segunda-feira, 20 de julho de 2015

É preciso uma entrega, um foco, uma energia total nisso!

Esse contato com um Mestre vivo vai lhe dar Liberdade, Paz, Amor Real, Felicidade Real, mas Ele não pode fazer isso – embora somente Ele possa fazer isso – enquanto o poder estiver presente, o poder dessa suposta entidade presente aí.
Então, não se engane. Ele vai, primeiro, ter que despir você desse poder, disso que lhe investe de autoridade para ser "alguém". Tudo o que está investindo você da autoridade de ser "alguém", ele vai ter que despi-lo. Você não decidiu vir, mas você pode ainda se manter, por um tempo, naquela tão comum e habitual resistência ao movimento da vida. E a vida nesse movimento, neste instante, para você é o movimento da entrega: a entrega do poder. Na sua vida, há toda uma ornamentação que investe você de poder e lhe dá essa credencial de ser "alguém" no mundo. O trabalho de um Mestre é tirar isso, porque isso é o peso de ser uma pessoa. Aqui, você precisa perder o medo, soltar o medo, porque, se você não soltá-lo, ele, que é a estrutura na qual o ego e o sentido de "alguém" se apoiam, não vai ruir, nem desabar.
Despertar, realizar Deus nessa vida é para alguns poucos. O Bhagavad Gita diz algo semelhante a isso: "De um milhão que me procuram, mil me encontram, e, desses mil, um se realiza em mim." Você não está aqui numa corrida, disputando com outros; você está aqui para ir além desse "alguém" que você acredita ser. Se você quiser algo mais light e dietético, vá assistir a vídeos de outros acordados, ler livros desses mestres, e ver um mestre a cada seis meses..., mas nesse trabalho real o medo tem que cair.
Nesse trabalho real, como o meu Guru me mostrou, é preciso uma entrega total, um foco total, uma energia total direcionada a isso, todos os seus recursos nisso. Você está aqui apenas para isto: Realizar Deus. Todo o seu tempo, toda a sua saúde, todo o seu dinheiro, toda a sua emoção e toda a energia, antes dispensada para um intelecto, preocupado com busca de informações, troca de opiniões, e julgamentos, tudo isso deverá voltar-se para essa realização. Isso terá um preço; o que eu tenho para lhe dar não tem preço, mas o que você tem para me dar vai ter um preço, custar-lhe algo, ou melhor, vai lhe custar tudo!
Essa estrutura de ser "alguém" está montada no poder, naquilo que lhe confere poder. Então, tudo na sua vida que lhe confere poder, o poder de ser "alguém", diante de um Mestre vivo tem que cair. Por isso, o que eu tenho para lhe entregar não tem preço, mas o que você tem que me entregar tem que ter um preço. Se não estiver disposto a fazer isso, essa estrutura de poder se mantém, o ego se mantém, a ilusão se mantém e não há Deus, não há Realização.
Por isso que Buda, Jesus, Ramana e todos os outros falaram, apontaram para esse desistir do poder de ser "alguém", assentado no dinheiro, na saúde, enfim, em qualquer outra coisa. Onde a estrutura de ser "alguém" estiver assentada, essa estrutura vai ter que ser explodida pela dinamite da Graça. Por isso, o tema de todas as minhas falas, pelo menos das falas mais diretas, dentro de encontros presenciais, todas giram em torno da entrega, da rendição, do se aquietar, do deixar nas mãos de Deus, do entregar à Graça, do sair do controle, do sair do volante, do sair dessa suposta liberdade de comando e ver claramente o quanto você é dependente dessa Presença Divina para cuidar de tudo.
Na prática, a teoria sempre é outra. É fácil se deleitar ouvindo uma fala, mas uma fala não resolve, ler alguns livros não resolve, ver alguns vídeos não resolve...
E, então? O que vocês vão fazer agora?
*Transcrito de uma fala ocorrida em julho de 2015, num encontro presencial, na cidade de São Paulo/SP. Para informações sobre os nossos encontros, clique aqui.

