quarta-feira, 1 de junho de 2016

O Guru é essa Consciência

Participante: Qual deve ser a relação com o Guru interior e exterior?
Mestre Gualberto: Aqui, a questão é que há uma grande dificuldade, para muitos, de aceitar essa resposta que nós temos para isso. Todos falam de um Guru interno, mas, na verdade, esse Guru interno é só mais uma crença. Esse Guru interno só é real quando ele desperta e aí está toda a dificuldade. A dificuldade é aceitar que isso só é possível através do contato com o Satguru externo.
É o Guru externo que desperta esse Guru interno. Sem o Guru externo o interno é somente uma crença, como qualquer outra crença. O que estou dizendo é que todos precisam de um Guru externo, que, na realidade, é o mesmo Guru interno. Mas esse Guru interno só desperta em razão desse Guru externo, mesmo que esse Guru externo não assuma uma forma humana, como aconteceu com o próprio Ramana, mas esse é um caso raro... esses casos são bastante raros. No caso de Ramana, a montanha de Arunachala era o seu Guru.
Aqui, toda dificuldade é que, quando nós tratamos desse assunto, podemos colocar isso do ponto de vista do Guru ou do ponto de vista do discípulo. Do ponto de vista do discípulo, existe o externo e o interno; do ponto de vista do Guru, só há o Satguru. Então, interno ou externo não aparecem mais. É bem interessante esse assunto, porque, no desejo que a mente tem de dispensar qualquer autoridade, ela vê, também, a figura do Guru como a figura de autoridade sobre ela. A natureza da mente egoica é essa natureza da arrogância. Ela assume a ilusão de poder controlar, de poder resolver sozinha. O ego acredita poder resolver sozinho, a mente acredita poder resolver sozinha essa questão. Mas a mente é basicamente inconsciência, basicamente sono; ela não tem nada, absolutamente nada a ver com o Guru, interno ou externo. O Guru é essa Consciência, essa Presença externa. Em razão de sua Graça, essa Consciência, esse Guru interno, desperta. Então, o Guru sempre será necessário. A única necessidade é exatamente esse Guru, essa Consciência, essa Presença. O trabalho é único, é um só trabalho.
Não há separação entre o Guru externo e o Guru interno, mas, do ponto de vista daquele que acredita nisso, a Presença externa do Guru é algo essencial, porque não dá para ir além da mente na própria mente. A mente não consegue investigar a própria mente. O Guru externo é essa Consciência, é essa Presença na forma, e apenas a Consciência desperta. Então, nesse contato, essa Consciência, que é o Guru na forma, desperta essa consciência do discípulo... essa mesma Consciência no discípulo. Então, o trabalho tem início e aí se pode falar de Guru interno. Antes disso é uma crença, uma bela crença, e toda crença é algo presente na mente, é parte da mente; é parte dessa inconsciência, é parte do sono – são apenas palavras, são apenas imaginações... Palavras, que são pensamentos, que são imaginações.
É como a realidade de Deus, que na mente é só um conceito, um pensamento, uma crença e, portanto, só mais uma imaginação. Deus é real em seu Ser! Deus é real, como Consciência, não como crença; como crença, é só imaginação. Assim é a questão do Guru, que é essa Consciência, que é Deus. O Guru só é real quando um trabalho está acontecendo. Quando um trabalho está acontecendo o Guru interno é real. De outra forma, é como a crença em Deus, que é só mais uma crença e uma crença não funciona.
Todos acompanham isso? Satsang significa estar em boa companhia, que é a companhia dessa Consciência, que é a companhia da Graça, que é a companhia do Guru. Se vocês, que estão nessa sala do Paltalk, pudessem resolver isso sozinhos, já teriam resolvido; não é assim que funciona. Se esse “sozinho” significasse Consciência, vocês não precisariam estar nessa sala, porque a coisa já estaria resolvida; essa questão do fim da separatividade, o fim do sentido do eu, do ego, do mim, além de todo sofrimento, conflito e toda miséria atrelada a isso, já teria sido resolvida.
