quinta-feira, 9 de julho de 2015

Um Grande Jogo Divino

A gente acredita que o mundo é uma coisa evidente. A gente não tem esta ideia de que o mundo é uma coisa evidente?

Eu quero dizer a vocês que ele não é evidente. Só é evidente Aquilo no qual o mundo aparece. Você não pode provar a existência do mundo para mim, nem para você mesmo, separado Daquilo que é Você.

É você quem fala acerca da evidência do mundo, não é o mundo que reclama evidência. O que quero dizer é que o que vemos e o que experimentamos não é real, separado Daquilo que é Você. O que estou dizendo é que não existe nenhuma experiência, nenhum mundo separado Daquilo que é Você.

Isto é importante. E por quê? Porque isto desmantela completamente a ideia que temos de que estamos vivos e podemos morrer; que o mundo existe. Nada disso é evidente. Não é uma experiência real. Nascer e morrer não são experiências reais, porque o mundo não é real.

Qualquer experiência que você viva no mundo está dentro desta ideia de que o mundo existe como algo separado de você. Porém, isso não é real, não é algo evidente. É a Presença, que é Você, que dá essa aparente evidência ao mundo e a qualquer experiência que você tenha – inclusive nascer e morrer. A experiência em si não é real.

Você não nasce e não morre exatamente por isso: porque você não existe, como forma, no mundo, e o mundo não existe, também como forma, separado Daquilo que Você É. O que estou dizendo é que só existe essa Presença, na qual tudo parece aparecer e também desaparecer.

Então, não há evidência nenhuma aí, separada Daquilo que é Você. Isso é muito simples. O que estou dizendo é que essa Presença, que é Você, dá realidade a qualquer aparente experiência que você tenha. Estou afirmando que você não pode me provar sua existência apontando para o seu corpo e dizendo "eu estou aqui", pois eu te pergunto: aqui onde? Essa sua localização no espaço e no mundo não é uma evidência para mim. Só é uma evidência para mim Aquilo que Eu Sou, e no Qual você aparece como forma. Talvez você tenha que ouvir isso de novo: o que estou dizendo é que sua altura, largura, seu peso, a cor da sua pele, e qualquer percepção sensorial que você tenha do mundo, só tem uma evidência, que é a evidência da sua Presença.

As percepções e evidências isoladas, bem como as experiências separadas, não existem. O que estou dizendo é que o mundo não reclama evidência de existência; que nenhuma sensação e percepção sensorial reclama evidência de existência – somente essa Consciência, que percebe tudo isso acontecendo. E isto tudo está acontecendo nesta Consciência, não fora Dela. Então, não há mundo fora Dela. Os sentidos – tato, audição, olfato, paladar, visão – nada está acontecendo separado Disso que É Você, que não é uma experiência, nem uma sensação; que não é uma aparição; que não nasce e não morre. Isso põe fim completamente a essa ideia "eu e o mundo".

Não há "eu" e não há "mundo". O som que você escuta, as cores que você vê, as formas, tudo isso que aparece e desaparece, antes de, aparentemente, ser assim, Isso que Você É já É – Isso que não aparece nunca. Por exemplo: nós estamos aqui, mas essa é uma aparição nessa Consciência. Antes dessa aparição aparente, isso já estava presente nessa Consciência. Tudo já está presente na Consciência, até que Ela o manifeste.

Então, não há futuro, como não há passado, para a Consciência, que é seu Estado Natural, atemporal. Estamos aqui, num grupo, e alguém novo chega..., mas isso é só uma aparição. Para a Consciência não separada, para Ela, na qual não há qualquer experiência, não tem nada novo acontecendo; isso não é uma novidade, não é o futuro se desdobrando.

Agora mesmo, estou falando essas coisas aqui, vendo isso com você, mas, na sua Real Natureza, não há nada novo. A mente, que se move na ideia de presente, passado e futuro, tempo e espaço, fica abismada com Isso, tentando entender e ajustar Isso a uma experiência; entretanto, não há como fazê-lo, pois Isso não é uma experiência. O Ser, Consciência, Presença, não é uma experiência.

