quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Ananda, a Alegria do Ser!

Nós estamos falando nesses encontros de algo que significa, para você, sua Real Liberdade, sua Verdadeira Liberdade, que é não sustentar nada, não segurar nada. Se você segura um sentimento, um pensamento, e se encontra uma base na qual você se sustenta, isso mais uma vez lhe escapa.
Isso é como tentar segurar um móvel dentro de um espaço, esquecendo a realidade do próprio espaço, no qual esse móvel aparece. Você se perde quando sustenta um sentimento, um pensamento, uma crença, um ideal, uma certeza, um conjunto de ideias. Você se perde desse espaço, e se situa segurando uma aparição. Quando o espaço está ocupado e você olha para ele, seus olhos se prendem nos objetos presentes neste espaço, e o espaço, em si, é esquecido. Enquanto sua atenção está no objeto que observa nesse espaço, você esquece o próprio espaço; você se perde do espaço, e deixa de reconhecê-lo.
Da mesma forma, acontece quando você se perde de si mesmo, e quando segura um pensamento, uma emoção, uma sensação, uma história, uma lembrança, uma memória, uma provocação. Quando alguém se aproxima de você e o chama de estúpido, se você segura essa ideia, então, de fato, é um estúpido; você se identifica com uma ideia, perde-se de si mesmo, situa-se numa crença e num pensamento. Você é o espaço, mas se perde desse espaço quando se prende a qualquer forma de pensamento, a qualquer crença, conceito, ideologia e imaginação.
Quando nós falamos sobre o sentido do eu, de ser "alguém", estamos falando exatamente disso: de se perder numa emoção, sensação; se perder num pensamento, numa ideia de ser "alguém". Por exemplo, alguém que se perde na ideia de "ser inteligente", que não é a real inteligência, e a crença de "ser inteligente" não é inteligente. Você jamais se ofende com alguém por ele considerá-lo uma pessoa inteligente, mas se ofende quando o considera um estúpido. Você se perde no pensamento, na crença de que é um ser estúpido, uma pessoa estúpida, e fica ofendido, com raiva, aborrecido, mas não quando alguém diz que você é inteligente. Na verdade, você é de fato uma crença e, quando você é uma crença, está dentro de uma limitação. Essa é a limitação do ego, e assim ser inteligente ou ser estúpido é estar em uma crença. Agora mesmo, você é este espaço, este espaço vazio. Neste espaço vazio, os móveis aparecem; os pensamentos, as emoções e os sentimentos aparecem; a ideia "sou inteligente" ou a ideia "sou estúpido" também aparecem.
Quando a Graça o coloca diante desta Presença, este espaço vazio chama-se Consciência! Essa Graça, essa Consciência é exatamente o que estamos colocando: um espaço vazio. A mente e o corpo aparecem neste espaço, bem como as crenças e as descrenças, as opiniões, os julgamentos e tudo mais. A Liberdade de ser é essa Consciência, a Consciência consciente das aparições. Você fica inteiramente consciente.
Quando alguém se aproxima e o chama de estúpido, você está consciente de que não foi você quem recebeu essa nomeação. Se não se prende a essa ideia, você permanece como esse Espaço Vazio, a Real Consciência, a Consciência consciente dessa crença. Entretanto, quando se perde nessa crença, você se situa no tempo e no espaço, como uma entidade separada, alguém que acredita "ser alguma coisa". Há uma grande limitação, que, agora, eu chamo de mediocridade: situar-se na mente, situar-se sendo "alguém", na crença de "ser alguém". Você é inteligente, eu aprecio sua inteligência, e nesse momento você se sente feliz, porque alguém apreciou sua capacidade, sua habilidade, sua destreza, sua capacidade de compreender, de entender, de raciocinar. Quando faz isso, você se situa no tempo, como alguém que acredita ser aquilo que outros dizem "que você é". O ego adora isso: ver confirmadas as suas crenças! Isso, apenas, fortalece em você o sentido de "ser alguém". É o que eu acabei de chamar, agora há pouco, de segurar um pensamento, segurar uma convicção, uma crença, uma ideia.