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Investigando a natureza da experiência

Esse é mais um encontro onde a natureza da experiência é investigada. Aqui investigamos a natureza da experiência e, ao investigá-la, nós percebemos claramente algumas coisas: a primeira é a dependência dessa experiência de sua Fonte, portanto, a primeira coisa importante é compreender que nenhuma experiência está separada da Fonte.
Nós temos equivocadamente creditado à experiência uma independência que ela não tem, e temos como exemplo disso o próprio pensamento. É interessante notarmos que nós valorizamos o pensamento em detrimento da Fonte, pois, para nós, ele tem muita importância, e uma autonomia, independência e valorização muito grandes. Então, a primeira coisa está neste engano. Em razão disso, você se confunde com o pensamento, porque ainda não está claro que ele não é algo independente. Isso ainda não ficou claro para você.
Não há nenhum pensamento que esteja separado da Consciência, desta Consciência. O pensamento é somente um aparecimento, uma aparição; ele não é independente da Consciência. Então, a segunda coisa aqui é a intermitência, pois o pensamento é algo intermitente, enquanto a Consciência permanece sempre presente. Durante o dia, seus pensamentos estão sempre mudando, mas a Fonte, onde eles aparecem, não muda. Então, os pensamentos são intermitentes, enquanto a Fonte permanece imutável. A Consciência permanece imutável, enquanto os pensamentos permanecem mutáveis e intermitentes.
Portanto, esse é o segundo aspecto claro e importante da experiência, e, aqui, a gente usa o exemplo do pensamento, mas isso pode ser visto, também, em toda e qualquer experiência emocional. Ela não está separada da Fonte, em primeiro lugar, e, em segundo lugar, ela é intermitente, mutável. Um outro aspecto de toda e qualquer experiência, seja um pensamento, uma emoção, uma sensação, é que estamos diante de algo limitado, e o sinal dessa limitação está no fato de poder ser descrito, além de estar centrada em um determinado mecanismo, organismo. A experiência é algo que acontece para alguém, como pensamento, emoção, sentimento; algo muito particular, pessoal, e, portanto, algo muito limitado.
Aqui, investigamos, ainda, o terceiro aspecto muito claro de toda e qualquer experiência. Nosso interesse em Satsang vai além dessa natureza intermitente e limitada, e ilusoriamente autônoma, que é a natureza de toda e qualquer experiência. Nosso interesse em Satsang está na Fonte, que É a Consciência. A Consciência é essa Presença não pessoal, não intermitente, não mutável e não limitada da experiência. Aqui, a sua vida centrada na mente egoica é a vida centrada na natureza da experiência, que é intermitente, mutável e limitada. Aqui está a "pessoa" e você se confunde com isso; você se confunde acreditando "ser alguém", uma "pessoa" vivendo uma vida pessoal, particular, dentro dessa intermitência, mutabilidade e limitação da experiência – aqui está o "eu".
Tudo em sua vida, com base no pensamento, na emoção, no sentimento, na interpretação dada a qualquer sensação, está baseado nisso. Acompanham isso? Essa é só mais uma forma de falar, para você, aquilo que temos falado, e estamos falando, vez após vez, após vez. Palavras diferentes, tratando sempre da mesma coisa, dessa ilusão de "ser alguém", mas de uma forma mais dura, eu diria. De uma forma mais direta eu diria: a ilusão do sentido da "pessoa", presente nesse instante, não é real!
Não há absolutamente "alguém" presente. Essa intermitência,"essa autonomia", essa limitação da experiência estar confundida com isso é somente a ilusão de "alguém", agora, aqui. Não tem "alguém" agora, aqui; não tem você dentro desse corpo, agora, aí. Essa experiência sensorial de ouvir tem exatamente essa qualidade, carrega esses aspectos. Eu aqui enumerei apenas três aspectos, porém, na verdade, há muitos outros aspectos ligados a essa experiência, mas não tem "alguém", agora, aqui, dentro do corpo. Não tem você ouvindo, pois esse ouvir é só uma experiência não separada da Fonte, que é Consciência. A Consciência não sabe nada sobre intermitência, autonomia e limitação; Ela não está interessada, como a mente egoica está, em traduzir, interpretar, tentar fazer ou acreditar poder fazer alguma coisa com isso tudo.
Enquanto você mantém a ilusão desse personagem, que você acredita ser, confundido com essa limitação, que é a limitação da experiência, acreditando ser o experimentador disso, uma "pessoa" nisso, a ilusão se mantém. Então, o sofrimento da pessoa é a ilusão de que a limitação da experiência é a vida de "alguém". Sem a ilusão desta experiência, da identificação com ela, que é supostamente autônoma, intermitente, ilimitada, não há sofrimento, e assim a Vida se revela Naquilo que se apresenta, como Isso que É, como Aquilo que É. Claro isso?
