber a evidência dessa Consciência, dessa Presença, dessa Verdade que nós trazemos, que não está limitada, que não está presa ao tempo, que não está aprisionada nem no passado nem no futuro. A prisão está toda na mente, no envolvimento que você tem com o pensamento, com a memória, com as lembranças, com aquilo que sempre acontece nesse instante como uma imaginação. É necessário se libertar disso, é necessário descobrir a importância de valorizar a evidência dessa Graça, dessa Consciência, dessa Presença.
Essa Presença, essa Consciência é a sua Realidade, é a Verdade sobre você, que está livre de imagens, de imaginações, de pensamentos. Você não precisa aguardar o momento dessa Graça, dessa Presença, dessa Consciência; você não precisa identificar em si mesmo essa Presença, essa Consciência, porque você já é Isso. Você só precisa se desidentificar do que você não é: do pensamento, da memória, das lembranças, das imagens, das imaginações, daquilo que a mente projeta como sendo real. Você não produz essa Realização, você não faz isso acontecer para você, você não traz isso de algum lugar. Isso é algo que já está presente. Aqui se trata de descartar o que não é, descartar essa ilusão. Então, você não necessita aguardar a Graça, a Consciência, a Verdade, você honestamente vê essa evidência da Consciência que Você já É, de imediato, descartando a imaginação, descartando esse movimento que é o movimento da mente egoica.
Você precisa entrar numa abstinência desse vício de pensar, de imaginar, de se projetar no tempo como uma entidade presente. Precisa entrar nesse momento de abstinência, abandonar esse vício. É somente um pensamento em forma de imagens, memórias, imaginações; é apenas o pensamento que imagina você com essas qualidades de uma pessoa, com localização no tempo e no espaço, com limitação, com idade, com o corpo saudável ou doente, com uma entidade se movendo no tempo e no espaço, caminhando para a morte... é só o pensamento que produz isso. O pensamento produz a imaginação da memória, da história de alguém.
Dá para acompanhar isso?
Todo o problema é só o pensamento. A chave dessa coisa está em não confiar no pensamento. Vocês confiam demais no pensamento, estão viciados nessa coisa. Precisam se abster disso, dessa confiança nessas imagens que o pensamento produz aí nessa máquina, nesse corpo-mente. Estou mostrando isso a vocês, verificando isso com vocês, em Satsang.
Satsang é esse encontro com a Verdade, com a Realidade. Estamos juntos investigando a natureza da Felicidade. A Felicidade é algo dentro de cada um de nós, como nossa Natureza Real. É o centro do nosso próprio Ser. No entanto, o pensamento, em sua imaginação, projeta isso do lado de fora, em imagens de objetos ou pessoas: objetos que nos darão felicidade, pessoas que nos farão felizes. Basicamente, o pensamento trabalha com imagens de pessoas, de coisas e de lugares, situados no tempo e no espaço. Tempo e espaço também fazem parte dessa imaginação do pensamento. Então, as coisas nos farão felizes, as pessoas nos darão essa felicidade, os lugares são importantes nisso, e você está como o centro dessa experiência – tudo para fazê-lo feliz. O que eu estou dizendo é que a Felicidade é a Natureza do Ser, da Consciência, da Realidade, dessa Verdade que é Você. Ela não depende de coisas, pessoas e lugares; não depende de tempo e de espaço; tudo isso são apenas criações do pensamento.
Há alguns momentos em sua vida nos quais você, por alguns segundos, fica inteiramente livre de pessoas, coisas e lugares. Um exemplo que a gente usa sempre é esse: você diante de um cenário, de um panorama; diante de um belo pôr do sol em uma praia, assentado, vendo o sol descer sobre a linha do horizonte; ou num belo amanhecer, vendo o sol nascer naquelas águas, subindo... Naquele momento, naquele silêncio interrompido apenas pelo som das ondas, por uns breves instantes, o sentido do “eu pessoal” é completamente deslocado, completamente varrido e, com ele, os pensamentos, as imagens de coisas, de pessoas, de lugares, a imagem do próprio corpo; um momento de completo esquecimento desse “eu”, desse “mim”. Aquele momento é de pura Consciência, pura Presença, pura Felicidade! A ausência do “eu” é pura Felicidade! Quando o sentido do “eu” não está, essa Verdade está presente, essa Felicidade está presente. Presente como sua Real Natureza, na ausência desse “mim”, desse “eu”, desse sentido de pessoa. Aqui, você não deseja, não teme, não anseia, não busca, não está à procura de nada; está apenas relaxado em seu Ser, em sua Natureza Verdadeira. Toda a agitação desaparece, todas as atividades da sua mente desaparecem, toda a atividade mental cessa; você retorna ao seu Estado Natural.