Algumas vezes eu provoco isso nesses encontros. Eu digo: você é arrogante – e você acredita nisso. Ao acreditar nisso, você abandona esse Espaço que não tem nome, que não pode ser nomeado, classificado, julgado, avaliado. Você abandona esse Espaço e se situa na crença de "ser alguém", e "alguém" arrogante. Porém, o ego não se considera arrogante, mas sábio, inteligente, e isso fere esta autoimagem que você tem de si mesmo, de si mesma.
Percebem isso?
Tudo isso é somente uma crença, e você acaba de se situar numa ideia, que é a ideia de ser arrogante. Então, no ego, nessa crença, nesse hábito, vício, de sustentar ideias sobre si mesmo, você não é real, e sim um joguete de fácil manipulação. Você acredita facilmente em qualquer coisa, mas quem acredita? Essa pessoa, que você acredita ser, é o ego.
Eu estou desafiando você a permanecer jamais tocado por qualquer opinião, julgamento, avaliação, pensamento – os seus pensamentos ou os pensamentos dos outros sobre você. Eu estou dizendo que isso é possível. Não estou dizendo que isso é algo fácil, mas estou dizendo que é possível.
Seu trabalho em Satsang é reconhecer a Verdade sobre si mesmo, e eu estou apontando isto para você! Quando eu aponto para você, eu digo: Você é real. Mas eu não estou falando desse "você" que você acredita ser; eu estou falando do Vazio, do Espaço, deste imensurável Espaço! Estou falando dessa Coisa sem nome, sem forma, que não é arrogante, não é estúpida e não é inteligente. Estou falando Daquilo que permanece como pura Consciência, Presença, Realidade.
Como é que soa isso para vocês?
Não há nada de misterioso nisso... É somente o reconhecimento Daquilo que Você É! Um reconhecimento que não pode ser capturado pelo intelecto, porque o intelecto não entra nisso! Você pode capturar isso, mas não pode prender isso como uma aquisição, também, do intelecto.
Você é o Buda, o Cristo, é a Consciência, é a Verdade! Quando eu aponto para você, eu digo: Você É! Eu não estou afirmando nada. Eu estou dizendo: Você É esse Vazio. Esqueça o termo Buda, Cristo, Deus. Permaneça sem ideias sobre isso, presente aqui, agora, e somente olhe você capturado, mais uma vez, pelo mesmo velho padrão de "ser alguém", que depende da opinião, do julgamento, da avaliação dos outros; da ideia que os outros têm sobre você.
Você pergunta: "sou o espaço onde toda experiência acontece?" Eu estou dizendo exatamente que você é todo o Espaço, não somente o espaço onde toda experiência acontece. Você é todo o Espaço... É somente Espaço. O corpo e a mente são aparições, como as ideias, as crenças, "inteligente", "arrogante" e "estúpido" são aparições, e você permanece aí.
Quando vêm a esses encontros, vocês acham que vão descobrir algo mágico. Porém, se vocês descobrirem algo mágico, será um truque, pois aquilo que chamam de magia é somente mais uma ilusão. Esse Espaço é só o espaço. É interessante falarmos, um pouco, sobre isso. Alguém tem essa coisa chamada despertar, realização de Deus, Iluminação, como algo que vai torná-las pessoas especiais; alguns acreditam nisso. Você não é especial na Realização! Nesta Realização, você "não é"! Quando essa Realização está, você não está! Você não está mais, para ser elogiado ou difamado; não está mais para se ofender, quando lhe chamam de arrogante ou estúpido, nem para se vangloriar ou se sentir especial, quando dizem que você é safo, inteligente, pois isso não faz a menor diferença.
Alguns dizem, já disseram para mim: você é uma fraude. Alguns já disseram para mim: você é o Guruji. Alguns já disseram para mim "eu não acredito em você", e outros já disseram "Você é o meu Mestre". Ok, eu digo para eles. Isso é com eles, não é comigo. EU SOU O QUE SOU e isto continuará assim. Está claro isso, que são somente ideias, crenças? Jamais se ofenda, magoe-se, ou fique triste, com o que pensam sobre você, ou falam de você. Todo e qualquer pensamento é só pensamento, e tem, somente, a realidade que o pensamento tem, nada além disso. Mas, quando você segura isso, isso assume uma realidade para esse "você" que você acredita ser.
Participante: O fato de ser Iluminado, ou Desperto, tem a ver com a alegria interna que jorra do coração, sem necessidade externa ou meios externos para isso?