Então, eu lhe recomendo abandonar a ilusão de estar identificado com o corpo e suas experiências. Estar identificado com o corpo e suas experiências é acreditar ser "alguém" presente, e, assim, a vida não é a Vida, é só a "minha vida", e a "minha vida" é ilusão, a ilusão do "eu estou aqui", "eu sou alguém". Desta forma, o que está acontecendo tem sempre que favorecer esse "alguém que eu sou", dar tudo certo para esse "alguém que eu sou", e estar tudo sob o controle deste "alguém que eu sou": "eu não tenho isso, mas preciso ter"... "Eu não ganhei, mas preciso ganhar"... "Eu perdi, mas eu não aceito". E assim nós temos muitos modos de fazer uma aproximação equivocada daquilo que acontece, disto que acontece. Você está viciado nisto, em ser "alguém"; você é uma figura muito importante. Tudo o que aprendeu, até hoje, foi para ajudar você a "ser mais você". Você ouviu muitas falas, leu muitos livros, teve muitos estímulos. Existem milhares e milhares de livros de autoajuda e todos eles estão prontos para "ajudar você" a acreditar em "si mesmo".
Participante: As necessidades físicas e financeiras nos prendem. Há uma identidade pessoal, cheia de responsabilidades e de ocupações. Até posso não me preocupar muito, mas a necessidade de ter dinheiro e cuidar da família, sempre, estão ali. Acho difícil lidar com isso.
Mestre Gualberto: Sendo assim, livre-se de tudo. Livre-se da ideia de que está dentro do corpo, de que é "alguém" presente dentro do corpo. Livre-se da ilusão de ser "alguém". Assim, a ilusão dessas necessidades financeiras e dessa ilusória identidade pessoal, cheia de responsabilidades e ocupações, desaparecem.
Você continua dizendo: "Até posso não me preocupar muito, mas há a necessidade de ter dinheiro e cuidar da família". E eu lhe digo: livre-se da família. Vá além da ilusão de ter alguma coisa, de estar em relação com um mundo do lado de fora, de ser responsável por este mundo; vá além da ilusão de ser dono, proprietário, de alguma coisa chamada família. Livre-se da ilusão de ser "alguém", e aquilo que você, hoje, chama de família continuará aparecendo, mas não mais nessa ilusão de responsabilidade de "alguém" que pode, com seus esforços, ganhar dinheiro e cuidar dela.
Se isso não ficar claro, você continuará dizendo "eu acho difícil lidar com isso" e não é verdade. Não é difícil lidar com isso, simplesmente porque é impossível lidar com isso. O ego jamais pode lidar com algo, ou cuidar de qualquer coisa, porém carrega a ilusão dessa identidade pessoal, cheia de responsabilidades, de preocupações, sendo dona, poderosa, e tendo que ganhar dinheiro e cuidar dos outros, que chama de família. Vá além dessa ilusão de ser "alguém", e a vida cuidará de tudo, como sempre fez, sem a sua autoimportância nisso, sem essa ilusão de ser "alguém" dentro disso.
Você não dá uma única respiração porque pode, ou porque quer, entretanto, mesmo assim, se orgulha de ter o poder de ganhar dinheiro e de cuidar de uma família, composta de uma esposa, de dois, três ou seis filhos. Você não sabe, nem mesmo, se vai despertar pela manhã no dia seguinte, e, mesmo assim, acredita, que é o seu trabalho que lhe dá o dinheiro e o poder de cuidar de uma família. Tudo ilusão. Você não controla, nem mesmo, sua digestão, porém acredita ter o poder controlar o futuro dos seus filhos, de cuidar da saúde da sua família. Você não é dono nem do próprio corpo "que tem", mas acredita ter uma grande família, e uma grande responsabilidade de cuidar dela. Isso é real? Quando fala de necessidades do corpo, ou fala de necessidades físicas, isso é problema seu ou problema da existência? Quem cuida desse corpo, que você diz que "é seu", é a mesma Presença que o faz respirar, ter a digestão, a excreção e tudo o mais.
A única coisa que realmente importa é perder essa ilusão de estar no controle, de ser "alguém" aí. Livre-se da ilusão de ser "alguém", que a vida continua, o corpo continua, a família continua; tudo continua, mas a ilusão de "ter tudo isso" termina. A ilusão de ser "alguém", nisto tudo, termina, porque não há mais "ego", não há mais "eu" ou "mim". Ok?
Sua única obrigação, seu único dever, a única coisa que você, de fato, precisa fazer, é cair fora disso; cair fora de toda essa ilusão. A única coisa que lhe compete fazer, é abandonar o sentido de separação. A única coisa que você está fazendo aqui, seu único dever real, é abandonar a ilusão de ser "alguém". Só há um propósito, que é o de realizar sua Verdadeira Natureza. Ninguém pode realizar Isso em seu lugar, portanto este é o seu único dever: realizar Isso, nesse instante, aqui e agora.
*Transcrito de uma fala ocorrida em 08 de junho de 2015, num encontro aberto online. Para informações sobre os nossos encontros, clique aqui.