Presente, passado e futuro não existem. O mundo não existe. O nascer e o morrer não existem. Formas, peso, altura, largura, profundidade... Nada disso é a Real Experiência. Podemos até dizer que o Ser é essa Real Experiência, ou poderíamos, também, dizer que o Ser não conhece nenhuma experiência. Estamos dizendo a mesma coisa, utilizando palavras diferentes. Isso é o fim da dualidade, isso é o fim da ideia "eu sou o corpo, eu estou no mundo".

Agora mesmo, o corpo sente alguma dor ou algum desconforto, mas isso é um corpo; nada disso é uma experiência para a Consciência. É somente uma aparição, porque a Consciência jamais é tocada por qualquer acontecimento – qualquer acontecimento aparente. É um grande jogo Divino. Não tem nada acontecendo, e, ao mesmo tempo, tudo está acontecendo neste presente momento.

O fundamento de tudo, de toda aparição e desaparição, de tudo o que acontece e não acontece, e, ao mesmo tempo, a liberdade de tudo isso, é essa Presença real que é Você, em sua Natureza Essencial, além do corpo e do mundo; e além do "eu", que é só uma ideia que aparece. Nessa noção de "corpo e mundo" tem sempre a ideia de um "eu" dentro do corpo, experimentando o mundo e vivendo sua vida, mas isso não é real.

Ser é a Vida sem opostos. Os opostos "vida" e "morte' são só ideias, conceitos. Paz, silêncio, liberdade, felicidade e beatitude são a Natureza Essencial, não qualidades desta Presença, desta Consciência; são a própria natureza dessa Consciência, dessa Presença. Realização é ser o que Você É – beatitude, paz, felicidade, liberdade. Realização é a verificação do simples, do Natural Estado de Ser que é Você – sua Real Natureza. Não se trata de qualidades suas, mas sim de sua Natureza. Tudo aquilo que vem e vai, aparece e desaparece, e tudo o que pode ser adquirido e será perdido um dia são qualidades, não a Natureza. Qualidades se adquirem, Natureza não se adquire.

O corpo apareceu... vai desaparecer. As virtudes podem ser adquiridas, entretanto aparecem e desaparecem. Aquilo que não é você em sua Real Natureza pode até aparecer como uma qualidade, mas, como não é você, é somente uma qualidade, uma virtude, algo que você ganhou, conquistou, adquiriu; é parte da experiência do mundo, algo sem evidência real.

Real é a sua Natureza, e é Ela que dá a liberdade para que as qualidades apareçam, porém está livre dessas qualidades. Ela dá liberdade para que o mundo e o corpo apareçam, e, até mesmo, para que essa ideia do "eu" apareça. Mas isso não dá evidência nenhuma a nada disso, pois essas aparições são somente aparições. É essa Presença, Consciência, Verdade, que É Você – Aquilo ou Isso que conhece tudo o que vem e vai. Este é o Real evidente.

Não há nada separado Disso. Então, não pode ser conhecido, mas pode conhecer tudo. Repare: Isso não pode ser conhecido, mas pode conhecer tudo, porque tudo só aparece e desaparece Nisso. Assim sendo, tudo o que você experimenta – qualquer objeto, qualquer sensação – nada disso tem qualquer realidade separada dessa Presença, dessa Consciência, na qual a coisa está acontecendo ou aparecendo.

Não há nenhuma certeza de nada, e nem evidência de coisa alguma – nomes, cores, formas e assim por diante. Somente a Consciência é real, essa Presença não experimentada, não conhecida e não explicada, sem qualquer qualidade. Somente essa Consciência é real: O que conhece, sem jamais ser conhecido; O que aí está, sem jamais desaparecer.

É isso aí.

*Transcrito de uma fala ocorrida em dezembro de 2012, num encontro presencial, na cidade do Rio de Janeiro/RJ. Para informações sobre os nossos encontros, clique aqui.

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