segunda-feira, 27 de abril de 2015

Um Encontro com a Nossa Verdadeira Natureza

Satsang é um encontro com a nossa Verdadeira Natureza – com a Beatitude, com a Paz, com o Silêncio, com a Liberdade, com o Amor de nossa Essência Divina. Temos passado muito tempo alienados acerca de nós próprios, inconscientes de nós mesmos. E aqui nós temos a oportunidade de não só ouvirmos a respeito disso, como também vivenciarmos diretamente isso, essa constatação – é assim que nós chamamos. Não se trata de mais uma crença, de mais uma doutrina, de mais uma forma de ensino, ou de mais um conhecimento. Não se trata nem mesmo de mais uma vivência, dessas vivências que, ao passarem, fica para você somente uma memória, uma lembrança.

Nós temos em Satsang a oportunidade de uma imersão, de um mergulho nesse constatar dessa Graça, dessa Verdade, dessa Beleza que trazemos. E nós aproveitamos esses encontros para, durante essas falas, investigarmos juntos, porque é através dessa investigação que podemos, diretamente, viver a meditação. E a meditação só é possível nessa incondicional entrega.

Observem que a Felicidade é tudo o que buscamos. Tudo o que buscamos profundamente é o Amor, a Paz e a Felicidade. Todos querem isso, todos sentem a importância disso. É o que todos nós profundamente desejamos. E quando compreendemos isso, porque todos desejam, desejamos de uma forma completamente inconsciente do que, de fato, significa isso; então, termina que nos perdemos. Todos se perdem nessa busca, nessa procura, porque lhes falta essa compreensão do que significa Amor, Paz e Felicidade.

Reparem que realizamos a busca em objetos, relacionamentos, estados internos. Então, aquilo que é na verdade um desejo natural, um desejo que é um anelo por nossa Real Natureza, por essa Verdade que já somos e trazemos, termina se transformando num esforço para determinadas direções, e nelas nós nos perdemos, por estarmos focados nessa busca para o lado de fora. É do lado de fora que queremos encontrar Isso, como em objetos, atividades e relacionamentos, ou em estados puramente mentais, e assim buscamos toda forma de estímulo que possa nos proporcionar um estado de paz, de amor, de felicidade.

Então, esse esforço nessa direção equivocada se confirma dia após dia, após dia, em constante decepção, frustração. E isso por quê? Porque nós não podemos conhecer a Felicidade; não podemos adquirir a Felicidade; e não podemos realizar a Felicidade. Porque Felicidade, Amor, Paz, é essencialmente aquilo que somos, agora mesmo, aqui, neste instante.

*Transcrição de uma fala ocorrida em Setembro 2013. Para informações sobre os nossos encontros, clique aqui.

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Seja o que você É

Participante: Há uma coisa dentro de mim que diz assim: eu não quero sofrer, não quero passar fome, não quero sentir dor.

Mestre Gualberto: A Vida comporta isso tudo, e isso é a Vida. Agora, a Vida jamais é tocada por sua própria expressão. Isso significa que você é a Vida. Quando Isso está assentado, só há Vida fluindo. A Vida não está abandonada. A Vida só está se manifestando, uma hora de uma forma e outra hora de outra, mas isso não muda nada para a própria Vida que é Você.

A ideia de "quero" e "não quero", "gosto" e "não gosto", ainda é a ideia de "alguém vivo" na Vida e não da própria Vida. A Vida não se ocupa com crenças. São crenças sobre a dor e sobre a dor da dor; crenças sobre o sofrimento e sobre o sofrimento do sofrimento, como crenças sobre a alegria da alegria; crenças sobre a felicidade da felicidade e sobre a morte da morte. São somente crenças. Solte as crenças. Seja o que você É: a Vida.

E deixe essas questões de direito, esquerdo, cara e coroa, positivo e negativo, dor ou prazer, viver e morrer, por conta Daquilo que move tudo e põe tudo em seu devido lugar.

*Transcrição de uma fala ocorrida em setembro de 2013, num encontro presencial. Para informações sobre os nossos encontros, clique aqui.

segunda-feira, 13 de abril de 2015

Apenas Fique Quieto

Essa nova atitude baseada na confiança nos parece muito estranha. É uma atitude não planejada ou programada, pois é algo não idealizado. Confiança é uma palavra proibida, assim como aquelas palavras feias que a gente não repete em público, porque fomos ensinados assim quando crianças. Confiança, segundo a mente, implica o perigo de ser "violentado". Então, desconfiar é a palavra de ordem.

Desconfiar de tudo e de todos, em um mundo profundamente violento, agressivo e egoísta parece ser um grande negócio. No entanto, quando a gente se aproxima de Satsang ocorre um retorno à pureza da infância. Somente se fica à vontade em Satsang quando as antigas lições são desaprendidas para dar lugar ao novo.