segunda-feira, 13 de julho de 2015

A origem de todos os problemas

Vocês escrevem para mim: "o que fazer com o desejo, com o medo, com a preocupação, com a ansiedade?" O problema não é o que fazer com isso, o problema é: quem está aí tentando fazer alguma coisa? Esse é o problema. Quem está aí, tentando fazer algo? Você não percebe que está fugindo de um perigo por uma porta que é a entrada do mesmo espaço onde o perigo está presente. Você acredita que pode escapar por esta porta, mas ela é a porta de entrada do perigo do qual você quer escapar. Você não está indo para fora e sim entrando ainda mais na situação. O problema todo é que você está procurando, no pensamento, uma solução para o problema criado no próprio pensamento. E quem é que está fazendo isso? Tudo o que você não quer, você confirma como uma verdade para si mesmo quando nega, quando rejeita, quando tenta escapar disso.
Eu vejo frases como essas: "eu não suporto esse ego"; "eu odeio esse ego"; "a mente está jogando sujo comigo". O ego não é seu inimigo. O ego é a ilusão de que você tem um inimigo. "A mente está aprontando comigo..." Não é verdade. É tão curioso esse truque, porque você culpa a mente, o ego, de alguma coisa. Você não percebe que isso é o próprio ego se separando. Você não tem um inimigo. Não há nada acontecendo na sua vida sendo provocado pelo ego. Tudo, absolutamente tudo, é Deus fazendo, para acordar você desse sonho de resistência ao que É, ao desafio, ou à expressão da Vida como Ela é. Ela é assim. Se não há essa separação, não há conflito.
Você se depara apenas com um desafio, com uma expressão da Consciência, para você despertar dentro desta Consciência, nesta Consciência, para esta Consciência... Despertar desse incidente, desse evento, desse acontecimento, que ainda é a Consciência... Despertar para a Consciência como a única coisa. Para cada um, para cada organismo, cada mecanismo, esses "desafios" se apresentam de uma forma: para um é o desafio da saúde, para outro é o desafio do dinheiro, para outros é o desafio do relacionamento, etc. E está tudo no lugar... tudo no lugar. Mas, se você continuar ouvindo o que a mente diz, em sua imaginação, aí dentro da sua cabeça, ou através da boca do outro, que é a mesma mente falando, continuará na ilusão de "ser alguém", sempre com problemas.
Pare de ouvir o que a mente diz aí dentro da sua cabeça, que, assim, você para de ouvir o que quer que a mente esteja dizendo através da boca do outro. Você tem que começar aí em você; tem que parar de acreditar aí no que a imaginação diz; tem que ser livre aí; parar de sonhar aí, e, somente então, poderá dizer para alguém: "você está sonhando, isso é só um sonho. Eu já passei por esse sonho também, e vi que isso era um sonho. Você está nele, mas é só um sonho..."
Isso é um trabalho para cada um de vocês... Um trabalho da Graça, da Consciência, da Presença, do Mestre dentro de você, do seu Guru, mas você tem que ouvi-lo. Você acha que vai conseguir me ouvir sem ouvir o seu mestre interno? Você acha que seu mestre interno está dizendo algo diferente do que eu estou dizendo? Você acha que pode, sem ouvir aí dentro, me ouvir aqui?
E agora?
