terça-feira, 31 de maio de 2016

Você é Deus e só há Ele

Nem presente do lado de dentro nem do lado de fora. O que você tem presente mesmo é essa Realidade, que não está dentro e não está fora. Essa Realidade, nós podemos chamar de Graça, de Consciência, de Presença, de Deus... É algo sempre presente, fora de toda a noção de espaço e de tempo.
A referência do pensamento é a referência das formas. Assim, vocês aprenderam que Deus está dentro, e eu estou aqui questionando isso. Não está dentro, não está fora. Dentro e fora são sempre da perspectiva do pensamento e não da Realidade. A Realidade é essa Presença presente sempre, aqui e agora.
É essa Realidade que faz os pássaros, lá fora, cantarem, faz as flores desabrocharem, faz as ondas baterem contra as rochas, faz o seu coração bater, faz essas nuvens flutuarem nesse espaço azul, que nós chamamos de céu, correrem de uma forma suave ou de uma forma mais veloz...
Essa Presença sempre presente, sempre aqui, sempre presente... aqui. Não está dentro, não está fora.
Sabe por que eu convidei você? Para lhe mostrar que você é essa Presença! Esse tem sido o meu convite a todos que vêm. Alguns estão no momento de receber esse convite e acolhê-lo, e recebê-lo profundamente no coração. E outros não estão no momento. Mas a minha mensagem ao mundo, o meu recado é: Você é Amor, Você é Felicidade, Você é Beleza, Você é Silêncio, Você é Deus!
Tem sido amargo, tem sido duro, tem sido difícil, porque você troca O que É pelo que não é. Você substitui, artificialmente, essa Realidade presente por esse ilusório movimento do pensamento no tempo, que joga você para o passado e para o futuro, que cria essa noção de dentro e fora, que faz você confiar nessa ilusão da pessoa – dessa pessoa que é só uma crença. Isso é uma ilusão.
Você é a Felicidade que Eu sou. Eu sou a Felicidade que Você é. Tempo, espaço... é só uma imaginação. Corpo, mente... só uma ideia. Dentro e fora também.
Não há necessidade de viver nessa ilusão, na ilusão criada, alimentada, fomentada pelo pensamento. Você pode ser livre! E essa Liberdade só pode ser realizada, vista, demonstrada a você como sendo Você para Você mesma, aqui, agora! É por isso que eu estou convidando você a abandonar o ego, a abandonar o sentido de ser alguém que se posiciona numa relação ilusória com o mundo.
Um exemplo disso são os nossos relacionamentos chamados afetivos, amorosos – todos baseados no medo, no desejo de ser alguém para alguém, ou de ter alguém para esse alguém que você acredita ser.
A Verdade não é isso! A Verdade é essa Realidade presente que faz os pássaros cantarem, as flores se abrirem, cada uma com a sua singularidade, com seu perfume, que faz cada nuvem no céu ser única, cada gota de orvalho, cada flor que se transforma num fruto, em uma árvore, e cada um desses frutos sendo únicos. No entanto, uma só Realidade presente, além dessa forma, desse nome, dessas cores, desses sabores, desses aromas...
Em Satsang, eu estou lhe dando uma escolha, que sempre foi negada a você. Toda a escolha que você conhece é a escolha que o pensamento engendra, algo imaginário. Isso significa andar em círculos, o que, de fato, não é uma escolha. Viver no ego não é uma escolha, é um andar em círculos.
Todas as suas conquistas, realizações, toda satisfação, prazer e preenchimento nessas relações – que você acaba transformando em relacionamentos egoicos, onde o ego se divide em dois, em observador e coisa observada, em amado e aquele que ama – sempre terminam num círculo vicioso de dor de sofrimento.
Estou lhe dando uma escolha – a única possível, a única real. Essa escolha significa deixar de escolher, deixar de estar no tempo como uma entidade separada. Significa estar no coração de tudo e ter o coração de tudo dentro de você. Significa abandonar a noção de dentro e fora para ser tudo e nada, para estar aqui e em toda parte.
Satsang é isso: o encontro com O que É, o encontro com a Realidade, o encontro com você mesma, com você mesmo.
Você é Deus! Deus se vendo, Deus se olhando, Deus em namoro consigo mesmo. Deus se encontrando. Só aqui existe o que ama e o que é amado, Deus e o devoto, o Guru e o discípulo. É nesse sentido que o Guru é fundamental, porque é o Guru que lhe mostra isso.
Você olha para uma roseira e observa que algumas flores já não são mais botões, elas desabrocharam. Algumas ainda estão em botão, e outras estão em toda a sua Graça, em toda a sua Glória, em toda a sua expressão de rosa. O Guru é uma rosa que desabrochou. O discípulo é uma rosa em botão. Mas é uma promessa, uma bela, linda, indescritível, extraordinária promessa. Já está tudo aí! Não há separação na roseira! É uma só roseira, a mesma Vida! O toque na roseira é o toque da mesma Graça, da mesma Presença! Uma só Vida, uma só seiva, um só Ser!
O Despertar, a Iluminação, a Realização, o nome que você quiser dar para isso, significa o florescer de sua Natureza Real, inata, O que Você é, agora, aqui. Por isso, vocês estão vindo. Outros virão também.
A música da minha flauta encanta o coração! E, quando você vem, se reconhece, estando na roseira, sendo parte disso, sendo isso, sendo tudo isso!
Você nasceu para ser o que Você é! Nada além disso, nada menos do que isso! E isso significa ser Deus! Só há Ele! A única roseira, a única rosa, todas as rosas! Os espinhos também fazem parte. Tudo faz parte. A rosa não se fere com os espinhos, eles não fazem mal à rosa, nunca atingem as suas pétalas, o seu perfume, a sua dança ao vento quando ele sopra, a sua delicadeza... nada disso, os espinhos ferem.
O Guru chega primeiro, mas, aqui, o primeiro e o último não têm relevância. Uma flor que desabrocha antes não faz dela um ser separado, um ser diferente, um ser especial. O Guru é importante, não porque ele é especial, mas porque, Nele, podemos ver Aquilo que somos, podemos sentir o perfume que nós também temos, podemos ver como é bela a dança que a roseira faz quando o vento sopra, e ver também que os espinhos estão ali, mas que tudo faz parte dessa roseira.
Eu quero isso, esse é meu único interesse: que você abandone a ilusão da escolha, a ilusão de estar no tempo, indo para algum lugar para ser feliz lá, ou para estar em completude. Meu único interesse é que você abandone a ilusão de estar buscando isso fora, de tentar isso dessa forma.
Deus é a única necessidade, é Aquilo que não pode ser substituído, é Aquilo que não está fora, que não está no poder, na riqueza, em relacionamentos, em conquistas pessoais... Absolutamente! Ele está aí, olhando para mim agora, atrás desses olhos!
É isso! E é só isso!
*Transcrito de uma fala ocorrida em abril de 2016, num encontro presencial, no Ramanashram Gualberto em Campos do Jordão/SP. Para informações sobre os nossos encontros, clique aqui.

2 comentários:

  1. Essas falas são como um nectar de Amor, de Verdade. As pessoas deveriam pagar muito caro para poder ler esses textos. Muito lindo. Gratidão, Mestre!

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