Isso é algo que você também experimenta em sono profundo, quando toda a agitação da mente egoica desaparece e você acorda pela manhã dizendo que desfrutou de uma noite maravilhosa, uma noite sem sonhos! Todos amam o sono profundo porque lá tudo desaparece: o mundo, os objetos, as pessoas, os lugares... Tudo o que você diz tanto amar no estado de vigília, não faz falta nenhuma para você no sono profundo. É um verdadeiro descanso! O ego teme a morte, mas algo em você ama morrer todas as noites, ama se livrar dos filhos, do marido, da família, das posses, de tudo aquilo que, normalmente, no estado de vigília, lhe causa muito prazer, muita alegria, porque essas mesmas coisas também lhe causam desconforto e sofrimento. No estado de vigília, você vive nessa dualidade entre prazer e dor. No sono profundo, você está além de prazer e dor, além da dualidade, além desse mundo – que é o mundo criado pelo pensamento – de coisas, pessoas, lugares.
Onde impera o desejo, o medo está presente, e isso, basicamente, é sofrimento, é miséria, é o estado de alienação de sua Real Natureza, de sua Verdadeira Natureza.
Eu repito: não é necessário produzir esse Estado Natural, Real, Verdadeiro, de Felicidade; Ele já é algo presente! O que você precisa fazer é se livrar dessa ilusão da separatividade, do sentido do “eu”, disso que o pensamento produz quando localiza você no tempo e no espaço, buscando coisas, pessoas e lugares, ou tentando se livrar de tudo isso.
Está claro isso?
Enquanto houver essa necessidade ilusória que é essa ideia de se manter como uma entidade presente, enquanto isso estiver presente, a ilusão estará presente. Enquanto houver ilusão, haverá sofrimento, miséria, desejo, medo. A Iluminação, o Despertar ou a Realização é essa Bem-aventurança de Ser, é essa Consciência, é essa Beatitude de Ser, de estar completamente livre dessa ilusão, da ilusão dessa entidade presente, dessa pessoa, desse mim, desse eu. Então, essa Felicidade é Amor, é Liberdade, é Paz, é Deus. Essa é a única coisa que você veio realizar nesse mundo. Você não veio para fazer mais nada aqui, você não veio para se casar, ter filhos, ter netos... você veio para realizar Deus. Não veio para se tornar uma pessoa famosa, uma figura importante; não veio para se tornar um jogador de futebol, ou presidente da república, ou empresário, ou um profissional liberal, cientista, médico, advogado, professor, pai, avô... tudo isso é parte de uma aparição que vai logo desaparecer. Tudo o que você É, o que você nasceu para Ser é algo completamente livre disso, algo que está aí completamente livre de toda essa história, como pura Consciência, Presença, Ser, Felicidade, Amor, Verdade, Liberdade, Deus. Você floresce como ser humano quando está além dessa ilusão de ser um “ser humano”. Florescer como ser humano é florescer como Deus.
Pergunta: O que é render-se?
Mestre: Render-se significa desistir de si mesma, de si própria, desse sentido de alguém, dessa história de alguém. Render-se significa assumir Aquilo que você É, abandonando completamente essa ilusão dessa crença acerca de quem você é. Isso é um trabalho possível em Satsang, diante de um Mestre vivo. Um Mestre vivo é aquele que corta a sua cabeça. Diante dele, você logo descobre o que é se render. Deus o atrai em seu Amor, em sua Graça e lhe mostra o que é rendição. Aqueles de vocês, nessa sala, que não estiveram ainda em Satsang presencial, eu os convido a vir a Satsang. Essa é uma pergunta que vai sendo respondida em Satsang presencial. Ela é a chave dessa Realização. A devoção é essa entrega, e essa entrega é essa rendição. Vocês que estão aqui nessa sala, só estão porque já foram tocados por essa Presença. Alguns de vocês já foram tocados profundamente por essa Presença, e quando escutam essa fala, sabem do que estou falando. Foram tocados por esse Amor Divino, estão recebendo um chamado de Deus, um chamado da Verdade, exatamente para essa entrega, essa devoção, essa rendição. Então, venha a Satsang, estou aguardando você aqui.