Se você continuar a acreditar na pessoa que você acredita ser, vai continuar a acreditar em pessoas à sua volta, e se comprometer com elas. Pessoas do lado de fora são tão ilusórias quanto a pessoa aí do lado de dentro. É nesse sentido que esse relacionamento que nós estamos mantendo uns com os outros é uma fraude. Ego não apóia ego, não o ajuda, não torna outro ego sábio, não dá felicidade para outro ego, e vocês "estão" no ego, sendo pessoas, esperando isso dos relacionamentos. Querem até salvar o outro! Vocês querem até salvar o mundo!
Há três dias que o corpo aqui está resfriado, e você vê que a voz está diferente. Agora, o que isso tem a ver com o que Eu Sou? Isso mudou o que aqui? Se o corpo fica febril, com tosse, ou com coriza, ou um mal-estar típico dele, isso é ele, não Sou Eu. Porque a mente diz coisas aí, ela não é sua inimiga, como o corpo não é meu inimigo. O corpo é só uma limitação quando está com uma debilidade. Quando a mente diz coisas aí e produz, em sua fantasia, estados de todos os tipos, ela é sua inimiga, ou está apenas fazendo o trabalho dela? Percebem o que estou dizendo? Quando o corpo está doente, debilitado, qual o problema? O que há de errado com o corpo? O corpo vai morrer mesmo... É a natureza dele, é a natureza da mente. Isso não faz do corpo o seu inimigo; não faz da mente a sua inimiga. Agora, se você se identifica com a mente e se separa, acreditando poder mudar o que ela produz na sua imaginação, aí você tem um inimigo imaginário. E quem tem um inimigo imaginário? Quem? O próprio sentido de "alguém" presente é a ilusão de alguém querendo mudar alguma coisa que não tem conserto. A cada dez minutos, ou quinze, ou cinco, ou três, passa um avião sobre este espaço. Qual é o problema? Eu poderia tornar isso um problema: "isso vai me impedir de ouvir a fala acontecendo"; "vai me impedir de falar e vai quebrar minha linha de pensamento". Eu tenho que ter uma linha de pensamento? Eu tenho que estar aqui ouvindo, criando uma resistência ao fato de que a cada cinco ou dez, quinze minutos, passa um avião para interromper o que é tão importante para eu ouvir aqui? É assim que surgem os inimigos que vocês têm. Todos imaginários... Todos! O ego é esse inimigo imaginário, e cria todos os outros inimigos. Se faz frio, está frio, se faz calor, está calor, se o pneu fura, vou chegar atrasado. Você está lidando com a vida como ela se mostra. Para que colocar um inimigo dentro disso?
Eu posso viver sem conflito? Essa é a pergunta. É possível a vida sem conflito, sem sofrimento? No fundo, vocês estão viciados nisso. Já ouvi até alguém dizer: "ah, deve ser muito sem graça viver a sua vida, deve ser muito estranho viver assim, deve ser monótono viver como você vive". Já ouvi isso. É... deve ser.
O problema com vocês é que vocês querem mudar o que É. Eu não quero, eu estou feliz. Para mim, tudo é Deus... Tudo é Deus e nada é Deus... Nada é Deus, mas tudo é Deus (risadas).
Eu não me identifico com o que acontece. É só um jogo. O que está acontecendo agora, daqui a pouco muda, é outro modelo, outro formato, outra configuração. E daí? Eu estou colocando para você o que você precisa assumir aí, para descobrir o que é viver com sabedoria, com amor, com liberdade, com felicidade. Você faz as circunstâncias serem tão importantes que sucumbe. Quando as situações, as circunstâncias, são alegres, você está alegre; quando elas são tristes, você está triste. O problema não é estar triste ou alegre, o problema é você acreditar que está, aí, podendo mudar o mundo.
*Transcrito de uma fala ocorrida em fevereiro de 2015, num encontro presencial, na cidade de São Paulo/SP. Para informações sobre os nossos encontros, clique aqui.