Mestre: Deixe-me colocar de uma outra forma, dando resposta a sua pergunta, naturalmente. A natureza dessa Consciência, desse Vazio, dessa Presença, é a natureza do Ser, Aquilo que podemos chamar de alegria. Mas, compreenda, alegria de uma qualidade inteiramente diferente da alegria que a mente conhece. A mente conhece a alegria quando ganha um prêmio, um presente, ou passa em um concurso público, numa prova. Porém, esta alegria da conquista, da realização de algo, é uma alegria circunstancial, momentânea; é uma alegria causada. A alegria do Ser, da Consciência, da Presença, de sua Natureza Verdadeira não tem causa.
Na Índia eles chamam de Ananda, que é uma palavra sânscrita para Felicidade – uma alegria sem causa, não dependente, não circunstancial. É uma alegria que não pode ser roubada, tirada de você, porque você é esta alegria. Não é algo que você sente, é algo que você É. A natureza desta Alegria é Ananda, Felicidade, Beatitude.
Quando você está diante de um Mestre vivo, fica claro o que estamos falando: há algo que emana de Sua Presença, do Seu Silêncio; há algo presente em Seus olhos, e por trás da Sua voz; algo que silencia e aquieta você; algo que, também, lhe permite desfrutar dessa mesma alegria de sua Natureza Real, de sua Natureza Verdadeira, Algo que É você. Tudo o que você está para fazer, aqui, nessa vida, é desfrutar desta Alegria, que é a Alegria de sua Natureza Real.
Uma outra palavra para esta Alegria é Amor, que não é algo motivado pela forma, ou ligado a ela; não tem nada a ver, absolutamente nada, com a forma masculina ou feminina, ou com a forma animal. Não é amor às pessoas, aos animais ou às plantas... É algo além da forma... É a fragrância presente em todas as direções, que caminha para todas as direções. Assim, como esta Alegria sem causa, é este Amor sem causa: algo que não tem contrário, não tem oposto, não pode mudar. Você não pode transformar esta Alegria em uma outra coisa.
O Sábio é pura Alegria, é puro Amor, e você não pode entristecê-lo; você não pode fazer isso. Ele não vai amá-lo porque você O ama. Ele vai amá-lo porque Ele não pode deixar de amá-lo. O seu amor é condicional, o do Sábio é incondicional! Sua alegria é condicional, a Dele é incondicional!
É isso. Vamos ficar por aqui. Boa noite!
*Transcrito de uma fala ocorrida em agosto de 2015, num encontro presencial, na cidade do Rio de Janeiro/RJ. Para informações sobre os nossos encontros, clique aqui.

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Quando você me encontra, você se encontra!

Há um homem caminhando entre as flores do jardim do palácio, e você o confunde com o jardineiro. Mas ele é o rei, e não o jardineiro! Ele é o rei! Não é porque ele está no jardim que você deve confundi-lo com o jardineiro.
No mundo, você não é alguém; é a origem dele! Desse mundo, você não é um habitante, assim como aquele homem não é o jardineiro, mas o rei. O rei parece ser o jardineiro só porque está no jardim do palácio. Você parece ser uma pessoa só porque parece estar no mundo vivendo como alguém. Você parece que nasceu e está vivo no corpo. Caminhando entre as flores do jardim, você também acredita que está vendo o jardineiro, mas ali está o rei!
O que estou dando a vocês é o reconhecimento de quem vocês são! Eu não estou dando isso, de fato, a vocês; estou lhes informando! Informando a vocês que o mundo aparece quando os olhos têm luz para vê-lo, e a luz desse mundo, onde ele aparece, é Você!
Então, não é você no mundo, é o mundo em Você! Então, não é o jardineiro no jardim do palácio, mas é o rei no jardim do seu palácio, parecendo ser um jardineiro.
É o que eu posso lhe dar. Posso apenas lhe mostrar o que já está muito claro, mas você está olhando para outra direção. Eu estou apenas apontando a direção Real, que lhe possibilita ver a Verdade. Você não é o corpo e não é a mente, que são como a aparência do jardineiro, que oculta a presença do rei para olhos desatentos. Um pouco mais de atenção e você vai reconhecer quem está ali, quem está aí. Um pouco mais de atenção e você vai reconhecer que não é você que está no mundo, é o mundo que está em Você! Não é você que está no corpo, é o corpo que está em Você.
