quarta-feira, 22 de junho de 2016

Seu coração inteiro nisso

Olá pessoal, boa noite! Sejam todos bem-vindos a mais esse encontro, aqui, pelo Paltalk! Esses encontros são sempre um momento único, um perfeito momento de celebração. Assim são todos esses momentos de investigação da Verdade. Nos encontramos em Satsang para essa investigação.
Há algo bem maior do que alguém fazendo essa investigação, há algo aqui muito maior do que isso. Todas as vezes em que nos encontramos, tratamos sobre isso. Parece que nós investigamos a fim de nos livrarmos de alguma coisa, de nos livrarmos dessa ilusão, desse senso de um “eu” separado, desse sentido de um “eu” separado. E assim, nos livrarmos dessa conexão com o sofrimento, com o desespero, com a miséria do ego. Isso pode até parecer ser assim, mas, na verdade, isso é só uma ideia. Se esse “eu separado” está tentando realizar alguma coisa por ele mesmo, se está tentando realizar essa liberação, essa libertação através dessa investigação, isso não é real. O que quer que esse “eu separado”, esse “eu ilusório” procure fazer, irá sempre fortalecer ainda mais o sentido de um autor, de alguém fazendo algo, e aí está a ilusão. A investigação não tem esse propósito, não é a investigação de alguém, não é uma entidade separada tentando fazer alguma coisa.
O curioso é que é somente essa entidade separada que quer se ver livre desse sentido de separação. Esse incômodo, esse sofrimento, essa miséria cria isso. Então, o que essa entidade separada – essa ilusão dessa entidade presente criando o sofrimento, esse próprio peso do sentido de separação, essa miséria buscando sempre alguma coisa, inclusive tentando se livrar de tudo isso, na assim chamada busca espiritual – está fazendo é mantendo esse véu, fortalecendo esse véu. Todo o esforço é nessa direção. Todo esforço fortalece ainda mais esse véu. A coisa mais simples é a mais difícil para essa ilusão do eu, do mim, da pessoa, porque a coisa mais simples é parar com toda a busca, parar com todo esse movimento de tentar encontrar isso.
O ego tem tentado encontrar essa Felicidade, essa Paz, essa Liberdade. Tentou nas coisas mundanas, agora está tentando nas coisas, assim chamadas, espirituais. Tentou no materialismo e agora está tentando no espiritualismo ou espiritualidade. Todo esse movimento de busca que a mente egoica tem, todo esse sentido de alguém presente à procura da felicidade, está ocultando a própria Felicidade; a procura da paz está ocultando a própria Paz; a procura da liberdade está ocultando a Liberdade.
Mais cedo ou mais tarde você terá que desistir da busca, terá que desistir de todo o esforço no ego para realizar o fim do ego. Essa incansável procura através de práticas espirituais, assim como leituras dos livros e estudos da espiritualidade, só o afasta ainda mais dessa Verdade – da Verdade de sua Natureza Essencial, de sua Natureza Real. As práticas espirituais, o estudo da espiritualidade, a busca da espiritualidade tem muitas ramificações. Existem buscas, práticas e leituras para todos os gostos. Isso vai de doutrinas religiosas até o estudo da Advaita. E tudo isso não passa de uma grande ilusão – essa ilusão da busca. O próprio “eu”, esse próprio sentido de separação se fortalece, se tornando cada vez mais refinado, mais purificado, mais espiritualizado.
Alguns de vocês, aqui, nessa sala, já passaram por isso, e outros ainda estão passando, ainda não estão cansados da espiritualidade. Até estão cansados da busca de realizações materiais, mas estão, agora, buscando as realizações espirituais. Nada disso é real. Antes havia um “eu” aí materialista, agora tem um “eu” aí espiritualista. Havia um “eu” aí que não sabia nada de espiritualidade, agora tem um “eu” aí que sabe muito sobre espiritualidade, capaz até de ensinar isso, de tantos livros, de tantas palestras, de tantos ensinamentos que recebeu.
E eu estou repetindo isso aqui: essa tentativa do eu de realizar alguma coisa por ele mesmo irá fortalecê-lo. Ou na vida mundana ou na vida espiritual. Esse é o próprio véu que oculta essa realidade da Verdade sempre presente, mas que não pode aflorar, florescer, se manifestar. Mais cedo ou mais tarde você terá que se livrar de tudo isso, de toda a sua espiritualidade. Você terá que se livrar da própria busca do fim do sofrimento pelas práticas da espiritualidade, porque no fundo, você quer substituir essa miséria, essa dor, esse sofrimento por alguma coisa espiritual, e isso ainda é o véu que cobre essa Realidade, essa Verdade, essa Graça da verdadeira Felicidade, do verdadeiro Amor, a Verdade de Deus Presente, da Sabedoria Presente.
Soa muito estranho, isso, né?
O ego é incansável na sua busca. E aqui, se trata do fim da busca, do esvaziamento completo de todo o conteúdo, o material e o espiritual. Você está sempre carregando uma prática nova, um livro novo, um ensino novo, acreditando que qualquer nova ideia irá aproximá-lo disso, mas você não sabe o que é isso, a mente não sabe o que é isso. Isso está além do seu saber, está além da mente. Isso está presente quando você não está, quando a mente não está, quando a busca ou essa procura de se livrar do sofrimento não está.