quinta-feira, 9 de julho de 2015

Um Grande Jogo Divino

A gente acredita que o mundo é uma coisa evidente. A gente não tem esta ideia de que o mundo é uma coisa evidente?

Eu quero dizer a vocês que ele não é evidente. Só é evidente Aquilo no qual o mundo aparece. Você não pode provar a existência do mundo para mim, nem para você mesmo, separado Daquilo que é Você.

É você quem fala acerca da evidência do mundo, não é o mundo que reclama evidência. O que quero dizer é que o que vemos e o que experimentamos não é real, separado Daquilo que é Você. O que estou dizendo é que não existe nenhuma experiência, nenhum mundo separado Daquilo que é Você.

Isto é importante. E por quê? Porque isto desmantela completamente a ideia que temos de que estamos vivos e podemos morrer; que o mundo existe. Nada disso é evidente. Não é uma experiência real. Nascer e morrer não são experiências reais, porque o mundo não é real.

Qualquer experiência que você viva no mundo está dentro desta ideia de que o mundo existe como algo separado de você. Porém, isso não é real, não é algo evidente. É a Presença, que é Você, que dá essa aparente evidência ao mundo e a qualquer experiência que você tenha – inclusive nascer e morrer. A experiência em si não é real.

Você não nasce e não morre exatamente por isso: porque você não existe, como forma, no mundo, e o mundo não existe, também como forma, separado Daquilo que Você É. O que estou dizendo é que só existe essa Presença, na qual tudo parece aparecer e também desaparecer.

Então, não há evidência nenhuma aí, separada Daquilo que é Você. Isso é muito simples. O que estou dizendo é que essa Presença, que é Você, dá realidade a qualquer aparente experiência que você tenha. Estou afirmando que você não pode me provar sua existência apontando para o seu corpo e dizendo "eu estou aqui", pois eu te pergunto: aqui onde? Essa sua localização no espaço e no mundo não é uma evidência para mim. Só é uma evidência para mim Aquilo que Eu Sou, e no Qual você aparece como forma. Talvez você tenha que ouvir isso de novo: o que estou dizendo é que sua altura, largura, seu peso, a cor da sua pele, e qualquer percepção sensorial que você tenha do mundo, só tem uma evidência, que é a evidência da sua Presença.

As percepções e evidências isoladas, bem como as experiências separadas, não existem. O que estou dizendo é que o mundo não reclama evidência de existência; que nenhuma sensação e percepção sensorial reclama evidência de existência – somente essa Consciência, que percebe tudo isso acontecendo. E isto tudo está acontecendo nesta Consciência, não fora Dela. Então, não há mundo fora Dela. Os sentidos – tato, audição, olfato, paladar, visão – nada está acontecendo separado Disso que É Você, que não é uma experiência, nem uma sensação; que não é uma aparição; que não nasce e não morre. Isso põe fim completamente a essa ideia "eu e o mundo".

Não há "eu" e não há "mundo". O som que você escuta, as cores que você vê, as formas, tudo isso que aparece e desaparece, antes de, aparentemente, ser assim, Isso que Você É já É – Isso que não aparece nunca. Por exemplo: nós estamos aqui, mas essa é uma aparição nessa Consciência. Antes dessa aparição aparente, isso já estava presente nessa Consciência. Tudo já está presente na Consciência, até que Ela o manifeste.