Será que isso é um ensino? Eu vou lhe dizer qual é o meu ensino: não há nenhum ensino, não há nada para aprender, não há nada para saber. Esse é o meu ensino! O meu ensino diz: não há nenhum ensino! E vocês ainda acham que vieram aqui aprender alguma coisa? É só a atenção de ver que quem caminha no jardim é o rei, e não o jardineiro. É só a atenção para perceber que você não está nesse mundo, mas esse mundo, esse corpo e todas as aparições surgem em Você.
No Cristianismo, chamam de Salvação; no Zen, chamam de Vazio; no Budismo, chamam de Nirvana. No Cristianismo, eles têm uma aproximação positiva e falam do Reino dos Céus; no Budismo, eles têm uma aproximação negativa e chamam de não-mente, não-eu, vazio.
Isso é um ensino? Não! É só um novo modo de olhar. É o que você está recebendo aqui: um novo modo de olhar. Eu não estou lhe dando olhos para ver, eu sou apenas um dedo que aponta a direção para a qual você se volta para olhar, com seus próprios olhos que já estão aí, para ver que não há jardineiro, que há só o rei caminhando no jardim do seu próprio palácio.
Se há um jardim grande, com um homem que esqueceu o que está fazendo ali, que esqueceu quem ele é, este pode ser facilmente convencido de que é o jardineiro e que possui qualquer nome que digam a ele. Então, ele se convence fácil e rapidamente do nome e de que ele é o jardineiro, porque seu ambiente é o jardim, um grande jardim. Ele começa a se comportar como jardineiro, a trabalhar no jardim e, depois de certo tempo, assume realmente aquilo, assume ser aquela pessoa, com aquele nome, ser um jardineiro. Mas o fato é que aquele jardineiro não é um jardineiro, e aquele nome não é o nome dele. Ele não é ele, mas não sabe disso, ele se esqueceu. O jardim é muito grande, e ele se considera o jardineiro no jardim do palácio do rei. Contudo, na verdade, ele é o rei, apenas caminhando em seu jardim. Ele se esqueceu de quem era, e agora está convencido de que é o jardineiro e que é uma pessoa comum. Ele jamais vai voltar ao trono enquanto estiver esquecido do fato de quem ele é.
Quando você vem a Satsang, não vem para ser livre, para se iluminar, para "realizar Deus", para "realizar a Verdade", mas para descobrir a Verdade que Você é, o Deus que Você é, a Liberdade que Você é. O único trabalho que eu tenho aqui é lhe informar quem Você É, é fazê-lo lembrar de quem Você É.
Você se comporta como um jardineiro no jardim do palácio do rei, enquanto você é o rei apenas passeando no jardim. Você acha que um homem que passeia pelo jardim, apesar de ter se esquecido de que é o rei, se torna, de fato, um jardineiro? Se você se esquece de quem é, deixa de ser quem é?
Você acha que vem a Satsang para encontrar Deus. Todos estão fazendo isso! Há muito tempo, em todos os caminhos da busca, você quer aquilo que, na verdade, a mente projeta como o ideal, como o objetivo, como o alvo da conquista, o alvo da realização, da iluminação, do amor, da paz, da felicidade, o que, na verdade, é um grande esquecimento.
Meu trabalho com você não é lhe dar o que Você é, mas lhe ajudar a lembrar do que Você é! Você se confunde com pensamentos, sensações e sentimentos; despreza o que Você É nesse autoesquecimento acerca de si mesmo. Você se comporta como jardineiro, acorda como jardineiro, dorme como jardineiro, fala como jardineiro...
Eu tenho algo para dizer a você: o vazio é sua Natureza Real; o vazio é o rei! Assuma seu trono! Um rei sem trono não domina, é só uma pessoa comum. Assuma o trono, domine-o! Um Buda fala como um rei, olha como um rei, caminha como um rei, se assenta como um rei, reina como um rei.
um homem simples: andava com uma bengala, uma espécie de tanga, como diríamos aqui no ocidente, e uma pequena vasilha para carregar água enquanto caminhava, dando suas voltas na montanha. Nesse pequeno quadro, dessa pequena parte do mundo, ali estava um rei, com os pés no chão, subindo a montanha. E é assim até hoje. Na Índia, todos sobem a montanha e ninguém usa tênis; todos de pés descalços.