Ok? Então vamos ficar por aqui! Namastê! Até o próximo!
*Transcrito de uma fala ocorrida em 27 de junho de 2016, num encontro aberto online. Para informações sobre os nossos encontros, clique aqui.

terça-feira, 5 de julho de 2016

A Alegria da liberdade, da paz, do silêncio e dessa beatitude

A mente egoica jamais vai desistir de seu movimento. É necessário que um elemento novo se apresente aí; esse elemento novo é uma alegria maior que esse prazer. A diferença entre prazer e alegria é que o prazer faz estardalhaço, enquanto a alegria, da qual estamos falando, não é essa alegria eufórica, que ainda é da mente prazerosa e da mente egoica; ela é uma alegria sutil, suave, silenciosa. O elemento que torna possível o seu coração inclinar-se para essa alegria silenciosa é o elemento da própria Consciência. A Graça é esse elemento da Consciência.
Enquanto não é tocado pela Graça, você não tem a mínima condição de ir além da mente egoica. É possível que o mecanismo da dor, do conflito, do sofrimento, torne possível isso, quando o seu coração, já impulsionado pela própria Graça, voltar-se para essa Consciência. Então, a Graça é o elemento que torna possível você abdicar, abrir mão da mente egoica em sua busca do prazer. Esse elemento, que é a Graça, é o elemento da Consciência na consciência.
A natureza do Ser é inclinar-se para aquilo que lhe dá maior felicidade. O Ser inclina-se sempre para aquilo que lhe dá maior felicidade, e isto é aquilo que lembra Aquilo que Ele é – a sua Real Natureza. O Ser inclina-se para aquilo que lembra a sua Real Natureza! Essa alegria silenciosa, sem estardalhaço, natural, a alegria da Liberdade, da Paz, do Silêncio e dessa Beatitude é aquilo que lembra o Ser, aquilo que ele é: Felicidade.
Como o ego é muito grosseiro, a dificuldade que se tem de inclinar-se para essa alegria é porque ela não é o prazer que o ego conhece. Tudo o que ele conhece é essa grosseria do prazer – o prazer grosseiro dos sentidos. Comer dá prazer, dormir dá prazer, diversão sensorial dá prazer, sexo dá prazer, e tudo o que o ego aprecia muito é o prazer grosseiro dessa satisfação da suposta entidade separada. O apego da mente egoica a isso é muito forte, já está aí há milênios, e o ego não vai abrir mão disso, jamais, porque é onde ele se situa como sendo "alguém". Sendo consciente dele, de ser uma entidade, de ser "alguém", ele não vai abrir mão disso.
Enquanto se está imaturo para Isso, não há nenhuma possibilidade, nenhuma chance. Você está em Satsang porque você já tem uma maturidade, a de perceber a ilusão que é viver nesta dualidade – prazer e dor, prazer e dor – nessa coisa grosseira, que é a alegria eufórica que o ego conhece a partir de suas realizações. Em razão dessa maturidade aconteceu um chamado da Graça, e esse chamado colocou você em Satsang. Quando chega em Satsang, você percebe o quanto isso faz sentido; não faz sentido para a mente egoica, mas faz sentido para o seu coração... O quanto isso tudo faz sentido!
Essa alegria silenciosa, graciosa, fora da mente, fora do prazer e da dor, fora dessa dualidade... O quanto isso faz sentido nessa coisa chamada Satsang! Então, acontece a Alegria da Meditação, da investigação; acontece a Alegria da devoção, de voltar-se para Deus, para a Verdade, a Felicidade, a Liberdade e para o Amor.
Vocês estão indo além da dualidade, além dessa coisa grosseira, que é a busca constante do prazer sensorial. Tomar um banho de mar, tomar sol, comer, tudo isso é prazer físico, sensorial, então, tanto a questão do prazer, quanto da própria dor, começam a não ter muita importância, porque o corpo passa a não ter muita importância.
O corpo tem muita importância, na inconsciência, para essa ego-identidade e suposta ideia: "eu sou o corpo". Então, nessa ideia "eu sou o corpo", o corpo tem importância, e quando ele tem importância estar numa praia é melhor que estar em outro lugar, ou o outro lugar é melhor que estar na praia, ou estar com alguém é melhor do que estar com outra pessoa. Começa a ter essas diferenças: é melhor estar com fulano do que com beltrano, estar num lugar do que em outro... Isto porque é muito grande a importância que o corpo dá a seu preenchimento, além da importância que o ego dá a esse corpo, nessa ilusão de "ser o corpo", e a um específico preenchimento. Então, o corpo está sempre em busca de sensações.