Então, não há futuro, como não há passado, para a Consciência, que é seu Estado Natural, atemporal. Estamos aqui, num grupo, e alguém novo chega..., mas isso é só uma aparição. Para a Consciência não separada, para Ela, na qual não há qualquer experiência, não tem nada novo acontecendo; isso não é uma novidade, não é o futuro se desdobrando.

Agora mesmo, estou falando essas coisas aqui, vendo isso com você, mas, na sua Real Natureza, não há nada novo. A mente, que se move na ideia de presente, passado e futuro, tempo e espaço, fica abismada com Isso, tentando entender e ajustar Isso a uma experiência; entretanto, não há como fazê-lo, pois Isso não é uma experiência. O Ser, Consciência, Presença, não é uma experiência.

Presente, passado e futuro não existem. O mundo não existe. O nascer e o morrer não existem. Formas, peso, altura, largura, profundidade... Nada disso é a Real Experiência. Podemos até dizer que o Ser é essa Real Experiência, ou poderíamos, também, dizer que o Ser não conhece nenhuma experiência. Estamos dizendo a mesma coisa, utilizando palavras diferentes. Isso é o fim da dualidade, isso é o fim da ideia "eu sou o corpo, eu estou no mundo".

Agora mesmo, o corpo sente alguma dor ou algum desconforto, mas isso é um corpo; nada disso é uma experiência para a Consciência. É somente uma aparição, porque a Consciência jamais é tocada por qualquer acontecimento – qualquer acontecimento aparente. É um grande jogo Divino. Não tem nada acontecendo, e, ao mesmo tempo, tudo está acontecendo neste presente momento.

O fundamento de tudo, de toda aparição e desaparição, de tudo o que acontece e não acontece, e, ao mesmo tempo, a liberdade de tudo isso, é essa Presença real que é Você, em sua Natureza Essencial, além do corpo e do mundo; e além do "eu", que é só uma ideia que aparece. Nessa noção de "corpo e mundo" tem sempre a ideia de um "eu" dentro do corpo, experimentando o mundo e vivendo sua vida, mas isso não é real.

Ser é a Vida sem opostos. Os opostos "vida" e "morte' são só ideias, conceitos. Paz, silêncio, liberdade, felicidade e beatitude são a Natureza Essencial, não qualidades desta Presença, desta Consciência; são a própria natureza dessa Consciência, dessa Presença. Realização é ser o que Você É – beatitude, paz, felicidade, liberdade. Realização é a verificação do simples, do Natural Estado de Ser que é Você – sua Real Natureza. Não se trata de qualidades suas, mas sim de sua Natureza. Tudo aquilo que vem e vai, aparece e desaparece, e tudo o que pode ser adquirido e será perdido um dia são qualidades, não a Natureza. Qualidades se adquirem, Natureza não se adquire.

O corpo apareceu... vai desaparecer. As virtudes podem ser adquiridas, entretanto aparecem e desaparecem. Aquilo que não é você em sua Real Natureza pode até aparecer como uma qualidade, mas, como não é você, é somente uma qualidade, uma virtude, algo que você ganhou, conquistou, adquiriu; é parte da experiência do mundo, algo sem evidência real.

Real é a sua Natureza, e é Ela que dá a liberdade para que as qualidades apareçam, porém está livre dessas qualidades. Ela dá liberdade para que o mundo e o corpo apareçam, e, até mesmo, para que essa ideia do "eu" apareça. Mas isso não dá evidência nenhuma a nada disso, pois essas aparições são somente aparições. É essa Presença, Consciência, Verdade, que É Você – Aquilo ou Isso que conhece tudo o que vem e vai. Este é o Real evidente.