Se você sabe quem Você É, não importa a pequena parte do mundo onde você se encontra, ou que tipo de roupa você está vestindo, ou que tipo de comida está comendo. Você come como um rei e se veste como um rei.
Meu trabalho no Satsang com você é fazê-lo reconhecer quem Você É. Estou aqui para lhe dar Consciência. Você está dormindo! A natureza da mente é tal, que ela está completamente esquecida da Realidade, da Consciência, nesse seu sonho. Eu não vou lhe dar Consciência, eu vou fazê-lo lembrar de sua Natureza Real!
O homem chamado Ramana Maharshi caminhando de pés descalços, dando voltas na montanha, recebendo outros que queriam estar com ele, era um rei que tinha como trabalho mostrar a eles quem eles eram. Meu trabalho é o mesmo! Há relatos de alguns que diziam que mesmo o sorriso da mais linda criança diante de Ramana ficava pálido, tal era a beleza daquele sorriso. O sorriso de um rei!
Nesse mundo de autoesquecimento, o valor todo está na exterioridade, nas aparências. Oculta sob as sombras, está presente a silenciosa luz autofulgente de pura Consciência, de pura Presença, de pura Realeza.
Como é estar aqui? Como é poder se deparar com essa alegria e esse reconhecimento?
Somente quando a ideia de ser alguém vai embora é possível esse reconhecimento. Só então o rei se reconhece como esse vazio, e volta ao trono. E quando ele está de volta ao trono de sua realeza, o autoesquecimento vai embora, o medo vai embora, a ilusão da separação vai embora. A natureza desse vazio – que é o rei de volta ao trono, ao reconhecimento de sua realeza – é alegria pura, felicidade pura!
Então, não se esqueça disso: a Verdade está sempre presente Naquilo que Você É, quando você reconhece isso. Quando você não reconhece, isso é mera teoria. Pare de me ouvir e viva o que estou dizendo!
Todos estão ouvindo alguma voz, alguém dizer algo em algum lugar, mas isso não tem valor algum! Não quero que você me escute, quero que você se assuma como o Vazio, que se assente no trono, o domine e reine!
A felicidade de estar diante de um Mestre vivo é a alegria invisível de poder se reconhecer como Deus, como Consciência, como Verdade, como Vazio! A felicidade que gera em si uma grande realização! Poder reconhecer a Verdade presente nos olhos de um Mestre vivo é chamado, na Índia, de Darshan. Darshan é ter uma visão de Deus! Na Índia, sinceros devotos ficam loucos por isso, apenas por ter uma visão de Deus. Quando o Mestre está muito doente, seu corpo muito debilitado e não pode receber visitas, passam apenas para dar uma olhada por poucos minutos ou segundos; fazem uma fila e passam só para ter o Darshan, para ter um olhar de Deus.
Sabe o que significa isso? Significa poder lembrar que o jardineiro não é um jardineiro, não é alguém que cuida do jardim. É a possibilidade do jardineiro reconhecer que o que disseram para ele não é real. Ele não é fulano de tal, o jardineiro é o rei naquele palácio, e aquele jardim também é dele.
Como é vir aqui? Olhar para mim, se permitir que eu olhe, ter o olhar para você? Você consegue ver o mar e as ondas quebrando nas pedras, debaixo dessa luz do sol? Você percebe que a visão do mar com suas ondas quebrando nas rochas, ou se desmanchando na praia, na areia, é também um momento de Darshan? Por quanto tempo você mantém a lembrança desse silêncio, dessa graça, dessa beleza diante do mar? Quando você está aqui, o que é que lhe falta? Eu sou o mar, olhe para os meus olhos e você vai ver as ondas quebrando contra as rochas. Eu sou sua praia! Nós nos encontramos! Eu deságuo em você e você em mim! O rio que se encontra com o mar e o mar que se encontra com ele mesmo.
Não vê que eu sou esse "Eu Sou" que Você é? Você não fez uma viagem da sua cidade para estar aqui no Rio de Janeiro para ver o mar, mas você fez essa viagem para me ver. Você veio se ver! Você acha que a beleza do mar está fora daquilo que Você é? Você acha que encontra essa beleza viajando para alguma cidade? Você acha que essa é uma alegria que está fora de Você, para ser encontrada no prazer de surfar, ou de navegar, velejar, viajar ou ir para algum lugar? Não! A beleza é a sua Natureza, a única Felicidade Real! E quando você me encontra, você se encontra!