Reparem que coisa interessante é isso, pois nós mudamos o foco. O foco era aprender, mas agora é desaprender, que significa confiar na existência para experimentar diretamente. Apenas quando isso surge ocorre uma nova atitude baseada na confiança e na entrega, que pode ser desdobrada em uma postura de observação e experimentação direta, fazendo desvelar o lugar onde aparecem todos os milagres.

É o milagre da confiança de se confrontar consigo mesmo, com seus próprios desejos e com seus próprios medos – tudo aquilo que antes nos fazia fugir amedrontados. Esse tipo de nova atitude nos coloca vulneráveis, receptivos e abertos. Assim, nós estamos diante da possibilidade do milagre que é a constatação disso que somos, e então, nessa confiança, nos estabelecermos além do medo.

É uma confiança de ordem diferente, porque ela coloca você além dos opostos que decorrem da necessidade de agarrar-se a alguma coisa, que é meramente sentimental, emocional e intelectual. O que estamos dizendo é: não é possível essa compreensão direta daquilo que somos, se não nos abrirmos àquilo que se apresenta aqui e agora, e se não ficarmos expostos diante de nós mesmos. Precisamos compreender que é essa questão do medo que nos empurra para longe do confronto, este que dá azo à observação direta daquilo somos.

Essa fuga somente ocorre porque não há confiança. Quero convidá-los a ficarem expostos a si mesmos, a cada reação que vem do passado, a cada pensamento com sua bagagem e o respectivo sentimento com a sua resposta reativa, assim como gostaria de convidá-los a ficarem quietos, muito quietos, apenas olhando para isso.

É necessária uma enorme confiança para que essa dor que surge possa passar. Ela aparece pequena, e cresce até chegar a um pico, mas depois desce novamente. Se você faz isso, se você se permite, então, finalmente, descobre o que é confiança, ao se expor para si próprio, nesse olhar direto, quando ocorre a descoberta dessa Presença que testemunha a reação se manifestando no corpo e na mente.

Essa Presença é a testemunha intocada que é você, onde não há reação. Você não é o corpo e nem a mente; não é desejo, medo, culpa, remorso, trauma, nem a ansiedade. Você não é nada disso. Você é essa testemunha que olha, que presencia aquilo que aparece neste organismo, isso que vem e vai, enquanto você testemunha.

Nesse olhar confiante, despretensioso, aplicado, zeloso, cuidadoso, devotado, você encontra Aquilo que está além do corpo e da mente, além de todas essas reações ligadas a esse mecanismo, e assim você descobre Aquilo que não vem nunca, não vai embora nunca, não aparece, não cresce, e que não chega a um pico, depois diminui e some. Você descobre Aquilo que é Imutável.

Assim, quero convidá-los a esta profunda confiança de aceitar e não resistir, de abraçar diretamente aquilo que surge nesse exato momento, e ficar com isso. E Satsang é este espaço onde a real confiança pode florescer – na Presença da Graça do Guru; é a possibilidade da descoberta desta real confiança, para que possamos ir além da mente.

Isso é, na verdade, o fim, e ao mesmo tempo é o começo. É o alfa e o ômega.

Mestre Gualberto

quinta-feira, 2 de abril de 2015

Bobos na Corte da Alegria

Deixem isto de lado, abandonem tudo isto ou ficarão seguros à beira do precipício, sem desaparecer ali. A coisa toda está na "morte" e não na vida. "Morrer" é a coisa mais deleitável e inacreditável de todas.

Viver na morte é saborear o desconhecido. Não é possível "morrer", aqui, novamente, uma vez que você não está mais aí para viver a ilusão de crenças e conceitos aprendidos. Se permanecerem ligados à mente e suas sugestões, ficarão surdos ao som dos pássaros que cantam na alegria dessa morte.

Tudo é uma grande bobagem, dita ou escrita. Sendo assim, vamos escrevendo essas bobagens hoje por aqui. Sabem o que interessa mesmo? É serem os bobos na "corte da morte". Tudo o que podemos levar é somente a alegria, e por quê? Porque é a nossa Real e Verdadeira Natureza.

Se você já é Isso, por que se envolver com qualquer outra coisa? Para realizar o quê? O que pode ser realizado? Sempre fomos ensinados a ver valores ali, fora, mas é Aqui que está a coisa toda. Nosso olhar para o lado de fora nos fez ser sérios, em busca de respostas para a vida, e isso é uma grande piada. Não há nada sério em nenhuma parte.