Sensação é a vida egoica, seja ela sentimental, emocional ou fisiológica, e na Consciência, no Ser, isso não tem importância, é só mais uma coisa. Isso é como vários pratos, vários alimentos numa mesa, e todos têm o mesmo peso de importância para você; não tem um que é especial. Assim, as experiências sensoriais, todas elas, passam a ter importância, mas elas não assumem essa importância desmedida que antes o ego dava – alguma coisa em detrimento de outra.
Em razão disso, depois de muito insistir, essa continuidade do ego na busca do prazer, que carrega com esse prazer uma dor embutida (dor que sempre acompanha essa coisa consistente de "prazer e dor"... "prazer e dor"... "prazer e dor"...), permanece até que por uma ação da Graça, desta Presença, você é tocado por um elemento inteiramente novo, que é essa alegria sutil, silenciosa. Não é algo grosseiro com esse peso da dor do outro lado – prazer e dor. Tocado por essa alegria, aí, o coração inclina-se, porque isso é o Ser lembrando-se da sua Real Natureza. Aí existe a possibilidade de estar acontecendo um chamado divino para essa realização de Deus.
*Transcrito de uma fala ocorrida num encontro presencial, na cidade de João Pessoa/PB. Para informações sobre os nossos encontros, clique aqui.

sexta-feira, 1 de julho de 2016

Que véu é esse que oculta a Felicidade, a Liberdade, a Iluminação, a Realização?

Sejam todos bem-vindos a mais este encontro, aqui pelo Paltalk.
Aqui, temos investigado isso: até que ponto algo precisa ser feito, e como isso precisa ser feito? É isso que nós investigamos em Satsang. Parece que, enquanto existir essa identificação com esse indivíduo aparente, com essa pessoa aparente, não haverá qualquer escolha. Então qual é o significado da busca? O que significa essa busca?
A Verdade é muito paradoxal. A busca não é real e, no entanto, se não há o propósito de entrega, de trabalho, essa realização também não acontece. Você não pode fabricar isso, mas ao mesmo tempo não pode ficar de braços cruzados esperando isso acontecer acidentalmente como um raio caindo em cima de sua cabeça e trazendo essa iluminação, esse despertar. É aqui que muitos se perdem, escolhendo um lado e desprezando o outro. Como resolver isso?
O que tenho percebido é essa simplificação absurda. Alguém escolhe um destes lados e discorre sobre ele, fala sobre ele, trata sobre ele, mas não percebe que caiu numa armadilha. Dizer que não se faz necessário nenhum trabalho é uma armadilha. Dizer que o próprio esforço e força de vontade vão determinar essa realização também é uma armadilha. Essa é a dificuldade.
Que véu é esse que oculta essa Felicidade, essa Liberdade, essa Iluminação, essa Realização? Que véu é esse? A meu ver, a própria busca, o próprio esforço, a própria vontade pessoal, usando os próprios métodos que a pessoa conhece, e que empregaria em qualquer outro empreendimento, para realizar esse, é o próprio véu que oculta isso. Isso não vem pelo esforço pessoal, pela vontade pessoal, pelo trabalho pessoal... Essa Realização, essa Iluminação, o Despertar, a Felicidade desponta, floresce, surge, aparece, toma o lugar Dela a partir de uma ação da Graça. Estamos falando que isso acontece a você, que você não produz isso.
Você, agora há pouco, disse que, enquanto eu falava sobre essa imutabilidade, algo acontecia aí. Você conseguiu tomar consciência disso claramente. Então, repare que não é um esforço pessoal, não é um trabalho pessoal; você não fez qualquer esforço, qualquer trabalho; você apenas está aqui, agora, neste momento, e essa Presença foi capaz de tornar isso possível. Essa Presença é a Consciência, é a Graça. Isso é algo dado a você, no entanto, foi necessário você estar aqui, ter entrado na sala, estar se colocando nesta disposição de ouvir, de sentir, de perceber.
Há algo presente nesta sala, maior do que a fala, que é o próprio poder da Graça. Isso que faz o trabalho ser possível, para além dos seus esforços, de sua força de vontade, de sua determinação. Nesse contato com um Mestre vivo, isso se torna possível. Nesse contato com o poder dessa Presença, isso se torna possível. Mas isso é muito sutil, é uma linha muito tênue: até onde você entra tornando isso possível, e até que ponto você é o próprio impedimento...