*Transcrito de uma fala ocorrida em agosto de 2015, num encontro presencial, na cidade do Rio de Janeiro/RJ. Para informações sobre os nossos encontros, clique aqui.

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

A verdade não pode ser encontrada, porque ela não está oculta

Todo esse espaço só tem um único preenchimento. É um espaço no qual o preenchimento é a própria Presença. Porém, essa Presença que preenche esse espaço ainda é o espaço. Esse espaço não é um espaço, é a Presença, e é na Presença que esse espaço aparece.
Alguns de vocês, às vezes, me trazem perguntas como essas: "Por que o ego? Por que o sentido de separação? Como isso surgiu?" Isso que incomoda tanto é somente uma ilusão da qual a mente quer se livrar – mas a mente é essa ilusão. A ilusão de ocupar um espaço que, na verdade, a Presença ocupa, e não o ego, o sentido de separação. Para essa pergunta, a resposta é: Investigue a natureza da ilusão e você logo descobrirá que, quando a ilusão é investigada, ela não é encontrada, porque ela não está ali. Vá até as raízes do "eu", do "mim", do "ego", e você vai descobrir que as raízes não estão em nenhum solo, em nenhum terreno.
A própria Consciência, a própria Presença, se volta para Ela mesma nessa investigação da natureza da ilusão, e tudo o que Ela encontra é Ela própria. Não há nenhum ego, não há nenhuma ilusão, não há nenhum sentido de separação.
A verdade não pode ser encontrada, porque ela não está oculta. A ilusão não pode ser desfeita, porque a ilusão não é, nunca foi e nunca será! Assim, o que cumpre a você, nesse momento, é ir até as raízes dessa suposta identidade separada, desse suposto "eu", desse suposto "mim", dessa suposta pessoa que você acredita ser, porque tudo o que permanece é Aquilo que sempre esteve presente: essa Presença, essa Consciência, essa Verdade. Deus é a única Realidade, é a única Presença presente nesse espaço, e esse espaço é essa presente Presença, que é Deus. Você é Isso! Só tem Você!
Você é o princípio e o fim. É o meio também. Você é o alfa e o ômega, a primeira e a última letra do alfabeto grego. Você é antes do princípio e depois do fim. Você é Brahma, e é também Parabrahma. Você é Deus, e é além de Deus. A natureza da Realidade e a Presença presente neste espaço. Nenhuma aparição é possível fora desse espaço de Presença que é Você, que é Consciência. Então, não se importe com aparições, não se embole com aparições, não se confunda com aparições, não agregue valor a essas aparições, e você está livre! Você já está livre! Permaneça em seu estado inalterado de Ser: Consciência, Presença, Deus! Você já é livre! Você é Isso! Essa Liberdade de ser o que Você é, é Amor, é Paz, é Verdade, é Sabedoria, é Graça, é Felicidade. Felicidade é outra palavra para Amor. Outra palavra para Amor é Graça, que é outra palavra para Consciência, que é uma outra palavra para Deus, que é uma outra palavra para Você. Você é Deus! Não lhe informaram, e Eu estou aqui para lhe informar.
A religião lhe ensinou que você é um miserável pecador. Eu digo que Você é a pureza das purezas, e sua Presença santifica até demônios, porque Você é Deus! O perfume desta Presença, que é Você, preenche esse espaço de aparições. Você não precisa fazer nada para ser o que Você é, mas qualquer coisa que você faça vai lhe criar uma ilusão: a ilusão de que você é autor de ações, fazedor de coisas, uma pessoa no controle.
Em seu Ser, em sua Natureza Real, você não perturba essa Paz, porque essa Paz é você. O desejo, o esforço, a vontade, qualquer movimento para trazer paz a Isso que Você é, perturba essa Verdade simples e natural. Então fique quieto e não perturbe essa Paz! Ela já está aí! Meditação é seu estado de Paz, não agitado, não perturbado, não violentado pela vontade, pelo desejo, pela imaginação.
*Transcrito de uma fala ocorrida em julho de 2015, num encontro presencial, na cidade do Rio de Janeiro/RJ. Para informações sobre os nossos encontros, clique aqui.

Compartilhe com outros corações