Só não há sofrimento quando não há ilusão, e não quando você tenta realizar isso pela busca do fim do sofrimento. Somente o fim da ilusão significa o fim do sofrimento, e não a busca pelo fim do sofrimento. Só há Felicidade quando existe o fim dessa ilusão – a ilusão de se encontrar a felicidade no materialismo ou no espiritualismo. A Felicidade é a Natureza da Verdade, é quando não existe nenhuma busca – nem a busca do fim do sofrimento nem a busca da felicidade. Isso é o próprio véu que encobre essa Verdade da ausência do sofrimento, da Felicidade Real.
Acompanham isso?
Estou dizendo que você não pode realizar isso, você está só atrapalhando. Todo o seu esforço é só para atrapalhar. Isso tem que ficar sob os cuidados da Graça, sob os cuidados de Deus, sob os cuidados dessa Presença. Essa Presença é o Guru, é a Consciência, é Deus, é a Verdade. Em outras palavras, enquanto esse “eu separado” estiver sendo considerado real, é inevitável que ele continue tentando se livrar do sofrimento, tentando encontrar felicidade, que ele continue tentando se livrar da mente. A mente tentando se livrar da mente, o “eu” tentando se livrar do “eu”... percebem o truque? A infelicidade tentando encontrar a felicidade, o conflito tentando encontrar a paz. Tudo o que o conflito faz é produzir mais conflito, tudo o que a infelicidade faz é produzir mais infelicidade, tudo o que a mente faz está dentro da própria mente, está apenas fortalecendo a própria mente. Meu Guru, meu mestre Ramana dizia que isso é como o ladrão vestido de policial tentando prender o ladrão.
Talvez, nesse ponto do encontro você pergunte: Então, o que fazer?
Eu posso lhe garantir que há um momento em que você percebe, claramente, pela investigação, que está andando em círculos. Esse momento pode ser encarado, a princípio, como desesperador. Mas, na verdade, essa é a sua grande oportunidade de desistir, de parar com esse esforço. Esse esforço é essa ilusão tentando se livrar da ilusão, é o “eu” tentando se livrar do “eu”, é a mente tentando se livrar da mente. Nesse momento, acontece a entrega, a desistência. É quando a Graça pode assumir, a Presença pode assumir, Deus pode assumir, o Guru pode assumir.
É o momento em que você percebe a importância daquilo que tem toda a importância. Deus é essa única coisa que importa! O Guru é essa única coisa, a Verdade, a Presença da Graça! Nesse momento, nesse estágio, nesse instante, o sofrimento não pode mais se manter, a ilusão da separatividade não pode mais se manter, o ego não pode mais se sustentar – o ego em sua busca, em sua procura... Então, imediatamente, uma janela se abre. Depois, essa janela perde a importância, e uma grande porta se abre, muito maior do que essa janela. É uma porta com dois lados e, de par em par, elas se abrem. Esse é um chamado de Deus, da Graça, dessa Presença. Então, você para com tudo, você desiste, você não resiste, você se rende. Então, o trabalho real, pela primeira vez, começa a acontecer, porque você não está mais aí, porque não há mais essa disposição de tentar realizar isso sozinho, através de suas habilidades, técnicas, capacidades...
Participante: Mestre, nos minutos finais, o senhor poderia nos esclarecer sobre o que é autoinquirição?
Mestre: Autoinquirição significa, basicamente, duvidar de si mesmo, duvidar total e completamente de qualquer poder ou habilidade/capacidade que você tem – o que, na verdade, é somente o movimento da própria mente. Todo poder ou habilidade/capacidade é ainda do próprio ego, da própria mente egoica. Então, a expressão “Quem Sou Eu” ou “O que Sou Eu” não é uma pergunta para se encontrar uma resposta. É uma exclamação e não uma pergunta. Uma exclamação de desistência, de não resistência. Significa estar quieto, sem esforço, sem qualquer movimento, uma completa entrega a essa Graça, a essa Presença, a essa Verdade que é o Ser. Eu falo de sua Natureza Real, de sua Natureza Divina. A Presença dessa Graça faz isso aflorar, despertar. Essa autoinquirição é o seu coração inteiro nisso, é a sua vida inteira nessa exclamação! Não é uma mera interrogação intelectual, verbal, não é uma fórmula que como um mantra se repete...
A dificuldade aqui, que você sente, nesse instante, é que você espera que eu lhe dê uma fórmula, que eu faça exatamente o que os livros estão fazendo para você, por você – eles estão lhe dando fórmulas.
A Verdade é algo muito vivo, muito real. O que não está vivo pode ser encontrado em algum ponto; o que está vivo está se movendo... Um corpo enrolado em faixas é uma múmia, e você a encontra, você encontra esse corpo enrolado em faixas. A Verdade não é um corpo enrolado em faixas. A Verdade não está enrolada em palavras, em conhecimentos, em práticas, em experiências, em técnicas... A Verdade não é um corpo enrolado com toda essa coisa. A Verdade é algo vivo! A Verdade está viva, você a constata, é a sua Natureza Verdadeira. Essa é a sua Natureza Real, a que está além da mente, a que está além do conhecido, além do conhecimento, das palavras, das práticas espirituais, das técnicas...
Ok, pessoal! Vamos ficar por aqui! Por isso, continua o convite: presencialmente, nós investigamos isso melhor, ok?
Namastê!
*Transcrito de uma fala ocorrida em 20 de junho de 2016, num encontro aberto online. Para informações sobre os nossos encontros, clique aqui.

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