Causa e efeito, por exemplo, são invenções da mente para explicar a grande festa que acontece nesta única Consciência, onde não há tal separação entre isso e aquilo, entre ação e reação, e nem razão para tudo ser como é. Tudo é perfeito, ou completo, como é, sem causa ou razão para ser assim. Olhe para vida "sem a cabeça" e você não poderá ver qualquer motivo na coisa sem sentido que é viver.

Sempre preso e vítima das ideias, você se mantém na procura de um sentido razoável, ou seja, algo que possa satisfazer esse intelecto faminto por explicações, o que é uma coisa bastante estúpida e considerada muito sábia. Viver é desfrutar sem explicar, sem pensar a respeito, e é isso que chamo de "adorável segredo da morte"; é sermos esses bobos na corte da alegria da existência!

Não me importo mais com lógicas ou explicações, tudo que sinto é que não há nada real no que a mente pode desvendar. Ela é, por natureza, limitada e incapaz de ver o simples sorriso de uma rosa que se abriu e que sorri de tudo isso que achamos tão real. O que vamos fazer? Nada, nada mesmo. Apenas fique aí sem procurar, sem buscar, sem sair para esses rodeios que a mente dá.

Participante: Tomar sorvete.

Mestre Gualberto: Tomar sorvete, também, faz parte da alegria de crianças que não esperam nada. Tudo é somente alegria. Sempre é assim para crianças que só vivem em meio a crianças, onde tudo é simplesmente natural e sem afetação. Tudo o que vocês vieram fazer aqui é tomar sorvete, mesmo.

Estamos em uma grande festa sagrada, onde, neste sonho, a alegria é a base de toda a ação e de tudo o que a Graça manifesta como expressão de seu coração. Aqui é um espaço de loucos. Não tem nada sério e de extrema gravidade aqui. Hoje, como sempre, isto tem sido assim, já há alguns anos. Amar, para mim, é sorrir... sorrir de tudo, para tudo e para todos. Tudo é o que é e isso é Deus fazendo Graça.

Peço desculpas? Por isso? A quem pediria? Só vejo Deus em toda parte. Algumas vezes Ele vem como amigo, outras, como inimigo, outras como sábios e outras como tolos. Ele pode ser qualquer coisa e Isso me faz rir o dia todo.

Tudo é celebração, é festa, é amor, é silêncio, é morte, é vida. Hoje é assim, amanhã é assado e depois de amanhã é cozido. E tudo é tão delicioso. Tudo é simplesmente louco.

Escutem isso crianças: deixem tudo de lado, mas deixem mesmo... Sejam o nada, voltem para a ignorância, relaxem no "não saber" e no "não procurar saber"; desaprendam, de verdade, e depois me contem como é a coisa agora. Alguns de vocês acham que precisam de ensinos (gargalhadas), e até vêm aqui achando que tenho isso. Sou o camarada mais sem conhecimentos que vocês poderiam conhecer. Tudo o que me interessa é Deus, que não pode ser aprendido. Então, seu coração entra nesta frequência da beleza da Liberdade que não tem qualquer razão ou motivo para estar ali. Portanto,você é Deus – Um com Ele... Sente amor, alegria e paz, como Ele... Ele e você são um só.

Não coloque isso dentro dos moldes da Advaita ou de qualquer filosofia que você já leu. Isto não está nos livros, isto está aí... aí. Só há Ele... Só há Ele... Só há Ele. É isso que eu posso dizer para vocês em minha feliz loucura... inexplicável loucura. Tenho passado os meus dias assim...

"O que podemos fazer?", ou "o que é Isso?", alguns me perguntam, e eu não sei o que dizer para eles. Eles querem chegar Nisso do modo mais complicado. Eu falo, mas eles não querem ouvir. Digo que desistam de colecionar coisas, de se empanturrarem de leituras desnecessárias... Que venham a Satsang e, aí, fiquem perto... Digo "deixe-me olhar para você e você para mim" (risos). Entretanto, eles acham isso algo sem sentido, algo estúpido, ou sei lá o que acham.

Quero apenas poupar o tempo deles, pois já sofreram muito, sendo sérios buscadores. Agora quero, apenas, ficar perto deles e sentir o coração deles junto ao meu. Foi isso que o meu Guru me mostrou. Não sou nada.... Nem quero ser nada mais, se estão vindo até mim... Vamos brincar certinho... Se não confiam nisso, isso é com eles; mas, se confiam, isto já está acontecendo. Repito para vocês: a "morte" é a Coisa toda e essa coisa de morrer é simples, embora para a mente nada disso seja tão fácil.

É isso aí turma.

*Transcrição de uma fala ocorrida em 3 de setembro de 2012, num encontro aberto online. Para informações sobre os nossos encontros, clique aqui.

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