Tenho falado muito sobre a importância da entrega – ela facilita muito isso. Entrega é o caminho direto, é devoção, é rendição, é desistência, é a desistência de alguém para realizar isso, de alguém para fazer isso. Isso significa também, ao mesmo tempo, uma abertura, uma sensibilidade, uma vulnerabilidade total e completa. Aí, então, isso desce sobre você, ou melhor, isso vem de dentro, sobe a partir do interior, varrendo por completo a mente egoica, o sentido de separação, o sentido do eu.
Então até que ponto há algo para se fazer? Até que ponto não há nada que possa ser feito? Essa é a pergunta! Se você faz alguma coisa, atrapalha. Se você não faz, atrapalha mais ainda. Se você aplica sua vontade e determinação, você atrapalha. Se você não aplica total vontade e determinação, você atrapalha mais ainda.
Estou dizendo é que se você não se dispõe, não se abre, não se entrega, não se permite (em razão da resistência da mente inteiramente voltada para os interesses egoicos), se você se mantém assim, essa realização não é possível. Pelo menos, não agora. Você precisa estar queimando por isso, colocando sua vida inteiramente nisso, aplicando seu coração inteiramente nisso.
Você precisa acordar com isso pela manhã, passar o dia com isso, dormir com isso à noite, e, no dia seguinte, acordar de novo pela manhã com isso, passar o dia com isso e dormir com isso. No terceiro dia, você faz diferente: você acorda com isso, passa o dia com isso e dorme com isso de novo. No quarto dia, você repete o primeiro; no quinto dia, você repete o segundo; no sexto dia, você repete o terceiro ou quarto... (risos)
Nesse sentido, é fundamental estar em Satsang presencial, dentro de uma sangha, recebendo uma upadesa, uma direção, um ensino. Não são informações sobre isso, são alertas diretos de como não se confundir, de como não se perder, de como não se identificar mais uma vez nesse mundo egoico, nesse mundo mental. Essa é a necessidade da Graça, é a necessidade do Guru, é a necessidade daquele que está além da dualidade. Ele não se perde mais, já passou por todo este processo, conhece isso de forma direta, não intelectualmente, mas diretamente; não teoricamente, mas diretamente.
Participante: Como permanecer em minha real natureza, permanentemente, se a mente se agita?
Mestre Gualberto: A mente se agita em razão dessas vasanas – palavra usada na Yoga, na Índia – dessas tendências latentes da mente, de seus padrões de desejos, escolhas, motivos, intenções ocultas. Isso precisa terminar! Se isso não termina, a mente continua sempre se agitando, voltando aos mesmos e antigos padrões.
Por isso, que a prática da meditação não funciona. Nenhuma técnica para aquietar ou silenciar a mente vai funcionar. Realização não é a quietude da mente, não é a mente silenciada. Realização é o fim da dualidade, é o fim do sentido de separação, é o fim do sentido de um “eu” dentro da experiência, inclusive da experiência do pensamento. O pensamento é só uma experiência, assim como a emoção, ou a sensação, ou o sentimento. Quando não há dualidade, quando não há um sentido de um “eu” dentro da experiência, não há conflito e o que se apresenta é a sua Real Natureza.
Consciência não está separada da experiência do pensar, do sentir, da emoção, da sensação, ou do sentimento. Mas a Consciência nessa experiência, fora da dualidade, não se perde, não se confunde, não se identifica mais com isso. Isso é algo que muitos de vocês têm entendido de uma forma completamente equivocada. Tenho percebido isso: muitos falam desse silêncio da mente como se fosse a própria Realização. Realização não é o silêncio da mente; Realização é o fim do sentido de uma identidade nessa experiência do pensamento. Isso é uma outra coisa completamente diferente.
Participante: Como eliminar, então, esse sentido de um eu?
Mestre Gualberto: Essa resposta está diretamente relacionada a um trabalho. Não há uma resposta definitiva para isso, uma resposta verbal, de uma frase ou duas, ou dez. Em Satsang, sim, há uma resposta para isso! Em Satsang presencial, diante de um Mestre vivo lhe sinalizando, lhe mostrando, fazendo-o perceber esses padrões, essas tendências da mente, esses hábitos arraigados da mente... Essa sinalização Dele, esse modo de fazê-lo perceber diretamente tudo isso é parte do trabalho dentro de encontros presenciais. Aí, então, você tem uma resposta que significa a eliminação desse sentido de um “eu”. Mas isso não é possível de olhos fechados, cantando mantra, ou silenciando a mente por alguns instantes. Você pode meditar assim durante mil anos. De olhos fechados, a mente silencia; depois que a meditação termina, você está de volta!