Não há nada separado Disso. Então, não pode ser conhecido, mas pode conhecer tudo. Repare: Isso não pode ser conhecido, mas pode conhecer tudo, porque tudo só aparece e desaparece Nisso. Assim sendo, tudo o que você experimenta – qualquer objeto, qualquer sensação – nada disso tem qualquer realidade separada dessa Presença, dessa Consciência, na qual a coisa está acontecendo ou aparecendo.

Não há nenhuma certeza de nada, e nem evidência de coisa alguma – nomes, cores, formas e assim por diante. Somente a Consciência é real, essa Presença não experimentada, não conhecida e não explicada, sem qualquer qualidade. Somente essa Consciência é real: O que conhece, sem jamais ser conhecido; O que aí está, sem jamais desaparecer.

É isso aí.

*Transcrito de uma fala ocorrida em dezembro de 2012, num encontro presencial, na cidade do Rio de Janeiro/RJ. Para informações sobre os nossos encontros, clique aqui.

terça-feira, 7 de julho de 2015

Não dê importância aos pensamentos

Existe algo a ser observado aqui. Às vezes, nós nos sentimos incomodados com alguns pensamentos que passam, mas precisamos notar o seguinte: pensamentos apenas passam, circulam. Você não consegue deter um pensamento. Experimente isso! É interessante também colocarmos assim, porque geralmente um pensamento nos perturba e queremos nos ver livres dele, mas, na verdade, também não conseguimos deter um pensamento. Experimente deter, prender um pensamento. É como tentar se livrar dele. O pensamento dentro de cada um de nós tem uma autonomia, uma franquia, uma liberdade. Ele tem uma liberdade de ação, uma liberdade para acontecer. A maneira direta de lidarmos com os pensamentos é não nos importarmos com eles. O que dá energia a determinado tipo de pensamento que nos aflige é essa atenção que damos a ele. Eu não disse atenção no sentido de observar a sua presença, mas uma atenção relacionada a essa coisa de nos ligarmos àquilo que está ali acontecendo, a esse pensamento. Isso dá energia a ele.
A depressão, a ansiedade, o medo, o ressentimento, a mágoa – qualquer um desses sentimentos ou forma de emoção ligada a determinado pensamento – são alimentados quando esses pensamentos são alimentados. Então, a primeira coisa aqui é compreender isso: não dê importância aos pensamentos. Permita que eles sejam apenas o que eles são: pensamentos circulando. Eles têm a franquia, têm a liberdade, a garantia de uma determinada linha de ação, de um procedimento, de uma forma de acontecer. Então, você simplesmente relaxa. E quando eu digo "relaxa", estou dizendo que você é tão profundo, tão amplo, que tem uma dimensão tão extraordinária – algo que nem pode ser dimensionado – que todos os pensamentos, emoções, sentimentos, e o que quer que surja, aparecem aí, NISTO que é Você. E isso não pode perturbá-Lo, porque Você é essa amplitude, essa "dimensão não dimensionada".
O que eu estou colocando aqui é o que nós temos de mais objetivo, prático e real nessa coisa de lidar com os pensamentos, porque tudo isso aparece NAQUILO que Você É. Você é Isso! Você é esse espaço! É como se você olhasse para o céu, o visse cheio de estrelas, e o seu olhar ficasse preso a elas, mas sem perceber que as estrelas estão aparecendo em um fundo, nesse espaço infinito. Seu olhar fica preso às estrelas e perde esse espaço infinito, no qual as estrelas estão. É assim que acontece conosco nessa coisa de lidar com os pensamentos, porque nós nos confundimos com eles, e o nosso olhar fica direto nessas estrelas. Você é esse espaço no qual os pensamentos acontecem. Se a sua atenção, seu foco, sua visão está nas estrelas, você perde o espaço. Descansar em seu Estado Natural é se reconhecer como esse "espaço", no qual os pensamentos, os sentimentos e as emoções, como as estrelas, podem acontecer. Você é essa Presença, essa Consciência Ilimitada, você é esse estado de Ser, no qual tudo aparece. Tudo mesmo.
*Transcrito de uma fala ocorrida em março de 2012, num encontro presencial, na cidade do Rio de Janeiro/RJ. Para informações sobre os nossos encontros, clique aqui.

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