quinta-feira, 1 de maio de 2014

Todo o seu sofrimento é a vã tentativa de mudar o que é!

Aqui estamos em mais um encontro pelo Paltalk. É uma alegria estarmos juntos.

É um momento de silêncio, é um momento de abandonarmos todos os conceitos que temos, para podermos ver tudo e todos como esta Presença, ver tudo e todos nessa luz da Consciência.

A expressão "iluminação" parece querer apontar para isso, parece que aponta para essa visão clara, desanuviada, uma visão que nos mostra que nada precisa ser feito, uma visão não-dual. A visão dual seria a experiência desse instante e a ideia sobre a experiência desse instante. A ideia sobre a experiência é o conceito, são os diversos conceitos.

A Realidade é não-dual, não porque a dualidade não apareça – a dualidade aparece, o que não aparece é esse sentido de separação entre a experiência e o experimentador, entre a experiência nela mesma e a ideia sobre a experiência. Quando eu digo que o dual aparece nessa não dualidade, estou falando sobre o positivo e o negativo, o bem e o mal, a saúde e a doença, a totalidade e a vacuidade. Agora, fora isso nós temos o conceito. Os conceitos sãos as crenças a respeito Disso, as opiniões, as conclusões, as deduções, e assim nós ficamos com o experimentador.

O experimentador é uma crença, uma crença dentro da experiência. Nós estamos nesse encontro, nessa noite, investigando a ilusão, não a Realidade. Estamos investigando a ilusão sobre a Realidade, a ignorância sobre a Realidade – que é a ilusão. Quando isso é visto, isso desaparece.

A visão aqui é baseada no fato, na realidade da não separação, da não-dualidade. Aquilo que eu chamo de não-dual – isso é Iluminação. Tudo sendo visto sob a luz dessa Presença, dessa Consciência, dessa Realidade.

Nesses encontros, nós investigamos a verdade da ilusão, a verdade da ilusão está na constatação do ilusório sentido de separação, que é pura ignorância. A mente faz uma aproximação da realidade baseada na separação – essa não é a visão da Iluminação.

Em sua experiência, há sempre um experimentador, alguém que interpreta o que acontece. O que acontece não requer qualquer interpretação, qualquer interpretação requer o sentido de separatividade, a presença desse experimentador. Então há essa guerra, essa constante guerra, essa guerra que a mente produz, a guerra da tentativa de criar um ajustamento, de colocar aquilo que se apresenta dentro do seu conceito de realidade. É aí que aparece o conflito, a luta, a guerra, o sofrimento.

Todo o seu sofrimento é a vã tentativa de mudar o que é, a ilusória tentativa de alterar aquilo que se apresenta, então há sempre um choque, há sempre um bater em uma porta fechada, há sempre um conflito presente nessa resistência ao que é. Isso significa não estar solto, é estar batendo constantemente contra a realidade. É isso que a mente faz quando ela se separa da experiência como um experimentador. Isso é o ego, isso é o "eu", o "mim", a pessoa – é esse conflito. Pessoa é essa luta, é essa guerra, é esse sentido de separação.

Realização, Despertar, Iluminação é a não resistência à vida como ela se apresenta, significa dançar conforme a música. A habilidade da não resistência é a arte da dança de ser Pura Consciência, Pura Realidade, Pura Verdade, de Ser Deus. Isso não pode ser apanhado pelo pensamento, capturado pelas ideias. Agora percebam que, neste estado de visão clara, que não é pessoal, que está presente exatamente quando há esta liberdade do experimentador – é isso que nós chamamos de visão da realidade –, não há qualquer nível. Não há níveis nessa "Coisa", não é um estado em que se possa chegar, é exatamente o fim de todos os estados, é o fim de todos os estados desse experimentador, dessa ilusória identidade.

A Iluminação, o Despertar, não é uma espécie de objeto desejável, não é uma aquisição, é o seu Estado Natural livre do desejo de objetos, do desejo de estados; é o seu Estado Natural livre dessa separação de um experimentador no desejo, de um experimentador na busca, tentando encontrar algo do lado de fora, em objetos.

Abandone a sua resistência ao que é, abandone o sentido do esforço, do controle, o sentido de partir ou de chegar, o sentido de perder ou de ganhar, esse sentido de controlar, de traduzir, de interpretar aquilo que se mostra, aquilo que se apresenta. Abandone suas conclusões, suas avaliações, suas crenças, toda e qualquer opinião, sobre todo e qualquer assunto.

Nós temos falado muito do fim desse sentido de ser importante. Quando se é importante, se defende, se defende de ideias, com conclusões, com opiniões, com ações; se defende de sentimentos, e assim vivemos a visão dual. Repito: essa visão dual é aquela na qual a experiência tem sempre um sensor presente, para medir, para comparar, para julgar, para avaliar e assim por diante – sempre a importância de alguém.

Não tem alguém aí. É importante que você escute isso, vez após vez, após vez, após vez, até desistir dessa crença. Quando você desiste dessa crença, percebe por si mesmo, sem ter que ouvir isso de novo, sem qualquer necessidade de ouvir isso de novo e, curiosamente, a partir de então você não fica mais cansado em ouvir isso, isso passa a ser uma música agradável, porque confirma esse Estado Natural presente, não o estado de alguém, mas exatamente o estado desse não alguém, que não é um estado, como acabei de colocar; é o fim de todos os estados.

Essa fala requer algo presente, algo presente fora de suas crenças, de suas conhecidas experiências, de suas conclusões, de suas opiniões. É por isso que temos dito sempre que não tratamos daquilo que é "espiritual".

Aquilo que consideramos "espiritual" nos remete a estados, nos remete a experiências, com um experimentador presente. Não estamos interessados nisso. Toda experiência, por mais sublime que seja, por mais divina que seja, por mais espiritual que seja, é algo transitório, da mesma forma que ela vem, ela também vai embora, então ela não é real. Nenhuma experiência espiritual é real.

A mente adora a busca de experiências. Experiências sublimes, visões, audições – essas coisas e as demais pelas quais vocês já passaram e muitos estão passando – não têm qualquer valor, não têm qualquer importância, são mais uma fantasia, mais uma viagem de alguém.

Vamos ficar por aqui? Grato a todos pela presença! Até nosso próximo encontro na sexta-feira.

*Transcrição de uma fala ocorrida em 30 de abril de 2014, num encontro aberto online. Para informações sobre os nossos encontros, clique aqui.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui o seu comentário

Compartilhe com outros corações