Eu nunca pratiquei meditação, toda a minha prática foi devocional, mas de meditação nenhuma. A prática da devoção é a prática da entrega aos pés dessa Presença viva, que é essa Consciência, que é essa Graça. Minha experiência é essa: o olhar do Guru! Olhar em seus olhos era o suficiente, ouvir seu Silêncio em meu coração era o suficiente, isso já continha todo o ensino, toda a upadesa, toda a direção. Essa atenção real no presente é essa Consciência sempre presente nessa entrega. Essa Presença, que é essa Consciência aí, realiza todo o trabalho. Você precisa ter o coração voltado para isso intensamente, todo o seu coração nisso. Você precisa estar disposto a morrer, a entregar tudo por isso. Precisa estar queimando por isso.
Participante: Há alguma previsão para Satsangs em Minas Gerais, pois em Campos do Jordão faz muito frio nesta época?”
Mestre Gualberto: Se você estiver queimando por isso, você não vai sentir frio nenhum em Campos do Jordão. Se não estiver queimando por isso, nada vai funcionar. Esses encontros não têm que ir a você; você é que tem que ir a esses encontros. Não é o Guru que tem que ir a você; você é que tem que vir ao Guru. Não é ele que tem que ir para Minas Gerais; é você que tem que vir a Campos do Jordão. Ele pode estar no alto da montanha do Himalaia, lá no pico nevado, mas você tem que ir encontrá-Lo lá. Se você estiver queimando por isso, não vai congelar, e sim, realizar Deus, realizar a Verdade sobre si mesmo. Agora, se não estiver queimando por isso, qualquer coisa será uma grande desculpa – o calor, o frio, a falta de dinheiro, a falta de tempo...
Participante dois: Mestre, faz um ano que perdi meu emprego, não consigo arranjar outro, estou em depressão. Faz duas semanas que conheci o Senhor, assisto aos seus vídeos, mas está difícil entender e silenciar a mente, minha mente grita 24 horas.
Mestre Gualberto: Esqueça isso de silenciar a mente, menina! Como agora aqui, apenas escute minha fala, coloque seu coração nela. Quando estiver assistindo aos meus vídeos, olhe para mim, já não olhe para as minhas falas, olhe para o meu Silêncio, olhe para Mim e você vai perceber que eu vou estar olhando para Você. Na realidade, minha fala carrega esse Silêncio capaz de fazer um extraordinário trabalho aí. Trabalho, esse, que você não pode fazer! Não é algo ordinário e, por isso, eu disse extraordinário! Não está nesta fala, está neste Silêncio; não está nos meus gestos diante do vídeo, está neste olhar.
Você não pode se aproximar deste trabalho para se livrar de uma depressão ou de um trauma ou de um problema emocional. Há muitos terapeutas para ajudá-lo! Eu não tenho interesse nenhum nisso. Meu interesse é lhe mostrar Aquilo que Você é! Você não é o corpo, Você não é a mente! Então nem o calor, nem o frio, nem a depressão, nem o medo, nem a ansiedade ou qualquer outra resposta mental negativa pode impedi-lo de realizar Aquilo que Você é, sua Real Natureza.
Eu estou aqui para aqueles que estão dispostos a realizar isso, e não para aqueles que sentem calor demais ou frio demais. Sem estar disposto a ir além desse sentido de um “eu” separado, dessa ilusão de ser alguém, não adianta perguntar como eliminar esse sentido de um “eu”. Tem que estar disposto a entregar esse sentido de um “eu” que tem medo do frio ou que tem medo do calor, ou esse “eu” que se sente ansioso ou deprimido ou qualquer um destes estados que o “eu” conhece.
Todos vocês, aqui, precisam atentar-se para isso: esse namoro à distância não faz o filho nascer, não engravida ninguém! Essa criança precisa nascer, e por aqui não dá. Está claro isso?
Ok! Então, vamos ficar por aqui! Namastê!
*Transcrito de uma fala ocorrida em 13 de junho de 2016, num encontro aberto online. Para informações sobre os nossos encontros, clique aqui.

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