A mente pode acreditar em sua capacidade de realizar Isso, mas é só uma crença, também, mais uma imaginação. Essa ação do Despertar, da Realização, é uma ação da Graça. Como uma ação da Graça, é uma ação da Consciência. Assim sendo, é uma ação de Deus, uma ação do Guru. Na Índia é muito claro isso – é o Guru quem concede esse Despertar. Hoje, há uma mensagem neo-advaita, que vai por aí, que diz que você não precisa de um Guru, que você já é o Guru. No entanto, você vê que todos aqueles que realizaram Isso, de uma forma direta, real, e que depois compartilharam essa visão real da Verdade, que alguém chamaria de Advaita, estão sempre falando da importância do Guru, orando ao Guru, fazendo cânticos para o Guru, se banhando nesta Graça do Guru, fazendo poemas para o Guru, como aconteceu com Ramana, com Nisargadatta e muitos outros.
Alguma dúvida sobre isso, ainda? Alguém tem mais alguma pergunta sobre isso? Eu gostaria de perguntar, então, a vocês: Para aqueles que estão em contato com o Guru de forma presencial, o que isso representa? Como você sente isso? Alguns, aqui, nunca estiveram em encontro presencial. O que representa estar nesse trabalho?
Na mente, nós temos a dificuldade de aceitar algo tão simples: que só há Um e esse Um é essa única Consciência, Presença, não importa se Ela se apresenta na forma de Marcos Gualberto, de Ramana Maharshi ou de Buda, essa única Realidade, Presença, porque a rendição a essa Presença é aquilo que acontece quando nos estendemos ao Guru, quando há essa rendição do “eu” ao Guru, desse “mim” ao Guru. A rendição é o abandono dessa ilusão da separação, dessa mente que julga, compara, avalia, e que está cheia de conceitos e preconceitos, medos e desejos – é isso que entregamos, que rendemos, que soltamos diante dessa única Presença. Há somente essa única Presença, que é Você em sua Natureza Real! Só tem Você! É sempre isso! Só tem Você em seu Ser, nesta sala! Não tem pessoas nesta sala.
A mente, o corpo e o mundo aparecem nesta Consciência, que é Você em seu Ser. Tudo isso são objetos, enquanto essa Consciência é a Realidade que experimenta tudo isso, que é o sujeito de todos esses objetos; Ela que experimenta tudo isso. Essa Consciência é o Guru. Nessa Consciência que experimenta tudo isso, única Consciência, só há essa Consciência.
Quando você diz "a pessoa", ou "eu", isto é apenas uma ilusão na qual acreditamos; essa crença é essa ilusão da "pessoa", do "eu". Tudo está nessa imaginação. A única realidade é essa Consciência. Esse "eu" e esse "mim" são apenas crenças, pensamentos, objetos, para essa Consciência que experimenta isso. Essa Consciência é aquilo que permanece sozinha, sem qualquer objeto; é Nela que os objetos aparecem. Esse "mim", "pessoa", é também só um objeto, um pensamento, uma imaginação.
Vamos ficar por aqui? Valeu pelo encontro. Namastê!
*Transcrito de uma fala ocorrida em 27 de abril de 2016, num encontro aberto online. Para informações sobre os nossos encontros, clique aqui.

3 comentários:

  1. O guru externo pode ser alguém, como Ramana, cujo corpo-mente morreu?

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    Respostas
    1. Olá Anônimo. Nosso blog e redes sociais são publicados pela Sangha do Mestre Gualberto, para perguntas pedimos que o faça diretamente ao Mestre em nossos encontros online via Paltalk às segundas, quartas e sextas as 22h ou em um de nossos encontros presenciais... Grato por nos escrever.

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  2. Sem um Mestre vivo, a felicidade real jamais será uma realidade..

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